Além das Fronteiras
CAPÍTULO DEZESSEIS – Além das Fronteiras
- Eu não consigo acreditar! – choramingou Mione enquanto caminhavam em direção aos quartos logo após o término do silencioso jantar. O longo corredor de pedra estava enfeitado para os feriados de fim de ano e os diversos porta-retratos, que pediam nas paredes, haviam sido enfeitados com pequenas luzes que piscavam aleatoriamente. Em cada porta havia uma bela coroa de folhas de azevinho, com algumas estrelas douradas e laço vermelhos. Rony permanecia quieto e pensativo olhando continuamente para o chão; Gina preferiu fechar os punhos e reclamar as palavras mais grosseiras que se conheciam. Harry, no entanto, contentou-se em admirar sua bela chave de metal, ela estava realmente fulgurante àquela noite. Harry parou por uns instantes e olhou ao longo do corredor, viu ao fim do mesmo, um feixe de luz intensamente dourada, Harry teve a mais profunda certeza que aquela luz era o reflexo da porta de número sete, a Sala dos Documentos.
– Vai acabar tudo bem! – disse Rony sério, o amigo tinha uma voz seca e gelada.
– É o que eu realmente espero que ocorra. – apoiou Harry.
Aquele fim de dia perdurou por longas horas, era como se os minutos agora possuíssem mais do que os corriqueiros sessenta segundos. Ainda que não conversassem uns com os outros, o quarto em que estavam possuía uma espécie de vibração sonora que penetrava em seus ouvidos de forma grotesca, obrigando-os a pensar nos últimos acontecimentos. Embora estivessem em pleno inverno, não havia neve ou friagem no interior do quartel-general da Ordem, apenas a tristeza concreta, que pior que o inverno rigoroso congela as emoções de todos.
Rony parecia ser o mais chateado de todos; como sempre Rony só parecia agregar valor às coisas quando ele as perdia, fora assim com Perebas, e agora com sua casa e o vampiro da família. Embora eles não tivessem lido a notícia no jornal, Harry tinha certeza que os Comensais haviam ido até a Toca apenas para se divertir. Não havia motivo para matar os Weasley, no entanto, Harry refletiu por um momento e pensou que matar era mais comum do que escrever para os seguidores de Voldemort. Antes que houvesse mais algum comentário a respeito, a Sra. Weasley entrou no quarto de Rony e Harry e pediu que Gina e Hermione fossem dormir em seus quartos.
– Meninas! – exclamou a Sra. Weasley. Sua voz tinha um toque de amargura. – Vocês devem ir dormir o quanto antes! Amanhã teremos de aprontar o almoço de natal, e garanto que isso nos consumirá tempo. – A Sra. Weasley parecia admirar-se que fosse cozinhar em outra cozinha, sem ser a sua. Isso a desagradava. Gina e Mione despediram-se dos garotos e foram ao quarto que lhes tinham direito. Rony não esperou a porta bater para que dissesse boa-noite e caísse no sono profundo, que Harry sabia, o amigo merecia mais do que ninguém.
Harry procurou fazer o mesmo; retirou os sapatos, trocou as calças e camisetas, por um pijama de inverno e por fim, puxou os pesados cobertores que existiam sobre sua cama e deitando, se cobriu. Embora o sono não tivesse acompanhado a rapidez com que havia se deitado, Harry logo se sentiu tonto e suas pálpebras começaram a ficar realmente pesadas. Não haviam estrelas no céu e fogo já não crepitava na lareira. O que restou no quarto foram os altos roncos de Rony e o clique incessante das pequenas brasas que resistiam ao tempo. Aos poucos o sono se apoderou de Harry, que adormeceu.
Harry levantou-se de sua cama e abriu a porta de seu quarto. Embora não tivesse encontrado o corredor de pedra da Ordem, viu uma floreta densa e iluminada. Harry adentrou no terreno desconhecido e quando virou as costas, a porta de seu quarto havia sumido. Harry sentiu sonolento, mas a curiosidade o levou adiante. Ele escutou o barulho estridente de metal colidindo, virou para sua esquerda e viu um senhor com longas barbas castanhas, brandindo uma espada de ferro com uma bela esmeralda octogonal na bainha, contra um homem magricela usando longas vestes verdes. O homem vestido de verde parecia se defender com o que parecia ser uma varinha. Harry se aproximou e viu que o velho parecia muitíssimo enfurecido, enquanto o jovem bruxo parecia calmo e sereno. Quando o jovem olhou na direção de Harry, a cicatriz do garoto ardeu e foi atingida e cheio por uma dor estonteante, que o fez acordar pressionando a testa com os nós dos dedos; antes que o consciente de Harry pudesse assimilar a situação, o sono foi mais forte e Harry caiu para que recobrasse as forças para o dia de natal.
– Harry! – era Rony o acordando com uma almofada jogada sobre suas pernas – Veja isso! – o garoto puxou um suéter extremamente laranja de um embrulho amassado e aberto em cima da cama. – É do Chudley Cannons! Muito obrigado mesmo, cara! Feliz Natal! Espero que goste do que eu lhe dei!
– Ah! Feliz Natal! – respondeu Harry ainda sonolento. Harry olhou a sua volta e o que enxergou foram manchas desfocadas de várias cores vibrantes. Tateou á procura dos óculos na mesinha de cabeceira e só então viu o quarto em foco. – Havia uma modesta pilha de presentes ao pé de sua cama. Pelos embrulhos Harry foi suspeitando o que havia vindo de quem. Havia um embrulho grande em papel verde escuro com um belo “f” e um torto “b”, Harry suspeitou ser um livro de Mione. Haviam alguns pacotes que Harry tinha certeza absoluta de que eram doces, um embrulho de papel laranja meio disforme.
Harry puxou o primeiro embrulho, o de papel laranja. Após desfazer o laço de fita e rasgar o papel laranja, Harry viu um suéter, obviamente tecido pela Sra. Weasley. Este ano seu suéter era vermelho vivo com uma enorme fênix dourada na parte de trás do agasalho. Havia uma caixinha dourada, um pouco maior que uma caixa de cigarros. Harry a pegou curioso para descobrir o que havia em seu interior. Sobre a tampa da caixa havia um garrancho escrito em negro Feliz Natal, seus amigos Rony, Gina, Fred e Jorge Weasley. Harry levantou a tampinha dourada e dentro haviam um belo relógio negro com longos ponteiros prateados.
– Muito bonito Rony! Obrigado! – agradeceu ao amigo.
– Ele grita! – disse Rony animado.
– Quê? – perguntou Harry desentendido.
– O relógio. – disse o amigo indicando o relógio negro – Ele grita quando completa as horas.
– Como assim ele grita? – perguntou Harry. O garoto olhou para o relógio e viu que faltavam segundos para que as nove horas se completassem. Quando o ponteiro maior ultrapassou o limite do número doze, um grito, estridente e ensurdecedor encheu o aposento. Não era um grito desesperador, mas um grito feliz e descontraído. O grito cessou.
– Como vou para aula com ele? – perguntou Harry perturbado pelo som.
– Você só precisa pedir que ele não grite nunca mais. – respondeu Rony como se fosse comum pessoas conversarem com relógios de pulso. Harry ergueu as sobrancelhas. – Bem, você tem que dizer pelo menos uma vez por mês para que ele fique quieto. – Rony gesticulou para que Harry lhe passasse o relógio. – Assim. Relógio! Fique quieto! – Harry escutou um silvo agudo e triste.
– Bem legal! – disse Harry abobalhado com seu novo relógio. Ainda havia o embrulho verde; Harry o pegou e quando o papel já havia sido rasgado, um pesado livro de capa dourada com um castelo muito familiar á Harry ilustrava o título do livro: avaliação da educação em magia na Europa. Harry nem ao menos precisou ler a autoria da dedicatória que havia escrita na contracapa do livrão. Sabia que era de Mione. Haviam doces, penas e cartões que Harry ficou abrindo juntamente com Rony até quando Hermione e Gina entraram no quarto, com sorrisos largos e abertos. As duas usavam robes de cetim de cores diferentes.
– Feliz Natal! – disse Gina ao dois alegremente.
– Feliz Natal! – repetiu Mione entusiasmada. – Gostou do seu livro Harry? Porque eu adorei o meu! Muito interessante aquele título de Runas!
– Parece que finalmente vou ler avaliação da educação em magia na Europa. – disse Harry com uma ironia fina quase imperceptível.
– Eu que escolhi o relógio. – disse Gina contente se sentando na cama de Harry e admirando o presente que ela mesma havia lhe dado. – Fred e Jorge queriam lhe dar uma coisa horrivelmente ridícula. Rony até que escolheu algo bonito, mas achei que esse era mais seu estilo.
– Adorei o relógio! – respondeu Harry com uma voz meio boba.
– Que lindo! – disse Mione ao ver o relógio na mão de Gina.
– Ganhei um suéter do Chudley Cannons! – exclamou Rony para a irmã.
– Eu não ganho presentes assim. – disse Gina chateada. Harry pareceu acordar com o som grave de um gongo. Não havia comprado nada para Gina, havia apenas feito um cartão e ela havia lhe dado um relógio, que parecia realmente caro. Hermione percebendo a nuvem de preocupação que se formava no quarto resolveu a situação.
– Vamos tomar café! Estou faminta!
– É melhor! – disse Gina – Vamos.
– Eu vou com você! – gritou Rony antes que Mione saísse do quarto.
– Gina! – disse Harry agarrando o braço da garota. – Eh... eh...
– O que foi Harry?
– Nada, – desconversou – feliz natal! De novo!
Os quatro saíram para a cozinha da Sra. Figg, a porta da cozinha dos Weasley permanecia pálida e a fênix ainda ardia em guarda, em frete á porta. Quando os quatro entraram na cozinha, sentiram um forte cheiro de gatos, mas diferente da noite anterior quando todos estavam preocupados e ansiosos pela resolução de seus problemas atuais e futuros, havia um clima exclusivamente festivo, a pequena mesa apenas para quatro pessoas, havia sido substituída magicamente por uma longa mesa de madeira escura com exatamente doze cadeiras. A maioria dos habitantes do quartel-general da Ordem estavam reunidos ali na cozinha da Sra. Figg, Quim e Arthur pareciam entretidos discutindo sobre alguns assuntos de política. A Sra. Weasley parecia menos chateada tendo na mão o livro que Harry havia lhe dado. Tonks conversava entusiasmada com Lupin que ainda usava uma tipóia para aparar os ferimentos do braço. Quando Lupin o viu fez um alarde desnecessário.
– Harry! – gritou Remo do outro lado da cozinha.
– Feliz Natal! Remo! Feliz Natal á todos. – desejou Harry se aproximando do ex-professor. – Gostou da capa? – perguntou Harry curioso.
– Realmente boa. – agradeceu Lupin. – Adoro veludo marrom e a minha já estava começando a ficar velha. – Harry não conseguiu entender se havia ou não ironia na fala do professor, preferiu se sentar a mesa e começar a servir-se de torradas com geléia de amoras. A Sra. Weasley que estava muito atarefada, correu ao encontro do menino e agradeceu-lhe o livro que havia ganho no natal. Quim, Arthur, Tonks e os outros o agradeceram pelas penas de águia que haviam recebido de presente. Harry os retribui sorrindo. Hermione e Rony logo se sentaram também e já comiam ovos com bacon. Gina havia se servido de leite com cereais e comia com uma vagarosidade incompreensível. Antes mesmo que os quatro terminassem de tomar o café da manhã, a Sra. Weasley recolheu a manteiga, a tigela de ovos, a compota de geléia e tudo que na mesa havia com um amplo aceno da varinha. Vendo os olhares de protesto de Gina e Rony, Molly explicou-lhes.
– Tenho muito a fazer, não posso ficar esperando vocês terminarem o manjar... – disse irritada aos filhos. A Sra. Weasley virou-se para Harry e Hermione e disse docilmente – Não se chateiem, há muito trabalho para fazer, se quiserem ainda há alguns biscoitos naquele pote perto da pia.
Rony ficou ainda mais vermelho e Gina parecia mais com um tomatinho cereja de tão vermelho. Os quatro se levantaram um pouco tristes com o rapto do café da manhã, mas antes que saíssem da cozinha ou retirassem a chave pessoal para abrirem a porta, a mesma se abriu e a Sra. Figg entrou. Ele gesticulou circularmente para os quatro dizendo.
– Temos muito o quê fazer, não é mesmo Molly? – indagou a velha à mãe de Rony.
– Isso mesmo. Podem ficar aqui mesmo. Escutem o que Arabella diz e a obedeçam piamente. – respondeu feliz a Sra. Weasley.
– Molly! Teremos visitas, já inspecionadas. Dumbledore virá também. Então aumente a quantidade aí no fogão. – disse a Sra. Figg abrindo um armário cheio de pratos extremamente brancos. – Acabei de falar com ele.
– Ele já chegou? – perguntou.
– Sim, Molly. E está pouco contente com as indicações...
Tonks, Lupin e Quim saíram juntos da cozinha despedindo-se de todos e desejando novamente feliz natal a todos. Arthur, pai de Rony, saiu logo depois. Harry e Rony foram incumbidos de fazerem o suco de abóbora, pegar os copos e a prataria. Hermione e Gina esticaram uma longa toalha branca com uma grossa faixa vermelha ao centro, elas também pegaram algumas flores para pôr na mesa, além de limparem os pratos e os arrumarem. A Sra. Figg inspecionava tudo de longe e anotava tudo em uma caderneta de bolso. Como de costume a Sra. Weasley cozinha desesperadamente preocupada com o tempo. Ela tirava molhos e temperos da ponta da varinha, além de conjurar ingrediente e panelas cada vez maiores. Volta e meia escutava-a reclamar que Arabella possuía apenas panelas pequenas, impossíveis de cozinhar direito.
– O que ela tanto anota? – perguntou interessada Hermione a Harry enquanto botavam um prato e um copo respectivamente diante da mesma cadeira.
– Não sei, mas ela me lembra Umbridge em suas inspeções.
– Nem me lembra daquela velha megera. – reclamou Rony do lado oposto da mesa, distribuindo os garfos de forma organizada.
– Não sei se vocês prestaram atenção ao que a Sra. Figg disse quando entrou na cozinha. – disse Gina inconformadamente curiosa.
– Realmente não. – Respondeu Harry após pensar um pouco.
– Eu percebi! – afirmou Mione me tom de convicção. – Visitas, não é? – continuou com o tom de voz mais baixo.
– Isso mesmo. Visitas já inspecionadas? – perguntou Gina – O que são visitas inspecionadas?
– Olha, eu realmente não sei. – retorquiu Rony. – Mas nós estamos cheios de coisas para fazer. Ainda falta montar a árvore e selecionar a lenha para a lareira, e falta menos de uma hora para o almoço! – advertiu o amigo.
– Rony tem razão. – concordou Harry.
Aos poucos a cozinha da Sra. Figg se transformou em um belíssimo Salão de Jantar. A mesa de madeira nobre e escura possuía doze cadeiras de chintz. Estava coberta por uma toalha de linho branco, com uma faixa grossa na cor vermelha, exatamente no centro da mesa. Um belo arranjo de azevinho, glicínias e outras flores que Harry não sabia o nome. Os pratos foram dispostos na frente de cada cadeira, assim como uma taça de cristal e um garfo e uma faca de prata. A Sra. Figg saiu rapidamente da cozinha, como se tivesse se esquecido de cumprir uma tarefa. Rony foi até o estoque da Ordem, sala de número cinqüenta e oito, para que pudesse selecionar a lenha para a lareira. Gina e Mione enfeitavam a árvore que Harry havia pego com muito esforço, embora já tivesse sido cortada por Quim, ela era pesada e precisava ser colocada atrás da cabeceira da mesa. A Sra. Figg possuía uma caixa cheia de bolas, corujas e estrelas douradas, que foram usadas para enfeitar a árvore de natal da Ordem. No final a decoração ficou realmente boa. A árvore estava realmente estrondosamente bela.
– Vocês! – exclamou a Sra. Weasley. – Vão se arrumar! Dumbledore marcou o almoço para às doze horas! Temos apenas trinta minutos. Ponham suas melhores roupas.
Os quatro saíram rapidamente da cozinha, exaustos, diga-se de passagem. Gina e Mione literalmente correram até o quarto. Rony e Harry seguiram mais lentamente até o quarto conjunto dos dois, pensando em suas vestes á rigor. Rony lembrou do hilário, porém triste episódio das suas vestes no baile de inverno. Harry pensou que talvez suas vestes verde garrafa pudessem ter ficado curta. Ao chegar no aposento, Harry e Rony encontraram suas vestes á rigor, passadas e com as bainhas recém feitas, repousadas sobre a cama de cada um com um bilhete rebuscado à pena, que dizia exatamente a mesma coisa.
O Natal é uma data importante. Esse será realmente importante. Estamos em guerra e chegamos todos até aqui. Usem os seus melhores trajes.
Com apreço.
Sra. Figg
Muito agradecido, Harry se trocou e tentou pentear os cabelos, mas eles insistiram em permanecerem bagunçados. Rony, que diferente da última vez que usou suas vestes à rigor, parecia feliz em ter roupas normais. Sua capa era azul marinho intenso e fora dada ao garoto pelos irmãos à pedido de Harry.
Antes mesmo do tempo previsto, os dois já haviam se arrumado, bateram na porta do quarto de Gina e Hermione e o que escutaram foram gritinhos histéricos de nervosismo. Rindo os dois se encaminharam para a cozinha da Sra. Figg.
Na cozinha, já haviam chegado para o almoço de Natal, os irmãos de Rony, Gui e Carlinhos, usavam uma capa negra e outra cinza-chumbo respectivamente. Junto com os dois haviam mais dois bruxos que Harry não reconheceu, ambos usavam vestes ocres. Tonks trajava vestes limão e Lupin usava a capa que ganhara de Harry. Quim utilizava sua costumeira capa branca, enquanto Mundungo preferiu mudar e usava vestes cobre com listras na cor de safira. Havia um velho com roupas velhas e esfarrapadas á um canto conversando com Moody que usava seu melhor traje negro. Emelina e Dédalo Diggle conversavam alegres à um canto. McGonnagal conversava intimamente com um bruxo, também velho que usava um terno azul risca de giz. Snape utilizava uma capa negra, parecida com a que ele usa para dar aula, porém mais nova. Flitwick usava um minúsculo terno amarelo escuro. Mais para perto do fogão, a Sra. Weasley, que usava um belo vestido de cetim roxo, conversava com uma mulher, pouco mais alta que Harry. A mulher tinha os cabelos prateados que caíam em cascata nas costas da mulher. Ao lado da Sra. Weasley, Arabella Figg conversava com um bruxo alto, com cabelos castanho e vestes vermelhas e peludas.
– Vítor? – Mione acabava de chegar na cozinha. Tinha os cabelos presos num coque no topo da cabeça e usava as mesmas vestes do Baile de Inverno assim como Harry. Gina usava um vestidinho em tom pastel de rosa. Ao som daquele nome, o bruxo que conversava com a Sra. Figg virou o rosto em direção a porta. Era incontestavelmente, o ultimo campeão de Durmstrang e jogador do time de quadribol da Bulgária, Vítor Krum.
– Hermion? – disse Krum com seu sotaque enrolado.
– Krum? – Rony perguntou desconcertado ao seu lado. – Aqui?
– Felis Natal – desejou Krum.
– Ah! Parrecem que eles chegarram. – disse a loura com o sotaque francês. Ela se virou e Harry a reconheceu de imediato. Era Fleur Delacour, a ex-campeã de Beauxbatons.
– Fleur? – admirou-se Rony.
– Ela? – disse Hermione desgostosa – No Natal?
– Isso mesmo Srta. Granger. – afirmou uma voz firme atrás de toda confusão. Harry se virou e viu Alvo Dumbledore, usando longa veste púrpura com pequenas estrelas douradas espalhadas pelo conjunto. – Creio que teremos alguns novos integrantes acrescentados a esta organização tão séria, que luta por uma causa tão justa. – Dumbledore gesticulou com as mãos para que pudessem se agrupar em torno da mesa. – Por favor, mais próximos um dos outros.
Todos ali prestavam muita atenção em cada simples palavra que fosse dita por Dumbledore, era como se a vida de cada um dependesse do que fosse dito naquele dia. Dumbledore se posicionou de forma que todos o pudessem enxergar.
– Primeiramente, Feliz Natal á todos vocês. – começou discreto. E abrindo os braços e aumentando o tom de voz, começou significativamente. – Não foi fácil conseguir reunir uma equipe tão talentosa de bruxos e bruxas, como a que tenho nessa organização, nem todos estão aqui, mas garanto que estarão... – antes que conseguisse finalizar a frase, um barulho estrondoso invadiu a sala. Quase todos retiraram as varinhas e apontaram para todas as direções, mas antes que qualquer feitiço pudesse ser executado, a porta da cozinha abriu mais uma vez. Um homem e uma mulher, duas vezes maiores que o normal entraram na cozinha. A mulher era enorme e usava um belo cetim negro com opalas no pescoço e o homem tinha uma barba desgrenhada e usava um terno peludo com uma gravada amarela de bolinhas laranjas.
– Eh... Professor Dumbledore... Me desculpe. Me atrasei. Eu e Maxime.
– Como ia dizendo, aqueles que não puderam comparecer ou não estão mais entre nós, estarão em presença dentro de nossa mente e do nosso coração. – Naquele instante Harry fechou os olhos e viu o rosto de seu pai, sua mãe e de seu padrinho, Sirius. – Mas áqueles que estão aqui, eu ficarei grato em informar, que ganhamos mais quatro integrantes para a Ordem da Fênix. Alguns dos quais estão além das fronteiras, mas que se uniram a nos na esperança de um novo amanhã. Eles são: Vítor Krum, Ocílio Glabrio, Aurélio Lyceum e Fleur Delacour. – Os quatro se levantaram e foram apresentados á todos. Eles assim como vocês passaram por testes de caráter. São pessoas dignas de entrar nessa família que luta contra o avanço de Voldemort. – ao som desse nome muitos deram suspiros e gritinhos e aflição – Espero que vocês se sintam em casa, que honrem o que juraram e que jamais traiam minha confiança. Se hoje estão aqui é por escolha sua e somente sua. A vida é feita da escolhas e vocês escolheram o caminho da Fênix, o caminho que luto para ser usado por todos. Lembrem-se do que juraram. Feliz Natal à todos! Agora podemos deliciar a comida de M... – Mundungo levantou o dedo e começou a falar entre os dentes.
– A foto! A foto!
– Como meu caro Sr. Fletcher fez o favor de me lembrar, devemos tirar uma nova foto, visto que a última que tiramos já completou mais de uma década há alguns anos. – Dumbledore gesticulou para Mundungo e o bruxo retirou uma máquina fotográfica de dentro das vestes e com um toque da varinha a máquina permaneceu suspensa no ar. Os bruxos ali se organizaram e formaram fileiras. Dumbledore ficou ao centro; ao seu lado Moody e Snape. Após todos arrumados, Mundungo correu para trás da câmera e enquadrou todos na fotografia. Deu outro toque com a varinha na máquina fotográfica e correu para se juntar na foto. A máquina começou a apitar, e aos poucos, o apito se tornou mais rápido e mais forte. Até que com um flash de luz e uma fumaça espessa saindo de dentro da máquina; a fotografia foi tirada.
O almoço transcorreu extremamente tranqüilo. Hermione e Krum se sentaram lado a lado, o que irritou profundamente Rony. Gina e Harry se sentaram ao lado de Tonks, Lupin e Quim. Dumbledore tomava um drinque em uma taça, e conversava de pé com o velho de vestes velhas, que só depois Harry reconheceu ser o barman do pub de Hogsmeade, Cabeça da Javali. O que fazia ali, Harry não teve idéia. Fleur e Gui ficaram conversando por horas com os amigos de Carlinhos. Madame Maxime e Hagrid conversavam entretidos com McGonnagal, com o bruxo que estava de mãos dadas com a professora e com Flitwick. Snape comeu rapidamente e logo que pode foi embora. Ele não parecia se agradar com festas familiares e felizes.
Embora Snape tenha sido o primeiro à ir embora, ele não foi o único. Todos pareciam muito atarefados, mesmo no dia de natal. Quim e Arthur, voltaram para o ministério para poderem dar o plantão de natal e Flitwick prometeu que chegaria cedo em casa. Minerva voltou para casa com o marido, o bruxo que a acompanhou durante todo o dia. Dumbledore ficou por mais alguns instantes, mas logo foi embora também. Gui, Fleur, Carlinhos e os amigos foram embora logo depois de comerem um pedaço de bolo de frutas. Krum se despediu de Mione e também foi embora. Nesse exato momento Rony que discutia quadribol com Mundungo, Harry e Lupin, se levantou e foi em direção a Mione.
Harry preferiu não escutar o que diziam, mas teve certeza de estarem discutindo. Hermione se levantou e saiu da cozinha com as mãos no rosto. Rony a seguiu com a cara fechada e os punhos travados. Harry se levantou vagarosamente, temendo com o que a raiva ciumenta de Rony pudesse causar. Harry se serviu de um pouco mais de suco de abóbora e terminou leniente com o conteúdo da taça. Quando a taça já tinha secado, Harry se dirigiu em direção à porta da cozinha. Gina percebeu que o garoto estava indo atrás dos amigos e o chamou.
– Harry! – disse em tom de advertência grave.
– O que foi? – perguntou Harry impaciente.
– Eu no seu lugar não iria atrás dos dois. – retrucou em tom de quem sabe das coisas.
– Por quê? – perguntou ignorando a situação.
– Não se faça de infantil, Harry Potter. Sei que não é!
– Realmente não estou entendendo você! – e dizendo isso abriu a porta para o corredor da Ordem.
– Harry!
O garoto não deu ouvido a Gina e seguiu em frente. Harry suspeitava o que fosse ocorrer, mas tinha de ter certeza que realmente havia acontecido. Aquilo estava óbvio desde o primeiro dia em que Rony e Mione haviam se visto, no trem de Hogwarts, há seis anos atrás. Harry começou a andar pelo corredor de pedra. As fadinhas, que decoravam os quadros, estavam piscando lentamente como se estivessem mais interessadas em fofocar do que iluminar os quadros de fotografias. Quando Harry ficou diante da porta do quarto de Rony, ele escutou um grito de Hermione.
– Não faça isso Ronald Weasley! – implorou a voz abafada de Mione. Harry retirou a chave do bolso. Gina vinha correndo em sua direção. Antes que a garota o impedisse de abrir a porta, Harry escancarou a mesma. Rony e Mione estavam muito próximos um do outro. Rony estava curvado e seu nariz encostava-se ao de Mione. Ambos ficaram muito vermelhos. Rony olhou para Mione e depois para Harry. Harry sentiu como o amigo havia ficado chateado com ele, mesmo que Rony não tivesse saído batendo pé do quarto, e Gina lhe falar que ela o havia prevenido e que ele só não a escutou porque não quis. Hermione reagiu muito mais naturalmente ao que havia ocorrido, apenas saiu do quarto e disse a Harry.
– Você não precisava disso.
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