A desastrosa festa
Lizie estava mergulhada em seus devaneios durante uma aula de História da Magia, entediada com a voz monótona do prof. Binns, pensando na conversa que tivera com Dave no dia anterior, e não pode deixar de olhar discretamente para o garoto, pensando se seria a coisa certa a se fazer, em ir a festa do Slugh com aquele que sempre fora seu amigo, desde o terceiro ano, e voltou á realidade com um leve sobressalto quando ouviu a voz dele, num sussurro quase inaudível, para não despertar a atenção do professor e dos outros:
- Eu sei que hoje ainda é segunda-feira, eu não quero te incomodar, mas, hum, você vai a festa do Slughorn mesmo? Só quero saber, se nós vamos juntos...É só pra distrair, tá certo que temos que estudar para os N.O.M.s e tudo mais, mas não vejo problema nenhum em irmos pra a festa, juntos... Como amigos é claro, sem nenhum ressentimento, é lógico, e, hum, sabe é que eu...então, você vai?- se atrapalhou o grifinório, e a garota não pode deixar de sorrir, divertida com o embaraçamento do amigo.
- Eu acho que eu vou, mas tem certeza de que você quer ir? Eu não estou te impedindo, se você quiser pode ir com outra pessoa, sem problemas, se você quiser você pode voltar atrás, hum, eu não faço questão de ir, nessas festas sempre acontece alguma coisa comigo, eu acho que eu estou amaldiçoada... - brincou ela, e os dois seguraram-se para não rir, pois bem nessa hora o professor Binns olhou para os dois desconfiado.
-Ótimo, então, vai ser sexta, não se esqueça... Ainda bem!A aula acabou, depois a gente se fala... - se despediu o garoto sorrindo de orelha a orelha.
- Então, quem foi que disse “Nós somos apenas amigos e nada mais”? Pelo sorriso que o Warty estava você deve ter confirmado que vai com ele... - debochou Dora quando Lizie saiu da sala.
- Mas nós somos apenas amigos mesmo, dá pra parar com isso? Eu gosto dele apenas como um amigo, e ele sabe disso... E você e o Bob vão?
- Não mude de assunto senhorita! Mas nós não vamos não, essas festas não são tão legais assim, ainda bem que não sou obrigada a ir, pois não faço parte do Clube do Slugh, e nem o Bob! Mas você sabe que o Dave gosta de você, acho que você deve ter tido a memória alterada, ou deve ter sido confundida, pois pelo o que eu saiba você gosta dele desde o terceiro ano, o que deu em você, agora que ele está aos seus pés e você o dispensa!
- Não enche Dora! – respondeu Lizie mal-humorada, não estava gostando nada dessa conversa, pois ela mesma não sabia os motivos que a levavam a deixar de gostar de Dave, sendo que antes ela tinha uma paixão platônica pelo grifinório. A lufalina, vendo a cara da amiga, sorriu marotamente, e sussurrou:
- Mas espera ai! Pela sua cara, parece que você ainda gosta dele! Mas está com medo que ele deixe de gostar de você depois, e vocês nunca mais se olhem na cara! Não é isso? Acertei? A profª. Trelawney disse que eu tenho o dom de perceber as coisas...-
Lizie não respondeu, estava pasma consigo mesma, talvez Dora tivesse acertado, mas não confiou no palpite da Trelawney, achava a professora uma morcega velha, charlatã. Nesse instante Dora se afastou sem esperar pela resposta, e Lizie deu um tapa na própria testa, como é que não havia percebido isso antes?
- O treino foi simplesmente incrível! Acho que nesse ano temos grandes chances de vencer, e no próximo jogo de quadribol, contra a Sonserina, eles não vão ter nem chance! – disse Dave animado enquanto ele e Lizie saiam do campo de quadribol, depois de mais um treino. Lizie apenas sorriu, se sentia exausta, mas satisfeita.
- Hei Lizie, espere um pouco, que eu quero falar com você!- gritou uma voz conhecida, e Jony Serpen alcançou a garota de cabelos castanhos.
- Até mais Lizie.- se despediu Dave, claramente incomodado pela presença do sonserino.
- Espera um pouco Dave! Só vou ver o que ele quer!- sussurrou a bruxa para o garoto, que concordou relutante em esperar.
- Então Lizie, como você com certeza já deve saber, vai haver outra festa do Clube do Slugh nessa sexta, parece que este ano vamos bater o recorde de festas, hein? E eu queria saber se você vai com alguém... Se ainda não tiver companhia nós podemos ir juntos, o que você acha?
Antes de responder, Lizie olhou para trás e percebeu que Dave estava escutando e estava visivelmente transtornado, e começou a caminhar em direção ao castelo.
- Me desculpe, Jony, mas eu vou com o Dave, agora eu preciso ir...
- Por que você foge de mim desse jeito Lizie? Você já deve saber que eu gosto muito de você... E não há nada que me deixaria mais feliz do que nós dois ficarmos juntos...- disse o sonserino sério, e Lizie estava boquiaberta diante dessa inesperada declaração.
- Eu sinto muito, mas eu já vou com o Warty, agora com licença, preciso ir...- disse Lizie em tom de desculpa e foi correndo para o castelo para alcançar o grifinório que ela tanto gostava.
- Veio pra me avisar de que é melhor eu procurar outra pessoa pra ir á festa ou se não vou ter que ir sozinho, é?- ironizou o bruxo, com um visível ciúme. A garota abriu a boca para falar, mas pensou melhor, ele estava com ciúmes mesmo ou era impressão sua?
- Não é nada disso, eu ainda vou com você.- disse ela simplesmente.
A noite estava muitíssimo agradável, e uma brisa suave percorria os corredores de Hogwarts, ocasião perfeita para uma festa, e enquanto alguns alunos estavam com as caras enfiadas nos livros ou deveres de casa, alguns outros iam para a festa do Slugh para desanuviar as mentes da pressão dos estudos. Lizie estava terminando de arrumar os cabelos castanhos com algumas presilhas, e ouviu batidas impacientes á porta do dormitório.
- Qual é Lizie! Estamos atrasados!- berrou a voz conhecida de Dave. Ela sabia que ele não estava realmente bravo, e sorriu divertida. Enquanto caminhava em direção á porta ajeitou seu vestido lilás, e abriu a porta com um puxão que quase fez o bruxo cair.
- Pronto senhor apressadinho, eu já estou aqui. - brincou a grifinória, enquanto o garoto a olhava boquiaberto.
Dave achou que a garota parada a sua frente era uma miragem, Lizie estava realmente muito bonita, não se podia negar. Seu vestido se ajustava perfeitamente a seu corpo, era lilás com detalhes pretos, e os braços da garota estavam cobertos de pulseiras de prata, com um lindo colar pendurado em seu pescoço com um pingente de estrela. Os cabelos castanhos estavam soltos, com presilhas roxo brilhantes.
- Não era você que estava com pressa? O que foi, você foi petrificado é?- perguntou Lizie, abrindo um lindo sorriso.
- Não, não é nada, é só que, eu, eu, vamos logo! Você está realmente linda!- disse o garoto baixinho, e as palavras custaram-lhe a sair da boca, isso foi o melhor que pode fazer. Lizie corou furiosamente, e apenas intensificou seu sorriso.
Dave não estava acreditando na sorte que tinha. Mesmo que Lizie não gostasse dele, o bruxo estava agora mais determinado do que nunca a conquistá-la, e seu coração batia muito rápido, e sentia um frio na barriga, inexplicável, que piorava quando ele olhava para Lizie.
E Lizie. Parece que agora tinha entendido seus sentimentos pelo bruxo, e ela estava com um frio na barriga, que chegava de ser insuportável, e seu coração acelerava a cada minuto. Igualzinho a Dave. Os dois sorriram mais do que conversaram o caminho inteiro até o escritório do Slughorn.
No caminho, os dois encontraram Bob e Dora, e Bob ficou estupefato olhando para Lizie, com a mesma cara de surpresa que Dave minutos atrás. E Dora tinha um inexplicável sorriso no rosto.
Chegando ao escritório do Slughorn, que estava decorado com panos verdes, a iluminação era um pouco fraca e... Verde, mas a música era animada - e muito alta também – vinha do palco onde um grupo de quatro bruxas tocavam entusiasmadas.
- Olá srta. Lohans! Como vai? Sr. Warty! Soube que está tendo um ótimo desempenho no Campeonato do Clube dos Duelos, simplesmente fascinante, você o ganha desde o segundo ano! E nem se fala no desempenho no time de quadribol da Grifinória, quem me dera se a senhorita pertencesse a Sonserina! E Sr. Warty, naturalmente, um prodígio em Transfiguração, Minerva me contou, e o capitão do time da Grifinória!- tagarelou o prof. Slughorn, sorrindo para os dois, e os dois sorriram, Lizie sentiu um calor na face, e achou melhor se despedir educadamente do professor antes que ficasse mais vermelha.
- Viu alguém conhecido? Só vi aquela metida da Gabriela Tonkson, com um lufano que nunca vi na vida... Ah, não é aquele monitor, Brige. - comentou Lizie, praticamente gritando para abafar o barulho da festa.
- Vi Bella Monteiro com um corvinal também... E Jony Serpen, com uma ruiva, será Gina Weasley? Não, não é, é uma sonserina! Vamos sentar naquele sofá ali um pouco? Está quente aqui, não?- comentou Dave, olhando discretamente para Bella Monteiro, que estava simplesmente magnífica, e o garoto achou que talvez ela tivesse sangue de Veela ,apesar de ter os cabelos negros. Mas o que ele estava fazendo? Agora que Lizie estava despreocupada, sem nenhum ressentimento, e - talvez ele estivesse enganado - gostando dele? Ele tirou os olhos imediatamente da corvinal e olhou Lizie, que sorria abertamente, enquanto sentava num sofá um pouco mais distante da confusão.
Mais adiante, estava Jony Serpen, olhando atentamente cada passo da grifinória, que tinha ido descansar num sofá de dois lugares que parecia ser muito confortável- e as entranhas do sonserino reviraram- Dave Warty sentou ao seu lado, perto demais da garota para o seu gosto, e de repente ocorreu-lhe que os sofás ali deveriam ser maiores... Mas que coisa boba de se pensar numa hora dessas, conclui o garoto, sem desgrudar os olhos de Lizie, fazendo pouco caso da ruiva que viera acompanhado, uma sonserina, Caroline Howd, que estava visivelmente chateada, o garoto além de não falar com ela, nem dançar, não tirava os olhos de uma grifinória realmente bonita que ela lembrava vagamente, que jogava quadribol e sempre estava do Clube dos Duelos...
Jony nunca tinha visto aquela garota de cabelos castanhos tão linda, agora estava mais decidido do que nunca, iria tomar uma atitude drástica, e seria melhor não perder a bruxa de vista, pensava o sonserino, talvez mais determinado pelo efeito do ponche...
Bella Monteiro estava dançando ao som de uma música realmente barulhenta, em companhia de um outro corvinal, Peter Lonton, estava decidida a esquecer de todos os seus problemas, preocupações... Mas estava difícil, pois Jony Serpen estava ali perto, visivelmente determinado em não parar de observar Lizie Lohans, e a corvinal teve que admitir que aquela grifinória estava mais bonita do que nunca, teria que se cuidar ou então deixaria de ser “A mais bonita de Hogwarts”, um título que Bella prezava muito. Não fazia muito tempo que a corvinal gostava do sonserino Serpen, mas estava começando a desanimar, pois o garoto resistia a todas as suas investidas, até recusou vir a essa festa com ela... Tentou fazer ciúmes no garoto ficando com Bob Taylor, mas não adiantou muita coisa, o sonserino parecia estar no mundo da Lua, atento somente aos passos de Lizie... O jeito seria aquela grifinória decidir o que quer da vida e ficar com aquele garoto Warty, pensava Bella enquanto mirava a grifinória firmemente, e seus olhos corriam para Dave, que estava ao seu lado, conversando, colado na bruxa, e estava visivelmente apaixonado, como é que Lizie não percebia isso?
Gabriela Tonkson olhava a todo instante na direção de um sofá, em que dois grifinórios estavam muito juntos, conversando animadamente, dando uma espiada neles sempre que podia, pois Thomas Brige, Lufa-Lufa, que era monitor, chamava a atenção da sonserina a todo instante, e Tonkson começou achar que era uma má idéia ter trazido o lufano. A sonserina estava concentrada em pensar em alguma coisa para ela conseguir separar aqueles dois, não podia demorar muito, pois Lizie e Dave estavam praticamente colados um no outro por causa do tamanho do sofá, conversando com os rostos muito próximos, nem se importando com o que os outros iriam pensar.
Já Thomas Brige, havia vindo com a sonserina só por vir mesmo, esperando que Dora Dilys estivesse ali também, mas conclui que foi perda de tempo, pois logo constatou que a lufana não estava ali, nem aquele detestável do Taylor - o lufano ficava louco de ciúme do corvinal, por ele estar namorando Dora - e a todo instante pensava em Dora e no que fazer para conquistá-la.
Lizie e Dave continuavam conversando e rindo tão animados que as pessoas em volta pensavam que tinham sido atingidos por um Feitiço para Animar mal-feito. Lizie não se surpreenderia se seu coração estivesse á mais de 200 batimentos por minuto, muito menos Dave, a bruxa sentia seu coração bater até no pescoço, no abdômen, nos pulsos... E a coisa não era muito diferente com Dave, que nem tinha percebido que muitas pessoas os observavam de longe... Mas ele precisava de um lugar mais tranqüilo...
- Vou ao banheiro, já volto... - inventou Dave, e ficou observando a reação de Lizie.
- Ah, eu vou também me espere!- ofegou ela, que foi correndo alcançar o grifinório.
Era a oportunidade perfeita. O corredor dos banheiros estava deserto. Exceto por um aluno que os seguira discretamente...
- Me espere viu? Não volte sem mim!- disse Dave tentando parecer ameaçador, mas não deu muito certo.
- Sim, senhor!- disse Lizie prontamente, fazendo posição de sentido, com um enorme sorriso no rosto.
Quando Dave desapareceu pela porta do banheiro, Lizie estava cantarolando, distraída, e nem viu um garoto se aproximar...
- Jony? Que susto! O que você está fazendo aqui? É melhor você voltar para a festa, o prof. Slughorn está te procurando, quer te apresentar para um cara lá... - disse Lizie, tentando parecer despreocupada, mas estava muito nervosa, pois desde o dia que o sonserino se declarou para ela inesperadamente, ela tinha tentado evitá-lo ao máximo.
- Lizie, escute, pára de fugir de mim, ok? Eu gosto muito de você, não tem porque...
- Olha Jony, você é um cara muito legal, mas eu gosto de outro garoto e...
Mas o sonserino não a deixou terminar, ele foi chegando perto do rosto da bruxa, e antes que Lizie pudesse impedir Jony a beijou, mas bem nesse momento Dave saiu do banheiro e viu aquela cena. Ficou sem saber o que fazer, parado, petrificado, assistindo tudo, e uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto, e Lizie tentou se livrar de Jony.
- Dave, eu, foi ele, ele que me agarrou! Por favor! Você tem que entender... - suplicou Lizie, agora lágrimas escorriam pelo seu rosto.
- Eu já entendi tudo, Lohans, não precisa explicar. - bradou Dave, com voz de quem ia começar a chorar, mas ele se controlou, não podia acreditar no que estava acontecendo, não agora... Mas ele havia visto com os próprios olhos. E ele rumou decidido para a Torre da Grifinória, Lizie imediatamente se soltou de Jony, e tentou ir atrás de Dave, ela tinha que fazer alguma coisa, isso não estava acontecendo, é só um sonho, por favor, pensou Lizie desesperada, mas enquanto ela corria para alcançar o grifinório, Jony a segurou com força pelo braço, e abraçou a garota.
- Lizie, sou eu quem gosta de você, você não precisa ficar assim... – o sonserino tentou consolá-la, mas uma raiva se apossou da garota que ela nunca havia sentido antes.
- É tudo culpa sua! ME SOLTA!- berrou Lizie, empurrando o sonserino para longe, e começou a correr para a Torre da Grifinória, e Jony tentou impedir Lizie novamente, mas desta vez a garota pegou sua varinha.
- ME DEIXE EM PAZ! Petrificus Totalus!
E no instante seguinte o sonserino foi atingido pelo Feitiço do Corpo Preso e caiu no chão, imóvel feito uma estátua. Lizie nem parou para ver se ele estava bem, e saiu correndo para a Torre da Grifinória. Gritou a senha para a Mulher Gorda, que girou aborrecida, murmurando alguma coisa como “Não tem consideração”.
Agora os cabelos de Lizie estavam desgrenhados, ofegando a garota viu Dave entrar no dormitório dos garotos e bater a porta com força. A grifinória correu até lá e começou a bater na porta, gritando de vez em quando “Você não entendeu Dave, me deixe explicar!”, não dando importância para os olhares assustados dos alunos da Grifinória que estavam ali na Sala Comunal, mas passados uns vinte minutos, Dave não deu importância, e Lizie se arrastou para o dormitório das garotas, arrasada com tudo aquilo, lágrimas silenciosas escorrendo pelo seu rosto, tomada pela tristeza.
E Lizie mal trocou de roupa, o dormitório completamente vazio, ela sentou na janela e ficou observando tristemente a paisagem, relembrando os acontecimentos que não lhe saiam da cabeça.
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