Tudo pelos amigos
Dave Warty seguia para a biblioteca com ar tempestuoso, se alguém falasse com o quintanista ele era capaz de enfeitiçar a pessoa antes que ela terminasse de dizer "oi".
Mas quando chegou na biblioteca ao ver uma garota de cabelos castanhos, ele já se sentia um pouco mais calmo pela mera presença da grifinória.
- Então, você falou com o Bob?- quis saber Lizie.
- Falei.- vociferou ele.
- Hum, e você vai querer me contar?
- Bem, sabe, ele, ele...- gaguejou Dave.
A garota o olhava atentamente, sentiu aquela estranha sensação de que o coração ia pular pela boca de tão forte que batia. Não sabia se ele estava batendo deste jeito por causa da briga que tivera agora pouco ou se era por estar na presença de Lizie, e talvez pelos dois motivos.
- Dane-se aquele Taylor!- explodiu o bruxo.- Eu não acredito que ele ainda está bravo pelo jogo de ontem! Eu pensei que ele iria entender! Mas não, ele resolveu me ignorar completamente fingindo que eu era um estranho! Nós nos conhecemos a tanto tempo! Desde o primeiro dia em Hogwarts, quando éramos uns anãozinhos do primeiro ano nós já éramos amigos! E ele resolveu jogar fora essa amizade por causa de um jogo de quadribol!
- Já pra fora! Não quero gritos na biblioteca! Fora!- disse Madame Pince e enfeitiçou um livro pra ficar batendo na cabeça de Dave, que teve que sair correndo se protegendo com os braços dos ataques do livro.
Lizie achou que podia terminar o trabalho de Defesa Contra as Artes das Trevas que o professor Lupin passou depois, Dave precisava dela agora.
- Ei, espere um pouco Dave!- gritou Lizie o alcançando.- Você não pode ficar assim por causa dele! Aposto que não vai demorar e ele vai sentir a sua falta!
- Eu to indo falar com a McGonagall e vou sair do quadribol.- informou ele sem olhar para Lizie.
- O quê? Você não pode fazer isso! É o capitão! E ainda joga muito bem! É o melhor artilheiro da equipe!- argumentou ela, que sentiu as bochechas quentes quando ele a encarou com a expressão um pouco mais leve quando ela o elogiou.
- Você é muito legal Lizie, mas o time vai ficar bem sem mim, sinto que não vou agüentar que o meu melhor amigo me ignore dessa maneira.- disse ele decidido.
- Se você continuar com essa idéia maluca eu vou ser obrigada a te azarar aqui mesmo!- brincou Lizie. Dave até sorriu.
- Ah não, por favor, eu sei que você não é nada ruim nisso! Aquela noite na enfermaria me ensinou a nunca mexer com você!- disse o garoto rindo.
- Mas agora é sério capitão! Você não pode sair do time! O próximo jogo será contra a Sonserina!- se desesperou a grifinória.
- Desculpe, mas eu não vou mudar de idéia!- respondeu ele impaciente.
- Tenho certeza que Bob não aprovaria isto. Ele não pode ser tão egoísta a esse ponto. Sabe o que vamos fazer agora? Vamos ir falar com Bob e resolver essa situação.- disse ela decidida a salvar o time de quadribol e ao mesmo tempo salvar a amizade dos dois.
Vendo a cara decidida da garota, viu que teria que concordar com ela, e com essa atitude Dave só conseguia gostar mais dela.
Lizie admirou este gesto de coragem de Dave, de deixar de fazer uma coisa que ele gosta por causa de um amigo, mas isso não era necessário. A garota gostava muito do grifinório, mas andara se perguntando se este sentimento não era só amizade, e chegou à conclusão que era isso mesmo, só amizade, ao contrário de Dave, que a cada momento tinha mais certeza de que amava a garota, como ele nunca havia gostado de outra antes.
Enquanto os dois grifinórios iam para os jardins, que era onde Bob estava, eles encontraram Dora pelo caminho, e ela foi junto com a desculpa de que queria falar com Lizie depois, mas na verdade Dora Dilys estava indo porque gostava de Bob Taylor.
Bob estava na beira do lago, enquanto os três se aproximaram, Bella já ia em direção do castelo, pela cara da corvinal, ela acabara de discutir com Bob.
- Oi Bob.- cumprimentou Lizie.
- Ah, oi Lizie, e você é?- perguntou Bob olhando para Dora.
- Sou Dora Dilys, nós estudamos juntos, sou da Lufa-Lufa!- bufou ela, parecendo muito ofendida por Bob não ter nem se quer lembrado dela.
- Oi Bob.- cumprimentou Dave nervoso. O corvinal não respondeu, e o clima ficou tenso.
- Olha Bob, vamos direto ao assunto. Você não pode tratar Dave assim porque ele é o capitão do time da Grifinória, e daí se a Grifinória ganhou da Corvinal? Vocês não podem deixar de ser amigos por uma bobagem dessas! - disse Lizie severamente.- Garotos! Levam o quadribol tão á serio!- pensou ela em voz alta, e ao perceber o que fez ficou vermelha.
- Hum, Dave, podemos conversar um pouco, a sós?- arriscou Bob, olhando de esguelha o grifinório.
Então os dois se afastaram das garotas, e ficaram conversando cerca de uma hora. Mas só meia hora foi destinada para as desculpas e tudo mais, o resto os amigos colocaram as "novidades" em dia.
- Você viu só o jeito que Bella saiu daqui, não viu? Ela ficou irada por causa do jogo. E ainda mais irada com aquela tonelada de detenções e aquelas coisas que Lizie deixou na cara dela com a azaração pra rebater bicho-papão, ela ainda tem umas marcas no rosto! Sabe, eu terminei com ela agora pouco. Acho que nenhum garoto fez isso com a mais "bonita" de Hogwarts! Ela ficou tão surpresa que saiu correndo daqui!- disse Bob, sorrindo.- E quem é aquela amiga da Lizie? Eu não lembro de ter visto ela nas aulas...- disse ele olhando discretamente para a lufalina que sorria para ele.
- Claro, você ficava babando pela Bella, que nem olhava o resto das garotas! Eu não conheço direito, mas ela é legal sim. Não me diga que está interessado nela?- perguntou Dave desconfiado.
- Mas é óbvio que sim! Ela é linda! É melhor irmos lá com elas, já devem estar cansadas de esperar!- murmurou Bob, já se adiantando.
Como era um domingo quente, e ainda faltava umas duas horas para o almoço no Salão Comunal, Bob e Dora ficaram passeando pelos jardins enquanto conversavam, Bob tinha acabado de "conhecê-la", mas já estava gostando dela. Dora estava radiante de felicidade, mal podendo acreditar no que estava acontecendo.
Depois do almoço, Dora foi falar com Lizie, no Clube dos Duelos.
- Sabe, o Bob é incrível! E sabe o que ele fez? Me convidou pra sair! Vai ser emocionante, vai ser ainda hoje, depois do jantar, fora do horário permitido para os estudantes circularem pelo castelo! Não é demais?- disse Dora animadíssima.
- Ele é doido mesmo! E você também!- disse Lizie rindo.
- Agora eu preciso ir!- se despediu a lufalina.
Depois de uns quarenta minutos, enquanto Lizie observava um duelo, Dora chegou de repente e chamou a amiga.
- Você não sabe o que aconteceu! Uma tragédia! Um desastre!- soluçou Dora.
- O que foi? Bob cancelou o encontro?- perguntou Lizie preocupada.
- Pi...Pior! Eu estava passando por um corredor nas masmorras e levei o maior susto quando vi um sonserino caindo do meu lado, pelo jeito estuporado e tinham usado nele uma série de azarações, estava horrível!Mas antes que eu fizesse alguma coisa o Snape chegou! Ele não me deixou nem explicar, e me deu uma detenção! E a detenção é bem na hora do meu encontro!- explicou Dora caindo no choro.
- É muito importante pra você, não é?- perguntou Lizie, e Dora confirmou. A grifinória pensou um pouco e teve uma idéia.- Você vai ir sim Dora, eu tenho um plano...
- O quê? Você quer que eu te ajude nessa maluquice?- perguntou Dave espantado.
- Quero sim, eu sei o quanto é importante para a Dora, e você disse que pro Bob também! Vamos lá, o que custa ajudar um amigo...- insistiu Lizie.
- Com coisa que isso é muito simples! Imagine só! Roubar poção Polissuco do armário do Snape pra você ir à detenção no lugar da Dora! Que coisa simples!- ironizou Dave assombrado com a idéia da garota.
- Vamos agora! Soube que o Snape está na sala dos professores!- sussurrou a garota em tom de urgência.
- O quê? Agora?- murmurou ele assustado.
- É, agora!- confirmou ela impaciente e puxou ele pelo braço para o retrato da Mulher Gorda.
Os dois deslizaram discretamente para as masmorras, por sorte, ela estava vazia, pois quem iria estar nas masmorras num domingo com o sol que estava lá fora?
Finalmente os grifinórios conseguiram chegar no escritório de Snape. O coração de Lizie batia muito rápido.Estava muito nervosa, se o Snape chegasse, estariam realmente encrencados.
- Aqui, o armário do Snape. Fica aí fora vigiando. Alorromora!- murmurou a bruxa, e em seguida a porta do armário se abriu.
Não era bem um armário, e sim uma sala, cheia de prateleiras e baús, todas cheias de frascos e vidros com ingredientes mágicos, onde mal tinha espaço para caminhar.
- Acho que vai demorar um pouco...Dave, vem me ajudar a procurar!- sussurrou ela.
Os dois procuravam atentamente um frasco de poção Polissuco, mas depois de dez minutos não acharam nada.
- Aqui, acho que achei!- murmurou Dave aliviado. Lizie transferiu uma pequena quantidade do frasco para um fraquinho menor que tinha no bolso de suas vestes.
- Pronto, acho que o Snape nem vai notar...
Lizie parecia que tinha sido petrificada quando ouviu alguém entrar no escritório, suas pernas não obedeciam, e se desesperou quando ouviu a voz gelada de Snape.
Dave teve o bom senso de ir até a porta e murmurar "Colloportus", e a porta se trancou magicamente.
Os dois se encolheram num canto do armário e aguardaram em silêncio, rezando para que Snape não viesse ao armário. Lizie e Dave estavam sentados no chão, muito próximos um do outro, e Lizie sentiu que seu coração batia muito forte, mas não tinha relação nenhuma com o medo de Snape, e a garota corou até a alma quando Dave tateou sua delicada mão e a grifinória a tirou do chão instantaneamente como se a tivesse queimado, e Dave ficou muito sem jeito.
Lizie suspirou aliviada quando ouviu Snape sair do escritório, e os dois correram até a porta do armário e a abriram magicamente, e em seguida andavam rapidamente pelas masmorras, sempre se escondendo atrás de alguma armadura quando alguém estava vindo.
A garota chegou na biblioteca ofegante, acompanhada por Dave, e sorriu triunfante para Dora, que a esperava ansiosa.
- Vocês conseguiram?- perguntou Dora nervosa. Quando a grifinória mostrou para ela discretamente um pequeno frasco foi quando a lufalina realmente conseguiu parar de se preocupar.- Muito, muito obrigada mesmo Lizie! E obrigada também Dave! Vocês são tão legais!
Quando escureceu, os três finalmente saíram da biblioteca com todos os detalhes do plano acertados, e rumaram para o Salão Comunal.
Logo depois do jantar, Dora foi correndo pegar uma roupa sua, e a entregou para Lizie junto com um fio de cabelo seu. Dora teria que cumprir uma detenção com o Filch, pois Snape disse ao zelador que estava sem tempo, e teria que limpar e polir os troféus de Hogwarts sem magia.
Então as duas foram ao banheiro feminino - Dave ficou esperando na porta - e Lizie já vestiu o uniforme da Lufa-Lufa.
- Agora eu preciso ir Lizie, muito obrigada mesmo! E você também precisa ir! Tome agora a poção Polissuco...- apressou Dora á amiga, que estava com receio de beber a poção.
Mas ela virou de uma vez o copo com a poção. Lizie começou a se sentir estranha, sua pele "borbulhava" e em instantes se transformou na irmã gêmea de Dora!
- Então, como é que é ser eu?- perguntou Dora ansiosa.
- Estranho.- brincou Lizie.- Agora vai logo que eu já vou indo!
Então Lizie, que era Dora, se encaminhou para a sala do Filch, com Dave vindo logo atrás, pois ele logo faria a sua parte no "plano".
- Vamos logo! Ainda tem muito trabalho pra fazer peste!- resmungou Filch para Lizie. Pelo tamanho da sala de troféus, ela ficaria muito mais que uma hora limpando, sem magia.
Lizie não tinha limpado nem um terço dos troféus e olhava nervosa toda hora para o relógio, quarenta minutos já haviam se passado, era bom Dave agir logo...
Foi então que finalmente Lizie ouviu um estrondo, e depois outro.
- Mas que diabos! Agora eu pego esse Pirraça!- rosnou Filch saindo apressado.
Com um gesto da varinha, Lizie conseguiu terminar de limpar e polir todos os troféus em dois minutos e saiu dali correndo, a essa altura a transformação já havia acabado. Correu para o banheiro feminino e vestiu o uniforme da Grifinória novamente, pois ainda tinha gente na Torre essa hora e seria estranho ela chegar com o uniforme da Lufa-Lufa...
Como o combinado, Dave estava esperando na porta do banheiro.
- O que foi que você fez pra o Filch sair pirado daquele jeito?- perguntou Lizie curiosa, rindo.
- Explodi umas duas armaduras no andar inferior, parece que deu tudo certo, agora é só torcer pra que os dois não sejam flagrados por ninguém...- comentou Dave.
-Ai!- exclamou Lizie.
- O que foi?
- Torci meu tornozelo droga.- reclamou a garota, examinando o tornozelo direito que inchou rapidamente.
- Férula!- murmurou Lizie apontando para seu tornozelo, que se encheu de ataduras.
- Venha, eu te ajudo. Ainda falta bastante pra chegarmos na Torre da Grifinória.- disse Dave, em seguida ajudou a garota a levantar-se.- Consegue andar?
Lizie fez que não com a cabeça.
- Vai, se apóia em mim.- disse Dave gentilmente, e a garota passou o braço pelo pescoço do grifinório enquanto ele segurava sua cintura.
E assim os dois voltaram em silêncio para a Torre da Grifinória satisfeitos com o dever cumprido.
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