Feitiços



CAPÍTULO 5 – FEITIÇOS

- Raven, POR FAVOR!

- Não, não, não, não, não, e mais uma vez não.

- Pensa no assunto!

- Hm... Já pensei, e a resposta continua sendo não.

- Mas Raven... – Hermione andava de um lado para o outro no Salão Comunal, seguindo Raven impacientemente. Aquilo estava se prolongando desde a última hora, e a menina de cabelos lanzudos não dava a impressão de que iria parar tão cedo. – Olha só, é só dizer a ele que... Que gosta dele!

- Não me leve a mal, Granger, mas porque não faz isso você mesma? – Raven cruzou os braços, lançando um olhar desafiador á outra. Por um momento a monitora ficou sem palavras e corou furiosamente, mas se recompôs em poucos segundos:

- Porque eu não vou mentir pro Rony!

- Hm, Hermione, você já mentiu. – Gina espreguiçava-se na cama, de bruços, segurando em uma das mãos o estojo de polimento para a vassoura e na outra a própria Cleansweep. Ao ouvir o comentário da amiga, a cor vermelha que havia abandonado as faces de Hermione voltou com força total, fazendo com que ela se assemelhasse (N/A: não sei escrever essa porra de palavra) a uma panela de pressão .

- Foi necessário!

- Não foi não, você podia muito bem ter continuado a conversa, ou ter dito que a garota que gosta dele é você. – Raven interpelou a amiga, rígida. – E nem tente dizer que não é, porque era isso que você tinha a intenção de dizer.

Hermione ficou quieta por uns instantes, a cor vermelha finalmente deixando o seu rosto. De repente, os seus olhos se estreitaram e ela olhou com desconfiança para Raven.

- Como você sabe que eu ia dizer outra coisa se você não ouviu a minha conversa com o Rony, Raven?

A garota engoliu em seco, gaguejando:

- Eu...Presumi.

- Presumiu, é?

- É, por que... Eu sou boa em presumir coisas. – Raven desviou os olhos, fingindo estar vivamente interessada na cor do tapete.

- Eu estou começando a achar que o fato da Mulher Gorda ter desaparecido não foi coincidência..

Gina abafou o riso, escondendo o rosto atrás do estojo de manutenção. Harry havia contado todo o “plano” para que ela vigiasse o corredor da Sala Precisa durante o tempo que eles precisassem para a conversa de Rony e Hermione, portanto era natural para ela que a situação fosse cômica.

- O que foi Gina?

Gina não conseguia controlar a vontade de rir, e suas bochechas iam se avermelhando. Hermione se virou para ela de braços cruzados, e a ruiva podia ver Raven gesticulando pelas costas da amiga para que ela não revelasse nada. Porém, a vontade de rir era mais forte, e Gina eclodiu numa risada incontrolável.

- Gina! - Raven ralhou ferozmente, mas a outra não parecia estar ouvindo: apenas ria, rolando na cama. Hermione apertou os olhos novamente e lançou a Gina um olhar que calou a risada da ruiva instantaneamente. Com a voz perigosamente baixa, ela rosnou:

- Explique agora.

ooooooo

- ... mash eu tenho q’ terminá co’a Lilá antesh. – Rony falava com a voz engrolada por causa da enorme quantidade de feijõezinhos de todos os sabores em sua boca, mas ele estava tão entusiasmado que nem conseguia se engasgar com os doces. Havia repetido a história de sua conversa com Mione pelo menos duas vezes na última hora, e os meninos apenas assentiam com as cabeças, sem realmente prestar atenção.

- Hmhm... – Harry jogava a miniatura do Viktor Krum sem cabeça para cima e para baixo, numa atitude hipnotizante. Sua mente vagava bem longe dali, percorrendo as formas curvilíneas de uma certa ruiva, e se intercalando com portas negras de metal e corredores compridos, por isso foi uma surpresa quando uma almofada grande e laranja atingiu seu rosto em cheio.

- EI! Você não está nem ouvindo o que eu estou dizendo... Nenhum de vocês!

- Claro que estamos, cara. – Neville agarrou a almofada que viera em sua direção sem muito esforço, e virou-se para um Simas quase adormecido – Não é, Simas?

- Aham... – Simas se ajeitou na cama, virando pro outro lado. – Já vou mãe, só mais dois minutinhos...

Numa voz em falsete ridículo, Harry arremessou a almofada que Rony jogara nele na cabeça de Simas:

- Ah não, filhinho, a mamãe quer agora!

Simas acordou num sobressalto, berrando impropérios para Harry. De repente, a voz de Rony se elevou á maioria:

- Ei, poderíamos discutir o meu problema?

- Que problema, cara? – Simas tinha uma expressão incrédula. – É só dizer pra Brown que você sabe tudo sobre o McLaggen e ir no baile com a garota secreta.

- Hm...

- Digamos que o Rony tenha tanto tato quanto uma galinha pra esse tipo de coisa. – Harry provocou, mas o seu comentário, ele tinha de admitir, tinha mais que um fundo de verdade.

ooooooo

Era a madrugada domingo, e, como usual, Hermione não havia conseguido dormir a até aquele momento. Não só pelo fato do atraso de lições de casa (fato inédito no seu histórico escolar) ter tomado todo o tempo da garota, mas porque, além de Lilá e Parvati, havia um probleminha a ser resolvido acerca de Rony. Ela não conseguia tirar o ruivo da cabeça, e nem sabia o que ia fazer quanto ao Baile de Halloween. Claro, tinha conseguido com que Raven se “declarasse” para o ruivo, mas não era exatamente uma solução.

Obviamente, era tudo culpa da Raven e do Harry, mas ela ainda não tinha conseguido juntar os dois e dar a bronca que eles mereciam, mas também tinha dúvidas quando a isso.

“Será mesmo que foi ruim ter conversado com o Rony?” os pensamentos invadiam a cabeça da garota num turbilhão, e embora o sono fosse grande, não era maior que o fluxo de pensamentos.

Apesar do horário avançado, ela ainda conseguia distinguir as vozes de Lilá e Parvati no dormitório das meninas, e o principal motivo pelo qual ela não queria ir lá era a presença das duas. Porém, enquanto estava presa nos seus devaneios sobre como matar Lilá, um trecho da conversa das duas lhe chamou atenção.

- Sim, mas... E quanto á ele?

- Ah, deixe de ser boba... Ele está na suas mãos.

- Mas você acha que vai dar certo?

Intrigada, a menina subiu as escadas, encostando a orelha na porta do Dormitório. Não gostava de estar espionando, mas era por um bem maior.

- Sabe, não há chances de dar errado. O plano é perfeito. – Hermione ouvia a voz esganiçada de Lilá, e a vontade de entrar no quarto e apertar o pescoço da garota era grande. Porém, se segurou. – A Amortentia é infalível. Não há falhas possíveis na minha estratégia.

- Sim, Lilá, mas talvez tenha outro modo de tirar os problemas do caminho...

- Não, Parvati, não há. Agora fique quieta, eu tenho que terminar o dever de poções e a sua voz está me atrapalhando.

Hermione tirou o ouvido da porta, sentando-se no chão. Seu rosto exibia feições pensativas, e ela não sabia que conclusões tirar. Uma poção do amor... Para quem Lilá daria a poção? Como? Acima de tudo, por quê?

Hermione, então, levantou-se e voltou para a Sala Comunal. Quais as pessoas que Lilá provavelmente quereria enfeitiçar?

A primeira delas, e a mais óbvia, seria Rony, para que ele ficasse amarrado á ela. A segunda, pensou Hermione com um risinho “seria eu, a ameaça de cabelos lanzudos”. Depois, a menina colocou o nome de Harry na lista. Ter o menino prodígio apaixonado por ela, ao invés de Gina, seria bem mais proveitoso. E então... Hermione pensou na conversa que tivera com Raven. E se Lilá tivesse ouvido? Se fosse esse o caso, Raven seria uma candidata forte á poção, pois iria se declarar para Rony...

Hermione largou-se na poltrona, deixando o fio de seus pensamentos ir embora. O ruivo iria terminar com Lilá até o fim daquela semana, e saber que ele não iria mais ser enganado bastava à garota. Sorriu á lembrança das desculpas que ele pedira pra ela, e dos sorrisos, que haviam sido só pra ela. Repreendeu-se quase instantaneamente: não gostava do Rony. NÃO gostava, não nutria nenhum tipo de sentimento (além do fraternal) por ele. Mas se ele pudesse apenas ver o quanto ela se importava...

O cansaço venceu Hermione, que deixou as pálpebras pesarem sobre seus olhos cor de mogno antes de cair num sono profundo, embalado por sonhos dourados com um certo alguém.

ooooooo

Raven levantou-se com dificuldade. Já não bastava ter de ficar acordada até as duas da manhã porque a “rainha da delicadeza” (Lilá) tinha dado um chilique por causa do dever de poções? Argh.

A morena tirava as coisas da mala preguiçosamente, mas em tom audível o suficiente para que pudesse acordar as duas imbecis. Já estava se perguntando porque elas não haviam levantado quando viu um bilhete rebuscado encimando a mesinha de cabeceira.

Raven pegou o bilhete e leu.

Rav, eu queria conversar com você sobre aquele lance de se declarar para o Roniquinho. Olha só, eu não sei se é a coisa certa a fazer, você sabe, querida. Eu não quero entrar aí porque a Lilá está dormindo, e eu não quero ter a companhia dezagradável dela, mas será que você poderia se encontrar comigo no Salão Comunal ASSIM que você acordar?

Olha, eu agradeço muito viu?

Beijinhos, na espera,

Mione.

Raven olhou fixamente para o bilhete. Não parecia vindo de Hermione. Desde quando ela escreveria desagradável com X, ou a chamaria de querida, ou mesmo escreveria “Roniquinho”? Porém a menção da falsa declaração bastou para que Raven terminasse de se vestir e descesse, o bilhete amassado na mão direita.

ooooooo

Harry abriu os olhos, cansado. Sentiu como se não tivesse dormido nenhum segundo, e o cansaço invadia seus membros. Foi compelido por uma vontade imensa de virar para o outro lado e dormir, mas parou de repente. Alguém tinha deixado um bolinho de chocolate na sua mesa de cabeceira. Grato, ele o apanhou, mas antes de dar a primeira dentada, viu que o bolinho escondia um bilhete. Abriu-o e leu.

Harry,

Desculpe ter entrado no dormitório assim, enquanto você estava adormecido, mas é que eu tinha que deixar esse bolinho aí. É que hoje não tomarei café com vocês, e Raven precisa estar com esse bolinho em mãos no horário do café da manhã. Será que você poderia, pooor favor, entregar o bolinho para ela assim que você descer?Fale que ela precisa comer a-go-ra! Eu ficaria muitícimo grata, Harry!

Beijinhos,

Mione.

Harry esfregou os olhos, e releu o bilhete. Era estranho...Hermione não escreveria “muitícimo”. E porque não entregava ela mesma o bolinho? Para Harry, aquilo parecia um tanto forçado, artificial, mas resolveu entregá-lo assim mesmo. Terminou de se vestir, apanhou o bolinho e desceu para o Salão Comunal.

Chegando lá, encontrou Raven sentada numa poltrona, um bilhete na mão, conversando com Hermione.

- Mas Raven, eu já disse que não mandei bilhete nenhum! Eu nem ao menos subi para o Salão Comunal, ora essa.

- Bom, então tem alguma desavisada se passando por você.

- Eu tenho bem a idéia de quem... Ah, oi Harry.

- Hm, bom dia. Ei, Raven... – Harry olhava de uma para outra, com uma sensação de estranheza. Porque Mione estava ali? Ela não ia tomar café mais cedo? – A Hermione me pediu para te entregar esse bolinho...

- Bolinho? – Exclamaram as duas meninas, surpresas.

- É, sei lá eu por que. – Harry balançava a cabeça, jogando o bilhete de volta para Hermione.

- Puxa, obrigada, Hermione. – disse Raven, levando o doce á boca.

- Mas eu... - Hermione pegou o bilhete e leu-o com rapidez, até que uma lâmpada se acendeu em seu interior. CLARO! A Amortentia! Ela tinha de impedir que Raven comesse o bolinho, senão...

- RAVEN, PARE!

Mas a CDF não foi rápida o suficiente, e, antes que pudesse impedir, Raven deu uma dentada enorme no bolinho, engolindo-o com prazer.

- Parar porque, isso é uma delí – não pôde completar a frase. De repente, uma expressão etérea se instalou em seu rosto, e ela se virou para Harry. A primeira pessoa que ela olhara.

- Harry... – Raven falava com uma voz sonhadora e doce, quase açucarada.

- Hm... Raven, você está bem?

- Claro... Estou na sua presença...

- Oh. Meu. Deus. – Hermione parecia terrivelmente surpresa.

- Harry, você é tãaaaao liindo... – Raven parecia prestes a babar, o olhar doentio e febril elevado á Harry, que se esquivava com um misto de surpresa e agitação.

- Hermione, O QUE TINHA NO BOLINHO?

- Amortentia. A poção do amor mais forte que existe. E seu efeito não vai passar em menos de uma semana.

Harry engoliu em seco, com medo.

– Porque você fez isso, hein?

- Não fui eu! – Hermione havia se levantado, observando com cautela o resto do bolinho. – Foi a perversa da Lilá. Ela me ouviu, Harry, convencendo a Raven a se declarar para o Rony no baile de...

De repente, a menina ficou estática. Uma expressão de terror e compreensão se espalhou pela sua face – O baile, Harry.

- Que é que tem o baile?

- O baile é daqui a quatro dias!

- E isso quer dizer que...?

- O efeito da Amortentia não vai passar até lá. E então...A Raven não vai se declarar pro Rony!

- Mas e daí?!

- Ooh, Harry, deixe-me tocar em você...

- HERMIONE, TIRA ESSA COISA DE PERTO DE MIM!

- Tem de ter um modo de reverter o feitiço.. Simplesmente tem de ter... – Hermione andava em círculos, ignorando os apelos do amigo. – Quem foi que fez essa poção?

- Pelo que eu saiba, os gêmeos fazem a Amortentia... AGORA DÁ PRA ME AJUDAR?

O rosto da amiga se iluminou.

- Os Gêmeos! É ISSO!

- Você acha mesmo que eles vão reverter o feitiço porque VOCÊ vai pedir, Mione? Não me leve a mal, mas...

- Não sou eu que vou pedir, Harry. Você é quem vai.

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