Dia difícil




*******Godric’s Hollow, algum dia de Janeiro******


_Lúcio – ela falava aos sussurros enquanto acompanhava os passos apressados do marido – o Lord não vai gostar nada disso.

_Fique quieta. – ele falou em voz grave, porém sussurrada – não podemos errar.

_Lúcio, pelo amor de Merlin, esqueça isso. Vamos voltar para a Mansão – ela falava nervosamente caminhando entre as lápides. – pense no Draco, por favor.

_Chega! – ele falou bruscamente, virando-se de fronte para a esposa.


Narcisa sentiu medo do esposo, não pela primeira vez, mas a sensação ainda a aterrorizava. Os olhos cinzas de Lúcio estavam com a tonalidade chumbo, que tantas vezes ela vira nos olhos do próprio filho, Draco. Sentiu os braços serem apertados com força, onde posteriormente ficariam marcas arroxeadas. Não ousou baixar a cabeça encarando os olhos cinzentos do homem a sua frente.

_Chega, Narcisa. Essa sua paranóia está me constrangendo. – ele falou numa voz macia, estranhamente – Draco está bem, está a salvo. O Lord...

_O Lord vai matá-lo! – ela esganiçou nos braços do loiro –ele não vai ter piedade de Draco. Não depois do seu erro.

_Cale a boca! – um estalo foi ouvido quando a grande mão pálida de Lúcio encontrou o frágil rosto de sua esposa. – Nunca mais repita isso. – ele falou brandamente com os olhos faiscando.

_Então pare de fazer tolices. – ela falou com o rosto vermelho de cólera – Não me incomodo de morrer nessa guerra, desde que me casei com você sabia que esse era o meu destino. Mas o meu filho não vai sofrer pelos seus erros, nunca mais, Lúcio.- ela falou encarando-o raivosamente.

_Mulher tola. – ele falou largando-a bruscamente, fazendo com que caísse se meio a duas lápides partidas – volte para a Mansão. Faço isso sozinho.

_Lúcio, por favor. – ela pediu ainda do chão, com os cotovelos sangrando devido à queda – pense na sua família.

_Eu nunca tive isso, Cissy querida. – ele falou friamente, virando-se de costas e continuando a caminhar rumo ao coração do cemitério.


Sentiu os olhos umedecerem e tratou de secá-los rapidamente, afinal Blacks não choram. Ergueu-se com os cotovelos ainda sangrando, e um pé machucado. Respirou fundo, pela última vez aquele ar noturno e aparatou em casa.

PLOP.


_Mamãe? – uma voz jovial assustada fez-se presente em seus ouvidos. – o que houve?

_Draco. – ela falou brandamente ao herdeiro, que a encarava de maneira assustada. – onde estão todos?

_No Salão, com a professora. – ele falou brevemente, contorcendo o rosto pálido em insatisfação – pobre mulher.

_Sim, sim. – Narcisa respondeu vagamente, encaminhando-se para a escadaria que dava no segundo andar da Mansão. – vou descansar um pouco antes do jantar.

Ela falou tentando sorrir, porém desistiu ao notar o olhar que o filho pusera sobre ela. Viu os olhos azuis do filho escurecerem. E ela conhecia aquela mudança, Draco estava com raiva. Muita raiva. Segurou a respiração enquanto pôde esperando a pergunta que viria, carregada de rancor.

_Onde ele está?

_Draco, não...

_Ele fez isso com você, não foi? – o filho aproximou-se analisando a marca vermelha dos dedos do pai na face de Narcisa. Ela desviou o olhar – Responda!

_Não. – ela mentiu.

_Você não sabe mentir mamãe, pelo menos pra mim. – ele falou sério, fazendo menção de segurá-la pelo cotovelo, ao que ela esquivou-se. E ele percebeu um líquido viscoso sobre o tecido negro da capa que ela usava – e isso?

_Caí. – ela respondeu vagamente.

_Vou te acompanhar até o quarto. –ele falou encarando-a nos olhos com tanta firmeza que, por alguns segundos, Narcisa pensou ter visto os olhos do pai no rosto de Draco.

_Draco... –ela começou, porém ele foi firme.

_Vou te levar até o quarto, um elfo vai te preparar um banho. E quando ele voltar, vamos ter uma conversa. – ele falou guiando-a até o quarto.

_Não brigue com seu pai, querido. – ela falou virando-se para ele, fazendo-o parar à porta do aposento – ele está nervoso. Teme por nós.

_Mãe, - ele começou suspirando pesadamente – se há algo que não existe em Lúcio Malfoy é piedade. Aprendi isso a vida inteira, não tente me convencer com essa mentira.

_Filho, por favor. Somos uma família, nós três. – ela agarrou-se a ele de maneira desesperada.

_Mãe, não faça isso. – ele falou conduzindo-a para dentro do quarto. – sente-se aqui, descanse um pouco. Eu venho te buscar pra jantar.

_Prometa Draco, prometa que você não vai discutir com seu pai. Pelo menos hoje, por agora. – ela pediu com os olhos marejados.

_Hoje? – ele a olhou, confuso – o que vai acontecer hoje?

_Nada, querido. Nada de importante. – ela falou negando-se a encará-lo.

_Onde está o Lúcio, mãe? –ele perguntou preocupado – o que ele está fazendo de tão errado?

_Está tentando resgatar o prestígio para com o Lord. – ela respondeu com desgosto.- nunca pensei ver seu pai agir como um servo.

_Mãe, me escuta: você sabe que ele falhou. Sabe que eu falhei também – ela engoliu em seco – se não fosse Severo, estaria morto agora. – ela desviou os olhos, tentando esconder o pacto feito com o antigo professor de poções do filho – Seja o que for que Lúcio estiver fazendo hoje, se falhar, não será perdoado.

_Eu sei. – ela falou miseravelmente, encarando a janela aberta – temo por você, meu filho.

_Não tema. – ele falou rapidamente – vamos conseguir sair ilesos disso tudo, eu e você.

_E seu pai? – ela perguntou temerosa ao filho, que desviou o olhar.

_Lúcio? – ele perguntou a si mesmo – não faço idéia. Aliás, tem um assunto que queria conversar com você há algum tempo, mas nunca tive oportunidade.

_Que assunto? – ela perguntou ajeitando-se na cama.

_Quem é meu pai? – ele foi direto e Narcisa arregalou os olhos.- Mãe, não minta pra mim.

_Ora, o que você está insinuando que eu sou, Draco Alexander Malfoy? – ela perguntou ofendida.

_Não quis te ofender, mamãe. – ele falou rapidamente – mas acho que está mais do que na hora de alguns segredos serem desvendados nessa família.

_Não há segredo algum na sua árvore genealógica! – ela falou nervosa – e nunca mais questione isso, entendeu? –ela apontou o dedo para a face do filho que assentiu com a cabeça.

_Vou deixar você descansar agora. – ele falou beijando-lhe na testa, como sempre fazia desde pequeno. Levantou-se e saiu do aposento.


Após um demorado banho, onde Narcisa pôde expor suas angústias e tormentos em forma de lágrimas, ela vestiu uma camisola de seda negra, e saiu do banheiro ainda secando os cabelos numa toalha verde-escuro. Deparou-se com a figura de uma mulher morena sentada em sua cama, com o olhar perdido em algum ponto da enorme moldura da família Malfoy, que enfeitava a parede oposta.


_A que devo a honra, Bella? -ela perguntou acidamente a irmã.

_Estava aqui pensando em como deve ser ostentar uma mentira por tantos anos, Cissy. –ela perguntou encarando a irmã mais nova.

_Não sei do que está falando. – a loira respondeu seca.

_Tem certeza? – a morena levantou-se calmamente – digo, você não esconde nada, nadinha da sua família perfeita Cissy?

_O que você está insinuando Bella? – ela retrucou ainda calma.

_Ora, estou falando da paternidade de Draco, lógico. – a morena falou, sentindo dedos compridos comprimirem seu pescoço inesperadamente.

_Jamais mencione isso novamente, Bellatrix ou vai se arrepender. – a loira falou nervosa, com os dedos ainda presos na garganta da outra.

_Solte-me Narcisa, ou então...

_Ou então o que? – a loira comprimiu ainda mais as veias respiratórias da irmã, que já arroxeava. – o que você vai fazer contra mim, Bellinha?

_O ... Lord..vai matar... Draco. – ela falou numa voz entrecortada.

_Como? –ela perguntou aturdida, largando a irmã.

_O Lord já sabe onde Lúcio esteve hoje e não ficou nada feliz. – a morena cantarolou, massageando o pescoço – e ele não vai descontar em Lúcio dessa vez, pode ter certeza.

_Você está blefando. – a loira afirmou, sentando-se na penteadeira, agarrando a varinha por debaixo da camisola.

_Talvez, mas vou me assegurar de que isso aconteça. – ela falou serena – Você vai se arrepender do que me fez quando ver o corpo de seu querido Draco, irmãzinha.

_Sectusempra! – Narcisa brandiu com a varinha contra a irmã, que caiu do outro lado do aposento, com vários cortes pelo rosto. – NUNCA MAIS AMEACE MEU FILHO, SUA VACA!- ela falou à irmã que se levantou, porém não revidou.

_A verdade dói, Cissy? – ela perguntou num sorriso doentio. – saiba que esse segredinho está seguro comigo, ainda.

_Eu não sei do que está falando! – ela repetiu tentando acalmar-se. – saia do meu quarto.

_Porque? Draco ainda não sabe quem é o pai dele. – Bellatrix falava insanamente – mas já desconfia de que não seja Lúcio.

_Cale a boca, Bellatrix! – Narcisa falou irritada – você está errada, Lúcio é o pai de Draco.

_Isso é o que ele pensa...

_Sabe qual é o seu problema, Bella? – Narcisa levantou-se imponente – Essa sua obsessão por poder, por estar sempre ao lado do Lord, por ser a amante preferida dele te cegaram durante tanto tempo, que você não foi capaz de dar um filho ao seu marido! – a loira cuspiu as palavras na cara da irmã, que apontou a varinha pra ela. – você é seca, Bellatrix! Seca! Infértil!! Você é o ramo podre da família Black!!

_Não...fale.. isso... –a morena sibilou nervosamente, lançando um feitiço que ricocheteou, fazendo-a tombar para trás, violentamente. – Mas o que?

_Ninguém machucar Sra. Malfoy na frente de Kitty. – uma elfa apareceu entre as duas.

_Quem você acha que é seu ser desprezível? – Bellatrix rosnou a criaturinha que somente cruzou os braços na frente do peito em clara posição de defesa. – Saia daqui, e vá cuidar da cozinha antes que eu arranque sua cabeça.

_Esta é minha casa, Bellatrix! – Narcisa tomou a frente da situação – você não dá ordens aqui. Agora, saia do meu quarto. – ela falou rispidamente.

_Vai se arrepender disso. – a morena falou saindo do aposento as pressas e batendo a porta ao passar.

_Kitty. – Narcisa chamou a atenção da elfa que se encolheu – obrigada.

_Kitty fazer obrigação. Sra muito boa pra Kitty, não deve agradecer. – a elfa guinchou chocada.

_Sim, sim... agora volte pra cozinha. E assegure-se de que meu filho está bem, ok? – a loira falou encaminhando-se para a cama.

_Sim, Sra. Kitty cuidar de menino Draco. – a elfa falou desaparecendo numa nuvem de fumaça.


Narcisa sentou-se à cama e suspirou. Aqueles seriam tempos difíceis, sobretudo para os Malfoy. "Merlin, eu nunca te pedi nada, mas dessa vez eu lhe imploro: cuide do meu Draco!" ela pediu com as mãos unidas de forma tensa, e com lágrimas traçando linhas flamejantes em seu alvo rosto.





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N/A: Oi gente!! Gostaram da primeira parte? É confuso? Tá uma bosta? Deleto??? Oo
Me digam o que acham ok??

Bjusssssss

Vivika.

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