Glinda, the Good Witch
Do autor: Consegui a beta-reader \o/
Do autor²: Eu sei que prometi ação, mas esse capítulo é vital pro desenvolvimento da história
O vento frio de Londres fustigava o rosto descoberto de Adam, obrigando-o a se curvar para evitar o vento. Pela expressão dos pedestres, ele deduziu que sua aparência não devia estar muito boa. Ele econtrou um bar de fachada suja e pobre na esquina de uma das ruas e entrou nele de bom grado, finalmente abrigando-se do frio.
O bar era pequeno e apertado com várias mesinhas precariamente equilibradas amontoadas pelo chão engordurado. As vidraças tinham crostas de sujeira, o que filtrava a maioria da claridade do exterior, deixando o lugar na meia-luz. O dono do bar, um sujeito murcho e banguela, não mexeu um músculo sequer ao ver Adam entrando. A entrada do inesperado visitante moveu inúmeras cabeças, a maioria fedida a cigarro barato ou cerveja. Ele cruzou o bar em algumas poucas passadas, e chegu a uma porta encardida e empenada, com as letras W.C. rudemente talhadas na madeira.
Ele abriu a porta com dificuldade e encontrou-se em um cubiculo sujo e malcheiroso. Em uma das paredes de azulejo barato, um espelho sujo e rachado estava pendurado. Adam demorou o olhar alguns segundos na ridicula padronagem de flores azuis no azulejo, e perguntou-se se aquilo fora limpo algum dia.
Voltando sua atenção ao espelho, ele observou a imagem a sua frente. Encarando-o com a cara coberta por sangue ressecado e uma reluzente queimadura na bochecha esquerda estava um homem loiro, com a barba por fazer. Alto e um pouco musculoso, Adam possuía vagos olhos azuis, o que lhe dava uma aparência aérea, sempre emoldurados por olheiras. O rosto de traços fortes possuía algumas cicatrizes, lembranças de lutas travadas em um passado distante. Com ombros largos e porte atlético, ele era o tipo de homem que criminosos procurava evitar, o que contrastava com seu jeito calmo. O Adam frio e calculista no trabalho era a antítese de seu eu na vida pessoal, caloroso e afável.
Após admirar-se por alguns segundos, Adam sacou a varinha e concentrou-se em seus ferimentos. Ele observou o nariz quebrado e cuidou dele em um instante.
- Episkey - ele murmurou, e logo sentiu seu nariz restaurar-se.
Após aspirar o sangue seco, ele voltou sua atenção à queimadura. Ele nunca teve que tratar de uma queimadura, mas sabia como o fazer. Habilmente apontou a varinha para a reluzente queimadura, e disse:
- Cura
A queimadura sumiu quase por completo, deixando apenas uma mancha clara, que ele esperava que sumisse em poucos dias.
Após sair do banheiro, ele foi obrigado a encarar novamente a sujeira e depois dela, o vento frio. Lentamente a transição da parte pobre da cidade para a parte rica acontecia. Casarões começaram a aparecer, e muitos pedestres requintados torciam o nariz para Adam. Ele continuou andando pelas calçadas, observando a vida trouxa. Do nada, Adam estancou numa das impecavelmente limpas calçadas brancas, quase matando de susto uma velha gorda que passeava com seu poodle. Ele havia sentido traços de magia.
Depois de murmurar algumas palavras, Adam percebeu o imenso portão branco aparecendo entre duas sebes bem cuidadas. Atrás do portão, uma casa grande e de fachada bem cuidada estava, com um imenso e colorido jardim a seus pés.
Adam entrou pelo portão e atravessou o jardim a largas passadas, notando inúmeras plantas exóticas e mágicas. Ele parou diante da imensa porta de mogno, e imaginou o que Marcus estaria fazendo.
Marcus Paolos era um sujeito bem cuidado, que gostava da vida boa que levava. Ele era o intermediário entre a chefe e os assassinos. Lady Glinda, a chefe, só era chamada assim por ele. Era uma mulher influente e rica. Com infiltrados em inúmeros Ministérios da Magia e governos trouxa, ela podia mudar o rumo de um país com um estalar de dedos. E era desse poder de que Marcus gostava. Ele não se importava em estar em segundo lugar. Ele tinha tudo o que queria. Mas Marcus não esquecia daonde viera. Já fora um dos assassinos, e tinha um imenso respeito por cada um deles. Acima de tudo, Marcus não era fã de visitas. Principalmente daquelas que batiam em sua porta às nove e meia da manhã.
Adam bateu na porta, e segundos depois uma empregada atendeu a porta. Ele estranhou, pois normalmente casas bruxas eram servidas por elfos domésticos, não mulheres gorduchas de meia-idade.
Mesmo assim ele entrou no hall, um lugar amplo com uma enorme tapeçaria persa e um piso de mármore trabalhado.
- Sinto muito senhor, mas o mestre Paolos não poderá atendê-lo. Ele está dormindo. - disse a empregada, em tom amável.
- Acredite, ele vai querer me ver - comentou Adam
- Mas senhor, ele não gosta de ser acordado! - disse a empregada.
- Eu preciso falar com ele!
- Senhor, você não entende? - começou a empregada, aflita - Eu preciso desse emprego e...
- Pare com o showzinho sra Marquez. - soou uma voz que vinha da sala de estar - Adam, venha até aqui por favor.
A empregada fechou a cara e passou por uma porta, resmungando em espanhol, enquanto Adam entrou pela porta oposta, que dava para a sala.
A sala de estar da mansão de Marcus Paolo era um aposento maior que o apartamento inteiro de Adam. O chão era de mármore, e uma parte dele era coberta por uma tapeçaria com fios de ouro. Sobre a tapeçaria, dois sofás de couro branco estavam em frente a uma mesinha de chá. Duas espreguiçadeiras residiam de cada lado de uma lareira imensa de mármore negro, tão grande que era capaz de abrigar três homens de porte médio. Colunas em estilo grego seguravam o teto, e uma escada de carvalho que dava para o segundo andar estava do lado esquerdo.
E era no topo dessa escada que Marcus estava. Um homem alto e esguio, de cabelos negros lisos e sedosos, que desciam à altura do ombro. Em um pijama de seda, seu corpo magro praticamente sumia, e uma expressão nada amigável estava estampada em seu rosto.
- O que te trás aqui a essa hora da manhã Adam? - ele perguntou em tom seco.
- Eu fui interrogado pelo Chefe do Departamento de Mistérios. - ele disse, nervoso.
- Só por isso? Vocês sempre são interrogados, mas eles nunca têm provas. - ele disse, demonstrando impaciência.
- Dessa vez eles têm. Mas isso não é o mais importante no momento. Sabe o chefe que eu falei que me interrogou?
- Sim - ele disse com um muxoxo.
- É o cara que eu achava que tinha matado noite passada.
O rosto de Marcus enrijeceu rapidamente, e sua expressão de impaciência transformou-se em uma expressão nervosa e de incredulidade.
- O homem que você ma-ma-ma-matou? - ele gaguejou.
- Exatamente!
- Mas isso é impossível. Impossível. Você tem certeza que ele estava morto quando você o deixou?
- Absoluta. Eu tenho uma teoria. Walter acusou-me da morte de Klaus Grey, um auror respeitado dentro do Ministério. Eu acho que Walter descobriu de algum jeito que eu o mataria, e mandou Klaus tomar a Poção Polissuco para me deter. Mas ele não conseguiu. - concluiu tristemente Adam.
- Sim... faz sentido... é possível... - resmungou Marcus, mais para si mesmo do que para Adam.
- Isso significa que... - começou Adam
- ... Lady Glinda deve ser contactada. - finalizou Marcus. - Sente-se, vou me trocar e chamá-la.
Marcus subiu, enquanto Adam sentou-se em um dos sofás de couro, absorto em seus pensamentos. Ele nem notou o tempo passar, e quando percebeu, Marcus estava sentado em sua frente, com uma xícara de chá e vestido com suas vestes verdes.
- Conte-me tudo o que aconteceu no Ministério. - disse Marcus seriamente.
E Adam começou a narrar cada detalhe da história. Como fora interrogado, torturado e o modo como Walter se comportou. Depois narrou como conseguira escapar, e que decidira procurá-lo. No final da narrativa, Marcus já havia abandonado o chá, visivelmente enjoado e enojado com a situação.
Mas ele não teve tempo de responder. A porta abriu-se com um estrondo, e pelo umbral, uma mulher não muito velha, de cabelos loiros firmemente presos a um coque e vestida com um terninho creme. Sua aparência era severa, e ela emanava uma espécie de aura de poder e força, apesar da idade.
- É melhor a situação ser urgente, sr Paolos, ou sua carreira como meu acessor terá terminado. - disse ela sem rodeios.
- É sra Glinda. Acredite em mim. É. - disse um Marcus nervoso.
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