dia 30/01/919 - Pela montanha
A composição de uma idéia idiota que não foi cessada no começo é como uma bola de neve, quando se vê ela está maior e maior e maior e quando você menos espera ela rola pela sua cabeça e te encobre. Por um lado eu tinha vontade de esganar Helga por ela ter dito à Rainha sobre a idéia da escola e de sair pelo mundo procurando coisas absurdas para a formação de tal lugar, ainda mais depois da Rainha ter adorado a idéia e proporcionado pelo menos em Helga um formigamento maior em começar logo os preparativos para nossa viagem. Por outro lado, eu não tinha mais nada a perder, era órfã e estava livre para o mundo, e excetuando-se esse caderno que eu poderia levar junto, minha tiara de ametista que eu não tirava e Linx que me acompanhava aonde fosse, seria uma ótima idéia idiota uma nova aventura por aí.
Helga eu arrumamos toda nossa equipagem e depois de uma grande despedida de todos e um abraço caloroso da Rainha Maeve que nos disse que sempre poderíamos voltar e que, me olhando mais uma vez com aqueles olhos que parecem saber de tudo, nos disse que com certeza obteríamos um êxito maior do que tudo que já havíamos imaginado, partimos no dia 17 de janeiro.
O calor ameno do lugar logo se transformou em um frio congelante quando tomamos rumo ao norte. No caminho, éramos Helga, eu, uma grande equipagem que obviamente ficava escondida por mágica e Linx que nos ia mostrando o caminho. Helga tinha muita afinidade com animais rasteiros: topeiras, ratões e castores que quase não apareciam mais para pegar comida conosco quando estávamos nos aprofundando mais pelas montanhas do norte. O preferido de Helga era um texugo, um animal branco e preto que estava sempre em seu colo, amigo e especial como ela, nos divertia nas horas vagas e tentava fugir sempre de Linx que na falta de comida pensava que o texugo de Helga poderia servir.
O caso é que andamos sem rumo e sem idéia de onde ir, mas a vida tem dias ciganos e eu particularmente estou gostando bastante de viver livremente. Helga quer chegar, ela diz, em um lugar onde a sabedoria é muito grande: o vale dos duendes.
O vale fica depois das montanhas, numa extensão de algo como um vulcão ou algum tipo de encosta subterrânea:
- Típico - Eu disse a Helga
- O que? - ela retrucou virando a cabeça do pesado manto de pele que cobria seu rosto.
- Os duendes viverem no subterrâneo. É o que dizem na maioria dos contos de duendes. Só me falta ainda por cima eles fabricarem espadas, moedas e essas coisas.
- Ah mas é exatamente o que eles fazem - ela retrucou.
- Falta de imaginação.
- Como assim?
- Os duendes.
- Sei - ela me olhou desconfiada
Esse tipo de comentário que eu faço, já conclui eu, nem Helga entende. Só eu mesma.
Passamos ontem por uma hospedaria. Depois de dezessete homens mexerem comigo e eu por questão de educação, não retrucar com palavras, conseguimos fugir com vida e sem nenhum lugar para ficar, porque como bem disse não retruquei com palavras, todavia sou inclinada a dizer que fiz com que cada um deles vomitasse sete litros de óleo fervente até que ficassem sem nenhum dente e a população se rebelasse contra nós, nos xingando de bruxas endemoniadas nos fazendo aparatar para longe. Logo em seguida Helga disse:
- Não é aconselhável que bruxas tão jovens como você saibam aparatar e desaparatar.
- Se metade das bruxas da minha idade tivessem meu poder e minha astúcia elas sem dúvida poderiam - respondi
- E a modéstia também - Helga disse e nós duas caímos na gargalhada lembrando da cara dos desdentados.
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