Pequenas Mentirinhas



Capítulo 7 – Pequenas Mentirinhas


“O treino foi horrível!”, Victoire resmungou, cruzando os braços, revoltada, “Eu odiei, odiei, odiei e odiei!”, sentou-se entre as amigas, enquanto lançava um olhar contrariado para Ted, que estava sentado à mesa da Grifinória, alguns metros de distância, entre garotos do sétimo ano.

“Então, desista”, Verônica sugeriu, inclinando-se sobre a mesa para pegar mais um pão.

“Não posso”, a loira suspirou, encolhendo os ombros, “É o que o Brandon quer...”

Margo e Verônica trocaram olhares significativos.

“Vicky, ouça... nós... Verô e eu... achamos que você está levando essa história muito a sério”, Margo escolhia cuidadosamente as palavras, “Quero dizer, quem não te garante que não é só uma brincadeira de mau gosto dos meninos?”

“Não é!”, teimou a outra, descruzando os braços, e lançando um olhar receoso para os lados, “Vocês podem guardar um segredo?”

As duas reviraram os olhos.

“Nunca contamos nenhum segredo seu, contamos?”, Verônica parecia ofendida.

“Nunca, é verdade”, Victoire sorriu, “Brandon me contou que quer que eu faça os treinos!”, sussurrou, olhando cuidadosa para os lados, para certificar-se de que ninguém ouvira.

Margo ergueu as sobrancelhas, perplexa.

“Bem, isso muda as coisas. Quando ele falou com você, que nós não vimos? E queremos todos os detalhes!”, acrescentou, enquanto passava manteiga no pão, mas com os olhos fixos no rosto da amiga.

Verônica concordou com um aceno de cabeça.

Victoire sorriu.

“Ó lá, hein? É segredo”, olhou de uma para a outra, e um sorriso bobo veio aos seus lábios, “Ele apareceu no nosso dormitório ontem, quando eu estava quase dormindo! E falou comigo, disse que estava muito contente com tudo o que eu tinha feito e com os treinos e até me chamou de ‘querida’!!”, soltou um suspiro, enquanto lançava um olhar apaixonado ao garoto, na mesa da Corvinal, embora ele estivesse ocupado demais conversando com os próprios amigos para reparar.

Verônica massageou as têmporas, exasperada.

“Victoire, você está falando que o Brandon foi te visitar no nosso dormitório? O nosso dormitório que fica na Grifinória?”, perguntou, tentando não mostrar o quão cética estava.

“Quando ele é da Corvinal?”, Margo acrescentou.

Victoire observou as duas, os olhos castanhos arregalados.

“Vocês não acreditam em mim, é isso?”, perguntou, perplexa, olhando de uma para a outra, “Eu mentiria uma coisa dessas?”

“Não, mas vai ver você estava muito cansada do treino e teve um... sonho muito real”, Margo sugeriu.

“Eu não sonhei com nada”, indignada, Victoire bufou, “Ele me beijou”

“Ontem à noite?”, perguntaram as duas, em uníssono.

Victoire sentiu as bochechas pinicarem, enquanto acenava com a cabeça.

“Mesmo assim, Vicky...”, Verônica contrapôs, relutante, “Isso não é uma prova de que foi real”

Agora, Victoire sentia o calor que suas bochechas deviam estar emanando.

“Foi um beijo de língua”, acrescentou, baixinho, mortificada, “Eu não poderia inventar isso, certo? Quero dizer, dá para diferenciar quando um beijo é de verdade ou quando você sonhou com ele, não é?”

O queixo das duas despencou.

“Por que você não falou logo?”, Verônica perguntou, dando um tapinha de brincadeira no braço de garota, “E como foi?”

Victoire encolheu os ombros, sentia-se mal ao lembrar como o beijo acontecera.

“Eu...”, pigarreou, e fixou os olhos em seu suco de laranja, “Eu pedi para ele me beijar”

As duas a encararam, boquiabertas.

“Você o quê?”, Margo estava com a mão sobre o coração, parecendo horrorizada.

“Eu sei! Eu não devia... mas eu não queria que ele fosse embora sem... vocês sabem...”, encolheu os ombros, olhando em volta, aliviada ao perceber que ninguém tinha ouvido.

Verônica pigarreou, chamando a atenção para ela.

“Vicky, acho que isso é só mais uma prova de que isso foi um sonho. Que menino invade o dormitório de outra casa, só para falar: ‘Vai com tudo, garota! Continue com os treinos?’ e não tenta fazer mais nada? O mínimo que um garoto de verdade faria te dar um beijo desentupidor de pia...”, Victoire abriu a boca para rebater, “...sem ser intimado”, acrescentou, fazendo com que a outra fechasse a boca, contrafeita.

“Ele é um cavalheiro, oras”, tentou Victoire.

“Vicky... talvez tenha sido um sonho mesmo”, Margo passou a mão pelos seus cabelos, “Acontece, eu já tive vários desses”

“Não foi um sonho”, a outra resmungou.

Mas não tinha mais tanta certeza assim.

XxXxX


“Então, cara, o que você aprontou ontem?”-perguntou Justin.

Ted apenas bocejou na cara do amigo.

“Não vai contar o seu plano diabólico?”

“O que você tá falando?”

“Ah, você sabe, Victoire, Brandon, você perdendo dinheiro.”

Quando viu que Justin o olhava com expectativa, o garoto sacudiu a cabeça, fez uma careta e por fim, disse:

“Eu fiz o que era necessário. E nada, bem quase nada, saiu do controle.”

“O que você quer dizer com ‘saiu do controle’?”

“Ah, cara.”-falou Ted, enquanto se certificava que ninguém estava olhando.-“Eu fui falar com ela, fingindo ser o Brandon.”

“E ela não percebeu que Brandon Sheffield está em uma outra casa chamada Corvinal?”-e ao ver que o garoto negou, Justin riu e continuou.-“Pobre Victoire.”

“Dê um desconto a ela, Justin.”-disse Ted.-“Ela estava tão cansada que nem conseguia abrir os olhos.”

“Dê um desconto, Justin.”-disse Ted.-“Ela é burra, esqueceu? Além do mais, ela estava com os olhos fechados. Eu fiquei me concentrando para parecer com o Sheffield a toa.”

“O que você disse para que ela acreditasse no improvável?”

“Chamei a Monstrenga de ‘querida’.”-disse Ted, dando um sorriso.-“E sendo a pessoa mais doce possível, eu disse que ela deveria obedecer o cara que tem uma alma tão nobre só por tentar consertar o desastre humano que ela é.”

“Você.”-disse Justin, levantando a sobrancelha.-“E ela acreditou em toda essa bobagem?”

“Lógico que sim.”-respondeu Ted que acrescentou, bem baixinho.-“Ela até pediu um beijo de boa-noite.”

“ELA O QUÊ?”-berrou o garoto, se levantando.-“Você fez o quê?”

“Ela pediu um beijo.”-disse Ted, ainda com a voz bem baixa.-“Você quer fazer o favor de se sentar e parar de ser exagerado?”

“Exagerado?”-repetiu Justin, irritado.

“Justin, entenda, você é.”-e ao ver que o amigo ia protestar, o garoto continuou.-“Foi só um beijo. E eu deixei Victoire Weasley feliz. Não entendo todo esse ataque.”

“Cara, é a Victoire, sabe?”

“Eu sei.”-ele disse e fazendo uma careta, ele continuou.-“Eu não tenho orgulho disso, pode ter certeza.”

“Mas é a Victoire.”-disse Justin.-“A sua quase-prima.”

“Você me animou tanto ao saber que eu beijei de língua a minha quase prima.”-ironizou Ted.

“MAS DE LÍNGUA???”-gritou Justin.-“Você não pode omitir esse detalhe.”

“Algum problema com a sua língua, Ted?”-perguntou Tiago, sentando-se ao lado de Justin.

“Eu não omiti.”-disse Ted, cansado.-“Será que você poderia não ficar berrando sobre a minha língua? E, não, não tem nada de errado com ela.”

“Lógico que tem algo errado!”-disse Justin que ainda não conseguia acreditar.-“A sua língua encostou na língua da...”-mas antes que pudesse dizer alguma coisa, Ted o chutou e disse, olhando para Tiago:

“Nós estamos perto de crianças!”

Porém, o estrago já estava feito, já que Tiago olhava Ted surpreso.

“Você encostou a língua em alguém? Ou melhor, na língua de alguém?”-e ao ver que o garoto continuava impassível, Tiago continuou.-“Cara, você pode falar para mim. Ela era bonita? Ou gostosa?”

“Apenas a sua prima.”-pensou Ted, porém, ele logo disse:

“Não foi ninguém! O Justin aqui, gosta de inventar algumas coisas”

“E o Ted aqui inventa planos pervertidos.”-retrucou o negro, cruzando os braços.-“Planos que envolvem, normalmente, garotas bonitas em um dormitório. Ah, lógico, e de madrugada.”

Tiago apenas levantou as sobrancelhas.

“Ele está inventando.”-falou Ted.-“Então, Tiago, o que você tem aprontado?”, perguntou, desesperado para mudar de assunto, antes que Justin se irritasse e deixasse um ‘pequeno’ detalhe escapar.

“Levei uma detenção.”

“É isso aí, moleque!”-falou Justin, dando um tapa no ombro do garoto.-“O que você aprontou? Pegou aqueles caras da Sonserina e os fez comer sabão? Ou então, pendurou alguém de cabeça para baixo? Já sei, derrubou todos os livros da biblioteca, né?”

“Nada disso.”-disse Tiago, com um sorriso ainda mais diabólico no rosto..-“Essa parte do sabão não é nada ruim, hein?”

“O que você fez?”-insistiu Justin.-“Quanto ao sabão, nós já fizemos... foi realmente divertido.”

“Ah, só joguei umas bombas de bosta no banheiro feminino.”

Ted levantou uma sobrancelha, porém, Justin se adiantara e começou a perguntar:

“Você viu alguma garota pelada??? Ou então, você teve que entrar no banheiro para salvar alguém?”

“Não.”-disse Tiago.-“Eu só joguei para que ela comece a me odiar.”

“Ela?”-repetiu Ted, agora surpreso.-“O que você quer dizer com ela?”

“Ah, você sabe, Katherine.”-e só de falar o nome dela, Tiago fez uma careta.

“Uau, Ti, você nem entrou na escola e já tem uma pretendente.”-disse Justin.-“Sabe, eu acho que se eu tivesse o sobrenome Weasley ou Potter, eu faria muito mais sucesso com as garotas.”

Ted apenas revirou os olhos e virando-se para Tiago, ele perguntou:

“E por que você quer que ela te odeie?”

“Porque ela não pode gostar de mim.”-e ao ver que Ted o encarava, ainda surpreso, Tiago continuou.-“Os outros garotos já estão me enchendo o saco por causa dela.”

“Mas jogar uma bomba de bosta no banheiro feminino?”

“Ela deveria estar lá dentro.”-explicou Tiago.-“Bom, ela sempre entra naquele banheiro entre as aulas. Com as amigas dela.”

“Uau, já sabe até a hora em que ela entra no banheiro.”-disse Ted, achando graça.

“Você fala como se eu estivesse a espionando!”-e ao ver que Ted e Justin assentiram, Tiago continuou, bem bravo.-“Eu não estou fazendo isso!”

“Tio Harry vai ficar muito orgulhoso.”-e ao ver que o garoto ia retrucar, Ted continuou.-“Sabe, eu acho que ele vai ficar mais orgulhoso se a Katherine for ruiva.”

“E se você fizer um poema declarando o seu amor profundo e puro?”-sugeriu Justin, solícito.

“Ah, não!!! Não!!!”-falou Tiago, baixinho, em pânico.-“Por favor, não!”

“Falando sozinho, Pequeno Conquistador?”-disse Justin e cutucando o garoto, continuou.-“Está memorizando o poema, né? Eu sei que você fez.”

Porém, antes que o garoto pudesse falar alguma coisa, um outro garoto do primeiro ano gritou:

“Hey Potter, a sua namoradinha está entrando.”

A menina, Katherine, escutou o comentário e quando viu que Tiago a encarava, derrubou todos os livros e saiu correndo do Salão Comunal.

Tiago apenas deu um leve gemido, enquanto Ted e Justin gargalhavam.

“Ela percebeu que você é muito feio para ela?”-perguntou Ted.-“Eu sei que isso é muito difícil, cara, mas acho que você supera.”

“Ela não acha isso, acha?”-perguntou Tiago, preocupado.-“Quer dizer, eu não estou preocupado com isso. É, eu estou bem feliz e...”

“Você quer um conselho?”-disse Ted, mas antes que o garoto respondesse, continuou.-“Vá falar com ela, moleque. Porque daqui a pouco, ela vai crescer e outros garotos ficarão de olho. E pior, ela pode até pensar que esses outros garotos são melhores do que você.”

“Como assim?”-perguntou o garotinho, quase engasgando com a própria saliva.

Justin deu um suspiro cansado, mas logo disse:

“Ela vai ficar GOSTOSA. Aquelas perninhas que mais parecem dois galhos vão ficar bem mais grossas e pode ter certeza que vários caras vão virar o pescoço quando ela passar. E não porque eles acham que perderam alguma coisa no caminho. Não, porque eles precisam olhar para outra coisa se é que você me entende.”

“Mas como você sabe?”-perguntou Tiago, horrorizado.-“Ela nem tem bunda. E eu nem sei como aquelas pernas ainda não se partiram de tão finas que são.”

“Conserte essa frase.”-disse Ted.-“Ela ainda não tem bunda. Mas ela vai ter.”

“Você nem sabe!”-retrucou o garoto.-“Sério, ela pode ser que nem a Vicky. Ser uma Weasley e ser péssima no quadribol. Afinal, existem aberrações desse tipo, não?”

“Tiago, meu pequeno gafanhoto, entenda que ela é ruiva e tem os olhos verdes. É impossível ela ser uma aberração.”-e ao ver que Justin concordava, o primeiro-anista apenas soltou um grito de frustração e se afundou ainda mais no sofá.

“Cara.”-falou Justin.-“Eu não sei como os Potters sempre ficam com as ruivas. Não sei mesmo.”

“Isso é um mistério.”-disse Ted.

“Sério, eu sou um cara gostoso e maravilhoso. Por que eu não tenho uma garota tipo a Gina Weasley?”

Tiago ainda mais horrorizado, falou:

“Cara, ela é a minha mãe.”

“Ela pode ser a sua mãe, mas ela é gata, OK?”-e olhando para Ted, Justin perguntou.-“Você não acha?”

Tiago olhou para Ted de modo bem assassino.

“Desculpe, cara.”-falou o garoto.-“Mas Tia Gina é muito gata.”

“Você vai se arrepender de ter falado isso!”-berrou Tiago.

“Mas é feio mentir para as pessoas, não é?”-retrucou Ted, inocente.-“Eu não estou ofendendo nem nada do tipo.”

Tiago apenas resmungou alguma coisa, mas toda atenção de Ted se concentrou em Victoire que descia as escadas bem irritada.

“É, eu vou mostrar para aquelas duas que eu estou falando a verdade.”-foi o que Ted conseguiu escutar, enquanto a garota passava que nem um furacão e saía do Salão Comunal.

O garoto olhou para Justin, em pânico, mas o garoto apenas disse:

“Então, adeus cinco galeões.”

Mas Ted não deixaria que isso acontecesse.

XxXxX


Victoire andava rapidamente, olhando para todos os lados, até que finalmente o encontrou, saindo de uma das salas de aula, escoltado por dois garotos da Corvinal.

“Brandon!”, berrou, acenando, “Brandon!”, o garoto a ouviu, voltou-se para ela, surpreso, e depois fez um gesto para os amigos, informando que se encontraria com eles mais tarde.

Os dois saíram lançando olhares de ‘manda ver!’ que Victoire resolveu ignorar.

“Victoire! Oi!”, ele parecia genuinamente surpreso com sua aparição, mas tudo o que Victoire pode fazer foi sorrir.

Ela ficou alguns segundos em silêncio, esperando para ver se ele se inclinaria para dar-lhe um beijo, como o da noite anterior, mas quando nada aconteceu, ela apensa sentiu aquela estranha sensação de desamparo. Talvez Margo e Verônica estivessem certas e ela tivesse sonhado tudo aquilo.

“Hum... Então... Oi”, moveu-se, incomodada, “Ahn... Você dormiu bem?”

Brandon fitou-a, perplexo, com os olhos azuis.

“Ahn... Dormi, sim. E você?”, acrescentou, porque parecia o educado a ser feito.

“Ah, escuta, sobre ontem a noite...”

“VICTOIRE! ATÉ QUE ENFIM TE ENCONTREI!”, o berro de Ted ecoou pelos corredores, e Victoire voltou-se, incrédula, para o garoto que corria a toda velocidade em sua direção, parou derrapando, próximo deles, “Preciso falar com você. Urgente. Sozinhos. É sobre o treino.”

“Eu continuo fazendo os treinos”, ela sorriu para Brandon, que ergueu as sobrancelhas, enquanto os observava, não menos surpreso.

“Que bom?”, ele murmurou, finalmente.

“Como você ped...”, mas Ted tapou a boca dela com a sua mão.

“Sheffield, você não adora essa garota?”, sorriu o grifinória, que já começava a arrastar a garota para longe, “Meninas que jogam Quadriboll são o máximo, não são? Eu também adoro! A gente se vê depois! Vai para a sua aula agora, sim? Cabular é errado e eu sou amigo do Monitor Chefe da Corvinal, você não quer que ele saiba seu nome, vai?”, Brandon ainda observava a cena com uma perplexidade assombrosa, enquanto os dois dobravam o corredor.

“O que você está fazendo?”, rosnou a garota, finalmente se livrando das mãos de Ted, “Ele vai achar que eu sou uma maluca e nunca mais vai...”, mas se interrompeu, corando furiosamente.

Um pouco tarde para isso, querida”, Ted pensou, lembrando da expressão do corvinal.

“O quê? O Brandon é louco por você! Isso está tão óbvio!”, Ted fingiu surpresa, “Você não percebeu pela maneira como ele te olhava?”

“Como se eu fosse uma louca desvairada?”, Victoire cruzou os braços, “Parecia que ele ia sair correndo a qualquer minuto, pegar uma coruja e mandar um ‘corram, é uma emergência’ para um hospício”, soltou, num muxoxo, “Acho que as meninas estavam certas. Eu devo ter sonhado”

Ted arregalou os olhos.

“Sonhado? Sonhado com o quê?”, ele não permitiria que ela desconfiasse do seu plano perfeito depois de tanto trabalho. Não mesmo.

Victoire abriu a boca, como se fosse falar, mas depois parou.

“Se as minhas amigas riram de mim, imagina o que é que você vai fazer”, murmurou.

Ted hesitou, pensando rapidamente em uma maneira de salvar sua renda.

“Um segredo pelo outro?”, sugeriu, enquanto tentava lutar o sorriso diabólico que queria tomar conta de seu rosto.

“Um segredo seu por um meu?”, a loira ecoou, desconfiada.

“Não é exatamente meu. É mais do... bem... do Sheffield do que meu, mas...”

“Feito!”

Ele teve que abaixar a cabeça, levemente, para que ela não visse o sorriso vitorioso, quando ele voltou a fitá-la, os olhos azuis da garota brilhavam com antecipação.

“OK. Eu conto primeiro”, disse, rapidamente, “Pode ser?”

“Sim!”, ela quase berrou, mas conseguiu se controlar, e pigarreou, “Quero dizer, tanto faz”

Ted fez uma pausa calculada, depois balançou a cabeça.

“Não, não posso fazer isso. Seria muita mancada”, acrescentou, “Ele pediu segredo”, explicou, mordendo levemente o lábio inferior para conter o riso perante os olhos brilhantes da garota.

“Por favor, conta! Por favooooor...”, ela choramingou.

“OK”, cedeu, permitindo-se sorrir quando a garota bateu palmas, animada, “Eu acho que o Brandon vai te visitar um dia desses, porque ele me pediu a senha da Grifinória. Mas ele disse que quer que seja segredo e não quer que ninguém saiba. Nem você. Por enquanto, lógico.”

Os olhos de Victoire estavam do tamanho de duas bolas de tênis, quando ele terminou o relato, e ele quase se sentiu culpado pelo o que estava fazendo.

“Esquisiiito!”, a garota vibrou, jogando os braços ao redor do pescoço do garoto e abraçando-o rapidamente, “Aconteceu! Não foi um sonho! Quer ouvir o meu segredo: ele foi me visitar ontem à noite! Então, era verdade!”, ela espreitou ainda mais os braços em torno dele, e Ted tentou ignorar o arrepio estranho que percorreu seu corpo com a proximidade, “Eu não estava sonhando!”, soltou-o, sorridente, “Então, o beijo aconteceu mesmo! Não era só um sonho formado pelos meus hormônios! Ele me beijou mesmo! De verdade! Ahhh, Esquisito! Obrigada, obrigada, obrigada!”

E, então, pareceu se lembrar com quem estava falando, porque logo limpou a garganta e desviou os olhos.

“Quero dizer, valeu, você foi muito útil”, murmurou, as bochechas pinicando.

Ted tentou segurar seu sorriso novamente.

“Então, você e o Sheffield se beijaram”, comentou, o sorriso se alargando.

Ela corou furiosamente.

“Beijamos... é”, concordou, sem conseguir estabelecer contato visual com o outro grifinório.

“Então... como foi?”, Ted perguntou, tentando simular casualidade, “Bom? Muito bom? Muito, muito bom? O melhor beijo da sua vida?”

“Foi...”, depois, abriu levemente a boca, parecendo incrédula, “Eu não vou falar sobre isso com você”, murmurou, cruzando os braços.

“Não, é só que eu pensei que como eu sou o único que sei de tudo e tal... talvez você precisasse de alguém com quem conversar sobre isso”, encolheu os ombros, “Mas se você quer guardar todos os detalhes para você. Para sempre. Sem ter ninguém com quem conversar...”, acrescentou, observando enquanto ela estremecia perante a hipótese de não poder dividir o ocorrido com ninguém.

“OK. Mas só vou falar, porque realmente preciso conversar sobre isso e as minhas amigas não acreditam em mim, entendeu, Esquisito?”, informou, autoritária, “Foi curto. O beijo”

“Curto? Mas é lógico que foi curto!”, resmungou, ofendido, “O que é que você queria? Que eu... ele te desse um beijo de novela no meio da noite no dormitório sobre o risco de ser descoberto?”, perguntou, perplexo, “Desculpa, mas não ia rolar”

Victoire observou-o, por alguns segundos, e ele revirou os olhos.

“Estou só me colocando no lugar do cara, entende?”, cruzou os braços, “E todo mundo diz que o que vale é a qualidade, não a quantidade”, lembrou.

“E se o problema foi comigo?”, ela arregalou os olhos, deixando completamente de lado a observação do menino, “E se ele deixou de me beijar por que eu tenho mau hálito? Ou... ou... ou eu beijo mal? Será que eu beijo mal? Deve ter sido por isso que ele não me beijou hoje! Nunca reclamaram do meu beijo antes. Ah, Esquisiiiiiiito... E agora?”, gemeu, desolada.

“Você não beija mal”, resmungou, a contragosto, “Quero dizer, pelo menos eu acho que não”, acrescentou, incomodado pela nitidez com a qual a imagem da noite anterior aflorou em sua mente, “Mas você ainda não respondeu o que mais interessa. Ele beija bem?”

Victoire, que ainda estava com os olhos abaixados, decepcionada com a sua teoria, murmurou:

“Acho que foi um dos melhores beijos da minha vida. Apesar de ter durado tão pouquinho”, suspirou, cruzando os braços, “Esquisito, por que é que ele não quer ficar comigo?”

“Ele quer, mas estou estragando tudo”, foi o pensamento que invadiu a mente de Ted e, pela primeira vez, ele se sentiu mal pela garota.

“Ele quer ficar com você”, o grifinório assegurou, e hesitou, pensando se devia contar a verdade, mas logo pensou nos cinco galeões mensais, e soltou um suspiro, “E tudo vai se acertar depois que você estiver no time”, concluiu.

Victoire ergueu os olhos.

“Você acha, Esquisito?”, perguntou, esperançosa.

“Acho”, mentiu ele, passando, relutante, o braço pelos ombros dela, “Acho, sim”

“Você não é tão mal assim”, murmurou a garota, por fim, deixando-se enlaçar.

“Ah, eu sou”, Ted pensou, embora sorrisse para a garota, “Na verdade, eu sou ainda pior”

Continua...


N/A: Aqui é a Gii!

E pedimos desculpa pela demora!

É que a gente meio que protelou com essa fic aqui, e sentimos muito.

Por favor, não se sintam negligenciados. XD

O que acharam das mentirinhas do Ted? Hauiahuiaha. Eu não sei o que é pior, se as mentiras deslavadas do Ted ou o fato de que a Victoire sempre acredita nelas.

Tadinha.

E o Tiago apareceu (aplausos e coro de ‘aleluia’) e já sabemos que ele tem uma pequena Gina em sua vida – ou Katherine, como preferirem! XD E os comentários super honestos do Ted e do Justin não foram muito legais.

Aliás com o Ted e o Justin como amigo, não precisa de inimigo, hum?

Agora, os comentários!!

Aguardamos pela opinião de vocês sobre esse novo capítulo!

Beijos gigantescos!!

Gii e Anaa!

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