O ataque da cobra



Sophie estava com Fred no salão comunal da torre. Eles haviam combinado bem tarde, pois não queriam ser vistos juntos, e conversavam baixinho, rindo das pequenas bobagens que diziam um ao outro. Fred ficou, de repente, muito sério, e Sophie estranhou.
- Que cara é essa, Fred?
- Eu... tenho uma coisa pra falar pra você. Mas tem que prometer que não vai rir.
- O que é? Eu tô ficando curiosa! Prometo que não rio.
- É que... eu acho que... Sophie, eu gosto demais de você, e eu queria saber se... você quer namorar comigo, a sério.
E dizendo isso, tirou do bolso uma delicada aliança de prata.
- Fred... é claro que eu aceito! - respondeu ela contente, enquanto o, agora namorado, colocava a aliança em seu dedo.
Sophie beijou Fred, mas no momento em que seus lábios tocaram os dele, ela viu algo. Já não estava no salão comunal, na verdade, sequer estava na escola. A garota se viu em um lugar muito escuro, e um homem ruivo, com roupas um tanto surradas, estava caído no chão, sendo atacado por algo que ela não podia ver, e parecia já muito ferido. Sophie sentia uma tristeza inexplicável; queria gritar, fazer algo, mas não conseguia, então voltou a si. Quando abriu os olhos, ela viu Fred caído no chão, desacordado, a alguns metros dela. Sem querer, ela havia usado algum feitiço de defesa contra ele! Sophie não sabia o que fazer: sabia que devia alertar Dumbledore, mas não podia simplesmente deixar Fred ali. Havia um corte na testa do garoto, que sangrava. Ela correu ao quarto, acordou Hermione e pediu à amiga que tomasse conta dele, enquanto ela ia procurar o diretor, com a cabeça fervilhando de pensamentos.
Ela deduziu rapidamente que aquele homem era o pai de Fred. Provavelmente sua forte ligação com o garoto, aliado ao fato de tê-lo tocado, a fizera ver aquilo. Ela pensava em como ele reagiria à notícia; tivera que lutar bravamente contra a vontade de ficar e tomar conta do namorado, para ir até Dumbledore e contar o que havia visto. Mas logo descobriu que não fora a única a presenciar a cena: a despeito das aulas com Snape, Harry também havia visto tudo, de forma mais clara, o que facilitou o resgate do sr. Weasley.
Ambos estavam assustados e um pouco temerosos quando os quatro Weasley foram chamados ao gabinete e informados do ocorrido. O coração de Sophie parecia ter encolhido quando ela viu Fred entrando; ele tinha um curativo no corte causado pela batida que dera ao ser jogado para longe dela, e a olhava com uma expressão que Sophie não conseguia decifrar. Bem, talvez isso fosse por que ela não conseguia encará-lo por muito tempo.
Gina, desde o momento em que chegou, ficou ao lado de Sophie, segurando a mão da amiga com força. Sophie, apesar de estar muito nervosa, tentava acalmar a amiga, que somente a muito custo continha as lágrimas.
- Calma, Gina. Vai ficar tudo bem, você vai ver.
- Bem, creio que vocês devam partir. – disse Dumbledore, após contar aos irmãos o que havia acontecido – Todos devem estar querendo ficar perto de seus pais.
- Professor...
- Você também irá, Harry. Tenho certeza de que também está preocupado com Arthur, e creio que ele quererá lhe agradecer. Por favor, leiam todos este papel. – disse o diretor, entregando um pedaço de pergaminho a Jorge, e apanhando um enorme livro em uma das estantes – Portus!
“A sede da Ordem da Fênix pode ser encontrada em Grimmauld Place, nº 12.” era o que estava escrito no papel.
- Mas o que é... – começou Rony.
- Saberão tudo depois, meninos. Agora vão.
- Tchau, Soph.
- Vai, Gina, fica bem, tá. E não esquece de mandar notícias.
A ruiva assentiu e foi até onde os irmãos e Harry estavam. Os jovens seguraram o livro, e com o conhecido solavanco no umbigo, partiram para uma viagem de chave de portal.
- Srta. D'Argento. Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Agora pode ir para o seu dormitório, tenho certeza de que a srta. Granger está muito ansiosa para saber o que houve.
Sophie voltou ao salão comunal, onde, de fato, encontrou Hermione aflita e confusa. Ela contou à amiga tudo o que sabia sobre o ocorrido, sua visão, o sonho de Harry e a partida dele e dos Weasley.
- Merlin! Que horror! Mas, será que ele está bem? – disse Hermione, horrorizada.
- Não sei. Espero que sim.
Os cinco amigos chegaram a uma casa que parecia abandonada. Estava muito escuro, mas eles perceberam estar em um corredor longo e sujo. Olhavam para os lados, tentando descobrir para onde ir, e enquanto ainda decidiam, ouviram uma voz conhecida:
- Olá, garotos. Bem vindos à Mansão Black.
- Sirius! - disse Harry, indo abraçar o padrinho.
- Quer dizer que essa é a sua casa? - perguntou Gina
- Esta é a antiga casa da minha família, eu a deixei quando tinha dezesseis anos. É minha, por direito de herança, mas eu odeio este lugar. Porém, Dumbledore considera que seja o melhor lugar para me esconder. Além disso ela tem servido bem como sede da Ordem.
- Afinal, o que é essa tal Ordem da Fênix? - perguntou Jorge.
- A Ordem é um grupo de bruxos e bruxas, originalmente composto, em sua maioria, de aurores, que anos atrás lutava contra Voldemort e seus seguidores. E que agora, devido às circunstâncias, está se reunindo novamente.
- Uau! - disseram os gêmeos, em uníssono.
- Mas vamos, vocês devem estar cansados e com fome. Conversamos mais na cozinha.
Em Hogwarts, os sentimentos de Sophie eram uma enorme confusão: ela ficava alegre ao ver a aliança brilhando em seu dedo, e pensar no que ela representava; triste por não ter falado com Fred antes da partida dele; culpada por tê-lo ferido e deixado sozinho, ok, ele estava com Hermione, mas mesmo assim, ela queria ao menos ter tido chance de se desculpar. Hermione consolava a amiga como podia, dizendo que logo elas teriam notícias, e também Sophie poderia conversar com Fred, com calma. Por fim, vencida pelo cansaço, Hermione voltou para a cama, mas Sophie não conseguiu mais dormir; ela ficou acordada, sentada no chão do salão comunal, até o amanhecer, o que ela só percebeu ter acontecido quando os primeiros raios de sol começaram a bater na aliança, que ela observara com carinho durante a noite inteira.

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