Pequenos problemas
Finalmente havia chegado o dia do jogo. Os garotos, que estiveram muito agitados ao longo da semana, estavam agora com os nervos à flor da pele.
Fred estava procurando Sophie, já há algum tempo, mas não a encontrava em lugar nenhum. Queria ficar com ela nesses últimos momentos antes do jogo, pois a garota tinha o dom de acalmá-lo apenas com a sua presença. Além disso, queria ter certeza de que ela estaria lá desde o início do jogo para vê-lo.
Como não a encontrava, resolveu ir se dirigindo para o campo de Quadribol, para tentar se acalmar. Mas ao chegar lá, viu algo que o deixou ainda mais nervoso. Sophie estava no vestiário, conversando com Jorge. Eles eram os únicos lá, e estavam muito próximos um do outro. Conversavam rápido e de forma entusiasmada, e ambos riam.
Fred pigarreou alto, assustando Sophie, e fazendo com que Jorge se afastasse rapidamente da garota.
- Ei, mano! Chegou meio cedo.
Fred não parecia ter ouvido o irmão; ele apenas olhava para Sophie.
- Procurei você pelo castelo todo! E no fim, a encontro, ou melhor, encontro vocês aqui, escondidos.
Jorge, mesmo sem entender muito bem o que estava acontecendo, sentiu que sua presença não era bem-vinda, se esgueirou para fora do vestiário.
- Não tô entendendo seu tom, Fred. O que tem de mais eu estar aqui com o Jorge? A gente tava conversando numa boa.
- Ah, não tem nada de mais. Eu fico horas procurando você, e no fim a encontro aqui, de segredinhos com ele.
- Ah, por Merlin, Fred! É seu irmão! A gente tá aqui, sim, faz um tempão, discutindo umas idéias pro jogo. E, sim, tinha que ser escondido, pra ninguém ouvir, pra não vazar.
- E por que você não falou com a Angelina? Afinal, ela é a capitã do time.
- Ah, claro, a Angelina que me detesta por receber tanta atenção de você. Ou será que você ainda não notou?
- Isso é besteira!
- Não, não é. Ela me hostiliza, as meninas já perceberam também. Eu soube que você a levou ao Baile de Inverno no último ano, e parece que ela queria dar uma continuidade a isso, mas a minha chegada impediu.
- Você tá desviando o assunto...
- Não, não tô. Só tô tentando te mostrar que você está errado, ficando assim todo nervosinho, afinal, eu não tenho esses ataques.
- Eu conheço bem o meu irmão, Sophie. E, além disso, ele é idêntico a mim, até a última sarda...
- Eu vou simplesmente fingir que você não disse isso. Além do mais, eu posso conversar com quem eu bem entender. Você nem é meu namorado ainda, e já tá querendo me controlar!
Fred olhou para ela com uma expressão ao mesmo tempo furiosa e ferida. Sophie percebeu que havia ido um pouco longe demais.
- Olha, você tem jogo agora, e precisa se concentrar. A gente conversa depois, tá? Boa sorte.
Sophie foi para as arquibancadas, mas mal prestou atenção ao jogo; Fred, por sua vez, descontava sua raiva, jogando os balaços com força na direção dos adversários.
A Grifinória ganhou fácil da Lufa-Lufa, 210 a 30, e o jogo acabou rápido. Sophie procurou Fred entre os colegas que comemoravam mas não o encontrou.
- Mione, viu o Fred?
- Ahn... vi. Ele passou por mim feito um raio, direto pra torre, acho que foi pro dormitório. Ele parecia meio... nervoso.
- Nervoso? Bondade sua, Mione, ele deve estar furioso.
- O que houve?
- Bom, ele teve uma crise galopante de ciúme, só que eu acabei me irritando, e a gente meio que... discutiu. Mas eu não queria ficar assim com ele, sabe, queria conversar direito.
- Vai lá, então. E boa sorte.
- Tá bom. Valeu.
Sophie foi passando pelos colegas que festejavam, e, discretamente, se esgueirou em direção ao dormitório masculino. Ela subiu a escada, reuniu coragem e bateu à porta. Como não houve resposta, entrou. Fred estava deitado em uma das camas, ainda com o uniforme do time, olhando para uma das janelas, mas virou-se ao vê-la chegar.
- Podemos conversar?
- Acho que não é uma boa idéia. Eu ainda tô meio irritado.
- Não quero deixar pra depois. É horrível ficar brigada com você, Fred.
Ele nada respondeu. A garota então, sentou-se aos pés da cama.
- Não precisava fazer todo aquele escândalo lá no vestiário, a gente tava só conversando. Não tem motivo nenhum pra ficar nervoso daquele jeito.
- Essa parte eu já entendi. Mas e o que você me disse, ou melhor, jogou na minha cara, quando estávamos lá, hein?
- Tá, eu sei. Eu fiquei nervosa, acabei falando o que não devia. Mas é que você tava me acusando de uma coisa absurda, Fred. Eu sei bem quem é você e quem é o Jorge. E é de você que eu gosto.
- É, eu... acho que também exagerei um pouco.
- Além disso, bem, você tem que concordar comigo, a gente não tá... namorando. Tem um lance legal, a gente curte estar juntos, só que é tudo muito recente, eu ainda tô me acostumando com a idéia. E do jeito que você tava falando... ah, sei lá, você sabe que eu odeio que tentem me controlar.
- Eu sei, mas é que... quando tem algum cara, qualquer cara, rodeando você, sei lá... eu já vejo tudo vermelho.
- Ei, não precisa ficar assim. Não tem nenhum motivo pra sentir ciúme. Eu gosto de você, só de você.
Dizendo isso, Sophie aproximou-se de Fred, e beijou-o.
- Sem mais brigas?
- Sem mais brigas. - disse ele, puxando-a para si.
Sophie se deixou abraçar, e aninhou-se nos braços do garoto que, sabendo como ela gostava, lhe acariciava os cabelos. Os dois ficaram ali, deitados juntos, em silêncio, até que, percebendo a diminuição do barulho no salão comunal, e conseqüentemente, o fim da festa, Sophie deu um beijo em Fred e saiu do dormitório, para evitar perguntas que não queria responder.
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