Capítulo II



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N.A.: Eu nem creio que eu tive mais de uma Review pra esse primeiro capítulo! O.o *absolutamente chocada* Foram quatro na FF.net e um na FeB! xD Eu não esperava toda essa boa aceitação assim não! Mas... EU FICO MUIIIIIIIIIITO FELIZ!!! \o/ *Tash pulando e dando gritos de viva* hudahsudhasudhasuhduasdhuas

Como o que eu prometi lá na Imortal, aqui está o segundo capítulo da TUC! \o/ E antes de 2008, isso é que é bom! ;D Eu não sei o que vocês acharam desse capítulo, mas espero que gostem. ;D Quero só esclarecer uma coisa antes de responder a Review: Eu não estou nem aí pro que a maldita da J. Killer falou! xD Pra mim o Dumbledore não é gay e ponto! Como diz a descrição da Comunidade “Dumbledore não é gay”, a Rowling tinha cheirado pó de flu quando falou isso, fumou folha de mandrágora, bebeu whisky de fogo com narguilés! Hduashduashduashduhs Mas, como eu gosto de ser Cannon, eu vou até comentar algo sobre o “amor” que o Dumbledore sentiu pelo Grindewald no decorrer da Fic, Ok? ;D

Agora, vou responder o Review! \o/

thays__: Que bom que gostou da idéia! *-* Tipo... Expliquei ali em cima o que eu acho desse lance que a J. Killer inventou, né? Eu achei o maior golpe de marketing da história. E eu vou odiar ela pra sempre por isso! U.ú Eu já odiava por ela ter matados todos os meus personagens favoritos. Mas depois dessa do Dumbie... Ficou foda engolir... hduasdhuashdau Bem, espero que continue lendo! ;D Beijo ;**


E a todas vocês que leram, gostaram e não deixaram Review, muito obrigada também! º-º Agora, deixa eu dar um Ctrl+C / Ctrl+V na Imortal, para a minha mensagem de fim de ano! xD

Como eu não vou postar mais nada aqui pelo resto do ano, vou deixar aqui o meu muitíssimo obrigada a todas vocês que me acompanharam esse ano. Eu desejo a todas vocês um ótimo e maravilhoso Natal, como muitos presentes, muita amizade, muito amor e muito peru! xD E, para o Ano Novo, muita festa, muita sorte em 2008, muito dinheiro (principalmente! xD Zoeira...), muito amor, saúde e vida! Que todos os nossos sonhos se tornem realidade!!!
São os mais sinceros desejos desta que está por trás da Tash (Jaqueline!) a todos vocês, seus amigos e familiares! ;D Um grande beijo desta que adora todas vocês, mesmo sem conhecê-las, pois vocês já são parte da minha história!
FELIZ 2008!!!
Tash LeBeau (Jaqueline)
E, com vocês, o último capítulo de 2007!


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Capítulo II – De volta à Hogwarts, porém...




Albus Dumbledore parou diante do gigantesco portão que dava acesso aos terrenos de Hogwarts. Sua mão apertou com mais força a alça de sua mala e ele engoliu em seco, estranhamente nervoso. Levou a mão livre ao pescoço e massageou-o se sentindo cada vez mais desconfortável. Não fazia sentido algum esse nervosismo. Afinal, não fora ali em Hogwarts que ele vivera por sete anos uma das fases mais felizes de sua vida? Por que, agora que estava de volta, ele sentia aquele arrepio percorrendo a sua espinha?

As estátuas de javalis alados pareciam observá-lo de seus postos eternos e ainda assim Albus não se movia. Em sua mente ele se perguntava se estava fazendo mesmo a coisa certa. Ensinar... Depois de quarenta anos se aperfeiçoando, conhecendo o desconhecido, explicando o inexplicável parecia uma nonsense fazer algo tão simples como lecionar. Qualquer um teria escolhido procurar um cargo maior e de grande destaque. Mas não Albus.

Afastando todos esses pensamentos, Albus finalmente atravessou os portões da propriedade, que haviam se aberto para ele. Com uma das mãos no bolso, ele subiu pela trilha de tijolos antigos, observando a magnífica silhueta do castelo surgir recortando o céu alaranjado do fim de tarde. Um incontrolável sorriso surgiu em seus lábios. Havia se esquecido de como gostava daquele lugar. E agora estava de volta.

Os jardins pareciam estar completamente desertos quando Albus o atravessou, sua mente enchendo-se de preciosas lembranças de sua juventude naquele lugar, tardes incrivelmente divertidas na companhia de Elphias Doge e Harrison Potter. Grandes tempos, quando ele não tinha nenhuma preocupação a não ser destacar-se entre os outros, quando havia outros para cuidar de seus problemas.

Mas os tempos haviam mudado. Haviam mudado quarenta anos atrás. E isso era algo que ele não gostava de se lembrar.

Quando Albus passou pelas grandes portas de carvalho que davam no Saguão de Entrada ele teve de parar para admirar o que não via há tantos anos. Era como voltar para casa depois de uma viagem extremamente longa e exaustiva. Ouvindo o som abafado de vozes que vinha do Salão Principal e vendo alguns fantasmas passeando pelo alto de sua cabeça, Albus finalmente começou a sentir aquele grande nervosismo e insegurança deixando o seu corpo, como se apenas a atmosfera do castelo de Hogwarts já tivesse um efeito rejuvenescedor sobre qualquer um. Algo que Albus jamais duvidaria.

Ele voltou a andar, dirigindo-se à escadaria mármore que levava aos andares superiores. Incontáveis vezes havia subido aquelas mesmas escadas, rumo à sua Sala Comunal. E agora as subia de novo. Mas desta vez o seu destino era outro. Se ainda estivesse em 1885 subiria até o sétimo andar, mas parou logo no segundo, ouvindo o sussurro dos quadros que o acompanhavam, todos se perguntando a mesma coisa: “É mesmo ele?... Ele está de volta?!” Albus quase riu quando um velho frade tropeçou em sua própria batina na pressa de acompanhar e ver direito aquele homem tão particular que caminhava displicentemente pelo corredor.

Parou defronte à gárgula de pedra que era a entrada para a sala do diretor do castelo, o seu destino. Mas... Qual era a senha mesmo? Ele me disse na carta!, resmungou em pensamento, olhando para o teto e coçando o queixo. Era algo de comer, tinha certeza. Mas... Devia ter guardado a carta e trazido no bolso.

— A senha é “fudge”. – disse uma voz aguda às costas de Albus.

Virando-se, Albus deu de cara com o diretor de Hogwarts, Armando Dippet, um homem pequeno e de aparência frágil, quase sem nenhum cabelo na cabeça achatada. Ele sorria radiante ao fitar Albus que estendeu a mão, que logo foi apertada com força por Dippet.

— Que bom que finalmente chegou! – Dippet exclamou, indo até a gárgula e dizendo a senha. Ele continuou falando quando colocou os pés na escada em espiral, seguido de Albus, ambos sendo levados devagar até o alto. – Meu plano era recebê-lo no portão, mas Binns ficou se lamentando comigo até agora. Certamente se lembra do professor Binns, não é? – Albus aquiesceu com a cabeça. Como se esquecer das aulas mais entediantes de sua vida escolar? – Parece que ela aprontou novamente. Logo Slughorn deve aparecer para tentar convencer-me a livrá-lo de supervisionar a detenção dela. Slughorn é novo, como você. Vai gostar de conhecê-lo.

Albus sentiu vontade de perguntar quem “ela” era, mas haviam chegado ao fim da escada e Dippet abria a porta de seu escritório. Há quantos anos não visitava aquele lugar... Ele suspirou, sorrindo para alguns dos quadros pendurados às paredes, que o cumprimentavam com leves acenos de cabeça. Ali Albus também era bem conhecido no castelo. Na época em que visitara a sala do diretor, Dippet ainda era o professor de Herbologia e a cadeira na qual ele se sentava naquele momento era ocupada por um senhor muito ostentoso e orgulhoso, porém muito inteligente chamado Mordechai Nequam. Agora, Mordechai estava pendurado em um quadro à esquerda de Dippet, aparentando estar profundamente adormecido.

Dippet apontou para a cadeira logo em frente de sua mesa e Dumbledore sentou-se ali de pronto, descansando sua mala ao lado. Ele ajeitou os óculos em forma de meia-lua mais pra cima do nariz torto e juntou as mãos sobre o colo, esperando que Dippet começasse a falar. O que não demorou.

— Nem consigo acreditar que você realmente aceitou o meu convite, Dumbledore! – Dippet exclamou, passando um lenço rendado na careca suada. – Imagine... Eu achei que você preferiria ir para o Ministério!

Curvando-se um pouco para frente, Albus deu um sorriso de lado e falou pela primeira vez desde que pôs os pés dentro dos terrenos de Hogwarts.

— Como já disse a você e a muitas pessoas do Ministério da Magia, professor Dippet, a carreira Ministerial simplesmente não me interessa. Acho que a vida em Hogwarts será bem mais interessante do que a vida dentro de um escritório.

O diretor sorriu radiante. Mas logo seu sorriso sumiu e ele suspirou, achando que o homem à sua frente ainda poderia mudar de idéia. Afinal, ele ainda não sabia o que teria de enfrentar nos próximos meses. Será que ele suportaria?

— Obrigado por responder tão rapidamente, Dumbledore. – continuou, agora escolhendo as palavras com cuidado. – Nosso professor de Transfigurações, veja você... – ele deu uma risadinha nervosa e outro suspiro. – Ele não agüentou a pressão, sabe?

— Não creio que lecionar Transfigurações seja algo tão ruim assim. – Albus arqueou uma sobrancelha, estranhando as palavras de Dippet. O antigo professor de Transfigurações de Albus nunca reclamara de pressão no trabalho que ele se lembrasse.

Houve um longo momento de silêncio enquanto Dippet tentava imaginar como dizer a Dumbledore sobre qual era o tipo de pressão que o outro professor havia passado. Devia haver um jeito de dizer sem assustá-lo. Mas não conseguiu pensar em nenhum outro jeito de lhe falar que não fosse dizendo a verdade.

— É melhor eu já lhe deixe ciente do que vai ter que enfrentar, Dumbledore. – Dippet declarou, em tom mais sério, secando novamente a testa. – Assim você pode desistir logo se quiser e eu começarei logo a procurar outro professor.

— E por que eu desistiria? – Albus franziu as sobrancelhas. Aquela conversa com Armando Dippet estava ficando cada vez mais estranha.

Dippet ficou em silêncio novamente, mas dessa vez foi por menos tempo. Ele apoiou os braços sobre sua mesa e começou a brincar inconscientemente com uma pena gasta, enquanto dizia vagarosamente, sem olhar Albus.

— Digamos que... Tem algo que está causando muitos problemas aos professores. Ou melhor. Alguém. – ele levantou a cabeça e seus olhos encontraram o olhar confuso de Dumbledore. – O nome dela é McGonagall. Está no primeiro ano. É o demônio encarnado! – desabafou com uma certa nota de desespero na voz. – Foi por causa dela que o professor de Transfigurações se demitiu. É por causa dela que a maioria dos professores está ficando louca! Ela é... Incontrolável!

A boca de Albus entreabriu-se levemente e ele teve que controlar a louca vontade de rir que lhe surgiu. Então essa tal McGonagall era a tal “ela” que Dippet dissera que havia aprontado. Mas seu cérebro se negava a acreditar no que havia acabado de ouvir. Um professor experiente havia se demitido por não suportar uma menininha de onze anos?! Era certamente hilário e a sua curiosidade começava a atiçar-se.

— O que essa... Hum... McGonagall? O que essa menina faz? – perguntou, tentando manter a expressão o mais tranqüila e séria possível.

— Ela atormenta a todos! – Dippet exclamou, exasperado. Parecia querer desabafar aquilo com alguém há muito tempo. – Humilha! Satiriza! Ironiza! – ele suspirou e curvou-se para frente, sua voz se tornando um sussurro. – Seu maior passatempo é azarar o professor poções quando ele está distraído.

Isso foi mais do que Albus podia suportar. A gargalhada escapou de seus lábios incontrolavelmente e ele riu gostosamente, não se importando com a expressão chocada de Dippet, nem que o rosto do diretor havia corado furiosamente. Não conseguia imaginar uma menina de onze anos azarando um bruxo formado. Foi só depois de quase um minuto rindo e com um pigarro incomodado de Dippet que Albus procurou controlar-se, secando o canto dos olhos e procurando por tudo voltar a aparentar seriedade.

— Perdoe-me. – Albus deu ainda uma risadinha antes de pigarrear e seu rosto tornar-se impenetravelmente sério. – O senhor dizia...

— Não se deixe levar pelas aparências, Dumbledore. – Dippet continuou, ainda muito corado. – McGonagall pode parecer muito inocente à primeira vista. Mas ela vai te dar muito trabalho, pode ter certeza.

— Saberei como lidar com ela, não se preocupe. – declarou, sinceramente. Albus simplesmente tinha jeito com as pessoas. Por que seria diferente com uma garota problema?

— Ela é de Gryffindor. – o diretor acrescentou, como se isso pudesse abalar o sorriso confiante de Albus e a declaração que outro havia acabado de fazer. – Como coordenará a Casa provavelmente terá de ouvir reclamações diárias dos outros professores a respeito de McGonagall.

— Minha audição estará disponível vinte e quatro horas por dia para ouvi-las.

Dippet respirou fundo, mais tranqüilo. Pelo menos Dumbledore não havia saído correndo. Por enquanto. O diretor abriu uma gaveta à sua mesa e de lá tirou um pedaço de pergaminho novo. Com um toque de sua varinha, o pergaminho em branco encheu-se de palavras.

— O horário de suas aulas. – disse, estendendo o pergaminho para Albus, que o pegou analisando-o brevemente. – Terá o fim de semana para preparar as suas aulas. – Dippet tirou mais alguns rolos de pergaminho de sua gaveta, estendendo-os também para Albus. – Esses são os planos de aula do antigo professor. Seria bom se os estudasse.

Albus aquiesceu com a cabeça quando pegou os pergaminhos, juntando-os todos sobre o colo. Dippet se levantou e contornou a mesa, caminhando para a porta. Albus levantou-se também, seguindo Dippet escada abaixo, os pergaminhos equilibrados sob o seu braço direito, a mala firmemente segura em sua mão esquerda.

— Vou mostrar os seus aposentos. – Dippet dizia quando passaram pela gárgula e caminharam até a escadaria de mármore, subindo-as. – Acho que já sabe onde é a Sala dos Professores e a Sala de Aula de Transfigurações. Também creio que conhece os horários de refeição, certo? – ele não esperou que Albus respondesse, e continuou falando. – O professor Binns é o meu subdiretor. Qualquer assunto mais urgente deve ser tratado com ele quando eu estiver ausente.

Ele apenas aquiescia com a cabeça a cada instrução de Dippet, não muito interessado. Já sabia bem quase tudo o que ele falava. Parecia que Dippet não se lembrava que Dumbledore havia estudado ali anteriormente e que não precisava ser apresentado à rotina do castelo.

Foi só quando chegaram ao sétimo andar que Dippet parou de falar, bem ao meio do corredor. Aquele lugar Albus precisava confessar que não conhecia. O diretor parou ao lado de uma tapeçaria, onde um leão dormia tranquilamente, balançando o seu rabo de um lado para o outro; um homem também estava adormecido, deitado sobre o lombo do animal. Dippet levantou a tapeçaria, revelando uma porta de madeira gasta.

— Seu quarto. – Dippet estendeu uma chave de cobre para Albus que teve que colocar a mala no chão para segurar a chave corretamente. – Vou deixá-lo sozinho para que se acomode. Qualquer importuno... Bem, sabe onde me encontrar. Pedirei a um elfo-doméstico que sirva o seu jantar aqui hoje.

— Obrigada, Diretor. Boa noite.

Dippet balançou a cabeça e afastou-se em direção à escadaria, as mãos atrás das costas. Albus esperou que ele desaparecesse para afastar a tapeçaria e destrancar a fechadura. As dobradiças rangeram quando ele empurrou a porta. O quarto estava às trevas e cheirava fortemente a perfume barato. Certamente do antigo morador do quarto recém desocupado. Ele empurrou sua mala com o pé para dentro e entrou no aposento, fechando a porta atrás de si, sendo envolto pelo breu.

Rapidamente, Albus tirou a varinha do bolso traseiro das calças e conjurou uma vela, fazendo-a flutuar bem no meio do quarto. Não foi preciso mais que isso para iluminar o pequeno cubículo. O quarto era realmente minúsculo. Havia uma cama encostada à uma parede sob uma pequena janela, uma mesa de cabeceira manca ao lado. O guarda-roupa, minúsculo, ficava grudado à mesinha manca. Do lado oposto ao da cama havia uma escrivaninha velha e meio comida por traças, encimada por uma prateleira onde certamente havia livros antes.

Albus perguntou-se como os antigos diretores de Gryffindor conseguiam viver tranquilamente ali. Ele colocou os pergaminhos que levava sob o braço sobre a escrivaninha e sentou-se na cama. Havia calombos e molas soltas por todo o colchão, podia sentir apenas de sentar nela. Certamente ele teria que fazer algumas reformas ali, apenas para o conforto dele.

Sentiu um pequeno movimento dentro do bolso interno de sua capa e quase deu um pulo. Havia se esquecido completamente. Colocou as mãos ali dentro e, delicadamente, retirou dali um pássaro minúsculo e amarrotado, que piava debilmente, quase inaudivelmente. Dumbledore deitou-se na cama, acomodando o pequeno pássaro sobre o peito, acariciando a cabeça pelada com gentileza.

— O que achou de nossa nova casa, Fawkes? – como que em resposta, Fawkes deu um pio um pouco mais alto e longo. Albus deu uma risadinha. – É, eu sei que não é muito grande. Mas vou tornar confortável para nós.

Deixando Fawkes sobre a mesa de cabeceira, Albus agitou a varinha levemente e sua mala veio flutuando suavemente até ele. Sentando-se, abriu o fecho e tirou de lá de dentro um enorme e pesado poleiro de latão. Agitou a varinha novamente e o poleiro voou até pousar pesadamente no vão que havia entre os pés da cama e a parede de pedras. Albus levantou-se, pegando Fawkes entre as mãos, e acomodou-a no poleiro. A pequena ave ajeitou-se, parecendo satisfeita por reconhecer o seu poleiro.

Albus admirou-a por alguns instantes, sorrindo suavemente. Então deu as costas para ela e bateu as mãos.

— Vamos começar a trabalhar!

Abrindo o guarda-roupa ele constatou o que já imaginava: este era ampliado magicamente por dentro. Mas cheirava ao mesmo perfume barato que o resto do quarto.

— Acho que vamos ter que dar um jeito nesse cheiro primeiro, não? – disse para Fawkes, mas ave parecia adormecida. Sem se importar se era ouvido ou não, Albus ergueu a varinha e, com um estalo, uma fumaça tênue e quase transparente começou a invadir o quarto até enchê-lo por completo. Outro estalo da varinha e a fumaça desaparecia gradativamente, deixando para trás um cheiro agradável de anis. – Bem melhor agora, hein?! – ele sorriu, respirando fundo. – Agora...

Apontou a varinha para sua mala e, depois, para o guarda-roupa aberto. Suas vestes, rapidamente, voaram para fora da mala, acomodando-se com perfeição nos cabides do guarda-roupa. Às roupas, seguiram-se os livros, que foram colocados alguns na prateleira sobre a escrivaninha, outros na própria escrivaninha e outros ainda a um canto no chão, visto que não havia mais espaço em outro lugar.

A janela sobre a cama ganhou cortinas novas para substituir as comidas por traças e o pequeno lustre no teto perdeu as teias de aranha. Albus também fez questão de consertar a perna manca do criado-mudo e desaparecer com as marcas que as traças deixaram na escrivaninha. Mais um toque de sua varinha e os calombos e molas soltas do colchão consertaram-se e uma fofa e confortável roupa de cama tomou lugar ali. Um tapete surgiu do nada no meio do aposento.

Por último, enfim, Albus fez com que a sua mala desaparecesse e olhou ao redor. Estava bem melhor do que quando ele chegara. Não colocara nenhum retrato nas paredes. Mas ele era realmente assim. Retratos traziam lembranças e lembranças traziam dor ao seu coração.

Albus sentou-se à cama e abriu a janela. O sol terminava de se por entre as montanhas no horizonte. Havia ganhado uma linda vista de sua janela em compensação à qualidade do quarto, tinha que reconhecer. Dobrando os braços no parapeito da janela, ele apoiou o queixo sobre eles e suspirou, sentindo a brisa morna do fim de tarde bagunçando muito de leve os fios finos de seus cabelos acaju.

Ele se lembrou do real motivo por ter aceitado lecionar em Hogwarts: recomeçar. E talvez por isso estivesse tão nervoso quando chegou. Recomeços eram incertos. Albus achava que, se voltasse para Hogwarts, ele conseguiria apagar de vez o passado doloroso de seu peito e ter uma vida nova. Ele estava de volta à Hogwarts. Porém...

Suspirou. Já fazia quase quarenta anos que ele havia sentido o mundo cair sobre a sua cabeça. Quatro décadas inteiras desde que aquela tragédia se abatera sobre Godric’s Hollow. Por mais que ele quisesse esquecer, superar... Por mais que ele aparentasse ter passado por cima do ocorrido... Eram tudo aparências. Afinal, a vida não era feita de aparências?

Desviando os olhos do pôr-do-sol, Albus deitou a cabeça sobre os braços voltando a sentir aquela vontade que tinha há décadas: a de ter sua mãe por perto. Cinqüenta e sete anos nas costas que você ainda age como um menino assustado, Dumbledore?! , repreendeu-se em pensamento. Já era hora de deixar pensamentos como esse para trás. Afinal, agora ele era o Professor de Transfigurações da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. E havia mais o que fazer do que lamentar suas perdas e dores.

Alguém bateu timidamente à porta. Albus secou uma lágrima que havia surgido furtivamente no canto de seu olho e levantou-se para pegar o seu jantar. O tempo para lamentações havia acabado. Era hora de recomeçar a sua vida...
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