Barbas de Merlim..!



Tonks não conseguiu dormir naquela noite, pois ficou muito ansiosa. Ela não podia acreditar no que acabara de ler, como aquele homem tão sério e certinho mudou da água para o vinho. Tonks não sabia bem ao certo se devia ou não aceitar o convite depois de tanto tempo sem notícias, mas de uma coisa ela tinha certeza: ela queria muito vê-lo. No final desse conflito quem venceu foi seu coração.


“Remo,

Muito obrigada, você não pode nem imaginar como estou feliz por ter me formado.
Eu deveria não te responder essa carta para me vingar, mas não sou de guardar mágoas.
E quanto ao seu pedido, eu aceito... E como você deixou eu escolher o dia, o lugar e a hora, eu escolho hoje, na praça “Barbas de Merlim”, às 5 horas da tarde. Vou estar com um vestido coral. Não aceito “não” como resposta. Te vejo lá.

Andora.”


E depois de enviar sua coruja se deu conta de que havia dito que ia visitar Carlinhos hoje e que seus pais não poderiam saber que ela se encontraria com um homem mais velho. Tonks ficou sem saber o que fazer, nunca havia mentido para seus pais para se encontrar com alguém antes, mas para tudo existe sua primeira vez.


“ Carlinhos,

Primeiramente eu preciso me desculpar, pois não vou poder ir à sua casa hoje, mas é por um motivo justo.
Em segundo lugar eu preciso de um favor seu, é que eu vou me encontrar com uma pessoa hoje à noite e meus pais não podem saber, será que dá para você dizer que fui para sua caso minha mãe pergunte?
Depois eu te falo os detalhes, conto com sua ajuda.

Tonks.”


Ela guardou o pergaminho para quando sua coruja voltasse e foi se arrumar.

- Madrugou hoje, Ninfadora? – perguntou Andrômeda assim que viu a filha lendo um livro na sala de estar.

- Ah, não... Aliás, sim, estou um pouco eufórica.

- Com a visita ao Carlinhos?


- É. – foi a única coisa que pôde responder.

- Sabia! Vocês dois ainda vão ficar juntos...

- Não mãe... Eu já disse. Só vou rever um amigo...

- Bom, se você diz... Vou fazer o café da manhã.

Assim que sua coruja voltou, Tonks enviou a carta de Carlinhos e sua coruja voltou novamente com uma resposta afirmativa.

*****

Por volta das 4 horas ela começou a se arrumar, como havia dito pôs um vestido coral com mangas curtas que caiam sobre seus ombros e uma sandália branca com um salto pequeno. Depois de vários minutos ela decidiu por seu cabelo castanho claro, ondulado até a altura das costas e seus olhos ao natural, negros. Depois de passar seu perfume favorito desceu as escadas correndo, pois já estava atrasada (como sempre).

- Tchau mãe, tchau pai. – falou ela quando passou pela sala.

- Nossa minha filha você está linda! – comentou Ted.

- Cuide-se Ninfadora. – disse a mãe e a menina saiu apressada.

*****

Tonks desaparatou em uma rua deserta perto da praça que havia marcado e foi correndo até chegar aos portões, então se ajeitou e entrou procurando por Remo. A praça era grande, tinha um lago, e várias fontes e como era uma praça bruxa, ela não precisava se preocupar com trouxas.

Foi Tonks que o viu primeiro, ele estava sentado em um banco debaixo de um grande salgueiro olhando de um lado para o outro e batendo os pés no chão em sinal de nervosismo, não havia mudado nada, só aparentava está cansado. Ela riu se sentido mais feliz do que nunca e deu uma enorme volta para não ser vista por ele e quando finalmente o alcançou, chegou por trás e tampou seus olhos com suas mãos.

Ele carinhosamente tirou as mãos dela de seus olhos e olhou para trás. Ela estava linda, quase irreconhecível se não fosse pelos olhos.

- Pelas barbas de Merlim... – exclamou distraidamente.

Tonks não pode deixar de rir.

- Ah, é... Você está diferente Ninfadora. – falou Remo envergonhado.

Ela riu e o abraçou, não tinha a mínima vontade de reclamar por ele ter dito seu primeiro nome.

- Estava com saudades. – falou Tonks baixinho no ouvido de Remo.

Ele nada disse, apenas continuou a abraçá-la.

Tonks foi soltando Remo aos poucos até que os dois ficaram a menos de um palmo de distancia e foi ela quem começou a se aproximar e ele fez o mesmo, mas por muito pouco tempo, logo se afastou.

- O que foi? – perguntou Tonks meio assustada.

- Nada...

- Você já conhecia essa praça? – perguntou Tonks depois de uma longa pausa.

- Não. – respondeu ele meio envergonhado por estar ali com ela.

- Então vem, quero te mostrar, minha mãe costumava me trazer aqui, conheço tudo isso como a palma da minha mão! – falou a metamorfomaga puxando-o pela mão.

- Eí, você está todo machucado, o que foi isso?

- Um acidente, nada grave... Então, não vai me mostrar a praça? – perguntou Remo para mudar de assunto.

Ela mostrou cada cascata para ele, falou sobre as estátuas e é claro fez bastantes brincadeiras sobre a vida dos bruxos importantes. Eles riram muito e o auge da diversão foi quando Tonks começou a se transformar nas pessoas que passavam por eles.

- Pára com isso Tonks... – falou Remo quase sem fôlego de tanto rir.

- Oh, claro meu filho. – ela falou em um tom de voz engraçado tentando imitar um senhor de bigodes extremamente grandes. Quando ela voltou ao normal ele a abraçou, ficando novamente muito perto do rosto do lobinho, e ele novamente se afastou.

- Você não sabe o quanto é estranho ver você se transformar em um idoso careca e de barba. – comentou Remo tentando fingir que não percebeu que a menina queria beijá-lo.

- Ah, é? Sabe o que pode ser pior?

- O que?

Então Tonks se transformou em uma perua dos cabelos loiros, cheia de jóias extravagantes e com lábios gigantescos.

- Vem cá, me dá um beijinho... – brincou Tonks puxando Remus.

- Tonks, pára com isso... – falou Remo rindo sem graça e completou mentalmente: “Se não eu dou mesmo”.

- Bem melhor agora. – disse um Remo encabulado quando a garota voltou ao normal - Você está com fome? – perguntou tentando mudar de assunto.

Tonks riu da tentativa de Remo e respondeu:

- Sim, estou faminta, comeria um dragão sozinha...

- Eu conheço um restaurante trouxa ótimo, quer ir? – perguntou Remo, apesar de ter pouco dinheiro ele pôde separar uma boa quantia para pagar tudo o que Tonks podia querer.

- Macaco quer banana?

- Você é uma graça, Andora... Vem, vamos...

Eles desaparataram no saguão do restaurante, não era um lugar de luxo, mas também não era um boteco, era um lugar aconchegante, limpo e relativamente romântico.

- Mesa para dois por favor. – falou Remo.

- Sim senhor, vocês deram sorte, acabou de vagar a melhor mesa que temos, venham.

Tonks logo reparou o motivo daquela mesa ser a melhor do restaurante, ficava de frente para uma enorme janela que dava para o mar.

- Que lindo Remo, não conhecia esse lugar...

- Eu costumava vir aqui com meus amigos nas férias, já fui expulso várias vezes.

- Você? O certinho? Não acredito...

- Pois é... Nos tempos de escola eu não era tão certinho assim, meus amigos, você sabe né...

- Imagino... E nesses amigos, o Sirius está incluído?

- Como você sabe?

- Minha mãe... Naquela noite em que você foi me deixar em casa...

- Ah... Entendo. Falando nisso, seus pais sabem que você está comigo?

- Eu já sou bem grandinha, sei me cuidar sozinha...

- Responda minha pergunta Ninfadora. – falou um Lupin sério.

- Não... – respondeu Tonks sem olhá-lo.

- O cardápio, senhor. Posso fazer uma sugestão? – perguntou o garçom, chegando em má hora, Remo acenou – A bacalhoada está uma delícia, é a especialidade da casa.

Lupin olhou para Tonks que acenou e então respondeu: - Sim, pode trazer.

- E para beber?

- Uma taça de vinho para mim. – respondeu Remo e em seguida olhou para Tonks.

- Para mim também.

- Sim, logo estarei trazendo.

Quando o garçom saiu Remo olhou para Tonks com repreensão.

- O que foi?

- Você não devia beber nessa idade.

- Remo, eu tenho 20 anos, por Merlim...

- Mas ainda é muito nova.

Ela não respondeu, apenas amarrou a cara.

- Desculpa vai... – falou Remo passando a mão no rosto de Tonks sem reparar no que estava fazendo.

- Ah... Assim não vale... – falou ela voltando ao seu estado de espírito normal.

- Como estão seus pais? – perguntou ele depois de um longo silêncio.

- Ótimos. – como ela sabia muito bem o que Remo queria dizer com aquela pergunta e que não teria como escapar disso, então respondeu: - Olha Remo, eu sei que devia ter falado com eles que ia me encontrar com você hoje, mas fiquei com medo deles me proibirem e eu queria muito te rever...

- Viu, era disso que eu falava Andora... Nossa diferença de idade é muito grande.

- Eu não acho Remo e para ser sincera, nem sei quantos anos você tem e não quero saber porque isso não faz diferença para mim.

- Ninfadora, você mentiu para seus pais para se encontrar comigo, e se eles descobrirem? Eu vou ser o culpado.

- Eles não vão descobrir que eu meti porque vou contar a verdade assim que chegar o momento certo.

- E quando seria isso?

- Não sei, talvez amanhã, talvez semana que vem, o importante é que vou contar.

Nessa hora o jantar dos dois chegou e eles comeram calados e trocaram alguns olhares significativos cujo quais Remo ficava sempre encabulado e fingia não entender.

- Hum, que delícia Remo. – falou a menina referindo-se ao jantar.

- Está realmente excepcional.

- Me traz aqui mais vezes?

- Só se seus pais tiverem de acordo.

- Ta bom senhor certinho...

- Quer mais alguma coisa? – perguntou Remo depois de um tempo.

- Não, obrigada.

- Nem uma sobremesa, nada?

- Não, não quero comer doces por um bom tempo, ontem meu pai me entupiu de guloseimas...

- Ah, me conte, como foi ontem?

- Ótimo, a formatura foi bem legal, tocaram muitas músicas boas e depois meu pai nos levou para jantar. Eí, falando nisso como que você soube da minha formatura?

- Ouvi um comentário. – Remo não podia dar detalhes, pois tinha ordens explicitas de não comentar sobre a Ordem para qualquer um que não fosse membro.

- De quem?

- Isso se tornou um interrogatório?

- Não, não... Desculpe... E você, como está sua vida?

- Normal, a mesma de sempre.

- Nossa, só isso? “A mesma coisa de sempre...” Que resposta fria.

- É que minha vida é muito comum.

- Bom, já que você não tem nada para falar da sua vida, eu tenho muitas coisas para falar... Para começar meu melhor amigo dos tempos de escola chegou da Romênia faz três dias...

- Carlinhos Weasley.

- Como você sabe? – perguntou uma Tonks extremamente surpresa.

- Ué, você não sabia que Sirius era meu amigo? Eu também sei algumas coisas sobre você.

- Isso me assustou! O que mais você sabe sobre mim?

- Na época da escola você era muito bagunceira e só começou a estudar porque queria muito ser uma auror.

- Oh não... Meu passado negro... – ironizou Tonks – E você Remo, como se comportava na escola?

- Sempre fui muito quieto e estudioso, mas cheguei a ser um dos garotos mais populares do colégio quando fiz amizade com Sirius, Tiago e Pedro. Éramos “os marotos” e até hoje ouço os gritos dos monitores: “Black, Potter, Lupin e Pettgrew vocês estão muito encrencados!”.

- Potter? Você era amigo do pai do famoso Harry Potter?

- Sim, ele era um grande amigo até que... – Lupin logo lebrou-se de que foi o primo de Tonks quem o traiu – Desculpe, não era minha intenção...

- Tudo bem, eu nem cheguei a conhecer o Sirius... Como ele era?

- Muito mulherengo, saiu com muitas garotas e criou várias confusões por causa disso. Ele nunca foi estudioso, mas era incrivelmente brilhante, se tornou animago sem ajuda de ninguém. Saiu de casa cedo, nunca gostou da “família estúpida” dele... Oh, Merlim, desculpa...

- Tudo bem Remo, eu também acho minhas tias estúpidas, minha mãe me contou que elas ficaram do lado de Voldemort quando houve a guerra.

- Você não tem medo de pronunciar o nome do Voldemort?

- Eu? Por que teria? Para mim ele não passa de um fraco que queria chamar atenção.

- Você é uma das poucas pessoas que tem essa coragem...

- Sou uma auror Remo, lembra?

Ele riu, ela retribuiu o riso e os dois se encararam por alguns instantes até Remo ficar corado e desviar o olhar.

- Merlim, já são 10 horas! Minha mãe vai ficar preocupada. Ela não pode ir até a casa dos Weasley! – exclamou Tonks assim que viu o relógio do restaurante.

- Viu no que dá mentir para os pais... Vou pedir a conta.

- Eu divido com você.

- Não é preciso, eu pago.

- Que isso Remo, eu insisto.

- Por favor, deixe-me ser cavalheiro.

- Nesse caso, tudo bem, vou ao banheiro.

Quando Ninfadora voltou Remo já estava esperando ela na porta.

- Fica calma, vai dar tudo certo.

- Remo, você não entende, eu nunca menti para minha mãe antes!

- Você vai contar a verdade.

- Se ela descobrir antes vai achar que eu não ia contar...

- Calma... Vai dar tudo certo, vem...

Eles praticamente correram até cegar em uma rua deserta e desaparataram no mesmo beco de quase três anos atrás.

- Vem Remo, corre.

- Andora, os vizinhos, o que vão pensar?

- Eles não vão pensar nada porque não vão ver nada...

Eles correram até chegarem na porta de Tonks.

- Ah, a luz do quarto está acesa, ela está em casa.

- Viu? Eu não disse que daria tudo certo?

- Caramba, que alívio... Remo, essa noite foi muito boa, obrigada... Por tudo.

- Vou escrever para você.

Eles ficaram calados por mais alguns instantes até Tonks dizer:

- Remos...

- Oi.

- Estou apaixonada por você.

Ele não sabia o que dizer, não podia simplesmente responder “Eu também...” ela era uma criança e ele um homem velho e amaldiçoado.

- Tonks, não daria certo...

- Remo, meu pai é mais velho que minha mãe e deu tão certo que eles se casaram e eu nasci!

- Mas não é só isso...

- Ta bom Remo, não é preciso se explicar, se não quiser mais sair comigo é só dizer...

- Não, não é isso... Eu gosto muito de você. Depois que meus amigos morreram, você foi a única pessoa que me fez rir, por favor tente me entender...

- Tudo bem...

- Andora, olhe para mim. – falou Remo puxando carinhosamente seu braço.

Ela olhou e ele pode perceber que ela tinha lágrimas nos olhos e ele não sabia o que fazer, estava magoando a única pessoa capaz de fazer-lo feliz, foi então que lentamente se aproximou e a beijou, um beijo calmo e respeitoso que durou o suficiente para deixar os dois sem ar.

- Nossa Remus... Isso foi... Surpreendente.

- Não quero te ver triste Andora, e farei o que for preciso para te deixar feliz.

- Que lindo, Remo...

- Agora entre, seus pais devem estar preocupados. – falando isso ele deu um beijinho de despedida.

- Me mande corujas.

- Vou mandar.

- Tchau. – disse Tonks dando outro beijinho de despedida e entrando logo em seguida.

Remo ficou parado olhando para porta durante um tempo e depois saiu andando vagarosamente em direção à rua, e deu uma última olhada para a casa de Tonks e se deparou com uma Andrômeda vermelha de raiva na janela de seu quarto, e ele a encarou por um tempo até ela fechar a cortina deixando um Remo muito envergonhado.

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N/A.: Logo, logo virá o próximo capítulo... Comentem gente! Por favor.
E obrigado por ter comentado Gabi!
Beijooo...



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