Samba? Nem pensar!



Cap. 4 - Samba? Nem pensar!

Voldemort estava pensando na vida, lavando a roupa tranquilamente, quando...

Voldy chegou até a lavanderia e chamou o pai, que se virou lentamente, pensando no que o esperava dessa vez, quando olhasse para o filho, pois, da última vez, entrou no quarto do filho e encontrou dois demembabás nele.

Mas, para sua surpresa, o filho estava devidamente vestido (com uma calça jeans azul escura bordada com flores douradas, boca de sino, e uma blusinha dourada frente única e uma rasteirinha rosa com borboletas douradas) e sem mais nenhuma surpresa. Ainda.

- Sim? – perguntou Voldemort, com as narinas dilatando quando respirava profundamente, apertando o sabão em pedra na mão.

- Eu sambo bem? – perguntou Voldy, começando a sambar na frente do pai. Voldemort, que não sabia do que o filho estava falando, respondeu com outra pergunta:

- O que é samba?

- Como é que você não sabe? – perguntou o filho, indignado. – Acabei de ver na TV, é uma dança muito legal, do Brasil.

De repente, seu rosto se iluminou e Voldemort temeu o que viria a seguir. Então, resolveu tentar acabar com tudo de uma vez.

- Samba! É, ótimo, você nem precisa aprender, dança tão bem! – ops... coisa errada a se dizer.

- Então, vamos já para o Brasil, quero sair numa escola de samba, e ainda preciso ensaiar com todos! O carnaval não está tão longe, já passamos do natal!

- Deixa para o ano que vem, eu ainda não sei sambar... – tentou argumentar. Ops... mais uma coisa errada.

- Não tem problema, quanto a isso. Vamos, eu te ensino agora mesmo.

- Ah não, nem pensar! – disse Voldemort, fazendo birra. – Se continuar assim, te mando para Hogwarts! – ameaçou.

- Perfeito! – exclamou o filho. – Lá eu posso montar minha própria escola de samba!

Voldemort ficou com tanta raiva, que apertou o sabão com força demais. Resultado?

O sabão duro saiu voando de suas mãos, batendo com tudo na cabeça do filho. Na hora que caiu no chão, Voldy pisou nele e escorregou. Bateu num banquinho e voou de cabeça na máquina de lavar, que começou a centrifugar, quando ele enfiou a mão no botão, na tentativa de sair de lá.

Ótimo! Que se afogue de uma vez! – pensou Voldemort, mas não poderia deixá-lo morrer. Pegou a varinha e acabou explodindo a máquina. Voou espuma para todo o lado, fazendo um belo “turbante de baiana branco” na cabeça de Voldemort. Voldy se desvencilhou dos restos da máquina. Estava com espuma até a ponta do dedão do pé.

- Pai! Você pode sair na ala das baianas! Ficou tão bem de turbante... É um desse que elas usam. E eu... já que você disse que eu sambo bem, posso ser a rainha da bateria e te ensino a sambar, vem cá! – disse, chamando o pai para seu quarto.

Com a ajuda dos demembabás, vestiu o pai com um bando de panos, a fantasia tinha mais ou menos uns dez quilos de panos de chão. Voldy vestiu sua antiga roupa de odalisca, já que ainda não tinha a fantasia de escola de samba. E, assim, começou a ensinar o pai a sambar.

Foram longas duas horas de aprendizado. No final, Voldemort dançava que nem um caranguejo. Já estava com uma tremenda dor na perna e bolhas no pé, por causa do salto plataforma que foi obrigado a calçar.

Naquele dia, foi dormir cansado e aborrecido, mas principalmente, arrependido de ter dito que ainda não sabia sambar, na tentativa de acabar com essa idéia maluca do filho.

Porém, no meio da noite, quando estava tendo um maravilhoso sonho da época que ainda não tinha filho e, portanto, nenhum problema desse tipo, foi acordado por ele, que apertava Teddy, seu ursinho de pelúcia rosa bebê com estrelinhas fosforescentes.

- O que foi agora? – perguntou Voldemort, irritado por ter sido acordado de um sonho tão tranqüilo. Tranqüilidade é coisa rara, aproveite enquanto tem.

- Tem alguma coisa no meu quarto – disse Voldy, choroso.

- Foi um sonho, vai dormir – falou Voldemort, deixando a cabeça cair do travesseiro.

- Não foi um sonho! – exclamou Voldy, puxando o travesseiro com tudo, fazendo a cabeça do pai bater nas barras de ferro da cama.

- Ah, vamos logo se não, não vai me deixar em paz – falou Voldemort, respirando fundo para não bater a cabeça do filho nas barras também ou, quem sabe, jogar pela janela? Não, como não vivem em um sobrado, não teria o mesmo efeito.

Entrou no quarto do filho e viu que ele, com a ajuda das babás, tinha pintado de rosa choque. Fechou os olhos e suspirou. O que mais teria de agüentar? Para não se descontrolar, começou sua procura à misteriosa coisa que estava no quarto.

Embaixo da cama, encontrou um mini-pufe lilás. Pegou-o e mostrou ao filho, já com os olhos vermelhos de sono.

- Era isso? – perguntou Voldy, com uma cara de abestalhado.

- Boa noite – disse Voldemort, enfiando o mini-pufe nos braços de Voldy e saiu do quarto.

- Ótimo! Mais um bichinho de estimação! – exclamou Voldy, feliz da vida.

- Nem pensar! – disse Voldemort, voltando ao quarto totalmente acordado, pensando no que o aguardaria se deixasse aquilo com o filho. – Vou cuidar dele essa noite, está bem? Amanhã veremos o que faremos.

Contra a vontade do filho, pegou o mini-pufe e levou consigo para o quarto. Chegando lá, fechou a porta e mandou-o para bem longe, utilizando a coruja velha e quase depenada que ele mantinha num alçapão por baixo da cama, pois, se o filho soubesse, provavelmente a usaria para mandar cartinhas para suas amigas e a velha coitada não tinha condições para tanto.

Depois disso, deitou e dormiu tranquilamente outra vez, mas o sonho maravilhoso não voltou... Infelizmente.

Acordou as nove da manhã e colocou seu avental de luas e estrelas, pois foi o primeiro que encontrou, para lavar a louça do jantar e fazer o café da manhã.

Não muito tempo depois, Voldy apareceu, parecendo triste, mas Voldemort resolveu nem perguntar a razão, se não acabaria sobrando alguma coisa para ele.

- Papai - disse Voldy, se jogando de qualquer jeito na cadeira. - estou deprimido!

- Por quê? - perguntou Voldemort, entediado. - Lá vem bomba' - pensou.

- Minhas amigas me deixaram! - disse, chorando.

- Por quê?

- Elas foram assaltar o banco Gringotes, um cofre de segurança máxima e não quiseram me levar junto!

- E por que está deprimido?

- Olha só! – disse ele, choroso, entregando um jornal ao pai.

Bruxas das Trevas Presas

Quatro bruxas, provavelmente das trevas, foram presas ontem à noite, ao tentarem assaltar um cofre de segurança máxima. Passaram pelo dragão, que deixou-as chamuscadas, apesar de ser cego.

“Estava um cheiro de queimado insuportável lá em baixo!” exclamou um duende, que reconheceu as meninas. Isso mesmo MENINAS. “Elas são amiguinhas do filho de Voldemort, conheci elas quando... bem... fiquei uma semana na casa dele, vestido de... de mamãe Noel” disse Róique, vermelho.

As bruxas, ao tentar passar pelo cofre, foram engolidos por ele. Os duendes não iriam verificar os cofres em menos de sete anos (verificam de dez em dez, a última vez foi há três anos), mas o cheiro horroroso de queimado os fez descer e tirá-las de lá. Dementadores as levaram para Azkaban, onde cumprirão prisão perpétua. Um deles até sorriu e disse: opa, gente nova!

Peraí... dementadores não falam!

Aqui acaba a matéria, pois a jornalista Lara Lora saiu voando de lá ao ouvir um dementador falar.


Voldemort sorriu ao ver isso. Não agüentava mais aquelas chatinhas metidas em sua casa.

- Vai me ajudar a tirá-las de lá, não é, papai? – perguntou Voldy, interpretando mal o sorriso do pai. Mas Voldemort não deu o braço a torcer.

- Não posso, filho.

- Mas os dementadores te obedecem, se você pedisse...

-Ah, nem pensar! – disse Voldemort, cruzando os braços e virando a cara, fazendo pose de birrento (influência do Voldy).

Voldy saiu correndo pela casa “como sempre!” – pensou Voldemort antes de ir atrás do filho. Imobilizou-o, impedindo que ele destruísse sua própria penteadeira, em que estavam seu perfume de rosas, e, no espelho, fotos de homens, recortadas de revistas e jornais.

Jogou o filho em cima da cama e Voldy começou a chorar lágrimas de crocodilo. Chorar não, berrar. Voldemort estava ficando surdo, até que resolveu tentar dar um jeito na situação.

- Filhoooo! – gritou ele, mais alto do que Voldy, que parou com as lágrimas falsas imediatamente. – Os dementadores já devem ter dado o beijo, não adianta fazer mais nada!

Foi então que Voldy começou a chorar de verdade.

- Olhe, se você parar de chorar, te levo para passar o carnaval no Brasil, desfilar na escola de samba, você tem treinado tanto – mas, no momento em que terminou de falar, se arrependeu profundamente, afinal, estava negando aquilo ao filho há dias.

Em conseqüência, o filho já quebrara uma mesinha de vidro e o troféu que Voldemort tinha recebido aos dezesseis anos, quando denunciou Hagrid de ter aberto a Câmara Secreta, coisa que ele iria vender para reconstruir a casa e ainda guardar um pouco de dinheiro para o caso de ter que fazer mais reparos nela, como agora. Começou a chover e, com a chuva vieram as goteiras. A casa tinha teto de madeira, gasta com o tempo e, para ajudar, Voldy tacou os cacos duros do vidro e do troféu quebrado no teto, fazendo furos na madeira. E lá foi Voldemort, correr para por os baldes de um lado para o outro e passar panos no chão, para secá-lo.

Quando mencionou a escola de samba, Voldy abriu um sorriso de orelha a orelha.

- Você vai na ala da baianas, não é, papai? – perguntou, feliz da vida. Se Voldemort dissesse “Sim”, teria que pagar um mico na frente do sambódromo inteiro, dançando que nem um caranguejo. Mas, se dissesse que não, isso lhe renderia mais alguns furos no teto e mais correria na chuva. Imagina se viesse uma tempestade!

- Está bem, mas, depois que voltarmos do Brasil, você vai para Hogwarts!

- E vou montar minha própria escola de samba! – exclamou, sonhador.

Voldemort foi de cabeça baixa, para a cozinha preparar o jantar, que seria miojo, deixando o filho sonhar com sua apresentação como rainha da bateria.

- Filho, o jantar está pronto! – chamou Voldemort, cinco minutos depois, na dúvida se chamava filho ou filha.

- Pai! Já sei qual vai ser o nome da minha escola de samba!

- E qual é? – perguntou Voldemort, sem o mínimo interesse, com o queixo apoiado em uma das mãos e enrolando o macarrão instantâneo no garfo com a outra.

- Voldy’s Samba – exclamou o filho. – Escrito bem grande em roxo, num cartaz rosa Pink e, abaixo disso, num letreiro um pouco menor, em azul “Patrocinado por Voldemort”.

- O QUÊ??? – perguntou Voldemort, se assustando a derrubando o resto do miojo no chão, espatifando o prato.

- Isso mesmo! Não é uma maravilha?

-Nem pensar, garoto – disse Voldemort, furioso. – Não vou patrocinar uma escola de samba!
Ops... coisa errada a dizer. Voldy bateu com a mão no garfo, fazendo voar macarrão instantâneo na careca de Voldemort. Depois disso, começou a espernear e socar a mesa. Bateu com tudo no prato, e o miojo voou para o chão.

Agora, a cozinha estava totalmente suja de miojo. Aquele chão que Voldemort se empenhara tanto em limpar, estava agora, imundo. Ele olhou com uma cara assassina para o filho, que saiu correndo, ou, pelo menos, tentou. Escorregou no macarrão e caiu de cara na pia, derrubando toda a louça, espatifando tudo.

Restou apenas uma prato na prateleira. Mas Voldy estava se apoiando nela para tentar se levantar, acabaria derrubando-o. Na tentativa de salvar o prato, Voldemort saiu correndo, mas se esqueceu do miojo jogado no chão. Escorregou, passou uma rasteira no filho, que caiu em cima dele e foram deslizando até a porta aberta de um armário de vassouras.

Foi um barulho altíssimo de baldes de alumínio se entrechocando, cabos de madeira batendo no chão e na cabeça dos dois, produtos de limpeza se espalhando pelo chão. Ao final de toda a confusão, Voldemort estava com as cerdas duras da vassoura espetadas na cabeça e Voldy com um balde entalado.

Voldemort, com um enorme esforço, se levantou e pôs o filho de pé. Este tentou tirar o balde, sem sucesso. Então saiu as cegas pela cozinha, falando coisas ininteligíveis, pois o balde abafava suas palavras. Voldemort nem se deu ao trabalho de impedi-lo. Estava bem melhor assim.

O filho enfiou a cara na mesa e caiu de bunda em cima de um dos cacos do prato e saiu gritando com a mão no bumbum. Resultado? Bateu a cara de novo, mas dessa vez foi na parede mesmo. Voldemort foi até ele e tirou o caco. Respirou profundamente e arrancou o balde entalado de qualquer jeito. Fez tanta força para tirá-lo que, quando conseguiu, lançou o balde para trás, que quebrou a vidraça da janela.

Que tragédia! – pensou Voldemort, deprimido. – O que eu fiz para merecer isso?

- Uau! – exclamou Voldy maravilhado. – Papai, você está parecendo um cantor de rock! – completou, apontando para as cerdas espetadas na cabeça do pai, que estavam em pé.

- Ah não, lá vem mais bomba! – murmurou Voldemort, para si mesmo.

- Você poderia fazer um show, pai! Aposto que iria ganhar muito dinheiro!

Voldemort estava se imaginando de roqueiro: jeans rasgada, bota de couro engraxada, colete preto, óculos escuros, uma guitarra vermelha nas mãos e, é claro, as cerdas da vassoura espetadas na cabeça.

- Depois eu penso nisso – disse Voldemort, não queria correr o risco de ter a sala e o quarto detonados, caso dissesse outro “não”. – Agora, vá dormir, papai precisa limpar essa bagunça – completou, desanimado.

Voldy saiu da cozinha e Voldemort encostou a cabeça na parede pensando em todo o trabalho que teria limpando a cozinha. Mas quando abriu os olhos, o que viu não foi a cozinha, foi Voldy, de sua altura (em cima de uma cadeira) olhando para ele com um sorriso de quem vai pedir alguma coisa.

- Posso dormir com você hoje?

- Hã... – outro não significaria o fim do banheiro e da lavanderia. – Está bem. Vá agora, vou limpar aqui e já vou.

O filho saiu sorridente da cozinha em direção ao quarto do pai. Voldemort, imediatamente, pegou a única vassoura inteira que sobrara e começou a varrer os cacos. Juntou tudo na pazinha de plástico e jogou no lixo. Não queria demorar muito, pois não sabia o que poderia acontecer ao seu quarto.

Saiu da cozinha e foi para o banheiro.

Graças a Merlin este aqui ainda está inteiro! – pensou, verificando o banheiro, lajota por lajota. Escovou os dentes, colocou o pijama e, com muita dificuldade, arrancou as cerdas da cabeça. Apagou a luz foi para o quarto. Ao chegar lá, perdeu o fôlego em razão do susto. Voldy, com a ajuda dos Demembabás, estava pintando o quarto de rosa bebê e desenhando violetas nas paredes.

- Está lindo, não é? – indagou Voldy, ao ver o pai. – Eu achei que seu quarto estava muito morto, resolvi dar mais vida a ele.

Ao se recuperar do susto, ele se deitou, esperando que, ao acordasse, percebesse que tudo havia sido um sonho. Mas não funcionou. Acordou por volta das seis da manhã com um barulho horrível: Voldy estava martelando um prego na parede para colocar um quadro de sua autoria. Umas manchas rosas, azuis, lilases e verdes. Algumas pareciam ter sido feitas pelos Demembabás. E o quarto continuava rosa com violetas desenhadas.

- E então, pensou na proposta do show? – perguntou Voldy.

- Sim... – começou Voldemort. – Se eu te der alguma coisa, você desiste disso.

- Humm... – pensou Voldy. – Está bem, me dê o carro da Barbie!

- O quê?

- É, o carro da Barbie, assim eu posso brincar com meus novos amigos. Um tem a casa e o outro a piscina... – não terminou, pois a campainha tocou. Voldemort foi atender.

Eram dois garotos. Um estava segurando a casa da Barbie e o outro a piscina.

- O Voldy está? – perguntou o loirinho, com uma voz um tanto aguda.

- No quarto – respondeu Voldemort, carrancudo.

- Obrigada – agradeceu o moreno, com uma voz mais aguda ainda.

Ao fim do dia, os dois amiguinhos de Voldy já sabiam sambar e já tinham feito suas inscrições para a futura Voldy’s Samba. Até Voldemort foi vestido com os habituais dez quilos de panos e obrigado a sambar para os garotos.

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Luiza, fico muito feliz que esteja gostando da fic!
Tenho mais um capítulo pronto e estou trabalhando no próximo. Inicialmente, a fic teria somente quatro capítulos, mas resolvi continuá-la, então, é possível que demore alguns dias para atualizar novamente.
=)

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