A RECAÍDA
Acordo. Sinto a cabeça pesada. Tento me levantar mas não consigo. Um único pensamento passeia por minha mente: “Ele terminou comigo”.
Junto o pouco da coragem que ainda me resta e saio da cama. Imediatamente, aproveito o embalo e vou direto ao banheiro. Olho pro vaso, o vaso olha pra mim, e então faço uma coisa que nunca havia cogitado em fazer. Coloco o dedo na garganta, e depois de alguns segundos engasgando, coloco tudo de “ruim” pra fora.
Instantaneamente me sinto muito melhor, mais confiante, sem saber ao certo o porquê disso. Não tinha me acostumado. Droga, não, não me acostumei mesmo, estou tendo a famosa “recaída”.
Mas, de alma lavada, que dizer, de estomago lavado, vou tomar um banho rápido. Depois de robe, como sempre, começo a escovar meus dentes. Nem ao menos cuspi a pasta de dentes, ouço o barulhinho do meu celular. “Beija, beija, ta calor, ta calor, eu não quero só beijar, mais também fazer amor”. Penso um segundo na ironia desse toc, esse toc era pra meninas descoladas, e não pra mim, que provavelmente morreria com o hímen intacto.
Volto pro mundo e atendo telefone.
-Draco? – droga, por que espero que seja ele?
-Mione, amiga, está bem?
-Oi Gina. Toooo óoootima. argh – minto, confesso que nunca fui muito boa nisso, mas a pasta de dentes ajudou um pouco. Disfarçou a voz embargada.
-Mione, como sua amiga, tenho que te contar.-
-Contar, argh, pelllaaa - corro no banheiro, cuspo a pasta, lavo a boca e agora falo decentemente – pronto. Pode falar. – estou com um pressentimento que lá vem uma bomba daquelas.~
-Mione, tem certeza que esta tudo bem? Sua voz estava horrível.
-Não Gina, fala logo, eu estava com a pasta de dentes na boca, só isso. Agora desembucha.
-Soube que o Draco saiu ontem à noite com a Pansy. Bem, eeee e que ta com ela há um tempo.
Engulo seco, não sei o que responder. Pêra ai, até onde eu sabia o Draco tinha terminado comigo por que... bem, confesso que eu não sei o porque, não quis ouvi-lo até o final. Mas, nunca passou pela minha cabeça que ele estava me trocando por outra. Tipo, não que eu me ache a ultima coca cola do deserto, muito menos que eu me ache a ultima empadinha da festa, mas... pensei que ele ao menos, me respeitava... porra, a Pansy Parkison não.
-Mione, ta na linha?
-Sim, esqueci de falar aquele dia que fomos ao clube, terminei como Draco.
-Serio? Menos mal. Pelo menos foi você que terminou, e ainda melhor, não foi chifrada.
-É, fui eu que dei o fora nele. Cansei. Tenho que desligar agora. É o Harry na outra linha. Sabe, desde que terminei com o Draco ele não para de me ligar, tenho ate que da uns tocs nele, já ta enchendo.
E desligo. Boa, sou minha fã. Tenho certeza que a Gina ficou bem impressionada, quem não ficaria também, o Harry Potter é um gato, não um gato não é um deus grego. Pena que uma relis mortal como eu não tenho a mínima chance com ele. Ah, deixa isso para lá, o Harry é um galinha, e se Draco, que nem é tão bonito conseguiu uma garota pra me chifrar, o Harry, ixe, vai ser varias... bom, isso não vem ao caso, o importante é que consegui me livrar, pelo menos agora do posto de chifruda mor.
Mas, nem esse meu momento de extrema esperteza e inspiração, me faz esquecer do que a Gina me falou. Poxa, logo a chata metida da Pansy, não podia ser uma melhorzinha? Quer saber, agora quero saber tudinho, timtim por timtim.
-Alo? – responde Draco, curioso.
-Draco, por que? – jogo tudo na lata, comigo é assim, tudo preto no branco. Bem, nem sempre, mas essa situação é.
-Hermione, é você? – diz surpreso.
-Foi por causa da Pansy? – responde safado.
-Hermi, não me fala que contou para ela a coisa do pinto pequeno né? Não ia se vinga de mim assim. – diz preocupado.
-Garoto, deixa a sua ficção pelo seu pinto só uma vez e me fala porque. – me adoro, essa que inventei vai traumatiza o Draco pra sempre. Sabem que, pela preocupação... iii, sei não mais acho que meu chute, deu gol.
-Hermi, não tava dando mais certo. Não pensávamos as mesmas coisas, e principalmente não queríamos as mesmas coisas.
-Já entendi. – entendi perfeitamente, ele me dispenso porque não quis transa com ele, que babaca, mil vezes panaca, que bom que acabou.
-Pelos velhos tempos me faria um favor?
-Talvez – respondo com uma voz levemente maligna.
-Não deixa a Pansy ficar sabendo daquela “fama” – não resisto e rio com gosto no telefone – não que seja verdade, mas você sabe como isso impressiona as garotas.
-Vou pensar no seu caso.
E desligo. É não vou avisar a Pansy não. Os dois se merecem. Pelo medo que ele ta, ih, ela vai perder a virgindade com um pinto pequeno, se bem que aquela, de virgem nem o buraco do ouvido deve ser mais, bom isso não é da minha conta. Afinal minha via sexual, quer dizer, a minha não vida sexual já é problemática demais para ter tempo de ficar preocupada com a dos outros.
Solto então, uma risada maléfica, capaz de ser ouvida por todo o quarteirão. E assim, de estomago limpo, alma lavada e a certeza de que Draco tinha mesmo pinto pequeno, começo o meu dia me sentindo tão bem, como a tempos não me sentia.
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