Capítulo XXI
Capítulo XXI – Quase Natal...
Anne voltou para Londres dois dias depois, com a fervorosa aprovação de Pierre.
- Finalmente você parou de tentar esquecer os problemas. – ele a levara a um café.
- Ele me pediu em casamento Pierre. – ela desabafou. – Antes de desistir de mim.
- Como ele te pede em casamento e depois desiste?
- Bem, talvez porque eu tenha brigado com ele e o visto ir embora sem dizer nada.
- Mas isso era absolutamente previsível. Não conheço ninguém mais orgulhosa que você.
- Acha que eu errei ao deixá-lo ir?
Pierre riu.
- Querida, você começou errado, tudo subseqüente a isso é continuará sendo um erro.
- Eu não deveria ter começado com isso tudo. Não deveria ter me casado. – Lorainne comia a quarta torrada.
- Independente de ser casada ou não, se continuar comendo assim, vou ter que rolar você de volta para casa. – ele roubava a torrada de suas mãos. – Sei que está ansiosa, mas é melhor se controlar.
- Qual é o próximo passo, Pierre?
- Não há próximo passo. – ele suspirou – Ele não virá atrás de você.
Anne afundou a cabeça nas mãos.
- Mas você...
- Não vou atrás, Jean. – ela falou, decidida.
- ...Pode ir trabalhar na clínica.
- Não vou voltar lá, não vou conseguir.
- Então arranje outro emprego e sugiro que outro cara. – ele falou sucinto e rígido – Estou decepcionado com você, Anne. Toda a vivacidade que você tinha quando eu a conheci sumiu. Você é obstinada e orgulhosa, e isso a ofusca tremendamente. Mas não ligue para o que eu digo, afinal, como você mesma disse, é só minha intuição feminina. – ele pagava a gorjeta, retirando-se em seguida.
Lorainne terminou seu café silenciosamente. Acabara de entregar Snow a James, iria pegá-lo para passear às vezes, quando James não estivesse em casa...
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...Dois meses depois...
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Lorainne saia de seu consultório mais cedo. Desmarcara três pacientes saiu em caminhada pelas ruas da cidade. Catara nas últimas semanas todas as notícias que tivera de James, de parentes e até pelos jornais. Tentava não parecer interessada quando lia em suas entrevistas sobre seu afastamento do quadribol, ou quando lia que ele foi avistado conversando com alguma mulher.
Esperava o dia que não chegaria. O dia que ele iria atrás dela, mais uma vez. Mas ele estava certo e não há como tentar se explicar quando você está certo.
Mais uma banca e uma capa de revista. “Os dez bruxos mais desejados da Grã-Bretanha.”
Que se dane! Anne tomou o caminho oposto e imediatamente começou uma corrida fugaz.
- Próximo. – O próprio James entrevistava os futuros profissionais de sua clínica, um a um.
Lorainne abriu a porta da sala do rapaz, totalmente suada. Seus olhos ganharam um brilho estranho, ele parecia, de fato, surpreso.
- Está contratada. – ele falou antes de ela se sentar. – Próximo.
- Você entrevista ou escolhe?
- Tem razão. É formada aonde?
Ela se calou, estava perceptivelmente escolhendo as palavras. Levantou-se.
- Ah, James... – ela se virou para não encará-lo, mas desistiu e virou-se novamente.
- Malfoy...
Ela tirou algo do bolso. O mesmo embrulho que ele lhe dera há dois meses. Ela o depositou em sua mesa, ainda assustada por ter sido chamada pelo sobrenome.
- Eu tenho que dizer que eu estava tão cega. – ela abaixou a cabeça. – James, eu estava tão errada! – ela falou com uma energia incomum. – O tempo inteiro! Eu... – ela tentava desesperadamente se expressar. Ele já estava sendo possuído pela sua inquietação. – quero saber se é muito tarde pra lhe pedir perdão por todas as incontáveis vezes que eu te acusei de tanta coisa. Merlin me ajude – ela suspirou inaudivelmente, ao ver James manter-se taciturno.
- James, você me conhece mais do que eu o faço. Todas as vezes que dizia que eu era teimosa e cheia de orgulho. Você sempre esteve tão certo. – ela olhou para uma estante cheia de livros de ervas mágicas. Queria apenas não o encarar.
- Eu sou a fujona. Eu fugi a minha vida inteira. Fugi do meu primeiro beijo, do meu primeiro relacionamento e fugi quando percebi há quase sete anos que eu poderia te amar mais do que meu bom senso permitia. Ninguém me pôs em uma vassoura nem adotou um cachorro comigo. – Ela não conseguia mais segurar o choro. – Eu não poderia amar ninguém como eu te amo e isso me assustou tanto... até a tarde de hoje. Mas eu resolvi hoje que, independente de você me perdoar ou não, eu nunca mais vou tentar escapar. – ela se calou abruptamente, porque já não sabia o que dizer. - Eu te amo. Essas semanas foram uma tortura, eu perguntei por você a todos os seus parentes. Acabava as unhas quando suspeitava de que você estava em outra.
James levantou-se quando a porta bateu. Alguém percebera a demora.
- Vá à minha casa. Falarei com você lá. – ele continuou frio.
- Quando você vai?
- Quando terminar. – disse imediatamente.
Ela aparatou em casa. Tomou um banho demorado antes de ir até a casa de James.
Não se passara muito tempo desde a sua chegada quando James apareceu em seu escritório. Lorainne esperava-o pacientemente. Ele sentou-se em sua cadeira habitual e esperou, passou algum tempo olhando para ela. Seu olhar, entretanto, não transpassava nada.
Anne percebeu o quanto aqueles dois meses o tinham feito bem, ele parecia mais relaxado e seguro, e mais feliz também. Aos poucos, aquele comportamento, antes intimidador, começava a ser agradável para a loira. Pelo menos ele não estava sarcástico ou alterado, como Anne parecia sempre que ele a procurava. Envergonhou-se profundamente de sua falta de maturidade perante James, pois por muito tempo julgara sua sensatez bastante superior a do rapaz.
Ela se ergueu da cadeira, dando a volta na mesa.
- Então? Vai me perdoar? – ela falou docemente, em tom de brincadeira.
Ele abaixou a cabeça e Anne podia jurar que vira um sorriso esboçando-se no rosto do rapaz.
- Eu não sei o que dizer... – ele parecia saber exatamente o que queria dizer. Lorainne percebeu seu jogo. Havia um espaço livre na mesa cheia de jornais e papéis e ela se sentou.
- Essa mesa tem mais de 150 anos. – ele falou automaticamente. – É mogno e tem detalhes irlandeses esculpidos nas pernas. Desça daí.
- Eu sento em mesas desde pequena, mamãe vivia brigando – ela disse sonhadora, sem lhe dar ouvidos.
Ele suspirou.
- Não se sinta cansado, quem tem que estar impaciente sou eu. Não ficarei aqui para sempre James... – ela organizava os papéis em uma pilha. – você deve...
Ela se calou quando ele se levantou. Segurou a perna que ela balançava sem perceber.
- Eu te perdôo. – ele falou resumidamente.
Um sorriso se fez nos lábios da loira. Ela tomou sua mão e puxou.
- Isso não é suficiente... – falou num sussurro, descendo da mesa. Colou seu corpo ao dele, que a abraçou de leve. Anne sentiu que ele aspirava seu perfume e após fazê-lo, apertou-a contra si com mais força.
- Odeio quando você me deixa sem escolha. – ele falou-lhe ao ouvido.
- Eu acho que te dei opção de escolha, sim.
- Claro que não. – ele a beijou com ternura, demoradamente. – Você sabia que ia vencer, porque eu te amo.
- Eu não venci nada. Ainda tenho defeitos graves pra corrigir, mas acho que você me ajuda.
- A perfeita admitindo que tem erros...
- Essa frase é sem sentido.
- Você é sem sentido. – ele roçou seus lábios aos dela antes de beijá-la com um ardor maior. A saudade que aquele beijo encerrava era enorme e James, erguendo Anne do chão, colocou-a de volta na mesa, precisando, para isso, empurrar a pilha de papéis que ela se empenhara em fazer.
- Essa mesa tem mais de 150 anos... – ela repetiu, sem ar.
- Esqueça a mesa. – ele apertou sua cintura e beijou-lhe o pescoço, completamente absorto e sentindo que perdia seu controle a cada segundo. Acariciou sua cintura e descia lentamente as mãos para suas coxas quando Zigg abriu a porta. Eles se desvencilhavam de qualquer jeito. Zigg parecia chocado. Tremeu de leve.
- A Sra. Potter – ele falou constrangido – ou seria Sra. Malfoy, pediu chá.
- Obrigado Zigg, muito bom. – James agradeceu, para que o elfo não se sentisse culpado pela intromissão, pois ele mesmo estava mais vermelho que uma pimenta.
Zigg sumiu mais rápido do que entrou.
- Uma árvore mística! – Lorainne olhava através das janelas francesas. Abriu a porta que dava para o jardim lateral. Estava impressionada com sua distração. Não se lembrava de jamais ter visto aquela árvore ali, e mais espanto que causava saber que era tão grade que seus braços não conseguiam abraçar.
- Essa árvore deve ter uns trinta ou quarenta anos... É enorme. – Ele a observou se encostando ao enorme tronco, coberto de neve.
Ela é linda. Ela viu outras similares àquela.
- James, da última vez não tinha tantas árvores. – ela estreitou a sobrancelha.
- Que bom que notou. – ele sorriu. - Esse jardim é quase uma floresta de árvores. - Ele indicou uma trilha cheia de neve onde o caminho era tão longo que se perdia de vista. – Meu terreno não é desse tamanho. Isso é um feitiço. Estamos agora numa paisagem exatamente igual ao globo de neve que você me deu.
- Eu não acredito! Como conseguiu?
- Passei um mês estudando e consegui executar o feitiço. Estava esperando pelo dia em que você viria.
Ela viu que havia uma árvore de Natal inteiramente decorada. Ela caiu no choro.
- O que foi?
- Como você consegue me desculpar? Eu repassei aquelas conversas e você tinha razão, eu sempre estava ocupada demais em falar do que eu não entendia. Eu fui precipitada e estúpida.
- Loren! – ele a reprimiu, abraçando-a. – Esqueça isso. Não precisa me explicar nada, nunca precisamos nos explicar. Eu fiz uma besteira atrás da outra e é você que pede desculpas, meu amor? Então espero que também me perdoe.
Ela se aninhou em seus braços.
- Estamos sob uma árvore mística, James.
- Você é que disse que isso não existia! – ele riu.
- Você quer me beijar... anda, vai logo! – ela exclamou, mandona.
- Precipitada mesmo. – ele baixou os olhos e procurou algo nos bolsos. - Você esqueceu isso... – ele pegou um anel – numa caixinha em cima da minha mesa. – ela o viu colocando a aliança em seu dedo. – Agora espero que essa dê certo.
- Como assim? – ela olhou desconfiada. – Vai dar certo!
- Sei... – ele a beijou novamente pressionando seu corpo e acendendo o desejo de Loren. Ela percebeu que ele agora a conhecia bem demais para fazê-la sentir o que quisesse, e adorou constatar isso. James, como se nunca tivesse sido interrompido, subia-lhe as mãos de sua cintura até a curva dos seios e enterrou as mãos entre seus cabelos. Anne explorava seus lábios lentamente com a língua e apertou-o contra si, transmitindo a James todo o calor que sentia. Ele procurou novamente seu pescoço, arrancando dela um gemido baixo.
- Acho que, pela primeira vez, você não está com frio. – ele sorriu e virou-se ao ouvir um uivo longo. - Olha quem está com saudades. – ele tomou Snow nos braços, que chorou por Lorainne.
- Ele gosta mais de mim. – ela brincou vitoriosa.
Ele sorriu vitorioso quando chamou Snow e este choramingou baixinho.
- Eu acho que não...
A neve que antes caía pouco agora se intensificava.
- Vai esfriar. Vamos pra casa. – eles entraram novamente em seu escritório.
- Zigg.
- Sim senhor.
- Mesa posta para dois hoje. – Ele lançou a ela um olhar carinhoso. - A dona da casa está de volta...
N/A: Epílogo em breve ;)
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