A Trilha do Urso
CAPÍTULO 20: A TRILHA DO URSO!
- Já chegamos! – Perguntou Erick, surpreso.
- Sim! – Respondeu Antônio, que estava pousando o carro.
- Minha nossa! – Exclamou Erick. – Como foi rápido!
- Claro! – Disse Squall. – Esse carro voa muito rápido!
- Espero que não tenham trouxas para incomodar! – Disse Rachel.
- Não terão! – Disse Squall. – Mas haverá uma bela festa amanhã!
- Como você sabe? – Perguntou Anna.
- Porque é sempre assim! – Disse Squall. – Sempre tem uma festa no nosso segundo dia de férias!
- Engraçadinho! – Disse Anna. – Achei que era verdade!
- Pode ser! – Disse Squall. – Podemos ir à uma boate trouxa da cidade!
- Trouxa? – Perguntou Rachel.
- Ah! Nem se preocupem! – Disse Erick. – O Squall adora os trouxas!
- É! – Concordou Erunno. – No segundo ano mesmo, nas férias, ele fez aulas de um exporte trouxa! O nome é cacatua, sai poeira, sei lá!
- Capoeira! – Corrigiu Squall. – E no terceiro fiz Judô!
- E o que é isso? – Perguntou Anna.
- São lutas! Muito divertidas, pra falar a verdade! – Disse Squall.
- Ui bom! – Riu-se Erick.
- Vamos pra fazenda! Os meus parentes vão ajeitar os dormitórios! – Disse Squall.
- Tudo bem! – Disse Anna, e todos seguiram até a fazenda. Eles caminharam até um casebre com uma cerca do lado, lá encontravam-se muitos Hipogrifos, alguns deitados e outros correndo.
- Oi pai! – Disse Erick.
- E aí rapaz? – Cumprimentou o pai de Erick.
- Oi tio John! – Cumprimentou Squall. – Essa é a minha namorada, Anna! – Apontou para Anna. – E essa a minha irmã, Giulia! – Apontou para Giulia.
- Muito prazer! – Disse o homem, que tinha os mesmos cabelos castanhos com mechas loiras do filho, era alto e forte e usava vestes trouxas muito resistentes.
- Tio, elas querem dar uma volta em um Hipogrifo! – Disse Erunno.
- O único Hipogrifo disponível é o Halcón, e ele é muito teimoso! – Disse John.
- Serve! – Disseram Squall, Erick e Erunno juntos.
- Não, espera aí! – Disse Anna, mas quando se deu conta estava em frente ao Hipogrifo.
- A reverência, Anna! – Gritou Squall.
- Tá legal! – Disse Anna. Ela se aproximou do bicho e se curvou em uma elegante reverência. O animal olhou pra ela fixamente e retribuiu a reverência. Anna se aproximou do Hipogrifo e acariciou o bico dele. – Até que ele é bonitinho! – Disse ela.
- Muito bem, Anna, agora monte! – Disse Squall.
- O que? – Perguntou Anna.
- Monte! – Repetiu Squall.
- Tá bem! – Disse Anna. Ela botou uma perna sobre o Hipogrifo e, com a outra, deu um impulso forte, ajeitando-se no animal. O Hipogrifo não deu sinal, começou a correr velozmente pelo gramado até levantar vôo. Anna olhou para o chão e largou um grito de alegria. O Hipogrifo se curvou para a frente e pousou perto dos garotos.
- Quem era a próxima? – Perguntou John.
- Eu! – Disse Rachel, alegre.
- Muito bem, você já sabe o que fazer! – Disse John.
Depois de todos voarem no Hipogrifo, eles foram até a entrada de uma floresta, acompanhados por Antônio:
- Essa é a trilha! – Disse Antônio. – Podem ir, mas cuidado, existem muitas criaturas por aí!
- Por exemplo? – Perguntou Erick.
- Lobisomens...
- Antônio, nós somos lobisomens! – Disse Erunno, apontando para si mesmo, para Erick e para Squall.
- E eu uma Bastet! – Disse Anna.
- ...Gurahls, Corax e Nuwishas! – Continuou Antônio, sem dar ouvidos.
- Tio, você sabe que nós não nos transformamos hoje! – Disse Squall. – A lua é nova!
- Eu sei, Squall! Mas tomem cuidado! – Disse Antônio.
- Tudo bem, tio! – Disse Squall, entrando na floresta junto com Erick, Erunno, Anna, Christyne, Rachel e Giulia. Eles caminhavam tranqüilos, conversando entre si quando Squall ouviu algo se mexer pela mata:
- Ouviram isso? – Perguntou Squall.
- Ouviram o que? – Perguntou Rachel.
- Esse barulho! – Disse Squall.
- Eu estou ouvindo! – Disse Anna, demonstrando medo.
- É, eu também! – Disse Erick.
- Parece um... – Squall não pôde terminar a frase, pois um lobo saltou da mata e o derrubou no chão.
- Estupefaça! – Gritou Anna. O lobo caiu de costas no chão, ao lado de Squall.
- Que estranho! – Comentou Erunno.
- O que é estranho? – Perguntou Anna.
- Achei que esse feitiço só funcionava com humanos! – Respondeu Erunno.
- Claro que não! – Disse Squall, levantando do chão.
- Percebe-se! – Disse Erick. – Mas aquilo já é muito mais estranho! – Continuou, apontando para um urso.
- Não se movam! – Disse Squall.
- Ele não é um dragão, seu idiota! – Disse Erunno, com medo.
- Cala a boca! – Disse Squall, se virando para Erunno.
- Concordo! – Disse uma voz que não vinha de nenhum dos jovens bruxos, mas sim do urso.
- Você fala? – Perguntou Erick.
- Claro que falo! – Disse o urso. – Não sou burro!
- Você é um... – Disse Squall.
- Gurahl? Sim, sou! – Disse o urso.
- O que é um Gurahl? – Perguntou Anna.
- Eu, - Disse o urso. – guardião da Aurora, vou lhe contar a nossa historia da mesma forma que meu mentor me contou. Pode ser que você a escute um pouco diferente, mudando um detalhe ou outro, isto é comum nas historias orais, mas lhe garanto que a essência é a mesma. – E desenhou uma figura na trilha. Um homem com um urso em suas costas. – Nossas lendas contam que quando Gaia caminhava pelas estrelas, ela escolheu um brilho amarelo próximo para construir uma casa para ela; escolheu perto do calor, mas distante o suficiente do seu fogo, para que ele não queimasse as suas crianças que iriam nascer. Da mesma maneira que ela nos fez, ela executou a Dança da Criação. Com os seus passos, a terra emergiu e se espalhou para todas as direções. Ela convocou os ventos. Ela cantou, e o espírito de sua canção se tornou o fogo do centro da Terra. – Erick largou uma exclamação, mas o urso não parecia perceber. – Sentando-se nas novas terras, Gaia penteou seus cabelos e os agitou, rios vistosos e mares surgiram. Ela passou as suas mãos sobre a terra, e então tudo se cobriu com grama, árvores e flores. Então Ela convidou as suas irmãs e irmãos para visitar a sua nova casa. Estes se tornaram os planetas e a lua. Finalmente, como Ela moveu pela terra, Ela riu com alegria e chorou com a beleza que viu, de suas risadas e lágrimas surgiram as crianças para compartilhar o mundo com Ela.
- Mas, como isso seria possível? – Perguntou Squall.
- Silêncio! – Pediu Anna.
- Quando nós, Gurahl, dançamos este primeiro passo, o qual nós executamos em honra a Ela, era como se nós nos levantássemos de dentro da Grande Mãe. Como Ela nos gerou, nós nos aninhamos junto ao seu corpo morno, inalamos o cheiro verde e térreo dela. Ela nos estimulou a servir como protetores da terra, e nós estávamos contentes de nos tornarmos os seus guardiões sagrados. Nossas naturezas nos pediram para defender e proteger as criaturas que ela havia criado – inclusive os humanos. Os Garou lhe falaria que os humanos arruinaram o mundo, mas nós fomos criados para proteger as outras criaturas.
- Isso é mentira! – Protestou Squall.
- Como pode ter tanta certeza? – Perguntou o urso.
- Meu pai, Alberch, era um Garou e morreu tentando proteger os humanos! – Respondeu Squall.
- Lord Alberch? – Perguntou o urso. – Você é filho do grande Alberch?
- Sou! – Respondeu Squall.
- Então cale-se! – Disse o urso. – Essa história você deve ouvir!
- Está bem! – Disse Squall, sentando-se no chão.
- Nós não fomos os primeiros filhos de Gaia; antes ela criou três filhos. Yarn Spinner, que criava, Tapestry Maker, que arrumava e reajustava, e Pattern Breaker, que destruía para Yarn Spinner recriar. Tudo vivia em perfeita harmonia. – Disse o urso. – Vivíamos em paz, nós protegíamos os nossos pequenos irmãos sem pêlos: os ensinando, os protegendo, e os curando. Muitos de nós se sacrificaram para dar a nossa pele para eles se protegem do frio. Gaia, vendo a nossa preocupação com a sua criação, nos deu o Dom de retornarmos da morte.
- O que? – Perguntou Squall, mas o urso não respondeu, apenas continuou:
- Mas o Tapestry Maker cresceu em demasia e começou a cobrir tudo com as sua teia, a Pattern Breaker enlouqueceu de medo de ser confinada e passou a destruir tudo, o equilíbrio da dança da criação havia terminado. – Uma lágrima escorreu do rosto do urso. – Com a quebra da Dança da Criação, Gaia criou os outros metamorfos, dando a cada um deles uma função. Os Garous nasceram da dor de Gaia gerada pela corrupção da Pattern Breakers e lhes deu a função de lutar contra ela. – Squall tentou se erguer e protestar, mas Anna o impediu. – Nesta época nos ensinamos aos humanos muitos segredos, nos os ensinamos a plantar para poder sobreviver, diminuindo assim a morte das criaturas que eles caçavam, e ajudamos a retomar o balanço. Eles então criaram cultos ao urso e sociedades de cura com fragmentos de nossos ensinamentos. Nós também ajudamos os Garous, lhes ensinamos os Rituais de Passagem e Purificação; a como pedir para os espíritos lhes ensinarem os seus Dons. E os Dons Toque da Mãe e Sentir Wyrm. Também como viver em paz e tranqüilidade, esta lição porém eles não aprenderam. – Novamente, Squall tentou se levantar. – Os humanos nos respeitavam e temiam os Garous, a nós eles pediam e a nós eles imploravam. Os Garous descobriram o nosso Dom de voltar da morte e quiseram que nos os ensinássemos, o Primeiro Grande Conselho foi realizado e lá decidimos não ensinar o Dom devido aos perigos que ele representa. Eles nos acusaram de egoísmo e de estarmos sendo corrompidos. Quando a Era do Gelo começou eles nos acusaram de a ter criado por estarmos contaminados pela Wyrm e nos atacaram. Nesta mesma época muitos de nós juntamente com os Garou atravessaram o caminho de gelo para as terras puras, longe do tumulto que surgia. Entre estes Garous poucos acreditavam nas mentiras que foram contadas ao nosso respeito. Na Terra Pura Gurahl e Garous se trataram com respeito e nos associamos ao animais e humanos deste lugar. O pior veio com a "nobre" tribo Garou dos Presas de Prata, que declararam guerra a nós, e chamaram os outros metamorfos para ajudar, os Corax deram informações a eles mas também nos ajudaram a escapar, os Nuwisha fugiram, os Bastet responderam atacando eles com as suas garras e dentes, os Mokolé, Rokea, e outros que eles extinguiram se recusaram a ajudar e foram igualmente atacados. Nós somos pacifistas, eles guerreiros. Eles nos atacavam em matilhas, nós somos solitários, ou no caso de nossa tribo vivemos em pequenos grupos. Muitos nossos e deles morreram. Mas eles foram ainda mais longe. Massacraram as tribos humanas que nos admiravam e chegaram a capturar nossos parentes para nos obrigar a contar o segredo do renascimento.
- Isso é verdade? – Perguntou Squall. Sua raiva aumentou, pois o urso não respondeu.
- Os que sobraram organizaram o segundo grande conselho, neste conselho muitos desistiram de viver na Terra, abandonaram seus corpos e foram para a Umbra, principalmente para a Terra do Verão onde buscaram a felicidade e a recompensa pelo auxilio a Gaia; outros foram para os seus Dens e domínios Umbrais onde hibernaram eternamente. A Fúria esfriou e a guerra terminou, os poucos que restaram continuaram vagando e ensinando nossos Kinfolk os segredos da cura e a dança sagrada. Muitos de nós culparam Gaia, por ela ter criado os Garous. Fomos nós que fizemos tudo, e ela não impediu o nosso massacre? Eles se esqueceram que foi ela quem abriu os caminhos da Umbra para escaparmos, que foi ela que nos ensinou a nos curarmos e a voltar da morte! Eles seguiram o caminho errado, guiados pelo seu coração repleto de ódio, e muitos se entregaram à Wyrm, fazendo com que as acusações dos Garous se tornassem realidade, deste ferimento infelizmente não pudemos nos curar. – O urso baixou a cabeça e mais uma lágrima escorreu pelo seu rosto. - Um Gurahl que veio do velho mundo me contou que uma nova religião surgiu e chamou os povos que cultuavam os ursos de Bárbaros e "civilizadamente" os massacraram. Os sem pêlos também descobriram a alegria de nossa sagrada dança, mas eles a corromperam, parodiando e a transformando em um grotesco espetáculo, por isso nós quase não dançamos mais. Os sem pêlos brancos chegaram às Terras Puras e com eles um terrível maldito, o Eater of Souls. Uma tribo Garou, os Croatan, heroicamente conseguiram derrotar, mais infelizmente todos morreram. O nosso avô entrou em Geth-Rura e foi lutar contra o Urso da Morte para trazer os Croatan de volta, mas Gaia mostrou que o tempo deles havia acabado.
- E quanto aos vampiros? Os que mataram meu pai! – Perguntou Squall.
- Gaia não os criou! Quem os criou foi um homem chamado Vlad Dracul! Ele fez coisas terríveis! Foi castigado por Garous: Ele jamais morreria, mas nunca poderia deixar a luz solar iluminar seu corpo! Não poderia tocar em cruzes ou em qualquer metal! Vlad jogou uma maldição nos Garous: eles jamais poderiam tocar na prata, pois, se o fizessem, queimariam.
- Que horror! – Disse Anna.
- Apenas você, que se chama Squall, pode terminar a guerra! – Disse o urso.
- Mas você disse que a guerra acabou! – Disse Squall.
- Disse! Mas ela recomeçou! E agora os bruxos também estão nela! A Wyrm se ergueu de suas cinzas para destruir à todos transformar a Terra em um mundo de corrupção!
- Mas eu sou um meio Garou! Minha mãe é bruxa! – Disse Squall.
- Sim! – Disse o urso. – Você não possui sua vida eterna! A vida eterna dos Garou acabou, pois a maldição de Vlad fez com que os lobisomens puro ficassem com defeitos no corpo, incapacitando-os!
- Eu não intendo! – Disse Squall.
- Agora intenderá! – Disse o urso. Ele urrou tão alto que muitas aves fugiram. Squall viu o lobo que o atacou se levantar e se juntar ao urso. Logo um gato branco chegou, seguido por um corvo e um chacal. – Esses são os membros do novo conselho!
- Ouça! – Disse o gato branco. – As Crianças da Noite caminham a luz do dia despreocupadas, Porque ninguém pode rivalizá-los em sua suave majestade. Ninguém pode igualar a sua ferocidade: A selva tremula como fumaça com nossos furiosos rugidos. O Sol nos concede força para matar a chuva. Com um golpe de nossas garras podemos sacudir a terra. Ninguém pode igualar sua honra: A sabedoria da eternidade caminha sob nossos olhos amarelos. Caminhos se revelam a nossa frente na sombra das sass do Trovão, nós corremos com o Vento Sul entre as Estrelas. Ninguém pode igualar sua astúcia: A morte nos cantos sombrios sussurra segredos para nós. Nós escondemos os nomes das coisas com meias palavras e dialetos cobertos. Nós dançamos loucamente no mais escondido dos lugares. Eu me curvo a Selene e Gaia; possam seus dedos acalentar nossos parentes amados. Sou uma Bastet, e estou aos seus serviços!
- Os Filhos do Corvo – Disse o corvo – acreditam ser originários da Ásia, mais precisamente da gélida taiga siberiana. Foi ali que Corvo criou sua primeira ninhada, e mandou-os para o espaço aéreo entre céu e terra. É o sol que eles aspiram, e voam por céus perigosos para sentir sua carícia. Os Corax nem sempre tiveram penas negras - mas essa é outra história. Embora eles vivam em Gaia, eles trabalham para Hélios, levando sua luz para a Umbra negra e para os corações das criaturas de Gaia. A exposição de defeitos ocultos e segredos nem sempre é gentil, o que fez com que os Corax ganhassem muitos inimigos. Acredita-se que eles sejam os arautos da morte e das calamidades, o que faz com que freqüentemente não sejam bem-vindos. Os Garou (com a possível exceção dos Senhores das Sombras), contudo, respeitam os Corax, e sua aliança é antiga e forte. Os Theurges sábios reconhecem o valor do conhecimento sombrio transmitido pelos oráculos de penas negras, e os Ahrouns sabem que caçar com um corvo no ombro dá sorte. Os Corax têm uma longa história no Velho Mundo. Eles eram conhecidos pelos gregos e pelos celtas, e viajaram com os vikings em suas jornadas de batalha. Foi durante esses períodos que os Corax forjaram seu longo relacionamento com os Fianna e os Crias de Fenris. Quando os Garou conduziram os Puros ao Novo Mundo prometido por Gaia, os Corax os acompanharam. Depois disso, os Corax lideraram seus próprios parentes para a nova terra. Muitos se estabeleceram no Pacífico Norte: tribos inteiras de Parentes Corax ainda vivem nessa área e dirigem orações a Corvo.
- Jovem Garou! – Disse o lobo. – Volte para sua casa! Essa floresta é perigosa!
- Preciso saber mais sobre isso! – Disse Squall.
- Amanhã será o dia certo para isso! Espere até a lua nova virar crescente e nós poderemos conversar! Durante a lua sem brilho, as criaturas desta floresta atacam sem piedade! Vão! – Disse o lobo. Squall, Erick, Erunno, Anna, Rachel, Giulia e Christyne voltaram para a cabana.
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