Capítulo 11



Os garotos estavam na praia enquanto os demais aguardavam a chegada do representante do governo. Harry e Hermione sentaram-se, de mãos dadas, no terraço, preocupados demais para tirar os olhos dos garotos.
— Veja aqueles dois. O que acha que estão fazendo com a sacola? — perguntou Hermione.
— Talvez tenham levado algum vasilhame para construir castelos de areia — sugeriu Harry. — Carly costumava fazer isso.
— Pode ser — murmurou ela. Mas não parecia tratar-se de vasilhames de cozinha, e sim de pedaços de madeira. E de outras pequenas peças que dali não se conseguia distinguir. — Olhe só para eles. Será que pretendem usar tudo aquilo num castelo de areia?
Harry soltou-lhe a mão e aproximou-se da mureta.
— Que coisa estranha...
O som do telefone desviou-lhes a atenção. Dan atendeu e conversou com alguém.
— Muito bem — disse ele calmamente. Hermione sabia, por experiência, que, quando seu pai falava daquela forma, era sinal de que tentava argumentar sobre algo. — Mas por quê? — Houve uma pausa. — Entendo. Mas dará trabalho empacotar tudo outra vez. Não pode vir até aqui?
Interessado na conversa, Harry entrou no aposento.
— Quem é? — perguntou baixinho.
— O representante do governo — respondeu Dan, cobrindo o bocal.
— Pergunte o nome.
— Seu nome, por favor — solicitou o arqueólogo ao interlocutor.
— Carlos Ramirez — o homem respondeu. Dan o repetiu para Harry.
— Agora pergunte como Lupe gosta de seus ovos.
Era uma pergunta estranha, mas Dan a repassou. Após alguns segundos, a ligação caiu.
— Eu suspeitava de que isso iria acontecer — disse Harry, contrafeito. — O que ele queria que você fizesse?
— Que tirasse os objetos do engradado, encaixotasse e levasse até a cidade, para um armazém do governo.
— Isso está me parecendo uma armadilha. Devem ter desconfiado de que temos seguranças por aqui e tentaram enganá-lo, mas não funcionou. Mas não desistirão.
— O que acha que podem tentar? — perguntou, Joan preocupada.
— Não sei — respondeu ele, pensativo. — Mas a primeira providência a tomar será entrar em contato com o ministro da cultura, o verdadeiro. Posso fazer isso, se desejarem. E agora.
Harry pegou o telefone e fez um interurbano para a Cidade do México. Chamou o ministro da cultura pelo nome assim que ele atendeu. Após uma rápida troca de saudações, Hermione ouviu-o mencionar o nome Lupe.
— Lupe é a esposa do ministro — traduziu Joan, rindo ao ouvir a conversa. — Ela tem alergia a ovos.
Harry conversou durante alguns minutos com o ministro. Em seguida desligou e voltou-se:
— Ele prometeu enviar alguns homens. Chegarão dentro de duas horas e virão armados. Se o ladrão tiver grampeado esse telefone, agora deve estar com dor de ouvido.
Hermione ouvia a tudo, interessada, até que se deu conta de que haviam esquecido as crianças. Voltou-se e correu para o terraço, procurando por elas com o coração em disparada. Não as viu. No lugar onde tinham estado restava apenas um estranho monte de areia.
— Eles desapareceram! — gritou, desesperada. Harry e Dan estavam a meio caminho da porta quando ela terminou a frase. Hermione os seguiu porta afora enquanto Joan ficava, para vigiar o engradado.
Correram para a praia. Cada um tomou um rumo. Dan foi para a direita; Hermione e Harry, para a esquerda. Mas um grito vindo dos fundos do hotel os fez parar e voltar-se naquela direção. Dois homens seguravam Kurt e Carly, enquanto um outro vigiava, com um revólver na mão.
— São eles! — exclamou Hermione ao ver o rosto do homem armado. — Os seqüestradores!
— Quem está segurando Kurt é o maldito Perez — disse Dan, furioso. — Então estão juntos nessa! Soltem as crianças, seus covardes! — gritou para os homens.
Os malfeitores começaram a se mover em direção à frente do hotel, acompanhados pelo que estava armado. Hermione pensava freneticamente num meio de salvar as crianças. Não ousaria correr até elas e arriscar suas vidas.
— Não se atreva a fazer isso! — murmurou Harry, entre os dentes, percebendo-lhe a intenção. — Tenho um plano... Confie em mim.
Hermione e Dan aguardavam. Sem fôlego, não ousavam sequer contemplar o rosto apavorado dos garotos.
— Queremos apenas o tesouro maia, sr. Granger — disse Perez. — E queremos agora. Se concordar em nos entregar, devolveremos os meninos. Caso contrário, eles ficam conosco até o senhor resolver... cooperar.
— Vocês se juntaram aos ladrões, não foi? — balbuciou Harry. — Muito conveniente!
— A união faz a força, não sabia, senor Potter? — caçoou Perez. — Eles estavam fartos de trabalhar para a sua ex-mulher. Sequer viram a cor do dinheiro que ela prometeu.
— Eu devia ter desconfiado. Mas vocês não se safarão dessa. Passarão muitos anos atrás das grades.
— Temos um revólver, esqueceu, senor? — perguntou Perez, debochado.
— Têm mesmo? — indagou Harry.
Fez um gesto em direção ao homem alto, de arma na mão. O homem voltou-se e agiu com uma rapidez fantástica. Tanto que Hermione mal conseguiu ver quando ele e Harry livraram os garotos das mãos dos malfeitores e, com golpes certeiros, nocautearam os dois.
A Perez, pego de surpresa, só restou se render. Ergueu as mãos e realmente pareceu assustado com o revólver apontado em sua direção.
Dan abraçou Kurt; Harry fez o mesmo com a chorosa e assustada Carly.
— Eu seria capaz de acabar com vocês por terem assustado as crianças — disse o homem alto, com o rosto impassível. Apontava o revólver para Perez e para os outros dois estendidos no chão.
— É um mal-entendido... — gaguejou Perez.
— Só se for para você — disse o homem, com desdém.
— E então? O que faremos com esses canalhas? — indagou a Harry.
— As autoridades mexicanas cuidarão disso — respondeu ele friamente. — Seqüestro é crime inafiançável, além de ser um ato covarde. Se tivessem machucado minha filha, a polícia não teria vez. Eu, pessoalmente, acabaria com eles.
— Bem que tive vontade de fazer isso — disse o homem.
— Mas as crianças não correram perigo nem por um momento. Posso assegurar-lhe. — Fitou Perez, cujo rosto estava sem cor. — Eu poderia tê-lo liquidado sem dificuldade.
— Obrigado pela ajuda, Rodrigo — Harry agradeceu. O homem encolheu os ombros.
— De nada. Eu lhe devia esse favor. — Abaixou-se para algemar os três homens. — Mexam-se — disse, e fez um gesto com o revólver, para que caminhassem à sua frente.
— Mas foi esse homem que me fez pular o barco! — revelou Hermione. — Não ouviu quando lhe falei a respeito?
— Sei disso. Ele se infiltrou na gangue dos seqüestradores e achei melhor que ninguém soubesse. Um engano poderia ter-lhe custado a vida. Não que ele não esteja disposto a arriscá-la por uma boa causa — disse Harry. — Você está bem, filhinha? — perguntou a Carly.
— Sim, papai. Não foi excitante?
— Se foi! Ele tinha um revólver de verdade! Onde está mamãe? Ficou no hotel? — quis saber Kurt. — Preciso contar-lhe tudo!
— Mas antes a faça sentar-se — recomendou Dan. Carly acompanhou-o ao hotel.
— Então era por isso que esse sujeito estava sempre por perto! — descobriu Hermione. — Eu merecia perder minha licença de detetive por ter sido tão tola!
— Rodrigo é um excelente profissional.
— Conte-me mais a seu respeito. Trabalha para a CIA? — indagou ela, cheia de curiosidade.
Harry sorriu.
— Não sei. Nunca soube ao certo para quem ele trabalha. Quando o conheci, era mercenário, exatamente como Laremos. Estavam todos na África.
— Tudo isso que você tem falado sobre seus amigos mercenários é fonte de inspiração para meu próximo livro... — disse Hermione, pensativa.
— Então inclua algumas páginas nas quais Perez é devorado por jacarés — sugeriu Dan. — Ou, então, tragado pela areia movediça.
— Muitos anos de cadeia também não deixa de ser uma boa idéia — ponderou ela. — Não se preocupe, usarei de toda a minha imaginação. — Olhou para Harry e não conseguiu se conter: — Será que Marie tentará levar Carly de novo?
— Duvido. Quando souber que seu nome poderá, ser envolvido num escândalo internacional, provavelmente desistirá de suas ambições. Terá de se contentar com aquilo que eu resolver lhe dar.
— Ela perdeu direito à pensão quando tornou a se casar. Não é assim que funciona?
— Quando ela pede dinheiro, alega que é para Carly.
— E sua obrigação de pai. Você vai precisar de um bom advogado para resolver isso.
— Já estou providenciando —- informou Harry. Em seguida, pegou-lhe calorosamente a mão. — Assim como estou tomando providências para conseguir um juiz de paz.
Hermione sorriu, sonhadora.
— Sim, claro, um juiz de paz...
Dan, aliviado por saber que finalmente os malfeitores estavam fora de circulação, deixou-os sozinhos, concluindo que formavam um belo casal. Harry e Hermione tinham muito em comum, principalmente o gosto pela aventura.
Retornou ao hotel e encontrou Joan com o rosto sem cor, apôs ter ouvido o resumo que as crianças fizeram de tudo o que havia acontecido na praia.
— Não acredite em nada do que lhe contaram — avisou Dan, confortando-a. — É tudo mentira.
— Papai! — protestou Kurt. — Apenas a colocamos a par da situação.
— Mas vamos tratar de esquecer. Está tudo acabado.
— Ainda não — suspirou Joan. — Só sossegarei quando os representantes do governo levarem tudo isso embora.
— O cara que atacou Hermione trabalhava para o pai de Carly — contou Kurt à mãe.— Devia tê-lo visto acabar com os bandidos. Foi igualzinho aos filmes...
— Só que real — completou Carly. Olhou para o relógio com ar desolado. — Que pena, o jogo já deve ter começado. Ficarei sem saber se meu time está classificado.
— De acordo com as autoridades locais, em poucas horas o aeroporto voltará a funcionar. Então poderemos voltar aos Estados Unidos. Sabe, estou louco de vontade de estar em casa — comentou Dan.
— Digo o mesmo. Foram dias bem difíceis — comentou Joan, olhando em torno. — Mas onde estão aqueles dois?
— Na praia, namorando. Só vão se curar disso daqui a uns trinta anos.
Harry retornava ao hotel, ainda de mãos dadas com Hermione, pensativo e preocupado.
— Tem certeza de que não aceitou casar-se comigo apenas porque está iludida comigo? Talvez julgue que me ame porque sou parecido com seu astro favorito...
— Claro que tenho certeza de que o amo. Já lhe disse isso.
Ele suspirou, fitando-a intensamente nos olhos.
— Estou pensando seriamente no casamento.
— Vai desistir? — perguntou ela, sentindo-o hesitante. Harry parecia transtornado.
— Não, mas acho melhor esperar um pouco.
Apesar de ter ficado com o coração partido ao ouvir isso, Hermione sorriu.
— Se para você está bem assim, para mim também está.
— E só o que tem a dizer?
— Lamento, mas jamais permitirei que digam que o forcei a casar-se comigo. Tenho um prazo a cumprir com meu editor, e por esse motivo também me seria conveniente suspender os planos pessoais por algum tempo.
Harry colocou as mãos nos bolsos.
— Então é exatamente o que faremos. Telefono para você dentro de um mês. Então falaremos a respeito.
— Combinado.
Despediram-se na porta do quarto. Hermione procurou conter a tristeza, para evitar que os pais percebessem sua decepção.
Na manhã seguinte, os representantes do governo levaram o valioso engradado. Pouco depois, os Granger embarcaram rumo a Indiana. Hermione prosseguiria até Chicago. Harry e Carly haviam decidido ficar mais alguns dias em Cancun, despedindo-se da casa de praia.
Magoou Hermione o fato de os dois sequer terem-lhe apertado as mãos, na despedida. Harry sorrira gentilmente, desejara-lhes uma ótima viagem e prometera entrar em contato. Fora tudo.
Nos dois meses seguintes, ela não teve notícias de Harry.
Nesse meio tempo, o Atlanta Braves, time de Carly, conquistou o campeonato de beisebol. Na ocasião, Kurt recebeu um telefonema da amiga, que pouco depois lhe enviou um boné e uma camiseta da equipe. De Harry, nem uma palavra. Nem mesmo Carly mencionou o nome do pai.
Hermione havia terminado um livro e iniciara outro, cuja trama passava-se em Cancun. Voltara a assistir seu seriado favorito, lamentado a ausência contínua do seu alienígena, até que recebeu a notícia de que ele tornaria a participar do seriado. A notícia foi devidamente comemorada.
Pensava o tempo todo em Harry. Seu paradeiro era um mistério até mesmo para a imprensa, que andava novamente em seu encalço. A única notícia publicada a seu respeito apareceu num pequeno jornal, acompanhada de uma foto em que ele aparecia ao lado de uma morena, durante um elegante acontecimento social.
Hermione suspirou ao amassar a foto e jogá-la no cesto de lixo. Aquele pilantra! Fora mesmo uma tola.
Dedicava-se ao trabalho, o coração partido, sem conseguir animar-se nem mesmo com a chegada dos festejos natalinos. Chicago tinha as ruas decoradas. Rony ligou para dizer olá e contou que estava saindo com a ruiva inglesa que conhecera em Cancun. Falou dela com tanto carinho que Hermione teve certeza de que não se tratava apenas de afinidade intelectual. Ficou feliz por ele.
Certo dia, num fim de semana prolongado que Hermione passava na casa dos pais, Kurt entrou correndo no escritório onde ela trabalhava.
— Veja só isso! — exclamou.
Em seguida entregou-lhe uma revista de economia, na qual havia uma reportagem sobre um famoso empresário da área de computação, Harry Potter. Na fotografia que acompanhava o texto, ele aparecia cumprimentando um milionário texano, dono de uma grande rede de informática.
— Aqui dizem que ele conseguirá reconstruir seu império financeiro — informou Kurt. — Eu não disse?
Hermione desviou os olhos da fotografia.
— Sim, você disse. Harry ficará ainda mais poderoso.
— E você não se importa?
— E por que deveria? Ele sequer deu um telefonema nesses dois meses. É óbvio que me descartou, como se descarta um flerte qualquer de verão. Mas lhe dou razão. Ele tem potencial para conquistar as mulheres que desejar, as mais lindas do mundo. O que iria querer comigo?
Kurt ficou surpreso. Hermione era linda, e no entanto parecia não se dar conta disso. Mas ele podia apostar que Harry a achava irresistível. Carly também pensava desse modo.
O garoto queria poder dizer algo que confortasse a irmã, mas ela já voltara ao trabalho. Suspirou e retornou a seus afazeres. Perguntava-se o que Carly teria feito com as fotos tiradas em Cancun. A menina afirmara ter contatos com alguns jornalistas, que ficariam extasiados com a material. Mas, até o momento, nada. E se o pai houvesse descoberto tudo? E se houvesse recolhido as fotografias?
No dia seguinte, a primeira página de um jornal estampava a foto de um "monstro marinho" encontrado numa praia de Cancun. Tinha penas na cabeça, o corpo era de couro esverdeado e o crânio lembrava o de um boi. Cientistas disseram que talvez se tratasse de uma nova forma de vida.
Kurt comprou três exemplares do jornal na banca da esquina e voltou correndo para casa. Entrou na sala e mostrou a publicação à irmã, interrompendo uma de sua melhores cenas.
— Veja isso! — exclamou. — Esse monstro foi encontrado na praia onde estivemos!
Hermione contemplou, intrigada, a criatura no jornal. Mas, antes que pudesse fazer algum comentário, a campainha tocou.
— Vá ver quem chegou enquanto salvo meu arquivo — pediu. — Mas antes de abrir espie pelo olho-mágico.
— Deixe comigo. — Kurt assim fez. Depois abriu a porta, com um largo sorriso. — Olá!
Harry Potter sorriu para o garoto. Carly encontrava-se a seu lado, usando a camiseta e o boné dos Braves.
— Hermione está? — perguntou ele.
— Sim. Está trabalhando no escritório de papai. E por ali — indicou o menino.
Embora a voz de Harry já tivesse anunciado sua presença na casa, Hermione percebeu o coração disparar ao vê-lo. Sentira falta dele naqueles dois meses.
Harry sorriu ternamente e estendeu-lhe os braços. Ela correu e abrigou-se neles. Ergueu a cabeça e beijou-o apaixonadamente.
— Creio que não será necessário perguntar se sentiu minha falta — constatou Harry. — Mas isso acabou. Creio que não será difícil conseguir a licença de casamento. Podemos tê-la em três dias, mas, se achar que é muito tempo, voaremos para o México e nos casaremos hoje. Você escolhe.
— Prefiro que seja aqui — disse ela, sem pestanejar. — Assim meus pais e Kurt poderão assistir à cerimônia.
Ele assentiu.
— Também prefiro que seja assim. Não tenho muitos amigos, mas gostaria que estivessem presentes.
Hermione ergueu a mão para tocar-lhe o rosto.
— Você parece cansado...
— E de fato estou. Esses dois últimos meses têm sido um inferno. Mas valeu o esforço. Consegui recuperar parte de minha fortuna. E Marie nos deixou em paz.
— Excelente notícia. Como foi que conseguiu que ela lhe desse sossego?
— Voei para a Grécia com meu advogado e conversei com ela sobre Carly. Seqüestro é crime grave e inafiançável. Avisei-a de que bastaria um telefonema e as autoridades mexicanas encontrariam um meio de pedir sua extradição. Marie desistiu de suas artimanhas e concordou com o que lhe ofereci. Terá direito a visitar a filha ocasionalmente, mas, cá entre nós, creio que não usará esse direito. Quanto a Carly, não parece nem um pouco entusiasmada com a idéia de ir à Grécia visitar a mãe.
— Ainda bem que tudo terminou. Mas você poderia ter ligado, enviado alguma notícia. Eu estava desesperada.
Ele sorriu.
— Eu queria ter certeza de que você me amava.
— Mas eu o amo!
— E eu a adoro. Mais do que tudo na vida.
Enlaçou-a e beijou-a com ternura, interrompendo a cena ao ouvir a voz das crianças.
— Deixe-me adivinhar —- disse Kurt, zombeteiro, ao vê-los abraçados. — O casamento está de pé novamente, acertei?
— Acertou — concordou Hermione.
— Que legal! — gritou Carly. — Papai agora não ficará mais triste.
— Hermione tampouco — disse Kurt, sorrindo para a irmã. Harry olhou os rostinhos felizes das crianças e depois fitou a noiva.
— Leu o jornal de hoje? — perguntou.
— Sim, Kurt me mostrou. Uma estranha criatura marinha foi encontrada numa praia do México.
— E o que achou disso? — indagou ele, pegando um recorte que trazia no bolso.
Kurt e Carly ficaram inquietos.
— Bem, na verdade achei familiar...
— Reconheceu a mangueira cortada? As penas? O couro? — Não acredito! — exclamou Hermione, olhando para os garotos.
—- Ouça, papai... — Carly começou a dizer.
— Cobrimos tudo com areia depois de tirar as fotos — explicou Kurt. — A maré deveria ter levado para o alto-mar. Não sei o que aconteceu.
— E por que fizeram isso?
Carly mordeu o lábio, olhou para o amigo e tirou um cheque do bolso.
— Bem, este é o motivo — justificou.
Kurt desdobrou a folha e, quase engasgado, entregou-a à irmã.
— Está brincando! Mas essa é uma quantia altíssima!
— Bem... eu não tinha certeza de que papai iria conseguir o dinheiro de volta — revelou Carly. — Então, tive essa idéia. Construímos um mostro e vendemos a foto a um desses jornais sensacionalistas. Eles adoraram! Vou dividir o dinheiro com Kurt, mas, mesmo assim, creio que é suficiente para garantir meus estudos até a faculdade. Nossos estudos!
Harry estava indeciso entre deixar-se levar pela emoção ou cometer um homicídio.
— Isso é uma fraude! Precisa devolver o dinheiro e se retratar por escrito!
— Contei isso a eles na carta que escrevi — assegurou-lhe a garota. — Tenho uma cópia. Mas disseram que não tinha importância, que era uma super farsa! — Colocou a mão na cintura e fez uma pose engraçada. — Preste atenção, papai. Acredita que Elvis esteja morando em Marte, como eles publicaram na semana passada?
Todos caíram na risada.
— Ela teve a quem puxar — disse Hermione. — Afinal, é sua filha!
— Também será sua assim que eu colocar a aliança no seu dedo.
— Homem de sorte... — comentou Carly com um sorriso irresistível.
— O sortudo aqui sou eu — protestou Kurt. — Pense em quanto iremos nos divertir juntos.
Harry e Hermione olharam para a foto no jornal, depois para as crianças.
— Escolas particulares para os dois — sentenciou Harry.
— Em estados diferentes — acrescentou Hermione. Os garotos se entreolharam, rindo.
— Não faz mal. Temos as férias — disse Kurt.
— E os feriados — acrescentou Carly. Em seguida, saíram correndo.
Harry pegou Hermione pela mão, conduziu-a novamente ao escritório e fechou a porta.
— Creio que estávamos discutindo nosso casamento quando aqueles dois nos interromperam. Onde foi que paramos mesmo?

FIM

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N/A: É muito feliz e muito deprimente terminar uma fic... Agradeço a todos q leram e comentaram, espero q tenham gostado!

Pra quem não sabe, tenho uma outra fic q se chama "O Estranho da Casa ao Lado" ( http://fanfic.potterish.com./menufic.php?id=25137 )

Tenho planos de começar uma nova em breve, qualquer novidade aviso aqui.

BjO a todos e vou sentir saudades!

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