Segredos em Hogwarts
13> Segredos em Hogwarts
_ Viram a reação dela? – falou Rony, estupefato – Harry, e se aquela águia for alguma Maldição, uma azaração do Voldemort?
_ Não sei, Rony. – Harry estava confuso e assustado. Nunca vira a diretora tão atordoada – Eu nem sei mais o que pensar. Eu vi... Mesmo que por alguns segundos, eu vi outra pessoa. Eu não a enxergava, mas ela... Ela me deu a mão. E eu me senti bem.
_ Harry... – Hermione viu a expressão assustada e, ao mesmo tempo, contente de Harry – talvez seja uma armadilha, um feitiço ilusório.
_ Harry, acho que não devemos confiar. – sussurrou Rony, como se tivesse medo de ser ouvido pela águia – eu sei que ele nos salvou e tudo o mais. Mas tudo isso pode ser premeditado. Ele está tentando dominar você, Harry. Não pode deixar!
_ Se fosse alguma coisa boa, McGonagall não tinha se mostrado tão apavorada – argumentou Hermione – Por hora, eu sugiro que não tente pensar em Voldemort, em Horcrux ou em qualquer outra coisa ligado a isso.
_ Mas estou vivendo tudo isso! – revoltou-se Harry – Eu to cansado de fugir, me esconder! To cansado de ter estranhos dentro da minha cabeça! Eu quero que isso pare!
_ Todos queremos. – falou Gina – Harry, estamos aqui com você, sempre que precisar. Pelo menos uma vez, tente não se preocupar tanto com isso. Já demos bons passos em algumas horas do que em dias. Relaxa, ok? Prepare suas aulas, enquanto eu, Rony e Hermione tentamos descobrir alguma coisa na biblioteca.Talvez descobrir que coisas são capazes de penetrar na mente de alguém.
_ Eu tenho o passe livre da biblioteca do ano passado – falou Hermione – Temos acesso livre, podemos pesquisar, enquanto você prepara suas aulas. Não se preocupe. Confie em nós.
Harry olhou para os três. Desde o dia em que fizeram o laço de amizade entre eles, pareciam estar muito mais próximos. Seus pensamentos eram um só, suas idéias eram compatíveis. Não importa quantos estivessem em sua cabeça. Harry sabia que tinha muita gente em quem confiar ao seu lado. Saindo de seu devaneio, olhou para Rony, que lhe chamou:
_ Hei, Harry. Vai pra sua sala, lê os seus livros e prepara uma boa aula, e não se esqueça de pegar no pé dos sonserinos. Enquanto isso, deixa a A.D. se preocupar com o resto. Temos mais alguns dias.
_ Não sei o que eu faria sem vocês... – Harry disfarçou um soluço e abraçou os amigos – minha família...
_ Ta, agora vai. – falou Gina – antes que eu comece a chorar.
Harry se despediu dos amigos, enquanto Rony, Hermione e Gina corriam para tentar reagrupar os alunos. Afinal, desde os últimos acontecimentos, os alunos viajavam cada vez mais cedo para a escola em Hogwarts, não para se sentirem protegidos, mas para protegerem a escola. Desde a chegada de Harry naquela escola, ele havia despertado nos alunos uma coragem invencível. Estavam prontos para duelar em defesa dos colegas e da escola.
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Harry se encontrava sentado em sua escrivaninha de sua sala, preparando exercícios, grifando textos e anotando tópicos importantes em um pergaminho. Enquanto isso, Rony, Hermione e Gina estavam na sessão reservada da biblioteca, observando os livros que mais lhe convinham com a situação de Harry. Embora existissem centenas de livros, Hermione suspeitou que o caso do amigo não fosse algo que se encontrava em livros.
_ “Descubra quem está dentro de sua mente”... Eu jurava que vi um livro assim. – debochou Rony – Sério, pessoal. Conhecemos Harry e suas, digamos, anormalidades que ultrapassam a barreira do anormal. Não vamos encontrar nada aqui.
_ eu não vou desistir – falou Gina, erguendo a varinha, jorrando uma pequena luz prateada – nós prometemos. Fizemos um pacto de amizade.
Hermione e Rony assentiram. Fervorosamente, começaram a procurar qualquer coisa que pudesse orientá-los no caso de Harry.
_ Encontrem qualquer coisa similar. – falou Hermione – Vejamos, ligações mágicas entre bruxos... Ligações psíquicas, coisas do tipo. Tem que haver alguma coisa.
Rony correra para as últimas prateleiras de livros, os mais pesados e antigos. Gina olhava os livros mais altos, enquanto Hermione buscava nas prateleiras mais a frente. Recolheram uma porção de livros antigos e empoeirados.
_ Locomotor livros! – ordenou Hermione para uma fileira bem organizada em uma das prateleiras. Os livros voaram rapidamente para a mesinha de marfim.
Gina realizou o mesmo feitiço mas, quando Rony tentou faze-lo, os livros se atiraram como balas de canhão, atrasando o grupo, que tiveram que organizar tudo antes que Madame Pince aparecesse.
Após um longo tempo colocando livros nos lugares, finalmente se sentaram à mesa e puderam, enfim, folhear alguns. Todos estavam cobertos por uma fina película de poeira, o que não foi problema para Hermione. Com um breve aceno de varinha, a poeira se dissipou no ar.
_ Bem, vejamos o que temos... – murmurou Hermione – “Mentes Abertas: Bruxos sábios da revolução”. Não. “Mentes Conturbadas: Auto-ajuda para Cerbelária”. Francamente! Foi você quem pegou Rony?
_ Eu achei que...
_ Não ache. Leia o título por inteiro. Isso só vai nos atrasar mais.
Eles continuaram com a pesquisa e vararam a noite nisso. Havia uma pilha com mais de trinta livros dispensados na mesa ao lado. Seria uma noite conturbada.
_ Acho que esse pode ajudar. “Parasitas da Mente: Feitiços Antigos Avançados Para Domínio Mental”. – Gina folheou-o – Vejam o tópico... “Vozes nas mentes”.
_ O que mais diz? – perguntou Hermione, abandonando um exemplar de “Aprofundando na Mente de um Gigante”.
_ “Sintomas causados com o feitiço ‘Vox Mentis’. Consiste na indução do hospedeiro em realizar tudo o que a voz lhe ordena. Geralmente, o humano afetado é considerado louco antes mesmo de se constatar um ‘Vox Mentis’”.
_ Esse não ajuda. – replicou Hermione – Também somos capazes de ouvir a voz, e Gina também a ouviu uma vez. Vejamos outro.
_ Esse aqui. – foi a vez de Rony – “Mistérios que Rondam a Mente e Seus Habitantes”. Não faço a mínima idéia do que quer dizer.
_ Me passa isso aqui. – falou Hermione, rispidamente – deixe-me ler.
“A mente humana guarda os segredos mais obscuros em todo o mundo, tanto bruxo quanto trouxa. Acreditava-se que, na mente dos bruxos, habitava-se seres mágicos que forneciam aos seus donos o poder de usar magia, dominar varinhas e vassouras. Essa teoria não foi extinguida em menos de três anos, após provar que um bruxo tinha uma capacidade singular de produzir magia, sem a ajuda de nenhuma fonte dentro de sua cabeça. Apesar disso, acredita-se que a mente possui passagens para o conhecimento universal, mas nenhum bruxo foi capaz de fazê-lo. Foi comprovado, ainda, que existe uma anomalia, a chamada ‘Anomalia da Mente presa’, ou ‘Vici Vox Mors Corpus ’, que acontece quando uma mente nasce, mas não é capaz de formar um corpo. A mente se aprisiona em um corpo fraco e sem domínio mental. Os trouxas também são vitimas de tal anomalia e, erroneamente, nomeiam essa doença como ‘dupla personalidade’ ou ‘desvio de personalidade’”.
Eles se encararam e pousaram seus olhares no livro.
_ É mentira, não é? – falou Rony – Digo, como isso pode acontecer?
_ Não sei... me parece tão...
_ Idiota! – protestou Gina – a mente do Harry não é fraca.
_ Não é, mas Voldemort pode ver os pensamentos dele.
_ Isso é só parte da ligação. Harry também pode ver a mente dele. – afirmou Rony.
_ Gente – começou Hermione – não estou dizendo que Harry tem a mente fraca. Mas vocês ouviram, “Uma mente que se forma sem corpo”. Quando Harry destruiu Voldemort, pode ser que a mente não tenha sido destruída. E se a mente estiver no corpo do Harry?
_ Impossível. – falou gina, secamente – Por que ele tentaria nos salvar?
_ Por que queria o Harry vivo. – falou Hermione convicta.
_ Então como explica os ataques? – perguntou Rony, desafiando-a.
_ É o Harry que tem o Voldemort na mente, não os Comensais. Talvez... Esqueçam, tem razão. Lembrei que eu também vi... Mas...
_ Mas...
_ Não era o corpo do Voldemort. Era de outra pessoa... – murmurou Hermione, pensativa – vamos continuar a procurar. Talvez encontremos alguma outra coisa. Vou anotar aqui, por via das dúvidas.
Hermione pegou um pedaço velho de pergaminho e escreveu “Vici Vox Mors Corpus: anomalia em que mente sem corpo hospeda corpo já possuído por uma mente”. Passaram mais alguns livros sem importância para a outra mesa e continuaram a procura.
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Harry estava praticando os feitiços para estar impecável no primeiro dia de aula. Estava realizando um Feitiço da Desilusão quase perfeito quando, diante de seu corpo translúcido, ele se lembrou do que lhe fizera adiantar seu jantar naquela mesma noite. A capa da invisibilidade e o Mapa do Bichano. Como pudera esquecer de algo tão importante?
Harry enfiou a mão na jaqueta e tirou a capa que herdara do pai. Não sabia ao certo o que fazer. Simplesmente jogou a capa em cima de seu corpo e, enfiando a mão no outro bolso, tirou o rolo que escondia o segundo Mapa do Maroto. Abriu-o e esperou.
Aconteceu automaticamente. O pergaminho se desdobrou e deixou escorrer uma tinta vermelho-sangue por todo o papel. A tinta foi penetrando no mapa, deixando alguns traços e letras visíveis. Harry sentiu um mau presságio, vendo aquele papel escorrendo tinta como se fosse sangue. Da grande hemorragia, surgiu um mapa de algum lugar.
Acima estava escrito “Com os Cumprimentos de R.A.B., ou Bichento para os íntimos”.
Aquelas palavras desceram em seu estômago como se tentasse digerir uma pedra. As letras em vermelho brilhavam mais agora. RAB. Harry se lembrara da foto do padrinho e do pai ao lado de Régulo. Nunca imaginara tal coisa. Um dia Régulo Black estivera no grupo dos Marotos. Ele era Bichano. Algo, no entanto o intrigava. Nunca, ouvira falar no quinteto da escola. Só conhecia o quarteto de Hogwarts: Tiago Potter, Sirius Black, Remo Lupin e Pedro Pettigrew. Nunca lhe ocorrera um quinto elemento, Lupin e Sirius nunca mencionaram nenhuma palavra a respeito.
Aquele momento, entretanto, não era hora de entrar em conflito com a própria mente, dizendo se R.A.B. era ou não um Maroto. O que mais lhe intrigava era o desenho do mapa. Nunca vira um lugar como aquele. Era repleto de salas circulares, corredores curvos, até mesmo salas hexagonais, jardins e uma estufa. O mapa não mostrava ninguém caminhando. Sentiu-se desapontado em ver que, mesmo queimando alguns neurônios, não adiantara nada, pois não sabia de onde era o mapa e quem caminhava sobre ele. A única palavra escrita dentro do mapa era “Eragon”.
Harry suspeitou que pudesse ser algum vilarejo da Grã-Bretanha ou alguma outra escola escondida em algum país. Só havia uma pessoa que poderia lhe responder essa questão: Hermione. Ele guardou o mapa enrolado na capa dentro se deus bolso. Saiu de sua sala aos tropeços e irrompeu do corredor, trotando como um testrálio.
Quando ele os encontrou, estavam na sessão reservada da biblioteca, suas expressões cansadas e desanimadas. Harry notou que haviam pesquisado em, pelo menos, cem livros. Mas sabia que a notícia seria de bom grado.
_ Pessoal! Eu descobri! O Mapa se abriu, e Bichano é, na verdade Régulo Arcturo Black!
Dito e feito. A notícia agiu como uma poção revigorante em seus amigos. Eles se puseram de pé, com olhares ansiosos. Harry pediu que sentassem e, passo-a-passo, explicou como compreendera a forma de ler o mapa e como descobrira sobre régulo, lembrando-os da foto que encontraram no Largo Grimmauld, número doze. Harry jogou a capa por cima das cabeças dos amigos e, abrindo o mapa, todos viram o pergaminho sangrar e revelar um mapa.
_ Hermione. – falou Harry – preciso saber o que é Eragon. Está escrito bem aqui. Não sei como se faz para ver quem está andando por lá, mas acredito que essa palavra possa ser a chave.
_ Bem... Talvez algum livro aqui possa me ajudar.
_ Ah, nem vem! – retorquiu Rony – Foi um sufoco carregar todos os livros pra mesa!
_ O s que você derrubou, você quer dizer! – resmungou Gina.
_ Deixe-me tentar uma coisa. – Hermione ergueu a varinha e ordenou – Accio Eragon!
Um baque ecoou atrás de uma das prateleiras de livros. Alguns caíram no chão, outros apenas deslizaram para o lado. O livro pousara nos braços de Hermione. Sua capa reluzia um brilho dourado, titulado “Eragon”. Hermione deu uma risadinha de satisfação, enquanto Rony fazia cara de muxoxo.
_ Vejamos o que tem aqui. – falou ela – Eragon... Vejam, é sobre Hogwarts... Há 200 anos a.C.!
_ Como é?
_ Isso mesmo. – confirmou Hermione – deixe-me ver o que está falando.
Hermione examinou um bocado até dizer, finalmente, com desânimo.
_ Eragon foi o nome dado a um Salão especial de Hogwarts. Mas ele foi destruído há mais de mil anos. Vejam que interessante... Aqui nem sempre foi um castelo com finalidade de ensinar. Vejam a foto do primeiro castelo – pela foto se via um castelo muito mais alegre e vistoso – mas foi demolido assim que a família SpellCaster morreu. Desde aquele dia, nunca mais viram o Salão Eragon. Vejam o mapa do salão.
_ é idêntico ao do Bichano. – comentou Gina – Vejam. “Eragon” escrito bem aqui, igual ao mapa.
Harry sentiu-se desapontado. Afinal de contas, régulo simplesmente copiara o mapa de um livro. Era algo desnecessário. Hermione leu as entrelinhas.
_ “O Salão de Eragon guardava um segredo que deveria ser escondido a sete chaves. Diziam, também, que suas paredes foram erguidas com pedras de Saturno.”
_ Ta, e o que tem isso? – perguntou Rony, mais uma vez expressando sua ignorância.
Dessa vez foi Harry quem respondeu. Estivera lendo mais do que o normal desde o momento em que ficou sabendo que seria professor.
_ A pedra de Saturno é uma pedra extremamente resistente. Não existe feitiço conhecido capaz de destruí-la.
_ Mas a sala foi destruída. – falou Gina.
_ Não. – corrigiu Hermione – Aqui diz que nunca encontraram destroços da sala. Ela desapareceu assim, no nada... Em meio aos escombros.
Harry ficou olhando os mapas em suas mãos, sentindo que havia algo faltando nessa história. “Segredo guardado a sete chaves”, “Agora que sei o que aquele lugarzinho esconde”... Eragon ainda existia, em algum lugar.
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