De Volta ao Conto de Fadas
7 – De volta ao Conto de Fadas
Chegando na biblioteca, Harry foi direto para a estante onde retirara o livro "Por dentro da história – como participar de uma narrativa em tempo real". Mas o livro não estava mais lá.
– Quem mais se interessaria por um livro desses? – perguntou Harry.
– Aliás – começou Rony – Como é que de repente você virou tão estudioso?
– He-he-he, influência da Mione, acho. – respondeu Harry sem graça.
– Ah, parem vocês dois! – exclamou Gina nervosa – Harry, não tem mais nada que possamos fazer? E se rasgar o livro? Isso deu certo com o diário de Riddle.
– Mas não vai dar certo aqui – respondeu Harry, agora sério – Se rasgarmos o livro, a Hermione ficará presa...
– E se eu voltar? – perguntou Rony.
– Aí você tem que conseguir terminar a estória. Pelo menos uma delas.
Rony tomou o livro das mãos de Gina e folheou a estória em que Hermione estava.
– É "Rapungel"...
– Rapunzel, Rony! – exclamou Gina.
– É, isso... – continuou ele, ainda folheando. Até que parou, desanimado – Essa está rasgada... Harry, por que você não pegou um livro decente, hein?
– Esse livro estava largado no meu quarto lá em Privet Drive; era de Duda. Acho que ele não gostou muito e rasgou algumas partes. Mas deve ter uma estória aqui que não esteja rasgada...
E Harry pegou o livro das mãos de Rony e começou a folheá-lo. Encontrou uma estória que não tinha nenhuma folha faltando.
– Essa aqui! – disse ele apontando para o título – A Bela Adormecida.
– Que títulos bobos os trouxas inventam... – disse Rony exasperado.
– É a solução que temos. – disse Harry. E, virando-se para Gina, acrescentou: – Viu? Se tivéssemos deixado as coisas rolarem, eles sairiam do livro. Os dois. Juntos.
– Ah, Harry! – exclamou Gina envergonhada – Mas também podíamos ter bolado uma maneira melhor para unir os dois.
– Eu prefiro que vocês fiquem fora do nosso assunto, se não se importam – contrariou-se Rony – Harry, você tem como me colocar nessa mesma estória em que a Hermione está?
– Tenho sim. – respondeu Harry – Mas eu não tenho certeza se vai dar certo, Rony. Nunca tentei isso antes.
– Vamos arriscar – insistiu Rony decidido.
E os três saíram da biblioteca em direção à primeira sala desocupada que encontrassem, a fim de fazer com que Rony voltasse para o livro.
– Você entendeu mesmo o que lhe explicamos, não é mesmo, Rony? – perguntou Harry pela décima vez durante aquele minuto – Não tente modificar nada da história!! Apenas atravesse os arbustos gigantescos com seu cavalo, lute contra o dragão e salve a princesa, quer dizer, a Mione com um beijo.
– Um beijo? – perguntou o ruivo ficando com o rosto quase da mesma cor que os cabelos.
– Um beijo puro e inocente. Um simples toque de lábios... – disse e, sorriso marotamente, continuou – Você já beijou a Mione antes, não será algo como seu primeiro beijo...
– Certo!! Entendido... Vamos lá!! - confirmou convicto.
– Harry, não há uma maneira de fazer com que eles passem direto para a estória da Bela Adormecida? – perguntou Gina.
– Não... – respondeu Harry – No máximo, o que eu posso fazer é mandá-lo para a estória em que ele parou.
– Alguém pode me dar uma mão aqui? – perguntou Rony impaciente – Eu quero entrar logo nesse livro, pra sair logo, entendem?
– Tudo bem, Rony. – disse Harry – Eu já descobri qual foi o problema.
– O QUE? E qual foi?
– Olha. – disse Harry indicando a figura onde estava Mione e a página seguinte – Na hora em que abrimos o livro, vocês iam mudar pra outra estória. Daí ocorreu que um saiu e outro ficou.
– Ah, tá. – Rony entendeu – Então é só entrar nessa mesma página e buscar a Mione, partimos para a outra estória, temos um final feliz e voltamos.
– Só mais um aviso antes de ir - disse Harry já preparando sua varinha.
– E o que é? - perguntou novamente Rony, já cansado de tantas regras.
– Talvez a Mione não te reconheça – respondeu Harry – Calma! Eu explico: como ela ficou presa, ela agora faz parte do faz-de-conta. É bem capaz que ela o reconheça em Rapunzel, mas na próxima estória não.
– Ah, que ótimo...
– Mas se a estória terminar e só Rony puder voltar? – perguntou Gina.
– Só quando a estória terminar é que o feitiço se quebra; a Mione não faz parte da estória. Ela vai conseguir voltar com Rony e só quando chegar aqui é que recupera a memória.
– Então vamos! – disse Rony nervoso.
Harry repetiu o feitiço e Rony se viu novamente no cenário de Rapunzel. Estava fora da torre e não entendeu muito bem por quê.
– Ué? Já não deveríamos estar em outra estória? É melhor eu ver se a Mione está bem... – e chamou pela “amiga” – Mione? Quero dizer... (como é mesmo o nome?...) Ah! Rapunzel?
Uma trança enorme saiu de dentro da janela, caindo até o chão. Embora Rony não pudesse ver Mione, ele pensou que ela o esperava e ia contar o plano de Harry o mais rápido possível, antes que a estória mudasse.
Mas chegando ao parapeito da janela, Rony teve uma grande surpresa ao ver a bruxa segurando os cabelos de Mione.
– O que aconteceu com a Mione, digo, Rapunzel? – perguntou ele antes mesmo de subir.
– Ela se comportou muito mal comigo... – respondeu a bruxa – Por isso eu a bani. E agora, meu jovem príncipe... Você será punido também!
E com uma risada irritante, ela soltou a trança, sem dar chance de Rony se apoiar melhor na janela, fazendo-o se desequilibrar e cair.
Nessa hora, Rony foi envolvido por uma luz e caiu no chão. Mas estava em outro cenário e com roupas diferentes. A torre desaparecera e ele agora estava numa floresta.
– Será que estou na estória certa?... – perguntou ele, até que avistou um castelo ao longe. Pareciam festejar alguma coisa e ele resolveu ver do que se tratava.
Rony alcançou o castelo e ao passar por entre os guardas, eles o saudaram com uma reverência. Adentrando o castelo, encontrou finalmente o Salão Principal, onde havia dois tronos ocupados por um rei e uma rainha; entre os tronos, havia um berço.
Três fadas estavam ao redor do bebê, uma menina de cabelos castanhos. O formato do rosto parecia familiar a Rony.
– Mione? – perguntou-se incrédulo – O Harry não falou nada dela ser um bebê!
As fadas apontavam suas varinhas para o bebê e davam seus presentes: beleza e virtude. Quando a terceira fada ia dar o seu presente, surge do nada uma mulher, que Rony deduziu ser a bruxa que Harry mencionara ("ele disse que havia uma bruxa má" – pensou ele).
Por não ter sido convidada, a bruxa lançou uma maldição para a princesa.
– Que bruxa temperamental – comentou Rony – Só por causa de um convite, lança uma maldição?
A bruxa profetizou que em seu décimo quinto aniversário, a princesa furaria o dedo numa roca de fiar (para quem não sabe: é uma máquina de costura antiguíssima) e morreria. Depois, soltou uma gargalhada estridente ("por que elas sempre têm que rir assim?” - pensou Rony, tapando os ouvidos) e desaparatou.
Rony pôde, então, ouvir a terceira fada se dirigir ao rei:
– Majestade, não tenho poderes para reverter a maldição, mas tenho como modificá-la. – e apontando a varinha para a princesa, completou – Quando completar 15 anos, a princesa furará seu dedo numa roca de fiar, mas ao invés de morrer, vai cair num sono profundo, que durará 100 anos. Assim que ela adormecer, as pessoas que ama dormirão também, para que assim, daqui a 100 anos, ela possa se reencontrar com sua família. O encanto só será quebrado antes desse prazo se ela receber um beijo de seu amado.
– Ah! Então é aí que eu entro... – disse Rony, sorrindo timidamente.
De repente, o cenário passou a se modificar. Apenas Rony permanecia o mesmo, mas ele percebeu que era como se tivessem passado anos desde aquela festa.
Ele se viu novamente fora do castelo. E ele pôde ver Hermione de uma das janelas, olhando a paisagem...
Mesmo não sabendo se era exatamente aquilo que deveria fazer, o ruivo atravessou o jardim e se aproximou da princesa lentamente.
– Olá... Ahhn... Bela moça – era estranho dizer aquilo, mas as palavras e os atos lhe vinham a cabeça como se em um comando.
Hermione assustou-se e olhou para o “príncipe” a sua frente.
Rony permaneceu calado diante da janela. Não sabia qual seria a reação de Mione, se ela o reconhecia ou não. Ela o encarou um pouco confusa e sumiu janela adentro.
– Será que eu dei uma bola fora? – perguntou-se Rony.
Então, ele resolveu caminhar para o interior do castelo. Foi novamente recebido pelos guardas com uma reverência e adentrou os jardins do palácio. Hermione estava lá, à margem de um lago e com um olhar perdido. Rony resolveu se aproximar novamente. Pegou uma rosa do jardim e foi até o lago.
– Hum... será que incomodo? – perguntou hesitante, oferecendo a rosa.
Hermione levantou os olhos para ele e o encarou um pouco assustada. Por fim, sorriu, aceitando a rosa e respondeu:
– Não, pode ficar à vontade.
Rony sentou-se ao lado dela, que continuou encarando o garoto, como se quisesse descobrir algo.
– Eu... – começou ela – Nós já fomos apresentados?
– Talvez. – respondeu Rony sorrindo. Harry tinha razão, Mione perdera a memória.
– Sinto que o conheço de algum lugar, há muito tempo...
“Cinco anos, para ser exato", pensou Rony. Decidido a terminar logo a história, perguntou:
– Então... Onde está o dragão?
– Que dragão? – perguntou Hermione em resposta. – No nosso reino não há nenhum dragão...
“Acho que eu devia ter perguntado pro Harry o desenrolar dessa trama....", pensou ele, novamente.
– Errr, acho que me enganei. – tentou corrigir ele – É que ouvi dizer que tinha dragões nas redondezas...
Hermione riu. Rony não pôde deixar de admirar seu riso, ela ficava realmente bela quando estava feliz. Então ela falou:
– Dragões não há, mas vai haver uma festa amanhã.
– É mesmo? – perguntou Rony, torcendo para que essa estória não tivesse mais nenhuma página rasgada. – E o que vão comemorar?
– Meu aniversário de quinze anos – respondeu Mione; Rony tremeu. Segundo a maldição da "bruxa má", Mione, ou melhor, a princesa cairia num sono profundo e finalmente ele iria quebrar o feitiço com um beijo.
“E onde entra o dragão?" Pensou ele confuso.
– Você está convidado, se quiser vir. – disse Mione, levantando-se e correndo para o interior do castelo.
– Será que na época medieval todas as meninas agiam assim? – perguntou Rony um pouco chateado.
Percebeu, então, que o cenário mudara, mas ele continuava com as mesmas vestes. Era a cena em que a maldição se concretizava...
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