O Beijo
2 – O Beijo:
– Então você realmente entendeu o que eu lhe expliquei sobre as poções amenizadoras? – perguntou a menina enquanto fechava o enorme e empoeirado livro.
Já havia passado do horário de dormir, mas os dois continuavam na biblioteca até aquele momento. E, por incrível que parecesse, o garoto nem ao menos vira o tempo passar enquanto Hermione falava. Na realidade, seu interesse em observar a boca da amiga e escutar o som que ecoava por ela era imenso.
– Entendi, Mione – afirmou – Entendi mil vezes melhor do que quando o Seboso explicou...
A morena riu e jogou os cabelos para trás dos ombros.
– Que bom Rony – dizia enquanto ambos seguiam para a sala comunal da Grifinória.
– Eu nunca havia visto um corredor de Hogwarts tão vazio antes... – comentou o garoto antes de ver a amiga passando por ele em alta velocidade, fazendo-lhe caretas.
– Ei! Achei que fosse proibido correr nos corredores minha cara amiga – brincou ele quando, finalmente, a menina parou a alguns metros de distância.
– Oras, Rony! É proibido correr neles durante o dia – explicou estranhamente enquanto encolhia os ombros.
O ruivo levantou as sobrancelhas. Hermione estava estranha demais... Seu sorriso estava diferente, e seus olhos continham o brilho e a confiança que lhe faltavam todos os dias. E por mais que soasse estranho, aquilo lhe atraia. Mesmo que continuasse em seu subconsciente achando que algo anormal estava acontecendo, era impossível não se deixar levar pela situação.
– Aposto como não consegue me pegar! – gritou a morena antes de voltar a correr.
Estranhando essa atitude infantil (afinal Hermione não era desse tipo de brincadeira), ele correu atrás dela pelo corredor. Não seguiam o mesmo caminho para a Sala Comunal da Grifinória, o que o preocupou bastante. Não queria que Filch os pegasse.
Viu quando Hermione entrou numa sala de aula, mas quando adentrou na mesma, ela não estava mais lá.
– Mione? – chamou ele receoso.
– Estou aqui – respondeu ela atrás da porta.
– O que deu em você? Filch poderia nos pegar, você sabe.
– De vez em quando temos que nos arriscar... – respondeu ela sorrindo, fechando a porta silenciosamente.
Rony ouvia um pouco perplexo, mas admitiu que gostou daquela Hermione ousada e imprudente, diferente da monitora e da garota mandona que sempre fora.
Aproximou-se dela e por um instinto maior que a razão, ambos colaram seus lábios um no outro, todo o pudor que sentiam há um certo tempo se dissipou. Pelo menos foi o que Rony pensara, mas Hermione o afastou abruptamente.
– O que aconteceu? – perguntou Rony espantado.
– Rony... – começou Mione ofegante – Eu... eu... me desculpa!
E saiu correndo da sala, desta vez em direção à Sala Comunal da Grifinória, deixando para trás um Rony muito confuso.
– Não acredito nisso, Hermione! – exclamou Gina Weasley para a amiga que se encontrava deitada a sua frente.
Depois de sair correndo do amigo, um ato que ela até julgou idiota da sua parte, a morena não pensou duas vezes antes de seguir para o quarto da ruiva.
– A poção deve ter perdido o efeito. Minha coragem foi embora de uma hora para outra... – resmungou a menina enquanto escondia o rosto entre as mãos.
– Mas, Mione, você já estava beijando meu irmão quando o jogou para longe...
– Eu não o joguei para longe! – contradisse-se.
Gina olhou para a amiga com a cara mais engraçada do mundo e perguntou com um sorriso nos lábios:
– Foi bom?
Harry queria pular de um lado para o outro, soltar fogos ou algo mais barulhento, mas a cara desanimada de Rony não lhe permitiu tal ato.
– Mas... Você a beijou, não foi? – dizia ele ao amigo – E foi bom... Então, cara, por que você está assim?
– Você não ouviu o que eu disse? Ela me empurrou e saiu correndo... Sabe o que isso quer dizer? – Harry fez que não com a cabeça – Que ela não gostou, claro.
Eles ficaram em silêncio por uns minutos.
– Eu sou um idiota, um completo idiota! – Rony dava tapas na testa, tentando se martirizar – Onde eu estava com a cabeça de fazer aquilo? E logo com a Hermione, o que me deu??? Ela nunca mais vai olhar na minha cara!
– Calma... Vamos ponderar! Ela te fez ir para aquela sala de aula, não foi? Ela não te levou lá à toa.
– É, acho que foi isso o que eu pensei também... – ele balançou a cabeça – Mentira. Eu não pensei em nada. Quando eu a vi ali, com aquele sorrisinho maroto e...
– Sorrisinho maroto??? – perguntou Harry sorrindo também – Eu não consigo imaginar ela com um sorrisinho maroto.
– É, então não imagine, ou vai se apaixonar também... – completou Rony, antes de se dar conta do que falara.
– Apaixonar? – perguntou Harry.
Rony fez que sim. Era isso mesmo, não era? Ele estava apaixonado por Hermione.
– Responda, Mione! – implicou mais uma vez a menina Weasley.
– Foi, Gina! Foi ótimo! – respondeu enfurecida – Foi doce, foi mágico, foi delicioso... - terminou amolecida enquanto tocava os lábios de leve.
A ruiva deu um gritinho agudo e pulou sobre a cama, agarrando-se a uma almofada.
– Então, Rony, você vai falar com ela amanhã – disse Harry – E se você não for, eu vou!
– Ah não, Harry, ela vai me dar o maior fora – disse Rony – Eu vou dormir, boa noite!
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