Capítulo 3
Capitulo 3
De onde estava, Tom sentiu um aperto no coração muito forte. Não era porque Harry Potter sabia de sua volta, era porque ele sentiu ciúmes de Harry Potter falando com Virgínia e insegurança pelo fato dela ter se incomodado por Harry se dirigir a ela como amiga.
No castelo, Gina tentava despistar Harry.
– Mas... Quando você o viu?
– Isso não importa, mas já avisei Dumbledore, ele reforçou a segurança do castelo. Mas é perigoso pra você se ele quiser te manipular de novo.
Gina engoliu em seco.
– Eu... compreendo. – ela suspirou – Agradeço por se preocupar, Harry. Eu tomarei cuidado.
Disse isso e se levantou de onde estava, rumando para o dormitório. Harry parecia mais aliviado, pelo olhar dele. Pelo que Gina percebeu, ele não sabia de seus encontros com Tom.
– Tom, o que vamos fazer agora? – perguntou ela em pensamento e em pensamento ouviu a resposta: "Durma, amanhã nos veremos. Não se preocupe".
E foi com esse pensamento que Gina adormeceu e só despertou no dia seguinte.
– Mas que droga! – gritou apoiando as mãos no chão e se levantando. Arrumou a blusa, tirando toda a grama que havia se grudado a ela, e jogou o cabelo para trás das orelhas. Observou todos os seus materiais jogados no chão e sentiu uma enorme preguiça em juntá-los – Por que sempre que eu estou atrasada eu tenho que arranjar uma forma de me atrasar mais?!
Gina Weasley não estava em um dos seus melhores dias. Não era bom saber que Harry havia visto Tom pelos caminhos de Hogwarts, e era terrível pensar na possibilidade de nunca mais vê-lo.
Ficar sem seu velho, novo e futuro amor seria ruim e doloroso demais. E passar todo o resto da sua vida sozinha, sem alguém para lhe abraçar, não era seu maior desejo.
Então teve uma idéia. A aula daquele momento não seria importante. Já havia decorado o livro, o que julgava como algo influenciado por Hermione, e o professor nem ao menos notaria sua falta. Foi caminhando em direção a onde Tom deveria estar.
Em Hogsmeade, Gina procurou por Tom, que se escondia nos fundos da Dedos de Mel. Ele já sabia que ela viria, mas ralhou com ela.
– Vão suspeitar de você! Aquele Potter...
– Já sabe do Harry? – perguntou ela, aflita.
– Claro que sim, estamos de certa forma ligados, você mesma disse! – Tom estava impaciente – E tem que tomar mais cuidado quando vier me procurar! Sabe se alguém a viu?
– Eu... não sei... acho que não...
– Achar não é suficiente, tem que se ter certeza! – exclamou ele, mas vendo o olhar de decepção dela, se compadeceu – Desculpe, me exaltei...
Ele a envolveu em um abraço e sentiu que ela continuava triste. Não podia deixar seu lado obscuro o dominar, teria mais paciência, disse a si mesmo.
Ele a fez se sentar e disse:
– Já que está aqui, vamos conversar... Quero que me prometa uma coisa, Tom – disse lentamente – Quero que prometa que fará de tudo, dará todos os seus esforços para que ele não te domine... – terminou fitando o jovem a sua frente com uma expressão de puro medo no rosto.
– Virgínia, eu...
A ruiva atravessou seu dedo indicador entre os lábios dele.
– Simplesmente diga que vai tentar... – ele suspirou:
– Você sabe que eu tento controlar ao máximo meus impulsos, mas às vezes eu simplesmente... não consigo – respondeu Tom – Você sabe o quanto eu quero ficar com você.
– Eu tenho medo de que ele queira me dominar novamente – afirmou Gina com toda a firmeza do seu coração – Você não faz idéia de como é viver com aquelas lembranças, Tom. Não faz idéia...
– Claro que faço, Gina. Eu sou parte dele – relembrou o moreno enquanto erguia o queixo da enamorada – Mas eu sou parte de você também...
E então foi inevitável que os lábios se tocassem.
Voltando a Hogwarts, Gina percebeu que era observada não apenas por Harry, mas agora por Rony e Mione também.
– Gina, onde você se meteu? Disseram que você não assistiu à aula no primeiro período! – Rony parecia nervoso.
– Eu... eu não estava me sentindo bem, por isso fiquei nos jardins.
– Nos jardins? Onde, exatamente? – Rony ficava cada vez mais nervoso – Te procurei por todo canto e não te achei em lugar nenhum. Ei, aonde você vai agora? - perguntou ele, enquanto Gina corria escada acima.
– Para o banheiro! Será que posso? – disse ela, irritada.
Na verdade, Gina estava irritada consigo mesma por mentir. Não era do feitio dela, mas por enquanto ninguém mais deveria saber sobre Tom. No banheiro, continuava pensando em como ajudá-lo a se livrar de Voldemort e se tornar livre, podendo ser apenas Tom.
Ela abriu o chuveiro e deixou a água escorrer pelo seu corpo. Ela tinha tanto medo que tudo fosse por água abaixo agora que conseguira vê-lo novamente e tê-lo próximo de si, depois de ter sentido-se tão só...
Gina não pôde evitar que uma grossa lágrima rolasse pelo seu rosto.
“Não se preocupe, pequena. Nós vamos vencer isso juntos, você sabe”.Foi o que pôde ouvir em sua mente. Gina sorriu. Tom estava lá e isso era motivo para sentir-se bem, não para ficar se preocupando antecipadamente com o que pudesse acontecer.
Fechou o chuveiro e secou-se, caminhando em seguida até a sua cama.
– Tudo em seu tempo... – murmurou vestindo-se.
Lorde Voldemort bateu com força a sua mão no braço da poltrona.
– Isso não pode continuar... – murmurou enquanto lembranças vinham em sua mente de modo distante – Essa garota é uma ameaça!
Rabicho rastejou até seu mestre e sussurrou em uma voz rouca e rápida:
– O que meu Lord sugere ao seu seguidor? – perguntou abaixando a cabeça de modo a seu nariz quase tocar o chão.
– Quero que acabem com a menina. Não importa como, mas quero que a tragam até mim. Viva ou morta... – respondeu a imagem distorcida à frente do homem gorducho.
Os dias que sucederam aquele foram extremamente animadores. Gina havia se livrado da perseguição de Harry por um momento, e conseguira ver Tom todos os finais de tarde, quando o sol escondia em sua sombra a entrada do lugar onde ele se escondia.
Aquele romance parecia como o de Romeu e Julieta, mas o fator que os separava era muito mais forte do que um simples ódio entra famílias. Porém nada daquilo importava para os dois. Entre conversas animadas, estratégias e carinhos, os dois adolescentes se divertiam como duas pessoas comuns e fora de quaisquer perigos.
Depois do último encontro, eles ficaram alguns dias sem se ver, por causa das provas de Gina. Mas Tom voltou para o castelo, para resolver questões pendentes. Decidiu que eliminaria seus inimigos um de cada vez e agora o que mais representava perigo para ele era Harry Potter. Não sabia quanto tempo ele ficaria de boca fechada para Dumbledore, então tinha que agir logo, pois sua existência dependia disso.
E Tom também não conseguia reprimir o ódio que sentia de Potter, ao perceber que Gina ainda se importava com ele. O que Tom desconhecia era que Gina esquecera de sua paixonite por Harry e que sua única preocupação era saber se ele já tinha delatado Tom a Dumbledore.
Sentindo que seu amado estava próximo, Gina foi ao seu encontro, o coração apertado por pressentir os planos de Tom. Ela o encontrou em sua Câmara; ele planejava sair de lá apenas quando tivesse certeza de que todos dormiam.
– Tom! – exclamou Gina, assim que o viu – Você não está pensando mesmo em atacar Harry, está?
Ele a encarou friamente.
– Está preocupada com ele? – e antes mesmo de Gina responder, ele completou – Potter está me atrapalhando, está NOS atrapalhando! Ele tem que ser eliminado!
– Mas, Tom! – Gina suplicou – Não pode matá-lo! Por favor, não faça isso, para seu próprio bem!
– Quem você pensa que sou? - bradou ele - Estou cansado de ficar escondido na escuridão! Não quero ter mais esse tipo de empecilho e alguém como Potter não é páreo pra mim!
Ela o encarava, perplexa. Ele continuou:
– Se quisermos ficar juntos, esse é o único meio, Virgínia! Não vê que está me atrapalhando, com essas questões ridículas sobre integridade?
Gina ainda encarava Tom, agora amedrontada. Ele tinha um brilho assassino no olhar, que ela já tinha experimentado antes. Era o mesmo brilho de ódio e sede de poder do Tom que a dominara no primeiro ano de Hogwarts.
– Você... – ela conseguiu balbuciar – você... não...
Ele viu o medo que se apossara dela e desarmou-se. Não queria ter esses acessos de raiva na frente dela, mas foi inevitável. Fez menção de se aproximar e tentar acalmá-la, mas ela o repeliu.
– NÃO! Você continua o mesmo! Você está se deixando levar pelo ódio... Eu não quero você assim!!!
Disse isso e saiu correndo, desesperada. Tom ficou desolado duas vezes. Uma porque não queria ter magoado Gina e a segunda porque temia que ela mesma revelasse sua presença a Dumbledore.
Gina atravessou os corredores do castelo com a velocidade de um furão, passando por entre todas as pessoas sem nem ao menos se preocupar com quem a observava. Sua mente gritava e latejava a mesma frase “Como você é estúpida", e as lágrimas se dependuravam de seus olhos enquanto ela lutava com toda a força para que elas não escorressem por sua face esbranquiçada.
Odiava o fato de ter voltado a se encontrar com Tom, detestava a idéia de manter algum sentimento forte demais por ele. E amaldiçoava a si mesma por apesar de tudo, ainda querer senti-lo por perto.
Correu em direção a lugar nenhum, atravessando caminhos que antes nem ao menos havia ouvido falar. Seus olhos não enxergavam por onde iam, e seus ouvidos não se preocupavam em escutar nada. E toda aquela desorganização continuaria se não tivesse trombado com alguém e disparado em direção ao chão.
– Harry... – sussurrou assim que ergueu seus olhos.
– Gina, o que aconteceu? – perguntou Harry apreensivo.
Gina o encarou. Não sabia se desabafava ou não com ele. Talvez fosse o correto a fazer, é isso. Ela conseguia ouvir os pedidos de desculpa de Tom em sua mente, mas estava com Harry, e apesar de saber que não sentia mais nada por ele, sabia que ele era um grande amigo. Talvez entendesse o que estava passando.
Ele a guiou até uma sala de aula e esperou até que ela se acalmasse. Demorou muito tempo, pois Gina soluçava de tanto nervoso que passara.
– Gina?... – chamou Harry, um pouco hesitante – Você o viu?
– O que? – ela perguntou, assustada.
– Tom, Tom Riddle.
Gina ficou escarlate. Ela ia falar quando a porta se abriu e um vento forte invadiu a sala, cegando os dois por causa da poeira. Harry ouviu um baque surdo e, abrindo os olhos, pôde ver que Gina desmaiara. Logo o vento cessou e ele se aproximou dela, tentando reanimá-la. Um vulto na porta o fez congelar.
– Prefiro que ela esteja desacordada enquanto conversamos. – disse a voz fria de Tom Riddle.
– Não vou deixar você ferir Gina de novo! – exclamou Harry.
Tom fechou a porta e observou Harry calmamente. Estava com ódio dele por vê-lo perto de Virgínia, mas tentou se controlar. Pensou nas palavras de Harry e de certa forma compreendia o que ele quis dizer com ferir Gina.
– Eu quero conversar. - disse Tom – Um acordo.
– Acordo? – Harry estranhou – Eu sei que não se pode fazer acordo com você!
– Acontece que estou dividido. Não sei por que eu apareci, mas a verdade é que estou aqui e quero ficar.
– É mesmo? – perguntou Harry, irônico – E por que você quer minha ajuda?
– Porque meu outro eu quer me destruir, talvez ele deseje isso mais do que destruir você...
– E por que ele quer te destruir?
– Porque eu incomodo... E prefiro eu mesmo me livrar dele... E viver em paz.
Harry duvidou que Riddle quisesse viver em paz (e deixar os outros em paz), mas Tom revelou que essa nova chance de viver era uma nova chance de fazer a coisa certa. A muito custo, Tom convenceu Harry a não entregá-lo a Dumbledore.
– Se me entregar, o meu lado obscuro vai permanecer escondido. Comigo aqui eu posso atraí-lo e aí poderão pegá-lo e fazer o que bem quiserem com ele.
– Entendi... – Harry respondeu, depois de um tempo – Mas se eu souber que encostou um dedo em Gina, ou que fez mal a qualquer um, eu vou denunciá-lo.
Tom concordou. Ele não revelou a Harry sua ligação com Gina, não queria que ela fosse envolvida nisso. Ela despertou e olhou assustada de Harry para Tom e de volta para Harry.
– Calma menina Weasley – disse Tom – Eu e Potter temos um acordo. Não vou quebrá-lo; não precisa ter medo.
E saiu da sala calmamente, deixando Gina e Harry sozinhos.
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