Quando não pode piorar...



Quando você acha que não pode piorar...piora.


Na manhã seguinte ao completo desmoronamento da casa, todos, com a exceção de Lyra, acordaram juntos com os primeiros raios de sol.

As meninas haviam dormido espremidas na pequena barraca, e os meninos montaram umas camas improvisadas com folha de bananeira sob um dos coqueiros próximo da barraca.

- Nossa, minha coluna está toda torta. – Remo reclamou espreguiçando-se na beira da água.

- Nem me fale, a Lily me chutou a noite inteira. – Summer reclamou olhando a perna com cuidado, procurando alguma bola roxa.

- A culpa não é minha se você é espaçosa. – Lily se defendeu molhando o rosto com a água do mar.

- Cadê a Lyra? – Thiago perguntou olhando na direção da barraca, como se esperasse que ela saísse de dentro seguindo as amigas.

- Está dormindo. – Summer falou entediada. – Aquela garota poderia ser jogada dentro da água que ia continuar dormindo.

- Jura? – Sirius perguntou com um sorriso maroto.

- Juro. – Summer falou os olhando desconfiadamente.

- Vocês não vão jogá-la dentro da água, vão? – Lily perguntou pondo-se na frente deles e ficando no meio do caminho.

- Claro que não! – Sirius falou com cara de ofendido.

- Vamos apenas deixá-la aqui na beira da água. – Thiago completou segurando a ruiva e a tirando do caminho.

Eles correram para a barraca e antes que abrissem o zíper que a fechava, perceberam que alguma coisa se movia lá dentro. Eles afastaram-se alguns passos e olharam para os amigos que os olhavam com expectativa.

- Vocês acharam mesmo que iam conseguir me jogar dentro da água sem que eu percebesse? – Ly perguntou saindo e cruzando os braços sobre o peito.

- Er...- Thiago e Sirius balbuciaram olhando um pra cara do outro. – Corre!

E saíram correndo pela areia até sumirem atrás de umas samambaias mais altas. Que corajosos eles eram. Bem, pelo menos haviam aprendido que com uma Lyra que acordou cedo não se brinca.

- O que aconteceu pra você acordar tão cedo? – Remo perguntou rindo dos amigos.

Lyra deu de ombros e foi até os amigos olhando pro sol com uma mão sobre os olhos.

- Eu, pra falar a verdade, não consegui dormir muito bem. – ela confessou molhando o rosto com a água. – Acho que nem dormi.

- Estava desconfortável? – Summer perguntou com cara de quem entendia.

- Não, não é isso. – Lyra respondeu mordendo o lábio fracamente. - Acho que eu estava com a cabeça cheia de mais.

- O que vamos fazer hoje? – Lily perguntou andando um pouco pra trás e sentando na faixa de areia onde a água não a molharia.

- Vamos voltar para casa e tentar achar alguma coisa. – Remo respondeu indo chamar os amigos que continuavam escondidos.

- Eu preciso de um banho! – Summer reclamou pegando no cabelo. – Não é fácil cuidar de um cabelo cacheado e enorme assim, sabe.

- Você não pode tomar banho nessa água. – Lily falou apontando para o mar. – você vai ficar queimada.

- Podemos ir naquela gruta. – Lyra sugeriu. – Lá a água era doce.

Todas concordaram com a idéia de irem dar um mergulho lá mais tarde, ao menos para tirar um pouco do sal do corpo.

Os meninos voltaram rindo e logo subiram no Jeep que haviam deixado sob algumas árvores ali perto. Summer foi dirigindo dessa vez e Lily do lado dela. Lyra e os outros foram atrás, olhando para todo lado a procura de coisas que poderiam ajudá-los nos próximos dias.

Tiveram que mudar o caminho devido a algumas árvores maiores que haviam caído bloqueando o caminho, mas conseguiram chegar sem menores problemas.

O que sobrara da casa não passava de pedra sobre pedra. Estava tudo caído e espalhado e apenas uma pequena parte mantinha-se de pé, e Thiago reconheceu como sendo a cozinha.

- E agora? – Summer perguntou saindo do carro e passando os olhos ao redor rapidamente.

- Vamos tentar salvar algumas coisas. – Sirius murmurou avançando.

Cada um foi para um lugar diferente. Parecia que todos queriam sentir a tensão e desmoronar, caso acontecesse, sozinhos. Ninguém ali precisava de platéia para as próprias angustias.

Summer deu a volta pelo jardim de traz, que agora não passava de um bando de mato revirado. Seu quarto era por ali, em algum lugar. Podia reconhecer que estava perto pela grande quantidade de corais e peixes mortos por ali.

Com cuidado para não se machucar, ela aproximou-se da pilha e começou a escalá-la. Retirou alguns destroços que eram mais leves procurando alguma coisa que pudesse salvar.

Depois de mexer em uma pilha um pouco maior, ela acabou encontrando um ursinho de pelúcia que havia levado. Ele estava praticamente inteiro, apenas sujo. Bastante sujo.

Summer sorriu e sentou-se em cima de uma pilha de escombros, suspirando e passando a mão pelo cabelo para tirá-los do rosto. Era sempre impressionante como as coisas podiam mudar tanto em questão de horas, como tudo pode ficar de cabeça para baixo em uma questão de segundos.

Há menos de dois dias estava deitada naquele quarto, admirando os peixes nadarem. Agora estava a deriva em uma ilha estranha. Mas ali tudo ficaria bem. Dumbledore não deixaria que nada lhes acontecesse de grave.

Agora...na vida real era completamente diferente. Ela não era idiota. Não era cega e muito menos surda. Desde o inicio do ano percebia que alguma coisa andava errada. Os adultos bruxos andavam muito tensos.

Alguns alunos Sonserinos andavam saindo à noite mais do que o normal, e ela os havia encontrado algumas vezes depois de uns passeiozinhos noturnos. E Lily comentava sempre.

Os sussurros tornaram-se mais freqüentes, como se fossem informações confidenciais. Como se fosse...um trabalho absurdo de espionagem.

Alguma coisa ia explodir sobre a cabeça deles, a qualquer momento, e quando isso acontecesse não teria aonde se esconder.

E ela estaria lá, olhando para o que quer que fosse e sorrindo desafiadoramente.

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Lyra subiu na pilha de escombros mais próxima e agachou-se tentando retirar alguns blocos de concreto mais leves.

Acabou descobrindo que estava sobre o antigo quarto do Sirius, mas ele não estava em nenhum lugar a vista para que pudesse chamá-lo, então continuou procurando por coisas que fossem dele e que pudesse salvar.

Não encontrou nada demais. Apenas algumas blusas bastante sujas e algumas rasgadas, mas nada que fosse ser pior do que utilizar apenas uma roupa durante dias.

Um pouco satisfeita, ela desceu da pilha e voltou para o Jeep. Não queria que o Remo pensasse que ela estava tentando se enterrar viva.

Então sorriu.

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Lily deu uma pequena volta na casa e acabou no que achou ser a cozinha, que estava relativamente em pé, mas completamente bagunçada. Teria sorte se encontrasse alguma coisa reaproveitável no meio de tanta bagunça.

Com um suspiro, ela subiu na pilha e começou a remover umas peças mais fáceis que não fossem a machucar. Pouco a pouco ela foi achando uns enlatados que poderiam ser utilizados no jantar e no almoço.

Juntou tudo em um canto e passou a mão sobre a testa que estava pegajosa de tanto suor. Reparando que a camisa começava a ficar encharcada também, prendeu o cabelo em um simples coque com um pedaço de pano que encontrara e sentou-se a sombra de um grande carvalho que continuava intacto.

Lily estava realmente cansada daquele lugar. Quando chegou ali, achou que seria impossível enjoar-se de um lugar tão lindo, mas agora que não tinham onde dormir ou o que comer a brincadeira começava a perder a graça.

- O que eu não daria pra ter feito um simples teste escrito. – ela murmurou encostando-se na árvore e apoiando a cabeça em uma das raízes.

Lily ficou olhando para o céu azul e sem nuvens por um tempo, até que seus olhos foram fechando lentamente enquanto uma brisa soprava vinda do mar.

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Thiago procurou todo tipo de coisas que poderia salvar. Livros, roupas, comida, pedaços de madeira que poderiam usar na cabana; tudo.

Ele também levara tudo para o Jeep que já estava carregado com algumas coisas que os amigos acharam. Lyra não estava muito longe e caminhava por cima de uma pilha particularmente alta de escombros, tentando diminuí-la sem muito sucesso.

- Ly, você viu os outros? – ele perguntou tirando a camisa e pendurando no Jeep.

Lyra virou-se para ele e ficou olhando-o com expressão perdida por um tempo até que balançou a cabeça e sorriu.

- Não. Estou trabalhando nessa pilha apenas. Ainda não vi os outros. – ela respondeu voltando ao trabalho.

Thiago bagunçou o cabelo e lembrou-se do penteado Black Power. Rindo, deu a volta na casa a procura de alguém que precisasse de ajuda.

Então um pequeno tufo de cabelos ruivos chamou sua atenção. Com um sorriso, ele se aproximou da ruiva que ressonava tranqüila com a cabeça apoiada em uma das raízes, sentando-se ao lado dela.

Delicadamente para não acordá-la, ele retirou a cabeça dela da raiz, que devia estar desconfortável àquela altura, e apoiou-a em seu colo e afagou seus cabelos delicadamente enquanto ela dormia.

Ficaria assim a eternidade inteira se fosse deixá-la mais confortável.

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Remo deixou as coisas que achara no Jeep, onde encontrou apenas Lyra à procura de algumas coisas. Depois de recomendar que ela tomasse cuidado e não tentasse se matar novamente (obviamente ela reclamou dizendo que não tentara suicídio) ele saiu de lá.

Andou silenciosamente pela relva macia dos jardins da casa até chegar a um ponto aonde pôde avistar Summer sentada em cima de uma pilha olhando distraidamente para um leão de pelúcia.

Remo sorriu torto e aproximou-se silenciosamente pelo outro lado da pilha, escalando sem barulhos e parando atrás dela com os braços cruzados na altura do peito.

- Bonito. Pensei que devíamos estar procurando coisas úteis, não namorando com leões de pelúcia. – ele falou baixo.

Summer deu um pequeno pulo no lugar e virou-se com a mão no peito.

- Quer me matar do coração? – reclamou respirando fundo. – e ele não é um leão de pelúcia qualquer. É o Leopoldo, meu marido.

Summer respondeu sorrindo para ele e voltando a arrumar o Leopoldo no colo. Remo arqueou uma sobrancelha e sorriu torto.

- Então você andou traindo seu marido comigo. – ele respondeu simplesmente.

- Eu? – Summer perguntou com a voz duas oitavas mais alta. – Você é o culpado. – ela acusou balançando a cabeça. – Se você não fosse tão...- Remo levantou a blusa para secar a testa, deixando a barriga a mostra. – gostoso.

- O que disse? – Remo perguntou divertido, fingindo que não ouvira o que ela dissera.

- Não! – ela gritou um pouco histérica. – Eu quis dizer teimoso.

- Teimoso? – Remo perguntou segurando a risada ao vê-la lívida e sem saber o que falar.

Luh, que não queria dar o braço a torcer, desviou o olhar e respirou fundo dez vezes, tentando manter controle sobre seus hormônios pelo menos uma vez na vida.

Lentamente, ela levantou-se da pilha, Leopoldo sempre em mãos, e virou-se para ele com um sorriso zombeteiro.

- Eu descobri que você não é o vilão que tanto fala. – ela alfinetou observando a reação dele, que foi apenas arquear as sobrancelhas. – Se você fosse, não ficaria tão preocupado em relação ao suicídio falso de Lyra.

Summer poderia jurar que viu os olhos de Remo faiscarem em sua direção. Ela sabia que era melhor não provocar, mas o prazer de vê-lo daquele jeito por causa dela era impagável.

- Quem disse que eu era o vilão para todos, e não apenas para você? – ele perguntou chegando mais perto dela.

- Hãn...- ela murmurou tentando achar uma rota de fuga. Era a vez dela de deixá-lo na vontade.

- SAI DE PERTO DE MIM... – ouviram vindo do outro lado da ilha.

- Acho que o Pontas encontrou a Lílian. – Remo comentou rindo.

- Acho melhor eu ir segurar a Lílian. – Summer comentou descendo a pilha rapidamente e saindo correndo.

Não importava pra onde. Queria apenas respirar sem seu coração sair pela boca. Ela não daria-se ao luxo de se envolver novamente com alguém. Não depois de tudo que passara a menos de um ano.

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Lily mexeu-se levemente antes de acordar. Ainda estava meio zonza, então continuou de olhos fechados. Ela sentiu-se estranhamente confortável.

Lentamente, esperando que tudo que passara fosse um sonho, Lily abriu os olhos e deparou-se com um par de olhos castanhos esverdeados observando-a com interesse.
- Teve bons sonhos, meu lírio? – Thiago perguntou sorrindo para ela.

Lily teve o impulso de sorrir de volta, mas controlou seus músculos antes que estragasse tudo. Em um ímpeto, levantou-se e arrumou a roupa que estava completamente amassada.

- O que você está fazendo aqui? – perguntou ríspida olhando Thiago com o rabo de olho, reparando que ele estava sem camisa e completamente...gostoso.

- Eu estava passando, mas não pude deixar que você continuasse a dormir com o pescoço todo de mal jeito em uma raiz. – ele explicou sorrindo.

Lily prendeu a respiração e esqueceu de como se respirava. O que ele estava fazendo ali tão...gostoso? Ele não devia atentar seus nervos assim! Ela o odiava, mas não era cega! E nem seus hormônios tinham controle.

Precisava se distrair e rápido, antes que voasse nele agora mesmo e fizesse a maior ( e melhor) besteira de sua vida.

- O que foi, meu lírio? O Gato comeu sua língua? – Thiago perguntou divertido enquanto olhava nos olhos da ruiva.

Ela podia se enganar o quanto quisesse, mas ele sabia que ela o queria tanto quanto ele a queria. Lily só não era tão cara-de-pau quanto ele.

Ela fechou os olhos e tomou uma longa lufada de ar antes de abri-los novamente, focalizando o nada.

- Sobe por que a psicanálise é mais rápida para os homens do que para as mulheres, Potter? – ela perguntou com a voz calma e baixa.

- Porque somos mais fáceis de entender. – ele respondeu bagunçando o cabelo.

- Não. Porque, quando dizem para eles voltarem à infância, eles já estão lá. – ela respondeu sorrindo zombeteiramente.

- Então...- Thiago se aproximou dela lentamente. – se eu estivesse na infância, você acha que eu faria isso?

Ele perguntou puxando-a pela cintura e empurrando-a contra árvore.
- Eu faria isso? – ele perguntou com os lábios colados na orelha de Lily.

Ela tentava, inutilmente, afastá-lo, mas não implicava realmente força nenhuma no movimento. Ela tremeu quando sentiu o hálito quente dele contra sua pele.

- Eu acho...- ela respondeu com a voz rouca. – Que você não perderia tempo com uma pergunta idiota como essa e me beijaria logo.

Ele não perdeu tempo. Afundou a mão nos cabelos ruivos dela e a puxou para mais perto, grudando seu corpo ao dela e a beijando com vontade.

Não era sempre que a sanidade de Lily Evans tirava férias e ela pedia para ser beijada por ele. Ele ia aproveitar...só imaginava como ia ser a gritaria quando ela caísse em si de novo. Mas até lá..

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Depois de pegarem tudo que podiam, Lily ter quase matado Thiago no grito depois que sua sanidade voltou das férias e Summer ter recobrado o equilíbrio do quase assédio de Remo, todos voltaram para a praia.

As meninas logo pegaram o Jeep e foram até a gruta onde havia ocorrido o episódio de Freedom tirar a água salgada do corpo.

Enquanto isso os meninos deram um jeito de preparar alguma coisa para comerem. Aliais, Thiago deu um jeito enquanto Sirius e Remo começavam a planejar como seria a micro cabana que pretendiam montar.

Comeram em paz sem falar muito. O tédio começou a se abater sobre eles mais no final da noite, quando os mosquitos começaram a querer mordê-los.

- Pelo amor do santo, ninguém aqui achou um repelente? – Lily perguntou coçando o braço que já estava vermelho.

- Não. – Lyra respondeu rindo e nem ligando para os mosquitos.

- Eles me adoram também. – Sirius comentou coçando as costas. – Vai ver é porque eu sou sangue bom. – ele completou convencido.

- Ou então eles não têm bom gosto. – Summer alfinetou abraçada com Leopoldo.

- Ou estão tão mal acostumados com sangue de bicho que qualquer coisa ta valendo. – Lyra continuou com um sorriso zombeteiro.

- Ou então...- Thiago começou.

- Tá, chega de discutir o gosto que o meu sangue deve ter. Ninguém aqui é vampiro (N/a: quem disse meu bem? Oi ) . – Sirius reclamou emburrando.

- Gente, eu quero ir naquelas pedras ali! – Lily falou apontando para um agrupamento de pedras mais a frente na praia.

- Agora? – Remo perguntou arqueando a sobrancelha.

- Temos algo melhor pra fazer? – Lily retrucou irônica.

- Não. – ele concordou derrotado.

- Então vamos. Assim é bom que nos distraímos. – Lily falou já pondo-se de pé.

Lyra e Summer trocaram um olhar rápido e levantaram-se também para seguir a amiga. Os meninos demoraram mais um pouco, mas acabaram levantando também e correndo até elas.

- Ei, alguém aqui por acaso achou o retrato do antigo diretor? – Thiago perguntou andando pela parte da areia que estava mais molhada.

- Eu achei. – Sirius murmurou passando a mão nervosamente pelo cabelo.

- E como ele estava? Ainda podemos falar com a escola? – Remo perguntou embora soubesse muito bem a resposta.

Se o quadro estivesse intacto eles já estava fora da li, jantando calmamente no salão principal.

- Mais parecia que o enfiaram em uma daquelas máquinas de picotar papel. – Sirius resmungou.

- Olhem pelo lado positivo...- Lyra começou olhando para o céu.

- Tem lado positivo? – Summer retrucou de mau-humor

- Tem. – ela respondeu sorrindo. – Em lugar nenhum veríamos uma lua tão bonita. E daqui a três dias será lua-cheia. – completou olhando para as amigas.

Remo parou aonde estava enquanto o grupo continuou a andar. Os meninos olharam para traz, finalmente processando as palavras.

- Só três dias? – ele murmurou olhando para o céu.

- É. Alguma coisa errada Remo? – Luh perguntou franzindo o cenho.

- Não, nada. – ele respondeu mais pálido do que o normal. – vamos voltar a andar. Só fui pego de surpresa pelo tempo.

Voltaram a andar conversando sobre assuntos mais amenos, mas Remo continuou silencioso. Summer também estava mais silenciosa e sabia que ele estava escondendo alguma coisa de todos. Ou de pelo menos parte deles.

Mas ela iria descobrir assim que desse, ou ele de distraísse o suficiente para dizer.

Chegaram as pedras que adentravam um pouco a água, mas que eram molhadas apenas quando uma ondinha mais forte conseguia rebentar-se em suas bordas.

- Quer ajuda pra subir, Lirio? – Thiago perguntou esticando a mão para Lily, que a ignorou e começou a subir sozinha. – Teimosa.

Thiago murmurou a seguindo, pronto para segurá-la caso ela caísse. Lyra o seguiu, sendo seguida por Summer, Sirius e por fim, Remo.

- Nossa, a água está linda daqui de cima. – Lyra murmurou mordendo o canto do lábio. – essa lua lançando um brilho prateado nessa água ta me deixando boba.
- A minha amiga romântica daqui a pouco estará valsando sozinha. – Summer alfinetou rindo.

Lyra deu língua para ela e continuou a olhar a frente.

- Se você estiver carente, Ly, eu posso resolver seu problema rapidinho. – Sirius comentou abraçando-a por trás.

Ela riu e virou-se para ficar de frente para ele, sorrindo de canto. Todos os olhavam com a boca ligeiramente abertas.

- Meu amor...eu falei príncipe encantado. – Lyra falou pondo-se na ponta dos pés. – Não um cachorro.

E então beijou os lábios de Sirius rapidamente, dando um selinho, e soltando-se de seus braços antes que ele pudesse reagir.

- Ela sempre me deixa na vontade. – ele murmurou quando Lily e Summer passaram por ele rindo.

- Ai! – Lily falou com a voz um pouco mais alta. – acho que pisei em alguma coisa. – ela continuou apoiando-se no ombro de Summer e olhando o pé.

- Droga, Lily, ta furado e sangrando. – Luh falou olhando também.

Lyra agachou-se um pouco para olhar onde Lily pudesse ter furado o pé, mas não havia nenhuma pedra mais afiada por ali.

- Deixa, daqui a pouco passa. – Lily falou em tom de descaso e pondo o pé no chão, mas sem realmente deixar seu peso sobre ele.

- Bem, ta na hora de voltarmos, não acham? – Sirius falou já descendo da pedra em direção a areia.

- Vamos. – Thiago concordou olhando rapidamente pelo chão também.

Ele ajudou Lily a descer, embora ela tenha protestado bastante, e caminharam mais lentamente até onde estavam acampados.

- Acho que vou deitar. – Summer falou bocejando.
- Vou com você. – Lily falou acenando para todos e entrando na barraca.

- Boa noite. – Summer desejou antes de entrar novamente.

- Vai dormir não, Ly? – Thiago perguntou sorrindo.

- Eu estou sem o menor sono. – ela respondeu dando de ombros. – Acho que não conseguiria dormir se quisesse, de qualquer forma. Minha cabeça anda cheia de mais.

- Cheia com o quê, pequena? – Thiago perguntou sentando ao lado dela na areia e a abraçando pelo ombro.

- Problemas. – ela murmurou apoiando sua cabeça no ombro dele.

- Ei, por que você deixa o veado te consolar e não deixa que eu o faça? – Sirius perguntou indignado.

- Porque ela não se aproveitaria de mim se eu me distraísse. – ela respondeu dando língua pro Sirius.

Ele resmungou mais algumas coisas e sentou-se ao lado deles na areia.

- No que você estava pensando no outro dia que tentou se matar? – Remo perguntou sentado de frente para eles.

- Eu não tentei me matar. – ela murmurou revirando os olhos. Parecia que ele nunca ia entender aquilo. – Sobre a vida depois da escola.

- E o que você pretende fazer dela? – Thiago perguntou sorrindo.

- Sinceramente ainda não sei. Tudo depende dos meus Niem’s também. – ela respondeu pensativa mordendo o canto dos lábios.

- Como se fosse não fosse conseguir. – Remo falou revirando os olhos.

Lyra riu e jogou um punhado de areia nas pernas dele.

- Se eu conseguisse passar..eu pretendia ser aurora. – ela respondeu hesitando um pouco.
- Por que aurora? – Sirius perguntou franzindo o cenho. As mulheres não costumavam gostar muito daquela área. Achavam muito arriscado.

- Talvez eu consigo acabar com meus pesadelos onde as pessoas morrem ao cruzar a rua. – ela murmurou olhando pra areia.

- Tá, vamos falar de coisas que não me deprimam. – Sirius falou tentando desviar o assunto que claramente deixava Lyra desconfortável.

Ficaram umas duas horas conversando e rindo quando Summer saiu da barraca estalando os dedos nervosa.

- O que foi, Luh? – Ly perguntou levantando-se.

- É a Lil. Ela tá muito mal.

Todos trocaram olhares preocupados e Lyra se levantou da areia sem se preocupar em se limpar. Ela seguiu Summer para dentro da barraca e sentou ao lado de Lily, que estava encolhida em um canto.

Os meninos também as seguiram, mas ficaram parados na porta já que não haveria espaço para todos eles ao mesmo tempo.

Ly pôs a mão levemente na testa da amiga e a retirou rapidamente.

- Ela está queimando em febre. – Ly murmurou olhando para Summer preocupada.

- Eu sei. Ela está tendo calafrios e sente-se enjoada também. Algumas vezes murmura coisa incoerente e volta a dormir. – Summer adiantou tirando o cabelo da testa suada de Lily.

Lyra ficou um tempo em silencio, então se sentou com as costas na lona e delicadamente transferiu a cabeça de Lily para seu colo.

- Você viu o que ela pisou em cima quando estávamos na pedra? – Summer perguntou tirando o casaco que conseguira resgatar e colocando na amiga como um cobertor.

Os meninos, que até então estavam silenciosos parados à porta, mexeram-se e afastaram-se um pouco da tenda, conversando em voz baixa e depois voltando a se espremerem na minúscula entrada.

- Summer, escuta. Thiago vai correr até a pedra e tentar descobrir no que ela pisou, se isso adiantar de alguma coisa. – Remo falou e as duas assentiram ao mesmo tempo, trocando um rápido olhar. – Eu e Sirius vamos dar um jeito daquele quadro funcionar.

As duas assentiram novamente e os três sumiram. Elas ficaram em silencio, ouvindo apenas o fraco som das pequenas ondas batendo na areia. Vez ou outra, Lily murmurava coisas que elas não podiam entender.

Lyra mordia o lábio distraidamente, nervosa, e com tanta força que já doíam, mas ela simplesmente ignorava. Summer repassava silenciosamente tudo que sabia sobre medicina trouxa ou poções que por algum milagre poderia fazer.

Dez minutos depois ouviram passos apressados na areia, como se alguém corresse. As duas prenderam a respiração e Thiago entrou na já apertada cabana.

- Descobriu o que era? – Luh murmurou mal olhando pra ele.

- Me pareceu um ouriço...daqueles que ficam nas pedras. – ele respondeu olhando para a ruiva. – Eu trouxe um dos espinhos.

Thiago completou passando o espinho para Summer, que o olhou por um tempo e suspirou, se espremendo entre nós para sair da cabana.

- Eu vou procurar por alguma planta que sirva de anestésico. Ela vai ter provavelmente febre alta até ser medicada direito, mas até lá acho que posso dar uma segurada. – ela murmurou fracamente do lado de fora.

Apenas assentiram, sem querer saber se ela havia percebido ou não. Summer saiu correndo por entre a mata na parte mais perto, sem olhar para trás.

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Duas horas se passaram. Ly já não mais sentia as pernas e olhava para a água pelo pequeno espaço da porta. Nem Sirius ou Remo haviam voltado. Summer apenas passara para deixar algumas plantas e voltara a procurar por mais.

- Lyra, é melhor você descansar um pouco. – Thiago falou com a voz rouca por falta de uso.

- Não. – ela murmurou abrindo os olhos que permaneciam fechados por quase dez minutos. – eu não vou deixar a Lil.

- Não se preocupe. Você deita aqui do lado e eu fico no seu lugar. – ele ofereceu gentilmente, sorrindo pequeno.

Daria tudo por aquela ruiva e não se incomodaria de passar dias com ela em seu colo, desde que ela ficasse bem de novo. Poderia até xingá-lo se ela quisesse. Ele simplesmente ficaria feliz se ela estivesse bem.

Thiago não esperou resposta e sentou-se do outro lado de Lily, transferindo-a para seu colo. Ly começou a reclamar, mas um bocejo interrompeu. Ela olhou para ele por entre os olhos cerrados e caiu em um sono leve.





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Pois é, né? Demorei mais do que pretendia, me perdoem, mas essas festas de fim de ano acabam com a minha pessoa uhahuahuhauhuaahu Estou um pouco corrida, aqui! Queria agradecer aos comentários! Valeu, Besso a todos!

PS: Vanessa, acho que já li fic sua uhahuahuahahahu

Abraços, até o próximo capítulo!

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