capitulo 7

Suzan ergueu a cabeça assim que ela entrou na sala da auror.
- Então, Hermione, dessa vez você teve o bom senso de bater na porta. – ela fez uma pausa - Se você está procurando pelo Rony... Ele não está aqui.
Hermione sorriu friamente.
- Sei disso, acabei de deixá-lo.
- Vocês estiveram almoçando até agora? Já faz mais de duas horas que ele deixou o Ministério.
- Por acaso meu marido deve satisfação de seus horários pra você?
- Não seja ridícula! Acontece que duas horas é muito tempo para um almoço social.
- Eu não o mantive acorrentado, se é o que está pensando. Tínhamos muito o que conversar e o tempo voou...
- Deve ser ótimo ser uma dondoca, Granger, – ela começou a mexer em uns pergaminhos em cima da mesa – mas, como não é o meu caso, espero que não desperdice meu tempo.
- Weasley. Se você vai começar a me tratar formalmente, lembre-se de que sou uma mulher casada. Eu não vim até aqui para termos uma conversa social. Serei breve e, assim que acabar de dizer o que quero, irei embora.
- Então vá direto ao ponto.
- Deixe meu marido em paz.
Por um instante, Suzan pareceu confusa.
- O que você disse?
- Você ouviu muito bem. Quero que se afaste do Rony.
- Você deve estar louca. – o tom que ela usou foi de desdém.
- Não banque a inocente comigo, Suzan, não serei tão inocente como na festa dos Langley. Já deveria ter lhe dado um ultimato naquela ocasião.
- Um ultimato? – Suzan riu – De que tipo? O que acha que pode fazer contra mim?
Hermione não sabia como responder a questão. Sabia que aquilo era inútil, já que Rony estava envolvido até o pescoço com a outra mulher, porém tinha ido longe demais para recuar.
- Não tenho que lhe explicar nada. A questão é que não quero vê-la novamente com meu marido. Não vou mais admitir isso.
Suzan sorriu novamente.
- O que foi que aconteceu com a ratinha assustada? Aquela que saiu correndo quando me pegou na cama com o marido?
- Não me chame de ratinha. – não conseguia manter a calma.
- Por quê? Você não me deteve da última vez, qual a diferença agora? Por acaso quer me convencer de que a ratinha se transformou em um dragão?
Sem pensar, Hermione tirou a varinha do bolso e apontou para a auror; os olhares das duas mulheres se cruzaram.
- Você não teria coragem de usar sua varinha contra mim. – Suzan murmurou, empalidecendo – Sou uma auror.
- Sempre fico surpresa com o que as pessoas dizem quando estão com medo, mas você está certa. – disse abaixando a varinha – Não quero ir parar no tribunal por causa de algo tão insignificante.
- Você realmente mudou, de onde é que vem tanta firmeza? Ou será que sempre esteve aí?
- Sempre esteve aqui, mas acho que me esqueci dela por um bom tempo.
- Então, você se transformou mesmo em um dragão?
- Apenas em uma mulher que ama o marido e está determinada a lutar por ele.
Pronto! Havia dito. Tinha feito uma declaração pública do seu amor por Rony.
- Bem, – uma nova expressão apareceu no rosto da auror, uma mistura de surpresa, raiva e talvez um pouco de respeito – vocês vão ficar juntos por seis meses.
- Essa cláusula não foi escrita na pedra, posso ficar quanto tempo quiser.
- Por acaso o Rony sabe que pretende ficar por mais tempo?
- As discussões que tenho com meu marido não lhe dizem respeito.
A auror ficou em silêncio por um tempo.
- Qual o ponto, afinal?
- Pensei que tivesse sido bem clara. Quero vê-la bem longe de meu marido. Não posso mudar o passado, o que me importa agora é o presente. Rony é meu marido e não vou dividi-lo com você.
- Você está me dizendo que ama o Rony?
- Muito.
- O bastante para brigar por ele?
- Sim.
- Por que não brigou quando nos pegou na cama aquela noite?
- Isso são águas passadas.
- O que você faria se nos pegasse novamente na cama?
- Jogaria suas roupas pela janela e lhe daria um minuto para buscá-las.
- Você realmente mudou.
- Espero ter respondido sua pergunta.
- De certa forma sim. – Suzan sorriu novamente – Esse jogo ficou mais interessante.
- Do que você está falando?
- Sente-se.
- Já disse o que vim dizer, agora eu vou embora.
- Ainda não. Agora é minha vez de falar, aliás, você vai adorar ouvir. Então, vai se sentar?
Hermione se sentou com relutância.
- Sobre a noite que você nos pegou na cama...Você constatou que tínhamos feito amor?
Em um instante, o corpo de Hermione ficou rígido.
- Isso não era verdade?
- Não.
- Ora, vamos lá , vocês estavam nus na cama.
- Seu querido esposo estava com a calça do pijama.
- Mas eu pensei...
- Você se enganou. Não estou dizendo que não queria dormir com Rony naquela noite. Ah sim, eu queria! E era por isso que eu estava lá, nua, disponível na cama de Rony. Eu tinha acabado de sair de um relacionamento e estava ferida... E lá estava ele: uma beleza natural, divertido, um profissional incrível, atencioso. Eu precisava de um homem naquele momento e Rony era o que eu procurava. Eu queria sentir que eu era uma mulher atraente naquele momento.
- Você não imaginou que poderia ferir outras pessoas? Não se sentiu culpada?
- Culpada? – ela riu – Não. Quando você é ferida, abandonada por um homem, você não pensa em mais nada, em mais ninguém. Eu queria o Rony e você não estava lá. Não havia mal nenhum em passar a noite com ele.
- Você não pensou em mim? Não pensou que Rony tinha uma família?
- Você nem passou pela minha cabeça.
- Então, você convidou meu marido para passar a noite com você. – Hermione concluiu com amargura.
- Não foi bem assim. Rony é um ótimo auror, mas ele não lançou nenhum feitiço em sua porta naquela noite... Bastou um Alorromora para que eu pudesse entrar no quarto dele. Quando ele chegou, eu estava nua na cama dele. Acho que ele tinha bebido e estava muito cansado. O quarto estava escuro e ele não acendeu as luzes. Ele nem notou minha presença. Quando ele deitou depois de se trocar, eu me joguei sobre ele, mas Rony não mostrou nenhum interesse. – ela fez uma pausa – Me senti rejeitada por dois homens.
- Você está me dizendo que Rony a rejeitou?
- Seu marido disse não a minha oferta. Eu tentei seduzi-lo, mas não deu certo. Ele apenas acendeu a luz e disse que era casado e que amava a mulher dele.
Hermione ficou chocada com aquela revelação. Nunca imaginou que Rony fosse inocente.
- Então eu cheguei?
- Não. Acho que Rony não gosta de ver mulheres chorando. Quando ele notou que eu estava magoada, ele me deixou falar e, embora não tenha dito nenhuma palavra, ele me ouviu. Quando minhas lágrimas secaram, eu tentei beijá-lo, mas ele pediu para que eu saísse. E foi aí que você entrou no quarto.
- Merlin!
- Você devia ter visto seu rosto. - Suzan zombou – Você parecia que iria desmaiar a qualquer momento.
- Vocês podiam ter explicado.
- Você não esperou explicação. Rony tentou lhe falar, mas você se recusou a ouvir. Simplesmente correu desesperada pra fora daquele quarto. Ele tentou ir embora naquela noite, mas ainda precisariam dele pela manhã.
- Você poderia ter me dito.
- E por que eu o faria? Que motivos eu tinha para fazer isso? Não sei se você ouviu tudo que eu disse, mas Rony me rejeitou por sua causa. Depois eu me vi apaixonada por ele, afinal Ronald Weasley é um homem e tanto e tudo o que eu precisava era de você fora do meu caminho.
- Por que você está me contando isso agora, então?
- Você mudou, Hermione, agora estou vendo uma oponente a minha altura. Enquanto você agia como uma menina amedrontada, desistindo do homem que você dizia amar sem ao menos pedir uma explicação, eu achava que você não merecia o amor do Rony, muito menos que ele devesse sofrer por você. Rony, que nunca tinha faltado, ficou uma semana sem comparecer ao Ministério depois daquele dia. E quando ele apareceu, ele estava realmente abatido. Agora, quando você entrou nessa sala pronta pra brigar por ele, eu resolvi te dar uma segunda chance.
- Ora, obrigada. – disse ironicamente.
- Guarde seus agradecimentos. Se você acha que eu vou desistir dele, você está errada! Eu amo aquele homem e no momento em que ele desistir de você e olhar para mim como mulher, eu vou estar aqui para ele. Rony é um grande homem, acho que o melhor que eu conheço.
- Nesse caso, fico me perguntando porque você resolveu me contar a verdade.
- Conclui que você tinha o direito de saber.
- Obrig...
- Já disse para não agradecer. – a mulher falou bruscamente enquanto voltava a mexer nos pergaminhos na sua frente – Agora, pode fazer o favor de sair da minha sala? Tenho muito trabalho a fazer.
Por um momento, Hermione achou que Suzan ia chorar, mas deixou a sala antes de ter a certeza.


- Hermione, Hermione!
Ela ergueu a cabeça consciente de que Edna a chamava, embora não tivesse ouvido sequer uma palavra.
- Eu estava fazendo um brinde ao Rony para parabenizá-lo pelo belo desempenho em frente ao Conselho.
Hermione levantou sua taça também e sorriu para Rony.
- Ele foi fantástico hoje.
- Ela está exagerando, Edna. Apenas tive sorte.
Edna virou-se para Hermione:
- Você pareceu distante a noite inteira, Hermione. Tem alguma coisa errada?
- Não... Pelo menos, nada importante. – mentiu.
Edna estava certa: toda a conversa do jantar lhe passara despercebida. Só conseguia pensar no que descobrira naquela tarde e no que faria naquela noite quando estivesse a sós com Rony, o homem que a amava, e que ela amava mais do que tudo no mundo.
Agora ela sabia que tinha desperdiçado muito tempo da vida dos dois. Apenas porque se recusara a ouvir sua explicação; mas aquilo estava prestes a mudar. Estava pensando em como Rony reagiria quando ela lhe contasse que sabia da verdade...
- Você está acordada. Geralmente já está dormindo quando eu chego, embora às vezes eu imagine...
- Imagine o quê?
- Que você, na verdade, esteja fingindo para evitar que... – Rony parou de falar ao notar que ela se aproximava.
Pôde ver o quanto ele estava surpreso, podia sentir a aceleração da respiração dele e sentir seus olhos percorrerem todo seu corpo, olhando cada detalhe da camisola que ela usava, escolhida especialmente para aquele momento.
- Uau! Você está incrível!
- É mesmo? – Hermione não flertava há tanto tempo, que chegava a se sentir estranha.
- Incrivelmente linda! Eu só gostaria de entender...
- O que quer entender, Rony?
- Pensei que você estivesse furiosa comigo depois de encontrar Suzan em meu escritório esta tarde. Sei que tivemos um ótimo almoço, mas eu imaginei que encontraria você fazendo as malas quando eu chegasse em casa.
- Você se enganou, Rony. – disse lentamente se aproximando ainda mais – Não estou nem um pouco furiosa e muito menos pretendo fazer as malas e sair daqui.
- O que isso significa, Mione?
- Não conhece uma cena de sedução quando vê uma? – Hermione perguntou suavemente.
- Sedução? – Rony repetiu com a voz rouca.
- Sim, Rony, sedução.
- Você quer fazer amor comigo? – perguntou na mesma voz rouca. Hermione sabia que o marido estava prestes a perder o autocontrole.
- Tantas perguntas... – deixou escapar uma risada – estou começando a desconfiar que você não quer nada comigo.
- Nem pense nisso!
- Rony... Você me disse que não faria nada a menos que eu lhe dissesse que era isso que eu queria. Então, Rony, eu tenho certeza de que é isso que eu quero.
- Eu só espero não estar sonhando, Mione. – disse enquanto a pegava no colo e a conduzia até a cama que antes eles partilharam várias vezes.
- Você não está.
- Eu te amo, Mione.
- Eu também te amo, Rony.
Mais tarde eles poderiam conversar. Então, ela contaria a ele o que descobrira e pediria desculpas por não ouvi-lo. Por enquanto, eles já tinham falado demais. Agora era hora de recuperar o tempo perdido e aproveitar aquele momento tão esperado; o momento de tê-lo novamente em seus braços.


N/A: Primeiramente milhões de desculpas pela demora do capitulo, mais dessa vez prometo que não vai demorar tanto
Bem quero agradecer a todos os comentários...Adorei todos eles ...
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Beijos Sany