- Fantasmas do Passado -



Aproximou-se do para-peito da grandiosa e bem torneada janela da sala de seu antigo diretor, e espiou um pontinho laranja-amarelado no final do horizonte. Virou-se encarando Rony e Hermione, e por um momento teve a vontade de dar um salto para perto dos dois e abraçá-los fortemente. Guardou a varinha de pena de fênix antes partida ao meio em suas vestes. Abriu um enorme sorriso e disse:
- Acabou! Finalmente...
Voltou a olhar pela janela. Relembrou de tudo. Todos os momentos felizes e tristes, todas as perdas, todos os ganhos, todos os amores, todos os inimigos, todas as imprudências e todos os mistérios, tudo passou como um flash por sua mente. Contando, parecia uma história, porém ele sabia muito bem que não era. Apreciou o quadro de Dumbledore mais uma vez, porém o ex-diretor já estava dormindo.
- Muito obrigado por tudo...
Em suas mãos segurava a Varinha das varinhas, qual desistira de usá-la, queria acabar com aquela história que manchara as páginas da magia. Por um momento observou os contornos bem desenhados daquela Varinha, havia um símbolo inscrito nela, o mesmo símbolo das Relíquias da Morte. Riu-se ao pensar por tudo que passara, e aquela varinha, parecia uma simples, como qualquer outra, porém sabia que ela era diferente, só que para ele não fazia diferença. Virou-se para Rony e Hermione que o estavam observando.
- Rony... Hermione... Obrigado por tudo! Tenho certeza de que se não fosse por vocês... se não fosse por vocês eu não estaria aqui... Sozinho eu nunca teria conseguido destruir Voldemort... – sentiu um prazer em poder dizer o nome sem temê-lo.
- Harry – Rony deu uma palmadinha nas suas costas. – Harry, sem você nos liderando iríamos acabar na mesma porcaria de sempre! Você foi e ainda é um grande líder... Só não fica se gabando! – Harry riu.
- Concordo com Rony. Você o destruiu! Não nós... Você fez o papel mais importante, Harry! E a derrota dele é o que importa... Assim eu acho que vamos poder voltar a ter paz... – abriu um largo sorriso e abraçou fortemente os amigos. – Como ter a vida sem ter amigos?
- Impossível! – disse Harry. – Como eu poderia viver sem escutar as besteiras sem sentido que o Rony fala? – ironizou um pouco a fala.
- EI! – o garoto riu. – MAS AJUDEI!
Harry lembrou-se de Snape. Voltou por um instante ao passado, estava diante de Snape, olhando-o enquanto ele conversava com o Prof. Quirrel, e sua cicatriz ardia muito, ele lançou um olhar frio em sua direção. A imagem se desfez para a imagem de Severo morrendo aos seus pés, encarando-o e pedindo para que o olhasse nos olhos. Então uma substância prateada começou a sair de seus olhos, sua boca, seus ouvidos e nariz, como se fosse sua alma, e, baseado naquela substância que continha parte da memória do professor, Harry mudou o modo de encarar Snape. No momento em que saiu da penseira, Harry se viu culpado por ter julgado Snape um assassino insano, quando na verdade, tudo o que ele fez foi proteger Harry, e morreu na sua frente, como um homem de verdadeira coragem. Honrou até o fim sua promessa a Dumbledore.
- Snape... – murmurou.
- Harry, agora não adianta... Ele se foi... – Hermione abraçou Harry por um instante.
- Eu sei... Mas pensar que o culpávamos de tudo... – os pensamentos de Harry ricocheteavam em sua mente com tal velocidade, que tornava até complicado de explicar tudo que sentia. – Se pelo menos eu soubesse a verdade! – abaixou a cabeça.
- Levante a cabeça! – disse Rony. – Você derrotou Você-sabe-quem! Snape morreu na esperança de que você conseguisse derrotar!
- Você sabia que a corça prateada era o patrono dele? – Harry fitou o amigo que fez cara de espanto.
- Caramba! Nunca pensei que o patrono de um homem pudesse ser algo feminino! A não ser que ele seja... – Hermione o cutucou antes que terminasse de falar e antes de Harry revidar. – Quero dizer! Ele nos possibilitou a destruição de duas horcruxes!
- Exato! E deve ter ajudado de outras maneiras também... – a garota observou que Harry ainda segurava a Varinha da Morte. – Você vai devolvê-la mesmo?
- Vou. – disse determinado. - Vamos devolver esta varinha ao seu antigo dono...
Caminhou até a porta, segurou na maçaneta. Neste instante preferiu esquecer tudo o que acontecera, ele via claramente os rostos de seus pais, Sirius e Lupin o olhando e o encorajando. Ele queria esquecer os corpos de Fred, Lupin, Tonks, Colin e muitos outros que descansavam eternamente. Como ele deixara isso acontecer? Ele começou a se culpar, e, involuntariamente, apertara a maçaneta com tanta força que seus dedos começaram a doer. Eles morreram por sua causa. E não só eles, Dobby e Moody que já descansavam fazia tempo também morreram pela mesma causa, sua segurança. Apesar de todos os horrores enfrentados, todas as dores sentidas, ele queria esquecer estes detalhes que aos poucos consumiam um homem, e o levava a loucura. Várias mortes, ele se sentia culpado, como se fosse seu destino, ver o sofrimento dos outros, tê-los em seus braços sem poder ajudar.
- Harry, você está bem? – perguntou Hermione vendo que o amigo ainda segurava a maçaneta, sem rodá-la, e estava com os olhos bem apertados.
- Não... Não, Mione! – virou-se para ela. – Talvez para mim, mas não para eles! Todas as vítimas desta guerra! Tudo por minha causa! PERDI O SIRIUS E DEPOIS DUMBLEDORE! AGORA VIERAM TANTAS MORTES, MIONE, QUE ACHO QUE A NOBRE CAUSA DE ME SALVAR PERDEU SENTIDO! Eu... – e calou-se para não prosseguir e dizer que ele tivera que morrer de qualquer jeito. Várias lágrimas se ressaltaram de seu rosto rosado e sujo de terra. Tentou disfarçar, virando-se e abrindo a porta.
- Harry! Você o derrotou! Eles morreram na esperança de que você o derrotasse! ISSO ACONTECEU! A MORTE DELES NÃO FOI EM VÃO! – disse Rony.
- Você não entende, não é? Não entende que não precisavam ter morrido para isso! TALVEZ ISSO VOCÊ NUNCA ENTENDA POR TER UM CÉREBRO DESMIOLADO E UM CORAÇÃO DE PEDRA! – berrou Harry nervoso. Suas veias saltaram, uma onda de raiva tomou-o subitamente.
- NUNCA ISSINUE ALGO DESSES NA MINHA CARA! VOCÊ NÃO SABE COMO É PERDER UM IRMÃO! VOCÊ NÃO SABE COMO É VÊ-LO MORRENDO! – Rony explodiu subitamente e segurou a camisa de Harry com o punho cerrado, ele sabia muito bem a perda, não queria era expor seus sentimentos, porém aos poucos a realidade o tomou e ele soltou Harry e saiu correndo em direção ao Salão Principal.
Hermione olhou para Harry com olhar de desaprovação e saiu correndo atrás do outro, quando sumiu por um corredor ainda foi possível escutá-la chamando pelo nome do amigo. Harry sentira algo se rompendo dentro dele, alguma ligação forte. Olhou o castelo como se fosse a primeira vez que o observava. Viu a gárgula atrás dele no lugar, e pegou um caminho diferente do que os amigos pegaram.
Ficou pensando em Rony, fora uma discussão irracional, ele sabia muito bem que o amigo tinha sentimentos, ele acabara de ter perdido o irmão por sua causa, e agora estava irritado com o amigo por ter dito que ele não tinha sentimentos. Harry se ajoelhou no chão e pôs as mãos no rosto. Tinha acabado de derrotar Voldemort, era hora de comemorar, e não brigar mais ainda. Harry ficou por muito tempo pensando nas besteiras que fizera, culpou-se por ter feito Rony ficar com raiva, mas no fundo ele estava enraivecido com tudo o que se passara, nunca passara por momentos tão tristes. Não queria ser o herói, nunca quis. Sentou-se e apoiou a cabeça no joelho.
Lembrou-se daqueles momentos engraçados, quando seu amigo fazia palhaçadas, ou falava alguma coisa tão sem sentido que dava vontade de rir, e aos poucos começou a descontrair da angústia. Levantou-se, e continuou caminhando pelos corredores do castelo.
Via em cada marca da parede uma história sua. Cada passo como um flash de pensamentos do passado, tudo se resumira naquele momento em que vagava só pelos corredores do castelo. Tudo o que passara havia acabado naquele ponto, todos os sofrimentos, tudo, pelo menos na cabeça dele. Agora tentaria viver uma vida normal sem muitas turbulências. Passou suavemente a mão pela cicatriz, fazendo com que seus dedos sentissem sua forma, o raio que o atormentara por muito tempo, e agora sabia o porquê daquilo tudo. Ele tinha parte de Voldemort dentro dele, só que esta parte fora destruída pelo próprio.
Retirou de sua bolsa no pescoço o pedaço de espelho que tanto guardara, olhou-o como se quisesse ver algo invisível. Observou apenas um sorriso. Sabia que o olho que antes vira não pertencia a Alvo, e sim a seu irmão Aberforth. Caminhou em direção a uma escadaria que o levaria para o andar térreo, e em seu caminho encontrou a Dama Cinzenta que se aproximou.
- E então? Encontrou o que procurava? Soube que você o derrotou. – com uma expressão de perplexidade.
- Encontrei... Infelizmente ele não me ajudou muito – mentiu Harry. – Acho que peguei uma mera cópia... E sim! O derrotei!
- Mera cópia? – Helena se perguntava. Logo esqueceu e voltou para Harry. – Mas diziam que você estava morto! Ninguém realmente entendera o que aconteceu!
- Pessoas sabem fingir... – sorriu, despediu-se e partiu em direção aos andares abaixo, apenas viu Helena abanar sua delicada mão transparente para ele.
Quando chegou ao andar térreo, passou direto pelo Salão Principal. Mas dera tempo de ver seus amigos todos juntos, sorrindo e alguns até cantando para espantar a tristeza. Pisou então no orvalho fresco da grama, e partiu em direção onde estava localizado o caixão de seu antigo diretor, qual agora descansava em paz. Por um momento teve a vontade de retornar na floresta para pegar a pedra que revivia os mortos, queria ver seu pai, sua mãe, Sirius, Lupin, Tonks e muitos outros novamente, não queria ter dado um adeus quando partiu para seu encontro com Voldemort, queria poder revivê-los, pelo menos vê-los novamente. Em sua mão segurava firmemente a Varinha do Destino, qual estava destinado a devolver ao túmulo de Dumbledore.
Quando estava bem perto do túmulo, observou alguém debruçado em cima do mármore de que era feito o túmulo, se aproximou devagarinho, e aos poucos pode ver a face do homem. Aberforth estava debruçado sobre onde seu irmão jazia inconsciente. Ele dizia palavras, em parte parecia o mesmo rabugento Aberforth, porém lágrimas estavam escorrendo pelo seu rosto.
- Conseguimos... O menino Potter conseguiu realizar o que todos esperávamos... – murmurava. – Por que você não voltou? Por que fez isso com tantas pessoas? Por que ocultara o que sabia sobre as pessoas delas? Você desde o início sabia o destino de Potter, então você também deve ter previsto sua morte... Eu... Eu agora vou tentar pedir desculpas a você, mesmo inconsciente aí! Até hoje ainda sinto culpa pela morte de Ariana, talvez se deixássemos de agir deste modo brutal... mas já era tarde demais e eu estava tomado pela raiva... Até hoje estou tomado – consertou. – Eu preferia ter morrido no lugar dela... E agora o destino te levou! Apesar das nossas brigas! Apesar das discussões que tivemos; dos desentendimentos, da minha vontade de quebrar seu nariz novamente... Ainda sinto a ligação de irmão... Peço desculpas por tudo que te causei! Duvidei de você até o fim, e agora me arrependo... – mais lágrimas caíram em cima do caixão.
Harry tentou se aproximar mais, porém Aberforth sentiu sua presença, levantou seu rosto do caixão e perguntou bem alto:
- Quem está aí? – quando não houve resposta empunhou a varinha. – sei que tem alguém aí!
Harry se entregou se movimentando para mais perto.
- Ah! É VOCÊ! – voltou a guardar a varinha e disse. – O que faz aqui?
- Vim devolver a varinha de Alvo...
Aberforth ficou observando a varinha que Harry segurava, e aos poucos foi se distanciando. Viu o garoto abrir o túmulo e, com cuidado, colocar a varinha entre as mãos de Dumbledore muito juntas sobre o peito. Viu o rosto do senhor que descansava serenamente, e pensar que aquele homem já fora um dos bruxos, ou o bruxo, qual Harry tivera mais respeito. Logo fechou o caixão e voltou-se para Aberforth.
- A varinha por direito é dele... Ele merece...
- Talvez... É melhor você voltar lá para dentro! Todos estão comemorando! Vá aproveitar! – disse Aberforth em um tom meio que frio.
- Eu escutei um pouco da sua conversa com Alvo. Você se culpa também!
Aberforth teve um surto, teve vontade de apagar a memória de Harry com um toque da varinha. Porém conseguiu se acalmar, voltando-se para Harry, fitou-o por um momento.
- Me arrependo de muitas coisas... Porém não interessa a você o assunto entre mim e meu irmão. Deixe Dumbledore descansar! Vá logo!
- Você se arrepende de ter brigado com ele! O culpava por ter assassinado Ariana, porém no fundo se culpava também. Eu conversei com Dumbledore quando... – engoliu em seco, não queria dizer a palavra morte, se bem que na verdade ele nunca morreu.
- Conversou com Dumbledore? Impossível! Ele está morto! A não ser que falou com o quadro dele no seu ex-escritório! – cortou Harry por um instante para não ouvir o que vinha a seguir.
- Ele disse que foi total erro dele como parente, de ter tentado fugir da realidade. De não ter dado tanta importância a Ariana como deveria, e se arrependeu! Ele disse que nunca conseguiu se esforçar o suficiente para ser um chefe de família sensato. Ele disse que em parte se envolveu demais com Grindelwald, estava obcecado demais pela história das Relíquias e a existências delas que se tornou egoísta, só pensava em si e...
- CALA A BOCA! – berrou Aberforth nervoso ao escutar tudo aquilo, porém o resultado foi que para um homem frio, ele começou a chorar silenciosamente. – Você não pode falar assim como se conhecesse as pessoas exatamente como elas são ou foram, apesar de... Apesar de em parte eu sentir um pouco de cada sentimento... E se isso for mesmo verdade eu sou o verdadeiro culpado por jogar tudo para cima de Alvo.
Harry ficou pasmo, ele provocou o homem, queria ver sua reação, queria que ele deixasse de fingir que nunca se importava, porém fora uma reação muito maior do que esperava.
- Você, Harry, salvou todos está noite! Quando eu o vi morto eu vi o fim de todos, porém aos poucos percebi que você estava fingindo, e quando sumiu isso comprovou. – hesitou com os olhos brilhando. – E se não se importar isso ficará comigo – e mostrou pedaço do espelho de Sirius.
- No fundo, Aberforth, eu nunca quis ser um heróis, veja então quantas mortes ocorreram por minha culpa!
- Harry! O que está feito está feito! Não há como voltar no tempo! Senão eu iria tentar fazê-lo... Mas agora você deve voltar para seus amigos! Vá lá! Aproveite... – e sorriu levemente.
Harry partiu em direção ao castelo. De repente, bem longe pensou ter visto um vulto. Seria um comensal tentando escapar? Saiu correndo atrás dele. Ele entrou na floresta proibida, e Harry o seguiu. Depois de vários tropeços em raízes compridas de árvores, o garoto se sentiu perdido. Olhou ao seu redor e viu que já havia passado por ali há pouco tempo. Continuou seu caminho, pensando que o vulto ainda estava lá.
O caminho estava ficando mais difícil, ele já caíra várias vezes na lama que havia se formado com a terra, e se sujara. Agora de varinha em mãos viu o vulto lá no final de seu campo de visão, aproximou-se então. Sentiu um pequeno calafrio porem continuou seu trajeto. O que seria aquilo? Quem seria se fosse humano? Quando pensou ter alcançado o vulto ele se desfez no ar. Nunca houve nada para ele perseguir, fora tudo sua imaginação. Porém algo o chamou a atenção, ele viu a pequena pedra qual jurara nunca retornar para procurá-la. E inconscientemente o fizera. Olhou-a por um tempo, era uma tentação terrível pegá-la e girá-la novamente, para rever seus pais e outros tão queridos que perdera a tão pouco tempo.
Algo fazia com que ele sentisse uma atração por aquele anel. Sirius veio a sua mente, dizia que poderia pegar o anel sem medo que nada aconteceria, porém conseguiu resistir. Em um movimento ríspido para se livrar do transe, perdeu o equilíbrio e caiu para trás.
- Estou prestes a morrer... – repetia a frase para si. – Este era o fecho! Agora criarei um novo começo!
Levantou-se decidido, chutou o anel para longe e caminhou em direção ao final da floresta. Sentiu um tremor no chão. Olhou para todos os lados a procura de algo. O tremor aumentou assustando-o. Como se fossem pisadas. Logo começou a correr, pensando que alguém o perseguia. Porém a corrida dele o levou a uma clareira diferente, nunca tivera ali. Ou se já tivera a li fora há muito tempo. Olhou para os lados a procura de alguém ou alguma criatura. Escutou uma voz.
- O que você faz aqui?
Quando viu no alto, percebeu que os centauros tinham retornado e o cercavam. Todos possuíam uma expressão de carrancudos. Todos observavam Harry que estava com a varinha em mãos. Eles começaram a avançar com os arcos em mãos.
- O que você quer humano?
Harry estava nervoso. Não saberia o que dizer, acabara chegando ali sem querer. Olhou-os nervoso e guardou a varinha.
- Cheguei aqui por engano, acabei me perdendo na floresta... – começara, mas fora cortado por um dos centauros.
- E você acha que acreditaremos em um comensal? Você ousou nos atacar na batalha!
Harry olhou-o aterrorizado. Insinuaram que ele era um comensal. Será que o atacariam? Não sabia o que dizer, tentou se encolher em um canto, mas quando escutou a voz de um dizendo para não se mexer, eles apontavam os arcos com flechas em sua direção. Até um deles falar.
- Ele é o Potter!
Quando os outros ouviram o grito do centauro chefe, todos abaixaram as armas. Ele aproximou-se do garoto. Deu para ver que era o maior de todos, era quase o dobro de Harry em altura, e possuía um ar de superioridade. Estava com vários ferimentos no rosto que sangravam muito, e em seu peito havia um corte profundo, sem contar que uma das patas estava quase quebrada pela batalha.
- Desculpe-nos. Achamos que você seria um dos comensais que escaparam, não vimos seu rosto...
Harry lembrou-se do vulto. Será que era um comensal? E se fosse? Deixara um escapar! Mas logo pensou: “Voldemort está morto... Não há porque se preocupar com um fugitivo, ele logo vai ser detectado...” Voltou-se para o centauro chefe e disse:
- Muito obrigado por ter nos ajudado na batalha... Desculpe-me por todas as perdas, pus todos em risco...
O centauro fitou-o por um momento, logo o bando todo se dissipou pela floresta e Harry pode voltar sua caminhada de volta para o castelo. Acelerou o passo para não ter mais uma surpresa desagradável como tivera há pouco tempo. A floresta parecia realmente calma, estava tão silenciosa que escutava os próprios passos na terra úmida. Sentiu o caminho até o final da floresta bem mais curto do que tomara para chegar à orla dos centauros. Logo chegou à cabana de Hagrid, que estava vazia e com as luzes apagadas, pois Hagrid deveria estar no Salão Principal. Rapidamente, subiu a colina até avistar o enorme castelo, entrou por seus grandiosos portões e encaminhou-se para o Salão Principal.
Quando entrou, quem o vira deu gritos de viva. Porém Harry preferiu ir para perto de Rony e Hermione. Quando chegou perto olhou Rony serenamente e pediu desculpas. Após as desculpas serem aceitas sentou ao seu lado.
- Olá Harry! – cumprimentou Jorge, que agora era apenas uma pessoa solitária, não tinha mais seu irmão que o apoiava em quase tudo.
- Oi! – e sentou-se entre ele e Hermione.
- Harry... Todos nós gostaríamos que você desse uma palavra de pesar a todos, todos estão sofrendo com as mortes dessas pessoas queridas... Outras nem tanto – completou.
Harry ficou tenso. O que falaria? Foi até lá na frente onde recebeu um abraço de Minerva. Virou-se para todos que agora tinham se calado e estavam olhando-o. Inspirou fundo, sentiu uma forte pulsação em seu pescoço. Observou que a maioria tinha uma expressão mais descontraída, porém havia outros que ainda estavam chorando pelas perdas. Harry pensou rapidamente no que iria falar, repetiu para si, tomou fôlego e...
- Bem... Estamos todos aqui, reunidos neste momento, por causa de derrota de Voldemort... Infelizmente, durante a batalha que foi duradoura, perdemos muitos dos nossos queridos amigos ou parentes – uma lágrima escorreu pelo seu rosto -, porém eles morreram acreditando que conseguiríamos vencê-lo, e conseguimos! Lutamos bravamente, honramos cada gota de suor, sentimos o poder da palavra glória... Então, a morte deles não foi em vão, que honremos seus nomes, e que eles possam então, depois de dura batalha que foi viver neste mundo turbulento, descansar em paz – fechou os olhos por um instante e sentiu um calafrio, pensou ter visto Tonks olhando-o em um dos bancos. Num piscar de olhos ela não mais estava lá.
“Tivemos perdas muito importantes como Lupin, grande pessoa, grande bruxo; Tonks, incrível bruxa que não morreu em vão; Fred – e ao dizer seu nome Sra. Weasley soluçou -, o qual sentiremos muita falta por seu bom humor e... – foi falando de cada um, sem esquecer ninguém. Quando terminou repetiu – Eu... eu... - e então se calou sem completar, e partiu para o lugar qual estava sentado, a maioria ficou olhando-o com ternura, como se tudo o que dissera tocasse suas almas e as renovassem, porém ninguém aplaudiu.”
Ao sentar-se ao lado de Jorge, Sra e Sr Weasley vieram abraçá-lo. Molly ainda soluçava, não sabia se estava triste ou emocionada com as palavras de Harry. Depois os dois foram ver mais uma vez o corpo de Fred. Jorge tocou seu ombro, e, junto de Hermione e Rony disseram:
- Belas palavras Harry...
Harry corou ao ouvir isso. Porém pensou no futuro de Hogwarts, tudo estava destruído. Quem seria o diretor? Faltavam vários professores. Tudo ficaria diferente. Harry fitou a mesa sem nada, pensando.
- Sabe... O que será de Hogwarts? – dizia cada palavra com tom de preocupação.
- Bem... – respondeu Hermione. – Minerva agora deve ser nomeada diretora finalmente... Os estragos serão reparados nestas férias, e afirmaram que Hogwarts estaria pronta para o próximo ano letivo... Quanto aos professores... Bem... Eles vão atrás de alguns, os que faltam... Pois perdemos um professor nessa guerra.
- Certo...
Antes de terminar de falar, algo chamou sua atenção. Ago passara direto pela porta do Salão Principal em direção ao interior do castelo. Era lago de cor prateada e reluzia a pouca luz que já entrava no castelo, vinda lá de fora. Depois de um tempo associou imagem com pessoa. Teve a certeza de quem vira, e se esse alguém estava lá, esse alguém era Lupin. Levantou-se de um salto e correu para fora do salão seguindo “os passos” do fantasma. Rony e Hermione que perceberam a exaltação do amigo ao sair a passos apressados do salão o seguiram.
Ele já estava no segundo andar e não vira mais nada, porém tinha certeza de que havia algo lá. Procurou em cada sala do corredor. Quando estava para desistir vu o mesmo vulto, agora mais claramente. Era o rosto de seu ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Ele sorriu para Harry e continuou vagando rapidamente em direção indefinida, sempre viravam em corredores estranhos, e no final Harry acabava no mesmo lugar. Rony e Hermione já o alcançaram quando ele estava descansando.
- Harry! O que houve? Por que saiu correndo do Salão Principal? – Rony estava com uma expressão de espanto.
- Eu o vi!
- Quem, Harry? – perguntou Hermione se assuntando também.
- LUPIN! Ele foi naquela direção! ELE SORRIU PARA MIM! – Harry estava confuso com o que dizia, não podia ser verdade! Podia?
- Harry, Lupin está...
- Morto eu sei... Vi o corpo dele, porém vi seu fantasma indo naquela direção. Talvez queira me mostrar algo! – apontou para um corredor sombrio.
- Vixi... começou tudo de novo... – murmurou Rony para si bem baixinho para ninguém escutar.
- Harry, isso é definitivamente impossível!
- Pense bem no que você fala Hermione... Conhecemos muito bem fantasmas... Porém eu não estou certo de que Lupin iria querer continuar neste mundo... Ele não teria medo da morte... – disse Harry, falando mais pra si do que para seus amigos.
Em seguida, quando olhou para o lado Lupino encarava com seus olhos transparentes e esbranquiçados, e logo partiu em uma direção oposta a que Harry procurara. Levantou-se de um salto ao vê-lo bem de perto.
- AH! – berrou. – VAMOS ATRÁS DELE!
Harry apontava para o Lupin que enxergava, porém seus amigos estavam incapacitados de vê-lo. Hermione estava assustada, pediu a Harry para que se acalmasse, contudo, quando o fantasma acenou para ele como quem quisesse que ele se aproximasse ele saiu correndo em sua direção sem ao menos terminar de ouvir o sermão de sua amiga.
Lupin tomou o local onde havia mais destroços. A parede havia desmoronado e dava para ver lá fora. Ele viu um clarão verde ao longe no horizonte, pensou que fosse sua imaginação. Quando se deu conta, estava sozinho e na beira da abertura na parede, parecia que estava na corda bamba, Lupin desaparecera. Começou a cair, se não fosse por Hermione que chegou na beirada e berrou “Aresto Momentum”, Harry poderia ter morrido com o baque que estava prestes a sofrer.
Sentiu-se flutuando no ar por instantes, e logo depois caiu no chão, porém não sentiu dor, apenas ficou inconsciente depois de bater a cabeça no chão.

Abriu os olhos e olhou para o alto, tudo estava girando, viu vários Ronys e várias Hermiones que vinhas socorrê-lo, junto vinha madame Pomfrey. Desmaiara por pouco tempo, porém via um céu alto e claro, a luz começara a ofuscá-lo. Olhou a senhora que com um girar de varinha fez seu corpo erguer no ar e flutuar até a enfermaria. Porém ele já não sofria nenhum dano físico nem nada, gravou o local onde caíra, poderia ter algo que teria que ir procurar ali depois.





-------------------------------------------------------------


Notas do autor:
Prazer, sou André Luiz Potter o escritor desta versão de Harry Potter.
Aviso: este não é nem o começo, só para mostrar que a história começa exatamente no ponto onde termione Harry Potter e as Relíquias Mortais, é haverá fatos importantes para o desenrolar da estória neste capítulo. Este é o 1º capítulo, logo vem mais!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.