Draco Malfoy e o corpo de Alex



Draco parou a frente da mansão dos Malfoy e colocou a mochila esfarrapada no chão. Ficou durante certo tempo, ele não soube quanto, encarando a casa. Nunca passou momentos que pudesse chamar de alegres lá. A guerra no mundo bruxo, foi pior. A casa se tornou uma espécie de “Quartel General” do Lorde das Trevas. Ele presenciou muitos morrerem lá dentro, uns por Voldemort e outros pelo seu próprio pai.
Pegou a mochila e a jogou sobre o ombro direito, foi ate a casa e colocou a mão na maçaneta refletindo.
-Por que aqui? Poderia ser outro lugar...
-Por que aqui é onde os Malfoy nasceram – disse a voz de seu pai que vinha de dentro da bolsa.
Draco a abriu desesperado retirando o caco de vidro.
-Você não tem o que questionar – continuou Lucio – Você quer ou não colocar um fim em Potter e todos os que colocaram nessa vida deprimente que você vive?
-Claro que quero. É o que mais quero na vida.
-Então pare de fazer perguntas idiotas e faça o que tem que fazer. – terminou Lucio sumindo do caco de espelho.
Draco só via seu reflexo no espelho. Estava pálido e de olhos fundos e inchados.
Sem mais rodeios, Draco girou a maçaneta e empurrou a porta. A casa estava suja e perdera totalmente o ar imponente que seus moveis davam a ela.
Ao sair do Hall, Draco viu as estantes e poltronas na sala cobertas por lenços brancos cheios de pó. Draco subiu as escadas em direção à quarto dos pais, para pegar a chave. Entrou. A cama, ainda coberta pelo fino acolchoado verde escuro, tinha a madeira roída por traças. Criado mudo, onde estava à chave, estava coberto por um outro lenço branco. Draco o puxou com força e uma nuvem de pó tomou conta do cômodo. O rapaz tossia e balançava as mãos tentado afastar o pó. Abriu a gaveta do criado mudo e viu uma caixinha de madeira muito delicada. Abriu e viu a chave de aspecto antigo. Draco a tirou da caixinha e colocou no bolso. Tirou mais uma vez o espelho do bolso frontal da mochila.
-Pai – disse ele baixinho – Pai.
O rosto de Lucio surgiu no caco.
-O que foi agora?
-Você não me disse onde esta a passagem para achar o tal corpo.
-A sim – disse Lucio – seu quarto. Atrás da cortina, tem uma portinha. Você abre com a chave e desce o lance de escadas. Vai ver o corpo assim que chegar ao fim do corredor. – Lucio sumiu mais uma vez sem despedidas.
Draco parecia paralisado. Seu quarto? Sempre tentou abrir aquela portinha, mas nunca deu certo.
O rapaz saiu e correu pelo corredor ate seu quarto. No fim do corredor, ele girou a maçaneta e entrou.
Draco não sabia o que dizer. Os cinco anos pareciam ter passado como décadas. O som de seus passos foram abafados pelas folhas secas no chão que foram trazidas pela janela aberta. A cortina da grande janela estava furada e balançava com a brisa que tinha cheiro de chuva. Olhou a sua antiga cama coberta por um lenço branco. Nas paredes, pôster de times de quadribol e fotos de sua época de escola estavam se soltando, amareladas. O garoto sacudiu a cabeça como se acordasse de um sonho ruim. Não estava lá pra isso. Foi na direção da portinhola atrás da cortina verde-escuro e abriu com a chave que estava no bolso.
O barulhinho de correntes se soltando cortou o silencio mórbido daquele lugar. A portinha se abriu e Draco começou a descer as escadas. O uso da varinha não era necessário, tochas de fogo iam se acendendo conforme descia as escadas.
No fim do lance de escada, um corredor escuro congelou ate os ossos do jovem. Ele continuou seguindo com as luzes iluminando o seu caminho conforme andava.
Enquanto andava, Draco se lembrava do que tinha que fazer. Seu pai lhe disse para fazer o que tinha feito com Lucio.

FLASH BACK
“Depois do ataque impiedoso dos dementadores na batalha final, Draco correu pelo jardim da mansão dos Ridlle a procura do pai. Mas nada encontrou. Dementadores sugavam sem piedade as almas dos pobres coitados. Tanto comensais, como membros da Ordem. Draco viu ao longe, cabelos loiros sobre o chão molhado e escuro.
-Pai. – sussurrou ele
O garoto começou a correr ate alcançar o corpo imóvel de Lucio Malfoy.
-Pai acorda – dizia Draco ajoelhado sobre o pai morto – Acorda...
Uma idéia lhe veio à mente. Draco não era de ler muito, mas as poucas vezes que leu, descobriu feitiços que lhe foram muito úteis. Poderia salvar o pai, ele não morreria certamente.
Começou a arrastar o corpo do pai pelo gramado ate a casinha dos fundos.
-Vou acabar com Voldemort. Ninguém encontrara você aqui... – o garoto saiu correndo.”

“Depois de ver a mãe sendo morta e Snape, sua única proteção durante a sua fuga e de sua mãe. Draco foi ao encontro do corpo do pai. Correu com as lagrimas se misturando ao suor.
Dentro da casinha, o corpo de Lucio jazia perto da porta. Durante o percurso ate o casebre, Draco encontrou no chão, um espelho. Só um pedaço, mas seria útil para o que iria fazer. Lucio estava morto, sem alma. Mas ainda tinha o coração dentro do peito. Draco passou a varinha no peito do pai abrindo um corte profundo.
-Isso é nojento – disse para si mesmo – Mas é o único jeito.
Lucio havia dito a Draco uma vez que a família tinha um segredo, mas nunca o contou o que era. Precisava saber...
-Accio coração – o coração de Lucio saltou de dentro do peito aberto e caiu no chão.
Draco o apanhou e colocou sobre o caco de espelho.
-Unos – disse Draco.
O coração foi entrando no espelho como se o caco fosse uma gelatina e ele lá afundasse. Draco sorriu ao ver seu plano funcionar.
-Revivoss – o rosto de Lucio surgiu como Draco conhecia quando vivo. Serio imponente...
-Ola filho – disse Lucio de dentro do espelho – Que maravilhas as Artes das Trevas podem fazer não é mesmo?”
Draco voltou ao túnel iluminado. Esperava não ter que arrancar outro coração de seu lugar, foi um trabalho nojento e sujo. Durante esses cinco anos, se arrependeu algumas vezes de ter trazido o pai de volta. Mas era sua única chance.
O jovem virou uma curva e avistou no fim do corredor uma redoma de vidro que flutuava embaixo de um arco.
Draco correu ate lá. O arco era de mármore, e parecia varias cobras em que seus olhos eram de esmeralda. Draco olhou encantado para o arco. Mas sua atenção se virou para o corpo na redoma de vidro.
Suas feições foram conservadas pela tal Alexandrita. Era um homem, tinhas os olhos fechados e lembrava muito seu pai. Os longos cabelos brancos, que iam ate a cintura. Draco aproximou o rosto do rosto do velho. Teve a impressão de que seus olhos piscaram rapidamente. Mas era só impressão, não era possível. Estava morto havia anos.
-Pai – disse ele pegando o espelho na mochila – Pai...
-De novo garoto...
-O que eu faço agora?
-Você não consegue pensar sozinho?
-Consigo, mas... – Draco olhava o lugar aterrorizado. Já estava temendo ficar ali sozinho.
-Muito bem – disse Lucio – preste atenção: o que você fez, para que eu voltasse?
-Tirei seu coração e coloquei no espelho.
-Muito bem... – Lucio parou um momento vendo o rosto pensativo do filho.
-Terei que tirar o meu coração? Mas assim eu vou morrer e...
-É quase isso, quase...
Draco levantou a tampa da redoma e colocou a mão direita sobre o coração do velho. Sentiu um calafrio percorrer seu corpo quando o corpo emitiu uma fraca luz esverdeada. O rapaz deu um salto pra traz assustado.
-Pai – disse ele com uma lagrima escorrendo do olhos esquerdo – Eu...
-Vejo que descobriu. Não será um trabalho tão sujo e nojento como foi o meu. Será rápido e fácil. Vá logo.
-Mas...
-Quer uma ajuda? Olhe suas vestes, olhe pra você... Esta horrível. E graças ao Potter e seus amiguinhos.
Draco olhou para si mesmo. Fechou os olhos e viu o rosto de Harry junto com a namoradinha traidora de sangue e amiga sangue-ruim. Herdeiro? O Weasley tinha esse titulo, ele não era nada.
A raiva ficou explicita no rosto de Draco que colocou a mão sobre o corpo sem pensar duas vezes.
O corredor se iluminou com uma luz verde. O coração de Draco batia com uma velocidade incrível. O vidro em que o corpo estava quebrou fazendo o jovem tampar os olhos com o outro braço.
Draco sentiu algo correndo por suas veias. Era estranho. Caiu de joelhos e desmaiou.

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