O Poder Que Controla Os Dement



CAPÍTULO 17: O Poder Que Controla Os Dementadores


- Mau dia, mau dia... - Resmungava Rony, dando um passo para trás. Os dez bruxos se encolhiam num círculo, cada vez mais cercados pelos dementadores que desciam pelas escadarias.

- Não é uma boa hora para tirar uma soneca, Leah... - Disse Sirius, agarrando Leah por baixo de seu braço. Depois de ter aberto as portas do templo, ela mal ficava de pé ou mantinha os olhos abertos.

Hagrid apontou a besta para um dementador e começou a atirar, mas custava muito para derrubar um.

- Vamos, todos usando Patronos, vamos! - Disse Lupin, sacando a espada - Usem a varinha enquanto eu, Sirius e Snape damos conta deles, vamos!

Os alunos obedeceram. Mas não parecia adiantar muito, os patronos conjurados apenas retardavam o avanço deles. Azkaban parecia ajudar muito na força dos dementadores.

Mesmo usando o patrono, Snape, Lupin e Sirius não tinham muita força, não podiam avançar muito ou os dementadores os cercavam. Os alunos começavam a ficar cansados de tanto usarem o patrono.

- Minha cabeça está girando - Disse Gina, já cambaleando - eu não vou agüentar muito tempo...

- Ah, vai, sim - Resmungou Malfoy, erguendo-a pelo colarinho, ele estava logo atrás dela - Você é meu escudo humano. Se você cair esses bichos chegam perto de mim. Nem pense em sair daí.

- Malfoy, se eu sair vivo dessa eu juro que quebro esse seu nariz empinado ridículo! - Ameaçou Rony, no lado oposto ao de Draco.

- Hagrid, o portão! - Gritou Sirius. Hagrid deixou os tiros de lado e correu até os portões para forçá-los. Eles se abriram, e todos puderam ver um longo corredor de uma caverna de gelo. - Corram todos!

Sirius pôs Leah nos ombros e foi o primeiro a correr. Os alunos foram logo atrás, e Lupin e Snape depois. Os dementadores que restaram ficaram na entrada do Templo. Se recusaram a seguir em frente.



*




Um bom tempo de corrida depois e eles chegaram a um espaço amplo e aberto, onde puderam descansar. Cada um foi para um canto da caverna e se sentou.

O templo localizava-se numa extensa caverna gelada, com estalactites e estalagmites de gelo, que mais pareciam diamantes. O chão, quando não era terra, era de cristais de gelo, pouco mais grossos que neve. Era um lugar claro e azulado. Estátuas e colunas de pedra e gelo contornavam as paredes, e as mesmas tochas do subsolo de Azkaban iluminavam o lugar, desta vez com chamas azuis.

- É um lugar bonito - Observou Hagrid.

- E frio. - Resmungou Rony, batendo o queixo, encolhido.

- Por que será que os dementadores pararam na porta? - Perguntou Harry.

- Porque aqui deve haver coisa pior - Disse Snape.

- Seu otimismo é comovente, Severo. - Completou Sirius, com Leah encostada em seu ombro, cochilando. Ele abriu seu grosso e grande casaco de pele e enrolou nas costas dela, puxando-a para dentro dele, para que, enquanto estivesse abraçado á ela, pudesse mantê-la quente, evitando que tivesse uma hipotermia desacordada e morresse congelada.

- Vamos fazer uma boquinha? - Perguntou Hagrid, enfiando a mão numa bolsa que carregava e tirando uma série de tortinhas enroladas em guardanapo. Pôs a mão dentro do casaco e tirou um grande cantil de couro. - Conhaque para esquentar todo mundo. Ia trazer cerveja amanteigada, mas achei melhor trazer algo "quente"...

- Hagrid vem preparado para tudo - Sorriu Gina - imagino o que não tem nos seus bolsos.

- Tem de tudo, Gina - Sorriu Hagrid, se servindo de uma tortinha - às vezes ponho a mão no bolso errado e levo uma mordida.

Snape e Draco foram os únicos que não deram risada. Sirius pôs o cantil perto do nariz de Leah:

- E aí, querida? Vai um conhaque para esquentar os ânimos?

- Eu não bebo. – murmurou, mexendo-se dentro do casaco de Sirius o mínimo possível, e apertando os olhos.

- Nossa. Nem na beira da morte essa mulher relaxa.

- Não estou morrendo. – Resmungou, abrindo os olhos e olhando Sirius.

- Pelo menos relaxe, dona.

- Estou relaxada.

- Querem parar com isso? - Pediu Lupin, do outro lado da caverna. - Mas que crianças mais felizes...

Energias renovadas e todos puseram-se no caminho de novo. A caverna muitas vezes se ligava a outras, por pontes de gelo no meio de abismos, muitos deles bem escuros. O templo era tão grande que provavelmente estaria localizado abaixo do mar, não só na ilha da prisão. Uma grande galeria de gelo obrigou os bruxos a se separarem de novo. Harry seguiu com Sirius, Lupin com Gina, Hagrid com Rony, Leah com Hermione, Snape com Draco. Em pouco tempo nem mesmo os passos dos companheiros podia ser ouvido.



*




- Hum... Você escutou? - perguntou Leah numa certa altura, pondo a mão na espada e olhando o teto.

- Escutei - Respondeu Hermione, ficando parada.

As duas ainda ficaram olhando em volta sem mover um músculo. Até que Leah reagiu:

- Abaixe-se! - Hermione obedeceu. Leah pulou por cima de Hermione e sacou a espada, no exato momento em que um dementador surgia em meio às colunas de gelo do lugar. - Droga, esses dementadores ainda estão aqui...

Próximo ao lugar de onde as duas haviam saído, um corredor um pouco mais estreito, dois dementadores estava "montando vigia". Leah resmungou qualquer coisa e foi direto para o lugar atacá-los. Mas Hermione ainda pareceu sentir alguma coisa...

- É uma armadilha! - Berrou. Mas era tarde. Antes que Leah sacasse a espada, o chão de gelo logo abaixo de seus pés simplesmente desmanchou e ela despencou, segurando na beira do buraco com apenas uma das mãos. Os dementadores não se moveram, só abaixaram a cabeça como se a olhassem.

- Isso é mau... - Resmungou.

Um dos dementadores levou a podre mão até próximo ao rosto de Leah, mas antes que o tocasse foi atingido por um feixe de luz branca. Ele recuou, enquanto o outro olhava: era Hermione, vindo até Leah.

Era a segunda parte da armadilha. Hermione foi cercada por outros dementadores, que simplesmente apareciam do chão.

- Isso não é bom...

- O que foi? - Perguntou Leah, do buraco.

- Dementadores... Uns oito ou nove...

- Use a espada! Tire-a da bainha!

Hermione obedeceu, apesar de não saber direito nem como se segurava uma coisa daquelas.

- Agora execute um feitiço do patrono, como se fosse uma varinha, ande!

Leah começava a escorregar, os dementadores a se aproximar. Hermione começou a murmurar baixinho e sem parar "Expecto patronum, Expecto Patronum..." mas nada dava certo. Cada vez mais ficava difícil se concentrar, com a sensação dos dementadores cada vez mais perto... De repente o pedaço de gelo que Leah se agarrava desmanchou e ela despencou. Usando uma grande velocidade, Leah pegou a espada que segurava na mão esquerda e a enterrou com toda forca na parede de gelo, voltando a se segurar, dessa vez na espada.

Ao escutar Leah despencar sem poder fazer nada, Hermione segurou na base da espada com força e berrou um Expecto Patronum com toda força. Instantaneamente a espada brilhou, branca. E, sem, pensar, atacou os dementadores, um, por um, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Parou do outro lado e virou-se:

- Leah! Leah! - Chamou, ofegante.

- Tudo bem! - Respondeu - Ande logo com isso! Eu estou muito bem...

Três dementadores ainda cercaram Hermione. Um outro, o que sobrou, agarrou Leah pelo braço e a ergueu do buraco.

- Ah, não... - Murmurou Hermione, sem poder fazer nada.

- Estou bem até demais... - Disse Leah, ao dar de cara com a boca rasgada do dementador - Eita, que bafo, não?...

O dementador grunhiu, e Leah se encolheu ao sentir o bicho bem próximo de sua boca. Uma descarga de adrenalina tomou conta do corpo de Hermione em milésimos de segundo, e a única coisa que ela pôde fazer foi erguer a mão na direção do dementador e gritar:

- NÃO!... PARE!

O dementador parou. Não só o que ia dar o beijo da morte em Leah, mas os outros também. A professora abriu um dos olhos:

- O... Quê?

Hermione ficou parada na mesma posição, os olhos pregados em Leah. Ela, por sua vez, não desgrudava a cara da do dementador, e se movesse um centímetro, beijava a boca nojenta dele.

- O que foi que você fez, menina? - Perguntou, sem tirar os olhos do dementador.

- Eu... Não sei - disse Hermione. - Eu só mandei ele parar.

- É?... Ele... OBEDECEU!

- Então... - Ela parecia com menos ação que a professora. - bom... Você aí... Coloque-a no chão. Agora. ‘

O dementador mais uma vez obedeceu, colocando Leah em segurança no chão.

- E vocês, afastem-se de mim, me dão calafrios. - Resmungou. Os outros obedeceram, e Hermione correu até Leah, sentada no chão. A professora se levantou:

- Desde quando... Você controla dementadores?...

- Não controlo dementadores... - Justificou, impressionada e tremendo - eu não sei o que...

- Esse poder era meu... - Disse Leah, pondo a mão na testa. - Você deve tê-lo absorvido no pacto.

- Seu? Então porque não usou desde o início?

- Porque eu nunca soube que tinha...

- Não?

- Quer dizer... Na época em que eu era um Cavaleiro do Apocalipse era eu quem dava as ordens aos dementadores, e eles me obedeciam cegamente, mas... Sempre achei que fosse por que era a líder, e eles tinham um trato com Voldemort...

- E agora?...

- Bom.... Bom para você, Hermione... Tente dizer mais alguma coisa para os dementadores. - Leah olhou em volta, tirando a neve da roupa e suspirando.

- Deixa eu ver... - Hermione ainda não acreditava direito naquilo tudo. Olhou o dementador perto do buraco - você de novo. Se jogue nesse buraco.

- Não é isso que...

O dementador, sem demoras, se jogou e sumiu na escuridão. As duas pararam boquiabertas.

- Ele se jogou! - Exclamou Hermione.

- Dementadores não têm cérebro?... - Leah torceu o nariz.

- Meu Deus... - Hermione olhou as próprias mãos, com um pouco de medo. Leah sorriu ao ver o espanto da garota, e lhe deu uns tapinhas nas costas.

- Vá se acostumando, Hermione... Você não conhece metade dos seus poderes. Agora vamos, pelo menos é um empecilho a menos.

Sirius e Harry saíram de um corredor muito espremido e deram de cara com grandes paredões de gelo, com pontes que ligavam as cavernas no alto. Não tinham saída.

- Ops... - Disse Sirius - Onde foi que erramos?

- Não temos lugar para ir... - Disse Harry, olhando dos lados. - Vamos voltar?

- Ei, vocês! O que fazem aí em baixo?

Os dois olharam para cima e deram de cara com Lupin e Gina, no alto de uma ponte.

- Precisamos subir! - Gritou Sirius. Lupin olhou dos lados - Têm como nos ajudar?

- Espere - disse Lupin - venha, Gina, vamos ver se...

Deram poucos passos na ponte de gelo e ela desabou. Agora eram quatro sem saída.

- Valeu a ajuda. - Alfinetou Sirius, enquanto Lupin se levantava. Harry foi ajudar Gina a se levantar, rindo.

- Não dê risada - Pediu Gina - não é o traseiro seu que está doendo...

- Foi mal - Disse Harry.

- Ótimo, como vamos sair daqui? - Disse Sirius, encarando Lupin, com as mãos na cintura.

- Não sei, quem sabe se voltarmos? - Sugeriu Lupin.

- Está doido? Vamos perder horas até achar o caminho...

- Então o que sugere?...

Nisso, numa ponte que contornava o paredão até outra caverna, a uns bons vinte metros ou mais de altura, Leah e Hermione vinham correndo. Sirius acenou lá debaixo e as duas pararam. Leah sorriu:

- Ué? O que as quatro moças estão fazendo aí embaixo?

- Pode parar com suas piadinhas, Leah. Dá para ajudar a gente a sair daqui?

- Vai ser difícil... Não temos força suficiente para puxar vocês com feitiços nessa altura.

- Disso nós sabemos. Então?

- Peraí...

Leah olhou para os lados atrás de uma solução. Até que olhou a espada que Hermione segurava e teve uma idéia.

- Me empreste aí. - Leah pegou a espada de Hermione e sacou a que usava. Olhou as duas espadas na mão, olhou para onde os outros estavam. E preparou-se para saltar - garotos, aí vou eu!

Leah saltou lá do alto e desceu como um foguete, mas, antes que se espatifasse no chão, enterrou as duas espadas na parede, parando pouco antes do chão.

- Elevador Expresso Leah Málaga, subindo...

- Por que eu ainda alimento dúvidas sobre sua sanidade mental?... - Disse Sirius, olhando Leah agarrada à parede pelas duas espadas.

- Vai funcionar, não vai? - Protestou - Então não reclame!

Os bruxos se olharam e viram que não tinham mesmo nenhuma idéia melhor. Que levasse menos de três horas para ser executada, não. Leah desceu da parede e entregou as espadas.

- Tome, um de vocês pode usá-la. Eu não preciso delas para subir.

- Não? - Perguntou Harry, curioso.

- Ah, não mesmo. - Disse Sirius, de má vontade. Leah sorriu superior para ele.

- Não preciso, Harry, e todos os bruxos invejam isso. Para dizer a verdade, além de mim, a única pessoa que dava conta de fazer isso era Lílian. Na juventude talvez Dumbledore e Voldemort, mas você sabe, a idade vem chegando...

- O que vocês fazem? - Perguntou descrente - Vocês não voam, voam?

- Ah, não, não voamos. Mas passa perto. A maior qualidade de um Auror Supremo e um Cavaleiro do Apocalipse é saber usar todo e qualquer tipo de feitiço a seu favor. Incluindo usar um em si mesmo...

E, antes de terminar a frase, ela murmurou algum feitiço que Harry mal pôde ouvir, um brilho azul surgiu em suas mãos e pés, e ela subiu de volta para a ponte, saltando de um lado para outro da parede, pegando impulso para saltar. Com uns três saltos ela chegou no alto:

- ...Assim, viu?

- Odeio quando ela faz isso - Disse Sirius, voltando a atenção às espadas.

- Me ensina? - Perguntou Harry, radiante. Sirius deu um cocão na cabeça de Harry - Ai! O que é que tem de mais, Sirius?...

- Quando chegar a hora, terei enorme prazer em ensinar, Potter. - Afirmou uma sorridente Leah, curvando o corpo levemente como uma reverência.

Sirius então se prontificou a prender as espadas e disse para Lupin subir. Ele foi, devagar, subindo. Sirius mandou que Gina fosse em sua frente. Em pouco tempo ela alcançou Lupin.

- Oi. - Disse, sorrindo. Lupin fechou a cara.

- É a idade, Gina. Normal você me alcançar. ABSOLUTAMENTE NORMAL!

Sirius então mandou Harry. O último a chegar no alto foi ele.

- Valeu. - agradeceu. - Agora vamos, perdemos muito tempo.

Mal deram um passo para frente e Harry caiu de joelhos no chão, com a mão na testa, contorcendo-se de dor. Todos se assustaram:

- Harry! - exclamou Sirius - Você tá legal?...

- Ai... Minha... Cicatriz... - gemeu.

- Ela está...

- Que dor...

Antes que Sirius abrisse a boca, Leah deu um passo para longe deles e sacou a espada, estreitando o olhar para o alto do desfiladeiro de gelo e disse friamente:

- Temos visita.

Todos olharam para cima. A alguns metros de altura, no paredão à frente, um vulto de capa negra estava parado, observando os bruxos. A cicatriz de Harry não parava de doer.

- Aquilo... É um dementador? - perguntou Gina. No fundo ela queria ouvir que era.

- Não. - Respondeu Sirius. Dessa vez era ele e Lupin quem se prontificavam a ficar na frente dos alunos. Hermione reergueu Harry.

O vulto deu um malicioso sorriso e disse numa voz rouca e fria:

- A Espada não está aqui.

- Deveríamos agradecer a informação? - Murmurou Leah, com o olhar ainda estreito.

- Heh... Não seja tão ríspida, querida... Há um bom tempo não nos vemos... Não está emocionada com esse reencontro? Não vai me dar um caloroso abraço de...
Leah não esperou ele terminar, ergueu a mão e com a varinha lançou um feitiço de uma bola de fogo na direção do vulto, que apenas o fez desaparecer com um movimento de mãos.

- Já não se fazem Leahs como antigamente - Sorriu.

- Vão embora, murmurou Lupin para Gina, Hermione e Harry.

- Eu não vou... Deixa-los aqui. - disse Harry.

- VÁ! - Berrou Sirius, sem olhar para trás.

Os três correram para o corredor, sem parar nem olhar para trás.

- Oh, droga... - Lamentou o homem - Minha presa foi embora.

- Não vou deixa-lo tocar em Harry! - Gritou Sirius, mandando um outro feitiço. O bruxo saltou para o vazio para escapar do ataque e foi cair em uma outra ponte de gelo, mais à frente e poucos metros acima dos três bruxos, e, ao se levantar, ajeitou novamente o capuz e sorriu:

- Mas quem disse que estou atrás de Harry Potter? - E correu para o corredor.

Antes que sumisse de vista, Leah sentiu um frio na espinha:

- Ah, meu Deus... Vamos rápido! - E saiu correndo em direção aos três garotos, seguida de perto por Sirius e Lupin.



*




Algum tempo a mais de corrida e os três garotos chegaram em um pequeno templo esculpido em gelo. Uma sacada contornava o templo em forma de círculo. As estátuas de dragões e da Espada dos Deuses estavam gravadas na parte da parede de gelo. Era como uma grande chaminé, um pouco na diagonal. No centro do vazio, uma pista de neve que sumia de vista. No alto, dava para ver o céu, a pelo menos cinqüenta metros de altura, montanhas gigantes de uma neve muito fofa. Só os passos dos garotos fez algumas plaquinhas despencarem do alto. Eles provavelmente estavam em algum lugar do continente, perto da ilha.

- Melhor maneirarmos o barulho - Disse Hermione. E virou-se para Harry, banhado em suor, apesar do gelo. - Você está melhor?

- Estou, sim... Mas estou preocupado com Sirius e os outros...

- Eles devem saber o que fazer...

- Eu tenho um pouco de receio quanto a isso...

- Harry... - Disse Gina, meio trêmula. - Quem era... Aquele homem?...

Hermione engoliu um seco com medo da resposta. As duas olharam Harry, que pareceu não ter coragem de dizer.

- Bem... Ele... Ele era... Era...

Mas uma brisa gelada muito fria gelou a alma de todos. Eles recuaram até a borda do lugar, espremendo-se na grade de gelo. Olharam para trás e viram o mesmo homem se aproximar, cabisbaixo, as mãos para trás.

- Ah, fico contente... Em saber que até mesmo o grande Harry Potter já tem medo de pronunciar meu nome...

As meninas se encolheram, uma em cada lado de Harry. Ninguém mais podia recuar, os gelos já ameaçavam rachar e eles despencarem. O homem parou antes de sair da caverna e pôr os pés no piso do templo. E sorriu maliciosamente.

- Alguém tem dúvida de quem sou eu? Talvez... - Ele lentamente ergueu a mão amarelada e os dedos finos até o capuz preto - Só ouviram falar de mim, é verdade, mas vocês têm sorte, poucos têm o privilégio de me conhecerem pessoalmente...

O bruxo puxou o capuz. Era um homem muito mais velho e acabado que Dumbledore, mais parecia uma caveira com pele, calvo no alto da cabeça, mas na nuca um longo e liso cabelo branco - acinzentado ia até pouco abaixo dos ombros. Os dentes afiados em um sorriso malvado, e os olhos vermelhos com fendas, como cobras.

- Mas... Muito prazer para todos. - Continuou brandamente, tirando a varinha das costas e, com um movimento das mãos, a transformando numa longa e bela espada dourada cravejada de pedras preciosas. E abriu um largo e satisfeito sorriso - ...Eu sou Lorde Voldemort.

Voldemort parou no mesmo lugar e parecia se divertir com o ódio que Harry demonstrava pelo olhar.

- Se você disse que a Espada não está aqui... Porquê ainda continua a nos atazanar?

- A espada dos DEUSES não está aqui. - Respondeu, calmamente. - mas, se você não sabe, garoto, são, no total, 4 pares de espadas. Duas iguais, as das trevas, as do fogo, as da terra e as do Gelo. Cada uma foi usada por um cavaleiro e por um Auror. Aqui estão as das trevas. Precisamos dos cavaleiros e Aurores certos para abrir o selo do lugar onde elas estão. A que eu preciso para meu cavaleiro... Está ali embaixo.

O "ali embaixo" de Voldemort descia, no mínimo, duzentos metros abaixo. Harry engoliu um seco. O Lorde das Trevas foi se aproximando, e ficou a uns dois ou três metros de Harry. Ele sorriu e ergueu a espada na altura dos olhos:

- Ei, e essa espada?... Não te trás boas recordações?... - Harry gelou ao ver a espada de Voldemort, mas não tinha uma resposta aparente para aquilo. - Ah, não se faça de bobo, menino... Será que eu teria de fazê-lo... Lembrar?...

Voldemort disse isso e desceu a espada e encostou a ponta do fio dela no queixo de Hermione, que estava se nenhuma reação. Harry fechou as mãos com força e murmurou entre os dentes:

- Tire essa espada de perto dela. Agora.

- Ah, ficou bravinho, foi? O que você pode fazer, Harry? - e em seguida passou a ponta da espada pelo rosto de Hermione, satisfeito. - O que você poderia fazer contra Lorde Vol...

Harry bruscamente agarrou a mão de Voldemort com a mão direita e a apertou com força. Com a outra agarrou o ombro dele e o empurrou até próximo da porta da caverna, se afastando das meninas:

- EU MANDEI VOCÊ NÃO TOCAR NELA!

Voldemort sorriu e, com alguma coisa que parecia um simples piscar de olhos, teve força suficiente para tirar as mãos de Harry e, com uma força como se ele usasse as mãos, agarrar o pescoço de Harry e ergue-lo no ar, enforcando-o. Pousou a espada no chão e apoiou as mãos nela, como uma bengala, e admirou Harry, agarrado nas "mãos invisíveis", uma coleira amarela que circulava seu pescoço.

- Está vendo? Acho que agora você já em idade suficiente para saber quem manda aqui... E NÃO ME ATRAPALHE! - Voldemort resmungou isso e, fez um movimento com a mão direita. Era Gina, que fora arremessada contra a parede do outro lado do templo, escorregando para o chão, muito tonta.

- Gina! - Gritou Harry, sufocado, tentando se livrar da coleira. - Gina!

- Não, ela não morreu Potter - Disse Voldemort, olhando o menino ainda.

Hermione sentiu as orelhas latejarem, e um calor brotar de seu corpo que nunca tinha sentido antes. Sem pensar duas vezes, sacou a espada e atacou Voldemort:

- Tire suas mãos imundas de cima dele, seu velho asqueroso!

Voldemort moveu o corpo, a espada abriu uma fenda no tecido da capa. Ele pareceu muito surpreso, e ao mesmo tempo com muita raiva. Ergueu a espada com a mão esquerda:

- Vocês são surdas?! - E passou a espada pelo lado esquerdo da cintura de Hermione, fazendo um barulho muito desagradável. - Mandei ninguém me atrapalhar!

Voldemort completou com um feitiço com a mão direita. Hermione levantou vôo novamente e de costas foi se espatifar e rachar a parede de gelo do outro lado do templo, depois do buraco. Ela caiu no chão com força, e não sabia onde punha a mão. No corte da barriga ou no da testa. Não tinha forças para se levantar nem se mexer. Só sentiu o sangue quente começar a sair delas feridas uns segundos depois. Harry agarrou-se à coleira e começou a se debater como nunca:

- SEU MALDITO! Eu vou sair daqui... E vou acabar com você! Seu maldito, eu vou...

Mas Voldemort não estava interessado no piti de Harry, olhava por debaixo do garoto Hermione caída lá do outro lado, apoiando-se nas mãos para se reerguer.

- Aquela menina... Ainda não morreu?...

- ...Hermione?... - Murmurou Harry, tentando virar a cabeça para vê-la, mas não conseguia.

- Hum... - Sorriu - não se preocupe, Potter, estou indo ali agora mesmo acabar com o serviço.

Voldemort deu dois passos mas parou. Harry se agarrou à coleira com toda força.

- Você... Não vai... Tocar... Na... - CRAS, a coleira se partiu em várias estrelinhas amarelas, e Harry caiu no chão de novo. Voldemort virou-se espantado. Harry foi puxar a varinha, Voldemort ergueu a espada. Mas ele não atacou, Voldemort teve de acudir uma aguda dor. Gina, até então ignorada, levantou-se e fez aquilo que havia aprendido a fazer tão bem com Lupin e Sirius: um gatotsu. Como uma bala, veio correndo e atravessou a barriga de Voldemort com a espada. Ele soltou um agudo grito de dor, e virou-se para atacar a caçula Weasley.

- Ah... Menina, você vai...

Ele novamente não teve tempo. Gina saiu do campo de ataque dele, Harry sacou a varinha, apontou para a cabeça de Voldemort e disse "Expelliarmus". O feitiço vermelho atingiu em cheio a cabeça do Lorde, fazendo-o voar pela mesma trajetória de Gina. Ele caiu e escorregou uns bons metros, de cara no gelo. Nesse momento Sirius, Lupin e Leah, agora com Hagrid e Rony, chegavam no lugar.

Eles ficaram surpresos com aquilo tudo. Leah olhou o chão respingado de sangue, e viu Hermione recostada na outra parede, ofegante, a mão no corte da cintura e a cabeça também sangrando.

- Ele atingiu Hermione... - Murmurou. Hagrid ergueu os olhos.

- Ah, não, maldito Voldemort!

Harry prontificou-se a sair correndo até Hermione, os professores tentaram agarra-lo pelas vestes, sem sucesso. Rony foi fazer o mesmo, mas Gina o agarrou pela barra da blusa.

- Rony, é perigoso!

- Mas Hermione!

- Ela não morreu!

Harry chegou até Hermione e a ergueu, ofegante. Do canto, Voldemort levantava-se.

- Mione...

- Não se preocupe, Harry... Não foi... Tão grave assim...

Voldemort veio andando na direção deles. Hermione empurrou Harry:

- Saia, Harry... Volte para os professores!...

- Eu não vou deixa-la aqui!

- Ande logo, menino!

Harry olhou Voldemort, vindo correndo. Virou-se para Hermione e a segurou firme, dizendo sem desgrudar os olhos dos dela:

- Eu não vou abandonar você... Não dessa vez.

- Dessa vez? - perguntou - Que vez?

Mais uma vez Voldemort esteve perto. Mas, do outro lado, Lupin, Leah e Sirius juntaram-se e, usando as palmas das mãos juntas, lançaram um grande feitiço laranja, que deixava um rastro de estrelas amarelas brilhantes:

- FLIPENDO!!!

A bordoada acertou Voldemort em cheio, Harry agarrou-se a Hermione e se agachou. O bruxo voou com violência e abriu quase uma cratera no alto da montanha de neve, fazendo toda a montanha se sacudir. Tudo aquilo começou a ruir.

- Vocês! - Gritou Sirius - venham!

Harry agarrou Hermione pela mão e foi voltar correndo. Quando estavam próximos da curva, o piso cedeu, e eles ficaram quase um metro e meio abaixo do normal. A neve das paredes se desprendia, e iniciava uma gigantesca avalanche. Harry saltou para o nível normal, e virou-se, de joelhos, para dar a mão para Hermione.

- Pode desmoronar, vá, Harry! - Pediu a garota, que, com a dor dos ferimentos, não conseguia saltar.

- Segure logo minha mão! - Harry se esforçou e agarrou a mão de Hermione, erguendo-a até próximo da borda. O piso dela cedia, e a neve que descia já lambia as pernas e ficava difícil de segurar. Ninguém podia ajudar, pois a avalanche que descia rapidamente bloqueava o acesso. Tudo estremecia, e fazia um barulho ensurdecedor. Harry agarrou a amiga com a outra mão. - Vaaaaamos... Suba, Mione!

Hermione conseguiu agarrar-se à borda, mas não subir. O sangue atrapalhava, tornava o gelo mais escorregadio, a dor tomava suas forças. Do alto da avalanche, Voldemort surgiu muito mau humorado, levitando protegido por uma esfera amarela.

- Hum... Interessante - murmurou vendo o casal.

- Andem logo! - berrou Sirius.

Voldemort lançou uma bola de fogo nos bruxos, fazendo-os saltarem para próximo da caverna de acesso ao templo. Ele, então, mirou Harry e Hermione:

- Espere aí, Potter!

Voldemort se lançou até os dois, pousou na borda do piso, e agarrou Hermione pelo cachecol. Harry ergueu o olho desesperado para Voldemort, que sorriu:

- Sinto muito, mas ela vem comigo. - e jogou o peso para trás, fazendo as mãos de Hermione escaparem e ela ser engolida pela gigantesca avalanche e desaparecer abismo abaixo, junto de Voldemort...


******



NA 1: EdD Azkaban está chegando ao fim!

NA 2: Bom feriadão pra todo mundo.

N.A 3: Até o próximo capítulo! Grandes surpresas lhes agusrdam! Será que võa achar a Espada dos Deuses? E Por que Voldemort pegou hermione? Será que ela sobreviveu??

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