No Subsolo de Azkaban
Rony, pela milésima vez, quase tinha um ataque ao passar próximo de uma das várias árvores secas e retorcidas do terreno da prisão e se enroscar numa grudenta teia de aranha.
- Ah, não... De novo? Bem que esses dementadores podiam fazer uma faxina por aqui de vez em quando ao invés de ficar olhando a gente com aquela cara asquerosa, não?
- Não existem mais dementadores em Azkaban, tonto. - Resmungou Draco, logo atrás de Rony. - Essa prisão foi abandonada e os dementadores expulsos. Esqueceu-se, mané?
- Eu não teria tanta certeza disso - Disse Hagrid, na frente do grupo, a besta armada e pronta para o tiro. - Azkaban sempre foi um santuário de Dementadores... Parecia que eles brotavam do solo... Pra mim é uma grande chocadeira desses bichos.
- Então... O QUÊ exatamente estamos fazendo aqui? - Resmungou Rony com uma voz aguda, balançando a mão tentando tirar a teia de aranha - No mínimo uma missão suicida, suponho?
Sirius, meio escondido atrás de uma moita mais à frente, ao lado de Hagrid, virou-se tentando esconder o nervosismo com um sorriso:
- Quem sabe, Weasley?... Isso seria divertido, não seria?
- Ah, muuuuuito... - Suspirou Rony. Leah veio sorrindo, "cobrindo a retaguarda" do grupo.
- É disso mesmo que eu gosto. Que graça teria procurar pela Espada dos Deuses... sei lá, em Hogsmeade?...
Ninguém parecia mesmo estar muito animado com a idéia de sair procurando uma espada amaldiçoada em Azkaban. A pequena ilha onde a prisão se localizava era deserta, sem grama, na terra dura, com pouquíssimas arvores retorcidas e secas, um cenário bastante fantasmagórico. Lá parecia não haver dia. Poderia ser meio dia, mas as nuvens quase encobriam todo o sol, e uma pesada penumbra corria o ar, deixando-o pesado. E como estava frio. O grupo usava roupas que alguém usaria para, no mínimo, ficar um mês na Antártida. Poucos montinhos de neve cobriam pedaços do solo, árvores mortas. Chegaram à frente da prisão, aquela construção abandonada, escura, cheia de limbo, grades retorcidas. Os alunos sentiram um tremor pelo corpo, e sabiam que não era do frio.
- Vamos entrando? - Perguntou Leah, pondo a mão sobre o cabo da espada na cintura e chegando à frente dos portões. Pôs a mão na testa e olhou a construção - Hum... Não parece que cabem muitas pessoas por aqui, não, Sirius?
- O subsolo - disse Sirius, olhando Hagrid de esguio - As piores celas estão no subsolo. A parte de cima é até apresentável, o lugar onde os condenados chegam...
Hagrid resmungou alguma coisa e colocou a besta na cintura, para em seguida botar as enormes mãos cobertas por uma grossa luva nos portões e abri-los de uma vez só, fazendo a pouca luz de mormaço entrar no saguão de entrada. Ele voltou a segurar a besta e todos entraram.
- Por aqui - Indicou Sirius, apontando o caminho. O grupo se mantinha unido, cauteloso. Hagrid e Sirius iam à frente, Leah um pouco atrás, quase junto de Harry, Rony, Gina, Hermione e Draco, e, fechando o cortejo, Snape e Lupin.
Nas roupas de frio de todos haviam pêlos brancos nas mangas e como caneleiras, e os alunos usavam um cachecol da cor da respectiva casa, para que se diferenciassem no escuro e não atacassem um ao outro. Mais alguns minutos de caminhada e tiveram de acender as varinhas. Até que, depois de uma longa escada de pedra em espiral, eles chegaram em um pequeno salão, onde havia mais um portão de madeira bem antigo e apodrecido. Sirius e Hagrid pareceram tomar fôlego antes de continuar.
- Chegamos. Daqui pra frente... Seja o que Deus quiser.
- Sirius... Você está nos assustando - Murmurou Gina, agarrada na barra da blusa de Rony.
- Desculpe, - Riu nervoso - mas estou só sendo franco.
- Nos assustando? - Perguntou um superior Draco, de braços cruzados e olhar de superior - Não me inclua nessa conta, menina.
- Eu não vejo a hora de você se mijar de medo, Malfoy - Resmungou Rony.
- Eu não vejo a hora de ver você soltar a franga ao ver uma aranha caranguejeira e peluda, Weasley.
- Calem a boca - Resmungou Harry, que também não escondia o nervosismo.
Os portões foram abertos, e todos silenciaram. Assim que viram o corredor estreito que descia mais ainda, as velhas tochas pregadas na parede uma longe da outra se acenderam automaticamente. Deu para ver todo o percurso, mas numa penumbra pior que a escuridão, algo realmente de dar medo até em Voldemort.
- Tá ficando cada vez melhor - Disse uma simpática Leah. Snape resmungou alguma coisa que provavelmente se traduziria num murro no meio da cara branca dela.
Um vento gelado invadiu os pulmões de todos, um gemido muito doloroso e longo foi ouvido, parecendo que vazia parte da onda de frio.
- São... Dementadores?... - Perguntou Hermione, lembrando da péssima experiência que teve com eles no terceiro ano.
- Talvez só a energia pesada deles, - Disse Sirius. - mas talvez alguns mais velhos, quase a beira da morte, estejam por aí...
- Dementadores morrem de velhice? - Perguntou Harry.
- Ah, morrem. São como qualquer tipo de animal. Mas é claro, quanto mais eles se alimentam de almas, mais eles vivem...
- Mas nós podemos abreviar a asquerosa vidinha deles - Disse Leah, mostrando a espada. Foi quando os alunos olharam as próprias cinturas. Cada um tinha uma espada, mesmo sem saber muito bem qual a utilidade.
- Não acho que a gente dê conta de usar espadas, - Disse Rony- principalmente contra dementadores.
- Não se preocupe, Rony. Sendo bastante sincera, é melhor a gente partir um dementador no meio do que usar um patrono. Pelo menos a gente sabe que eles não ressuscitam.
- Mas se você quer uma arma eficiente mesmo - Disse Lupin, sorrindo - você usa um patrono... Pra melhorar o corte da espada.
Rony fingiu não escutar que era só conjurar um patrono normalmente, mas usando a espada no lugar da varinha, que tudo dava certo e algumas dezenas de dementadores virariam pozinho fedido na frente dele. Se Rony nunca havia conjurado um patrono normalmente, que dirá com uma espada.
O primeiro lance de escada do subsolo de Azkaban acabou em três bifurcações. Uma que seguia em frente, numa leve descida, e as outras duas que, ao que pareciam, contornavam a prisão e se encontravam mais na frente.
- Vamos ter de nos separar. - Disse Sirius.
- Não me diga uma coisa dessas - Implorou Rony.
- Certo... Vamos nos dividir em três grupos, disse Sirius, Eu e Lupin vamos pela esquerda, você, Leah, vai com o Snape pelo meio, e você, Hagrid, pela direita. Quanto a vocês - e se virou para os alunos - Harry, você e Hermione vão com Hagrid. Draco e Rony, vocês vão com Leah e Snape, e...
- Peraí - teve tempo de protestar Rony - porque o Harry tem de ir só com a Mione? Eu não quero ter que aturar um grupo inteiro de Sonserinos!
Todos pararam e ficaram olhando Rony, se perguntando o porquê dele estar fazendo aquilo. Então Sirius suspirou impaciente.
- Ok, Rony, vai com Hagrid, Mione, venha com Draco. Gina fica sob nossa tutela.
Rony não gostou do mesmo jeito. Hermione ia ficar no meio dos Sonserinos. Ele foi balbuciar mais um protesto quando Hermione passou por ele, fazendo pouco caso:
- Tudo bem, eu acho melhor mesmo ir com os Sonserinos. Afinal, estarei no ambiente da minha casa.
Harry não escondeu o sorriso ao ver a cara de Rony ao escutar a alfinetada de Hermione. Hagrid também não. Mas foi pouco antes de se separarem que...
- Humanos vivos! O que fazem aqui, perturbando meu descanso eterno, maldição!?
O fantasma de um homem dava as caras. Era uma imagem de um homem não muito velho, devia ter no máximo trinta e cinco anos. Usava as roupas esfarrapadas e sujas de um preso de Azkaban e tinha uma aparência muito parecida com a de Sirius e de Bartô Crouch. Ele, provavelmente, havia morrido ali mesmo na prisão. Pelo menos tinha morrido de verdade, e não teve sua alma "comida" por um Dementador. Sirius e Hagrid, que haviam sacado a espada e apontado a besta para o fantasma, agora abaixavam as armas e se olhavam.
- Conhecem a figura? - Perguntou Leah, do fundo.
- Hum... - Disse Sirius, olhando o homem e voltando a olhar para trás. Acho que sim...
- Esse estava preso desde que vim pra cá. - Disse Hagrid. O fantasma continuava parado, olhando todos com um olhar de raiva e desconfiança.
- Um bruxo das trevas. - Afirmou Sirius. - lembro dele definhando a cada dia, velho, acabado. Morreu de fraqueza, talvez pneumonia. Era frio, ele estava mal. Pouco antes de eu fugir. Mas não vou negar. Agüentou quanto tempo aqui?... Sei lá... Quarenta anos?...
- Fiu... Pelo menos o fantasma dele manteve a cara de adulto... - Leah soltou um assobio impressionada. Todos olhavam o fantasma.
- Saiam daqui antes que as trevas tomem conta dos corações de vocês - Grunhiu o homem.
- Deixa eu ver... Iolaus! - Disse Sirius - Você se chama Iolaus! Você poderia nos ajudar, Iolaus? Procuramos a entrada para...
- Calem a boca, vermes! - Esbravejou o homem, voando de um lado para o outro, os dentes afiados de tão desgastados. - Mais um passo dentro de minha fortaleza e eu...
- Sua fortaleza? - Riu Leah - Ah tá bom. Que ótimo, um fantasma que se apossou de Azkaban só porque os Dementadores sumiram do mapa. Essa é realmente boa.
- Já mandei calarem a boca! Eu posso ser um fantasma e não poder tocar em vocês, mas fui um grande bruxo das trevas! Meus poderes são fortes o suficiente para ativarem as armadilhas mortais deste lugar!
- Iolaus, por favor, nos ajude, não temos tempo a perder, Voldemort pode estar sabendo da existência do Templo das Trevas!
Os olhos do fantasma brilharam.
- Templo, você disse?... O Templo Sagrado Perdido das Trevas... Estão procurando por alguma coisa?
- Bom... Mais ou menos...
- Ninguém tocará na Espada dos Deuses.
Todos silenciaram.
- A espada... Está aqui, Iolaus? - perguntou Sirius.
- Quem sabe - sorriu Iolaus. - Na minha época eu era um dos únicos a saber detalhes sobre a grande lenda da Espada dos Deuses. Ah, quem não gostaria de tê-la em mãos?... O universo a seus pés...
- Você já me encheu! - gritou Rony, perdendo a paciência, e avançando até o fantasma - Escuta aqui seu zumbi do cacete, dá pra você colaborar logo ou tá difícil? A gente tá congelando e esse lugar é realmente...
Iolaus juntou toda força e mandou uma rajada de uma energia que parecia muito ectoplasma (a "substância" de que é feito um espírito, um fantasma. Suas "moléculas" estariam no estado gasoso, e por ser parte do espírito tende a ser carregado de energia) e mandou Rony lá pra trás, caindo de costas. Todos recuaram assustados. O fantasma avançou ainda com as mãos brilhando de ectoplasma para cima de Rony, que balançava a cabeça, que girava sem parar.
- Pode para por aí, monte de ectoplasma acinzentado.
Dentre todos que estavam com os olhos pregados no vôo de Rony, a única pessoa que teve reflexo suficiente para sacar a varinha e apontar para as costas do fantasma foi Hermione. Todos estavam surpresos, agora com mais essa. O fantasma parou, e Hermione continuou firme, falando muito depressa e com os olhos cerrados.
- Andei praticando na Murta que Geme uns feitiços específicos para estuporar um fantasma e transformá-lo numa nuvem de vaga-lumes porque ela vive enchendo meu saco. Acho que você não gostaria de experimentar um. Ela garante que dói pacas. Mesmo depois de morta.
- Que insolência - Riu Iolaus, virando o rosto e se erguendo para ficar de frente para Hermione, que subia a varinha firmemente apontada para ele - Quem você pensa que é garota, para ameaçar o grande...
De repente ele parou boquiaberto ao encarar Hermione. Se ele já era branco e transparente, ficou mais ainda. Pouco depois os seus olhos encheram de lágrimas, e com muita dificuldade ele gaguejou emocionado, pondo a mão no peito:
- Ce... Cecília?
- Como?... - Resmungou Hermione, desfazendo na hora a expressão e diminuindo a tensão. Uma interrogação gigantesca baixou no lugar, e todo mundo parou o olhar na menina. O fantasma então sorriu e começou a chorar emocionado. Parecia até que estava brilhando mais.
- Cecília, é você mesma... A quantos anos eu espero pela sua volta... ah, Cecília, como você me fez falta! - o fantasma se debulhando em lágrimas se atirou para abraçar Hermione, que a essa hora não tinha reação e mantinha a varinha abaixada. Ele, lógico, passou direto por Hermione, e continuou a chorar, incrédulo, olhando fixamente Hermione. - Ah, a morte, Cecília... Como isso pôde acontecer entre nós? Íamos ser tão felizes... Você me esperou todo este tempo? Heim, Cecília?
Hermione continuava perplexa, e Lupin não agüentou e agachou, começando a rir.
- Hahahahaha... Era só isso o que faltava... Um fantasma apaixonado pela Hermione...
- Ela deve ser parecida com essa tal Cecília - Disse Harry, começando a rir também. Rony se levantou tão mau humorado quanto antes. Sirius e Hagrid se olharam de novo, matando a charada:
- Ah, Cecília! - Disse Sirius - eu me lembro de escutar ele de vez em quando chorando a noite e dizendo esse nome... Pelo jeito você é a cara dela, Hermione.
- Cecília... - disse Hagrid, passando a mão na longa barba e olhando o teto, buscando nas lembranças. Hermione continuava incomodada, o fantasma chorando e mordendo os dedos, olhando fixamente para ela. - Sim... Lembro da história... Cecília devia ser a noiva dele, alguma coisa assim... Eles iam se casar quando ele foi condenado à prisão perpétua em Azkaban por ser um bruxo das trevas. Pelo que parecia, Cecília era uma pessoa boa, e não sabia que o homem era das trevas... Bem... Ele ficava mesmo recordando dela... Puxa, devia ser um amor muito grande mesmo. Foi isso que o sustentou tanto tempo.
- Essa Cecília já deve ter morrido - disse Sirius dando de braços - quer dizer, se não fosse, ela teria uns... 80 anos?... No mínimo. Talvez ela tenha feito sua vida depois da condenação dele, se casado, não sei... Se ela não é um fantasma que veio atrás dele, é porque ela superou tudo e conseguiu ser feliz ao lado de outra pessoa, morrendo e indo em paz pro céu.
- Bonita historia, mas não temos tempo - Resolveu falar Snape. - Passem logo por esse fantasma idiota e vamos trás da Espada.
Harry não parava de sorrir de orelha a orelha olhando Hermione, com uma grande vontade de rir. Ela o viu e ficou brava:
- Ah, Harry tire esse sorriso idiota da cara! Nem a Murta é tão indiscreta quanto este daq...
- Você! - esbravejou Iolaus, virando-se para Harry com a expressão de raiva - Desfaça o sorriso! Minha Cecília mandou!
Harry parou no mesmo lugar.
- Quem é você para mandar o que devo fazer?
- Ninguém aborrece minha amada Cecília!
- Se enxerga, coisa horrível, a Hermione não tem nada a ver com a sua Cecília.
- Esta bela jovem é a reencarnação de minha Cecília, que voltou do outro mundo para me reencontrar! Quem você pensa que é para impedir nossa união?
- Dá um tempo, estrupício! Se quer saber; essa sua Cecília devia ser um canhão, um jaburu, uma bruaca das...
- Eu não admito que...
- Parem os dois! - Berrou Hermione. Harry e o fantasma olharam ela assustados. Hermione cruzou os braços e olhou feio Harry, e não precisou que ela dissesse para ele que aquilo era a coisa mais idiota que ele podia fazer: brigar com um fantasma. Iolaus, entretanto, a olhou com ternura:
- Me perdoe, Cecília, é que este vil rapaz estava...
- E você cale essa boca podre, seu espírito zombeteiro. Eu não tenho nada a ver com a sua Cecília, e, sendo franca, você faz papel de idiota, se a sua Cecília não deu as caras por aqui é porque ela não gostava nem um pouco de você.
- Cecília! - Exclamou o fantasma - Nós juramos amor eterno! Éramos felizes! Por que diz tantas palavras duras para mim? Por um acaso encontraste outro homem para me substituir?
Hermione continuava cada vez mais sem paciência de aturar aquele idiota. Olhou todos os outros, que esperavam uma resposta dela. Ela então deu de ombros, sem saída:
- Bom... Então... É, eu achei sim. Um homem que te substitui, eu te esqueci, ele me fez feliz, era bonzinho, bonito, rico, sarado e gostoso, nós nos casamos, fomos morar num castelo cor de rosa e depois a gente viveu feliz para sempre. Tá bom assim?
O fantasma então aos pouco foi voltando a ter a expressão de ódio. Ele começou a ficar ofegante e a olhar Hermione bem fundo nos olhos. Rony levantava atrás dela e batia as roupas, para tirar a sujeira. Sem saber o que fazer, Hermione olhou Harry, atrás do fantasma, e ela sentiu uma grande vontade de socar ele, que ainda ria.
Então Iolaus, chorando, dessa vez de ódio, olhou Harry, para depois voltar a chegar o nariz pontudo perto do de Hermione:
- Certo, eu já entendi. Agora você ama este seu companheiro bastardo.
Um silêncio sepulcral baixou de repente em todos. Rony prendeu a respiração, pondo-se de pé meio torto. Hermione ficou quase do mesmo jeito de quando fora petrificada pelo basilisco. A primeira reação veio de Hagrid, Leah, Sirius e Lupin, que estavam um ao lado do outro. Eles se olharam, para em seguida cair na gargalhada. Snape olhou para o teto, pôs as mãos na cabeça sebosa e deu as costas, suspirando profundamente, recusando-se a continuar vendo aquilo tudo. "Ai, não, era só o que faltava..."
- "Seu Iolaus", resmungou Hermione entre os dentes - REZE para que quando eu morra meu espírito fique em pedacinhos minúsculos e eu não seja um espírito completo, porque se eu puder virar um fantasma eu venho aqui só pra encher essa sua cara funda e desnutrida de socos...
- Harry Potter. - disse Iolaus, virando-se para Harry de novo e mirando a cicatriz - Eu conheci você mesmo, até aqui em Azkaban seu nome chegou... Através dos Comensais do grande bruxo Voldemort... Seu poder é grande... Mas você não é melhor do que eu...
- Posso não ser melhor... Mas com certeza sou mais apresentável - alfinetou Harry, lamentando-se de não poder encher a cavidade dos olhos de Iolaus com furúnculos grandes e doloridos.
- Deixem esse inútil para lá! - protestou Draco, com cara de nojo - Vamos logo buscar essa droga desse templo e voltar para casa! Esse lugar fede!
- Boa... -disse Hagrid, ainda sorrindo. Então todos se juntaram nos grupos, ignorando os protestos do fantasma. Hermione balançou a cabeça sem acreditar naquela doideira do fantasma. Iolaus ergueu-se no ar e fitou todos eles:
- Eu prometo a todos vocês... Não sairão vivos daqui...
O fantasma de Iolaus atravessava as paredes das jaulas de Azkaban rapidamente. Até que chegou a uma grande salão em forma de estádio, de coliseu. Eram dez grandes degraus que davam acesso ao centro dele. Haviam três bifurcações na parte de cima, e, lá embaixo, no centro, um pequeno pedestal em forma de garra de dragão, e esta garra segurava uma esfera de cristal opaca. Iolaus parou logo acima dela e olhou para os lados, ofegante. Até que fechou os olhos e começou e fazer uma prece. Pouco tempo depois o ar começou a girar pelo salão, em forma de redemoinho. Do chão do salão, de várias celas da prisão, das paredes e das solitárias vários vultos negros surgiram, saindo do chão como se despertassem. Terminada a prece, os vultos já estavam de pé respirando. Iolaus sorriu:
- Muito bem... É hora do lanche, meus bons e velhos amigos dementadores...
- Estou com um mal pressentimento. - disse Snape quase monossílabo.
- Quando é que você não tem? - respondeu Leah, sorrindo, enquanto olhava dentro de uma cela onde só haviam alguns poucos pedaços de capim amarelado velhos, corrente que prendiam o condenado ás paredes, e, claro, alguns ossinhos espalhados, além de ratazanas que corriam ao ver as almas vivas. - Nada aqui. Está ficando sem graça.
- Não leve tudo na brincadeira, mulher, algo me diz que não estamos sozinhos aqui.
Leah então pôs as mãos na cintura e olhou Snape. Draco e Hermione estavam parados atrás dos dois.
- Então temos companhia, Severo? Quem?
- Hum...
- ...Você acha... Voldemort?
Snape e Leah ainda se olharam longamente, como se conversassem por telepatia. Os dois olharam os alunos ali parados.
- Você sabe que ele não tem motivos para se dar ao trabalho de vir até aqui, Leah.
- Quem sabe, não? Ele pode resolver vir pessoalmente.
Ao ver que Draco e Hermione não estavam mais se sentindo à vontade, eles acharam melhor encerrar a conversa. Pouco tempo depois, O ar começou a ficar cada vez mais frio, cada vez mais pesado de se respirar. Draco, olhando as costas dos professores, falou com firmeza:
- Meu pai é um dos Comensais de Lord Voldemort, e todos aqui sabem disso. Vocês acham que ele teria motivos para vir ao nosso encontro atrás da espada?
Sem parar de andar, Snape respondeu:
- Não sei. Voldemort com certeza enviaria seus menores subordinados para cá se tivesse certeza de que a espada está aqui. Mas, levando em conta que dentro de Azkaban estão Sirius, Lupin e Potter, ele poderia muito bem achar melhor mandar seus melhores homens para uma emboscada, enquanto ele mesmo vem comandar a festa.
Leah deu um sorrisinho muito divertido, e falou sem diminuir o passo e tirar os olhos do fim do corredor escuro:
- Claro que você deveria saber, Malfoy... Ninguém fica no nosso caminho. Não importa quem é que esteja tentando arruinar nossos planos, não pensaremos duas vezes antes de elimina-lo.
Draco não gostou da resposta de Leah e fechou a cara. De repente os dois professores pararam bruscamente e Draco e Hermione quase engavetaram neles. Um vento gélido passou por todos. Snape e Leah ficaram em posição de ataque, Snape sacou a espada, e Leah deu um passo à frente dele.
- Nossos anfitriões chegaram - murmurou Snape.
Leah deu um sorriso satisfeito: três grandes vultos pretos vinham deslizando na direção deles. Hermione e Draco sentiram a aproximação dos dementadores, e eles não tiveram nenhuma reação, ficaram paralisados, presas fáceis. Mas não os professores. Eles continuavam firmes, como se os dementadores não os afetasse.
- Eu fico - Disse Snape, dano um passo para trás e protegendo os dois alunos. Leah agradeceu o espaço e ficou em posição. Quando os três dementadores estavam já na vista completa, onde dava para ver a cara feia e podre deles, a professora avançou:
- Expectro Patronum! - Leah fez o mesmo movimento da aula, avançou e sacou a espada. Após atingir o primeiro e este cair, ela girou o corpo, dando mais um golpe no segundo, e repetiu o movimento, dando cabo do terceiro. Um feixe de luz branca marcou o desenho do golpe, a energia do patrono ficou retida na espada, que brilhava. Os dementadores foram partidos ao meio como pudim, e eles eram recheados com uma gosma roxa muito nojenta. Leah terminou com o terceiro e virou-se para os três, guardando a espada. - Serviço feito.
- Não se anime, Leah - Disse Snape, também guardando a espada na cintura - ainda existem centenas de dementadores por aqui.
Draco e Hermione não tiveram palavras pra descrever o que haviam visto.
Os dois dementadores só foram cair depois de seis flechadas de Hagrid, três em cada um.
- Hum... O Ministério não vai ficar bravo ao saber que estamos dizimando os espécimes de dementadores não, Hagrid? - Perguntou Rony, secando a testa de suor.
- ...Não - respondeu Hagrid, enquanto armava a besta novamente - Ninguém vai querer que os dementadores fiquem tão numerosos quanto mosquitinhos. Podemos alegar controle populacional. - Em seguida ele suspirou, desfazendo o sorriso - Mas não tenho estoque suficiente de flechas para tantos dementadores... Devíamos ter pedido para que Lupin, Leah ou Snape viesse conosco. Eles seriam uma mão na roda, usando as espadas para acabar com essas coisas.
Harry então pôs a mão sobre a sua, e perguntou:
- Será que... eu consigo, Hagrid? Quer dizer, eu consegui fazer aquele battoujutsu na aula... Será que não dou conta? Não teríamos que ficar usando o Patrono toda hora, se pudermos aniquila-los de uma só vez, não?
- Melhor não, Harry. É necessário conjurar um patrono com a espada para fazer que eles fazem, se enfrentarmos mais de um talvez seja arriscado se aproximar sem o feitiço correto...
Harry ainda olhou o chão, desanimado. Rony também já estava meio cansado, não era muito bom de fazer patronos, mas mesmo assim teve de se virar e fazer três aparecerem nos últimos dez minutos.
Dois outros dementadores caíam no chão, atravessados por duas outras espadas. Uma pertencia a Sirius Black, a outra... Pertencia à Gina.
- Muito bom, Gina. - Disse Lupin, cobrindo a retaguarda - Você é uma exímia espadachim. O seu gattotsu é tão bom quanto o que Sirius executava no início de carreira. E olha que ele a iniciou com uns bons dezenove anos...
Gina apenas murmurou alguma coisa, meio envergonhada. Ela estava se saindo bem, apesar de não conjurar o patrono ainda. Sirius e Lupin iam dando aulas práticas para ela a cada dementador que aparecia para azucrinar.
- Vamos apertar o passo! - Disse Sirius, começando a correr pelo corredor - o frio se dissipou, acho que não tem mais nenhum dementador na nossa frente!
Lupin e Gina o seguiram.
Todos haviam apertado o passo. Dessa vez os dementadores que vinham da frente pareciam ter acabado, mas um ar gelado vinha do fundo do corredor, então todos corriam apressados para chegar ao fim dos corredores.
No salão, Iolaus resmungava para si mesmo, olhando o chão:
- Não, não, não! Eles estão acabando com os dementadores! Isso não pode! Eu preciso fazer...
Ele foi interrompido com uma série de passos que chegavam. Eram Hagrid, Rony e Harry, os primeiros a chegar no lugar, pela porta do centro. Eles acharam estranho, entrar pela direita e sair pelo meio. Azkaban era mesmo um labirinto enfeitiçado.
- Argh! Vocês!
- Ih, é o Iolaus... - Resmungou Harry. Hagrid abaixou a besta e Rony ficou mau humorado.
O trio desceu devagar os lances das escadas, até o centro do salão.
- Malditos! - Berrou Iolaus, enchendo as mãos de energia - Vocês vão pagar por...
- Que lugar animado!
Lupin exclamou isso assim que apontou da porta da direita e fez a mesa cara de espanto: eles tinham entrado pela esquerda.
- É assim mesmo, Lupin - Disse Sirius. Eles também desceram, mas ficaram no primeiro e largo degrau. - Ué? Esse fantasma xarope ainda está aqui?
Iolaus nem teve tempo de fechar a cara direito. A atenção foi chamada pelo resto do pessoal, que vinha correndo da última porta. Snape, Leah, Hermione e Draco vieram correndo e mal conseguiram parar. Saltaram do alto dos degraus, caindo no centro do lugar. O motivo todos descobriram: Não só da porta deles, mas das outras, uma série de dementadores apareceram, fechando o cerco no alto do lugar. Leah se levantou, ofegante:
- Desculpem o mau jeito... A coisa ficou brava...
- Vai ficar mais ainda! - Berrou Iolaus, voltando a atenção para ele. No instante em que ele terminou de dizer, ele lançou a rajada de energia que havia concentrado em Leah. A coitada mal terminava de levantar e foi laçada com violência contra as escadarias. Ela abriu um buraco nas pedras e levantou muita poeira. Ninguém teve uma reação imediata.
- L... Leah?! - Exclamou Sirius, o primeiro a avançar até ela. A poeira se dissipou, e Leah, por incrível que parecesse, apenas gemeu de dor e balançou a cabeça, em meio aos destroços do buraco:
- Ai... Que violência... Isso doeu bastante...
Ela pôs a mão na testa e se pôs de pé. Até Iolaus pareceu incrivelmente chocado com aquilo.
- Mas que diabos...?
- Ah, me desculpe - Disse Leah, voltando a juntar-se aos amigos, dessa vez toda cheia de poeira. - Mas não é tão fácil me matar... Você vai precisar muito mais do que um truquezinho furreca e barato como esse para me derrubar, seu Zé Mané.
Sirius suspirou aliviado, e Lupin sorriu balançando a cabeça. Iolaus ficou bem mais nervoso depois disso. Ele então virou-se para Rony, com raiva. O ruivinho engoliu um seco ao ver que o fantasma estava disposto a novamente ataca-lo.
E foi o que fez. Iolaus fez com que uma espécie de corda de teia saísse dos dedos de sua mão direita e fosse em direção à Rony, provavelmente para agarrá-lo.
Rony deu dois passos para trás e não sabia o que fazer. Lupin gritou para que alguém o tirasse do caminho, e a pessoa mais perto era Hermione. Ela tomou impulso e o agarrou pelo braço direito, empurrando-o para fora do alcance do ataque. Rony saiu, mas ela não. A tal corda agarrou o braço de Hermione e a puxou. Só que Rony ainda estava agarrado à amiga também, e os dois levantaram vôo. Essa era a intenção do fantasma: agarrar alguém pelo braço e lançar para trás, com violência no chão. Hermione e Rony foram cair com força do lado de trás do fantasma, também levantando poeira e sacudindo o lugar.
- Rapaz, como isso dói... - Gemeu Rony, de barriga para cima, pondo a mão na cabeça, ainda deitado no chão. Hermione, ao seu lado, apoiava os braços para tirar o rosto do chão, e tossiu, espalhando poeira:
- *Cof* Nossa... *Cof*...Esse homem não está para brincadeiras... *Cof*
- Ai, minha cabeça... E você, Mione? Está bem?
- Ai... Estou sim... Acho que não quebrei nada, aparentemente...
- Valeu a ajuda...
- Não foi de quê...
Iolaus começou a rir ao ver que a pancada foi tão forte que os dois não estavam conseguindo levantar, apesar de conversarem baixo e se mexerem no chão.
- Ninguém machuca meus amigos e sai impune! Nem que seja um fantasma asqueroso como você!
Harry ficou possesso ao ver Iolaus pondo a vida de Rony e Hermione em risco. Ele, sem pensar duas vezes, avançou no fantasma, sacando a espada. Hermione ergueu a cabeça e olhou para trás, Rony apoiou-se nos ombros para erguer o corpo.
- Ele é doido! - Exclamou Rony
- Harry! Ele tem força para te matar! - gritou Hermione.
Mas já era tarde. Iolaus, ao ver Harry se aproximar, sorriu da ingenuidade do garoto e, com apenas um movimento de mãos, o mandou voando... Direto para o teto. Não abriu um buraco, como foi com Leah, mas abriu rachaduras no teto, e um monte de poeira e cacos de pedra caíram. Os óculos de Harry e a espada foram os primeiros a cair.
- Harry! - Exclamou Sirius, olhando o afilhado pregado no teto como uma mosca morta. Iolaus sorriu de novo.
- Falta a grande finalização.
Iolaus fez outro movimento com a mão e Harry desceu do teto se espatifando no chão com um baque surdo levantando mais poeira. Ele não movia um músculo.
- Harry?... - Chamou Rony, assustado.
- Harry! - Gritou Hermione, levantando-se. - Harry!
Gina levou as mãos à boca, sem saber o que fazer, e até Draco estava boquiaberto com o que o fantasma foi capaz.
- He. He. Hehehehehehe.... - Começou a rir Iolaus. - Essa é a minha deixa.
Iolaus avançou para cima do corpo desfalecido de Harry e desapareceu de vista. O lugar silenciou. A poeira abaixou, e Harry continuou caído no chão. Sirius deu uma passou para trás, sem tirar os olhos do corpo do afilhado:
- O que... Ele fez?... Será?...
Sirius ergueu os olhos e viu Lupin muito preocupado. Ele também olhou em volta e eles viram Leah, com uma expressão muito mais temerosa de que qualquer um dali:
- É isso mesmo... - Disse, tropeçando nas palavras - Estamos ferrados.
Harry apoiou-se nas mãos e ergueu o corpo. Ainda ficou um tempo de quatro no chão, a cabeça pendendo. Balançou-a para arrancar a poeira e pôs-se de pé. Respirou fundo e abriu os olhos, sorrindo. Seus olhos não estavam mais verdes, e sim, cinza-claro. E começou a rir, ainda olhando o teto.
- O que deu nesse idiota? - perguntou Draco.
- Maldição - Gemeu Sirius, pondo a mão na espada. Lupin, Leah e Snape fizeram o mesmo. Hagrid apontou a besta para Harry.
- Não estão achando que vão poder comigo logo agora, Não é? - Disse "Harry" debochado, descendo o olhar com um largo sorriso. - Ou vocês acham que eu não serei capaz de usufruir de todo o potencial mágico... De Harry Potter?
Não precisaram de resposta. Iolaus, no corpo de Harry, fechou os punhos e expeliu toda a energia mágica de seu corpo. Todos os nove bruxos saíram voando e bateram de costas nas paredes do lugar.
Quando abriram os olhos, Iolaus ainda estava no centro do salão, encantado, olhando as próprias mãos.
- Incrível! Eu nunca poderia... Eu... Nunca poderia imaginar que Harry Potter pudesse ter um poder dessa magnitude! Hum...
Iolaus lançou o olhar para cinco dementadores que estavam parados no alto do salão. Ele sorriu e, como se brincasse, mirou os dementadores com o dedo:
- Expectro Patronum!
Da mão de Iolaus o feitiço saiu, como se fosse de uma varinha. Cinco tiros, cada um pulverizando um dementador, deixando só a capa preta, tamanha força do choque.
- Maldito Potter... - Gemeu Snape, sentado num canto.
- Meu Deus... - Admirou-se Sirius - este poder está... Adormecido dentro de Harry!
- É algo tão grande quanto o de Lílian... - Disse Lupin - Não! É maior que o dela!
- Tsc - Resmungou Leah, a primeira a ficar de pé, apoiando-se na espada. - isso vai atrasar muito a nossa vida. Ei, Iolaus!- O fantasma virou-se para Leah. - Você pode sair do corpo de Harry... Ou eu vou ter que pessoalmente esquartejá-lo até que seu espírito saia fatiado como um presunto Parma?
- O quê? - exclamou Hermione, também pondo-se de pé. - Você ficou louca, Leah?!
- He. Vai ser divertido. É claro, seria muito mais fácil se eu não tivesse perdido metade dos meus poderes... Mas é melhor assim, fica mais desafiador.
Leah avançou com tudo para o corpo de Harry. Iolaus se assustou com a velocidade dela. Mas, antes que ela descesse a espada partindo o menino ao meio, alguém a bloqueou com outra espada. Era Sirius.
- Você não acha que vai fazer isso, acha?
- Hum... Não gostaria de ter de matar mais alguém aqui hoje. Poderia, por obséquio, sair da minha frente?
- Morram os dois. - Resmungou Iolaus, recuperando-se do susto - Expelliarmus!
O feitiço saiu com violência das duas mãos do fantasma, cada um indo para uma orelha diferente dos bruxos. Leah e Sirius foram novamente arremessados para longe.
- Droga... Tá vendo? Você me atrapalhou - Resmungou Leah, em um outro buraco aberto. Sirius gemeu do seu lado algo impublicável.
- Isso complica as coisas - Resmungou Lupin, sacando a espada. Hagrid não conseguia disparar a flecha.
- Eu... Não posso ferir Harry! - e jogou a arma no chão.
Draco e Snape não estavam preocupados, atacaram Harry. Iolaus mais uma vez mandou Snape longe facilmente. Draco tentou lançar um feitiço, mas Iolaus fez a gentileza de devolve-lo, com apenas uma das mãos. Malfoy ficou amaldiçoando até os tataranetos de Harry, por ter um poder oculto tão grande.
- Não podemos fazer nada! - Exclamou Gina, ajudando Rony a se levantar - ele estava todo dolorido, tamanha a pancada que levou.
Iolaus continuava a se divertir, descendo o braço nos professores. Leah até conseguia se aproximar, mas Harry ainda era ligeiramente mais veloz e sempre a mandava abrir mais um buraco nas escadarias.
Até que Hermione se ergueu ao lado de Rony, decidida:
- Deixem comigo. Eu acho que posso parar esse cara.
- É? - Perguntou Rony curioso.
Iolaus agora vinha na direção deles, os olhos cinza gelo quase fechados e o sorriso malicioso na boca, as mãos prontas para um golpe final. Foi quando Hermione pôs-se bem na frente dele, os braços abertos e a expressão fechada. Iolaus parou.
- O que... Você quer?
- Iolaus... Por favor... Pare. - disse Hermione.
Todo mundo - a maior parte ainda caída no chão ou se levantando - parou para olhar a cena. Sirius e Lupin se olharam, sem saber qual a idéia singular que saía da cabeça de Hermione.
- O que... O que você está dizendo, pirralha?
Para o espanto de todos Hermione desfez a expressão séria e apertou as mãos contra o peito, fazendo uma cara de piedade:
- Por favor, não machuque meus amigos... - Leah, ao escutar isso, se jogou de novo no fundo do buraco de onde estava saindo.
- De onde você...
- Iolaus... Se você está mesmo convicto de que eu sou essa Cecília que você sempre amou, por favor, atenda meu pedido.
Draco balançou a cabeça, incrédulo:
- O que um ser humano não faz quando a sua vida está em perigo... Ele é capaz de descer no nível mais baixo...
Mas Iolaus parou, olhando Hermione, sem nenhuma intenção aparente de atacar. Ele então suspirou profundamente. Hermione ensaiou um sorriso: seu plano patético estava colando.
- Você... Vai parar?... Por mim?...
- Se você prometer... - Disse Iolaus, olhando-a de lado fixamente.
- Prometer?... - Perguntou, com um fiozinho de esperança.
- Se você prometer voltar para mim.
- Ah... - Resmungou, desfazendo o sorriso. Todos já se levantavam, esperando o desfecho da conversa. - Por favor, Iolaus, você tem de entender... Eu não sou sua Cecília, eu posso parecer ela, mas... Eu não sou, eu tenho minha vida.
Iolaus ainda ficou olhando Hermione sem piscar. Ela suspirou de novo e completou, sem muita boa vontade:
- Eu lamento que você sofra tanto, mas eu não posso fazer nada por você.
- Sabe... - disse Iolaus, calmo - Você tem o mesmo grande e puro coração que minha Cecília tinha.
- Agradeço o elogio. Mas, agora... O que você fez com meu amigo?...
- Ah, Harry? Não se preocupe, ele não está morto, só desacordado. Assim que eu sair do corpo dele ele vai voltar a acordar.
Hermione sorriu e respirou aliviada, assim como os outros.
- Então... Você vai liberar o corpo dele?
- Hum... Não.
- Quê?
- Eu gostei desse corpo. Potter é extremamente poderoso. Faz jus a fama, mas ainda não sabe usar um quarto do potencial dele. É mesmo um idiota.
- Mas, Iolaus, e o nosso combinado?
- Ainda não combinamos nada. - Disparou Iolaus.- Você negou meu pedido.
- É que... Eu já lhe disse, eu ainda estou viva, Iolaus, você morreu, é um fantasma! Se pelo menos você fosse para o outro mundo descansar ao invés de ficar aqui, poderia encontrar sua Cecília!
- Você é minha Cecília.
- Ai... Eu já disse que não sou.
- Claro que é. Eu conheceria você a léguas de distância. O seu espírito é o mesmo de minha Cecília.
- Tá, tá, mas, supondo que eu seja, nós NÃO VAMOS FICAR JUNTOS! Dá pra entender? Eu tenho que estudar, viver minha vida, você teve a sua! Agora dê a chance de eu viver a minha!
Iolaus ainda ficou olhando. Todo mundo já estava meio que cochilando. Rony batia o pé no chão impaciente. Até que Iolaus resolver ficar de frente para Hermione e se aproximou mais ainda, sorrindo. Hermione ergueu os olhos sem saber o que ele poderia fazer.
- Sabe... - Disse - Você tem a mesma bondade de minha Cecília, mas você é muito mais determinada, muito mais decidida que ela. - Hermione ergueu as sobrancelhas e forçou um sorriso - Eu gosto disso em uma mulher. E, além do mais, você é mais bonita que ela.
Em seguida ele agarrou o rosto de Hermione com as mãos e tascou-lhe um beijo na boca.
Os professores ficaram estáticos e completamente sem reação, Assim como Draco e Gina. Rony parecia aterrorizado com tudo aquilo.
Até mesmo Hermione ficou completamente sem reação - lógico. Iolaus afastou o rosto dela sorrindo, enquanto ela leva as mãos à boca, perplexa.
- Ah, seu... - Rony deu três largos passos até Iolaus e BAM-BAM! Meteu dois socos na cara de Iolaus (no corpo de Harry), um atrás do outro, com toda a força. O cara caiu de costas como um saco de batatas. Rony respirava com força, a cara tão vermelha quanto os cabelos, e falando cuspido - Exorcismo comigo só funciona na base da porrada! Seu bundão!
Ele ainda continuou olhando Iolaus caído. Todos olharam a cena e ergueram os olhos para Rony, bufando de raiva. A reação de Sirius, Lupin e Leah foi a mesma: começaram a rir. Hagrid dessa vez também caiu na risada. Rony ergueu os olhos e olhou os professores rindo e ficou muito sem graça. Olhou Harry/Iolaus, caído. E respirou fundo, passando a mão no cabelo:
- Bom... Ele fez por onde.
Uma energia prateada saiu de Harry e pulou para o alto. Era Iolaus, com a mão no rosto e lacrimejando.
- Ai, Ai, ui, ai, isso doeu, seu estúpido!
- Han? - resmungou Rony. Harry, a seus pés, gemeu e balançou a cabeça. - Harry?...
Hermione se aproximou e agachou-se, mexendo em Harry meio cautelosa. Mas ele abriu os olhos molemente, e eles voltaram a ser verdes.
- Ah... Harry? - perguntou, meio acanhada - É você MESMO?...
- O... Que... Houve?....
- Ah, é ele mesmo. - resmungou Rony, voltando a fechar os punhos e olhar Iolaus - E você, babacão? Some daqui!
- Tudo bem com você, Harry? - perguntou Hermione. Harry deitou-se de barriga para cima, com a mão no queixo dolorido.
- Tudo... O que foi que aconteceu aqui?... Eu... Caí desacordado... E não me lembro do que...
- Ah, graças... - agradeceu Hermione, olhando o teto aliviada.
- Quê...?
- Heim? Ah, não, não foi nada. Nós só... Ficamos... Preocupados. Você... Estava desmaiado esse tempo todo.
Harry se sentou, não tinha forças para levantar. O corpo inteiro latejava de dor, Iolaus havia tirado dele poderes que esgotaram suas forças.
- Ah, seu maldito moleque ruivo - Gemia Iolaus ainda com a mão na cara. - Vocês vão me pagar caro por isso! Esses dementadores vão acabar com todos!
Em seguida ele desapareceu. Os dementadores do alto continuaram parados. Ânimos refrescados, Leah e Sirius examinaram a sua volta.
- Esta é a entrada para o Templo das Trevas. Mas como vamos entrar? - Perguntou Sirius.
- Olha só essa gema de cristal. - Disse Lupin, chegando próxima ao pedestal. - ela talvez abra a passagem que precisamos.
- Mas como?
- Talvez com o toque de alguém específico.
- Do tipo?... - perguntou Hagrid.
- Não tenho certeza... Talvez que tenha alguma ligação com o templo... Sei lá... Uma senha...
- O idiota do Iolaus podia ter nos dado a dica - Resmungou Rony.
- Não, -Disse Lupin - se ele soubesse abrir, teria aberto.
- Bem, esse é o templo Sagrado perdido das trevas, não? - Disse Sirius, pondo a mão no queixo - Será que não seria o toque de alguém das trevas?
- Pode ser. - disse Lupin. - Quem sabe... Voldemort?
- Eu não acho boa idéia nós sentarmos aqui, esperarmos e quando Voldemort chegar a gente disser: Ah, olá, Tio Vol-vol, poderia abrir a porta? A gente precisa pegar uma coisa lá dentro antes de você, pode ser?
Hagrid riu, mas Lupin ficou bravo com a piadinha de Sirius. Até que Leah deu um passo pra frente.
- Eu abro. - Todos olharam para ela - Ah, gente, qual é. Tem alguém aqui mais "das trevas" que eu por um acaso? Olhem só Malfoy, filho de Lúcio, Comensal. Só tem dezessete anos. Ainda não sabe usar um Wingardium Leviosa direito! - Draco fechou a cara - E olhem só Snape. Sem comentários. - Snape também fechou a cara. - Não há ninguém melhor do que eu para abrir os portões destinados a alguém das trevas, e todo mundo sabe disso. Com licença.
Sirius e Lupin deram passagem a Leah, que passou toda empinada. Ela chegou até a bola opaca e colocou uma mão na bola. A outra ela pôs na cintura e apoiou-se no pedestal, como se fosse um poste, fazendo cara de peixe morto olhando a bola e sorrindo como se fosse superior.
Silêncio. Não aconteceu nada. Sirius cruzou os braços:
- Então...
- Deu "xabú". - Disse Snape, com um sorrisinho gozador na boca, com as mãos para trás.
Hagrid e Lupin abafaram risinhos. Harry, do chão, e Hermione, não conseguiram segurá-lo tão bem. Leah ficou muito injuriada com a bola não funcionar.
- Está com defeito! - Exclamou, ofendidíssima - 'Faiô'! Porcaria velha! Funciona, porca miséria! - E deu uma bicuda no pedestal de pedra - Ai, meu dedo...
- Aquela cara de bruxa das trevas não ia convencer nem mesmo Neville - Resmungou Malfoy.
- Tem razão, Leah. - Disse Sirius. - você precisa ter "espírito das trevas". Aquele que você tinha quando...
- Não me lembre... - Resmungou Hagrid, baixinho. Leah suspirou.
- Acho que sim... Esperem, então.
- Algum problema? - Perguntou Sirius
- Não, nenhum. Não se preocupe, eu ficarei bem.
Ele se afastou e deixou Leah sozinha no centro do lugar. Foi quando repararam que o pedestal estava no centro de um pentágono desenhado no chão. Silêncio no lugar, e Leah começou a olhar fixamente a esfera, sem piscar. Devagar ela foi diminuindo a respiração até ficar imperceptível. Ela também estreitou o fino olhar violeta na bola. Aos poucos sua expressão foi mudando, e Sirius, Snape, Lupin e Hagrid afastavam aos poucos. O ar do lugar mudou. Um calafrio correu as espinhas de todos. Harry, que estava mais próximo, pôde sentir a transformação de Leah. A respiração começou a voltar a ser percebida, e a energia que ela emanava era incrivelmente grande, incrivelmente poderosa, incrivelmente maligna...
As ondas de um violeta misturadas com vermelho e brilhantes começaram a sair de seu corpo, como se fosse uma eletricidade estática, um graveto em chamas. Harry sentiu a cicatriz arder, mas não era de uma presença próxima deles...
Leah voltou a pôr a mão sobre a esfera... Mas, dessa vez, ela brilhou. De opaca ela ficou um vermelho muito brilhante, a energia desceu pelo pedestal e foi completando o contorno do pentagrama. Quando terminou, vários feixes de energia ricochetearam pelo salão, e Leah largou da bola, voltando à expressão habitual, olhando o ambiente. Uma ventania varria aquilo tudo.
Dissipada a energia, todos se olharam. O salão não tinha mais pó nenhum. Á frente de todos uma grande porta de apresentou, de pedra, com entalhes gravados de dragões. No centro da abertura do portão havia o entalhe de uma espada em forma de cabeça de dragão, era a entrada do Templo das Trevas. Leah levou a mão á testa, olhando o chão e se sentindo extremamente tonta.
- Tudo bem? - Perguntou Sirius. Leah cambaleou e caiu nos braços de Sirius, que a apoiou.
- Meu Pai... Isso não é mais pra minha idade... – gemeu, passando a mão na testa, completamente esgotada.
- Imagina, você esteve ótima, mulher!
Todos olharam em volta. Os dementadores ainda estavam lá, olhando todos, deviam ser mais de quarenta. Foi quando as três portas de acesso à Azkaban se fecharam, deixando apenas a entrada da caverna disponível.
- Porque eu acho que isso não é um bom sinal? - murmurou Rony.
Não era. Dos degraus abaixo da primeira fileira de dementadores, outras fileiras de vultos pretos se erguiam do chão, e quase uma centena de dementadores vieram deslizando ao encontro de todos, enchendo o lugar com um ar pesado e frio.
N.A 1: Faltam 3 capítulos pro fim da EdD Azkaban!
N.A 2: Nesses ultimos capitulos, vocês vão notar como é mais ou menos o estilo das cenas de ação da série Espada dos Deuses. Espero que gostem! =)
N.A 3: Até o próximo capítulo!
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