Capitulo 8



CAPITULO VIII

“Faça do lar um lugar tranqüilo e agradável, para que. o homem possa descansar quando está em casa. Esforce-se para agradá-lo, para mostrar que você se preocupa com o bem-estar dele. — Diário de Megan Madacy, Verão de 1923”


- Boa noite, Harry — disse Hermione, abrindo a porta da cozinha. — Obrigada pela companhia.

— Boa noite, Hermione. Eu... gostei muito.

Ele pareceu hesitar por um segundo, depois saiu, sem olhar para trás. Hermione fechou a porta e voltou a sentar-se, apoiando os cotovelos na mesa e enterrando o rosto nas mãos.

Estava perdendo tempo tentando mudar a opinião de Harry a respeito do casamento. E perdendo tempo, também, nutrindo esperanças em relação a um homem tão cético como Harry. Ele era o tipo de homem que nunca se apaixonaria. O preconceito deixava-o cego e surdo para qualquer demonstração de afeto.

Com um suspiro, ela levantou-se e foi até a pia para lavar a louça, com um receio íntimo de que Harry voltasse e batesse à porta. Quando terminou de secar a pia, espiou pela janela, aliviada ao ver o jardim deserto.

Estava saindo da cozinha quando o telefone tocou.

— Alô?

— Obrigado mais uma vez, pelo jantar — soou a voz grave e sensual, tão conhecida.

O estômago de Hermione contraiu-se e ela escorregou para o chão, como de costume, quando falava com Harry pelo telefone.

— Que bom que você gostou. Eu gosto de cozinhar, mas não faço isso com muita freqüência.

— Pode cozinhar para mim sempre que quiser.

Hermione sorriu, lembrando-se do conselho de Megan. Como se isso fosse derrubar as barreiras do coração de Harry!

— Acho que a Sra. Mulphrethy não aprovaria essa idéia. Ela acharia que estou usurpando o lugar dela.

— Se você repetir o que vou dizer agora, negarei até o fim na Suprema Corte, mas a sua comida é muito melhor do que a dela.

O elogio pareceu aquecer Hermione por dentro.

— Obrigada, Harry. Fico muito feliz.

— Quer jantar comigo amanhã?

Hermione fechou os olhos e suprimiu um suspiro. Ficava difícil resistir à tentação daquela maneira. Quase respondeu que sim, porém lembrou-se a tempo da recomendação de Megan.

— Amanhã não posso, Harry.

— Por quê não?

— Harry, você precisa perder o hábito de interrogar as pessoas como se fossem testemunhas! Assim como você me respondeu quando falei de Selena, não é da sua conta.

— E segunda?

— Também não vou poder.

— Terça.

Hermione começou a rir, e antes que tivesse tempo de dizer qualquer coisa, Harry declarou:

— Está bem, quarta, então. Vou levar você para ver alguns apartamentos em Charlotte, à tarde, depois iremos jantar.

Hermione franziu a testa, surpresa.

— Por que quer me ajudar a procurar apartamento?

— Quem melhor do que um advogado para dar orientações quanto ao aspecto legal do aluguel de um imóvel?

— Está bem — Hermione concordou, finalmente. — Quarta-feira.

— Posso ir buscá-la à uma hora?

— Não, eu irei até Charlotte.

Depois de desligar o telefone, Hermione subiu para o quarto, levando consigo o diário. A noite fora mais agradável do que ela imaginara que seria. Mas o que tinha a fazer dali em diante era esquecer que Harry existia e concentrar-se em aplicar a receita da bisavó na conquista do homem que seria seu marido. Talvez a mudança para Charlotte fosse para melhor. Ela teria um novo círculo de amigos e conheceria outras pessoas.

Hermione esperava que isso a ajudasse a tirar Harry da cabeça.


Hermione evitou Harry propositalmente, nos dias que se seguiram. Tomava o cuidado de não estar no jardim no final do dia, quando ele chegava, e evitava acender a luz da cozinha à noite.

Na terça-feira à noite, ela foi visitar Gina. A prima estava bem melhor, e elas tomaram um lanche na varanda.

Sentada à mesa de vime, Hermione contou sobre a oferta de Harry de levá-la para procurar apartamento.

— Por quê? — Gina franziu a testa, intrigada.

— Disse que pode me orientar no aspecto legal.

— Ele tem estado bem atencioso com você ultimamente, não? — Gina observou.

Hermione deu de ombros.

— Está sendo gentil, só isso.

Ela tentou falar com naturalidade. Não queria que a prima percebesse, mas apesar de toda a sua determinação em contrário, Harry tornava-se mais importante para ela cada vez que se encontravam. Imaginara que conseguiria superar a obsessão de adolescente, que não se deixaria afetar pelo charme de Harry, mas enganara-se. Cada minuto que passavam juntos fortalecia seu sentimento e deixava-a mais insegura. E intensificava a atração que nunca deixara de existir.

— Cuidado com ele — aconselhou Gina. — Você sabe que Harry não quer um relacionamento sério.

— Eu sei. Seu eu encontrar um apartamento, me mudarei logo e ficarei longe da tentação.

— Ah! Quer dizer que há uma tentação?

— Você já prestou atenção nele, Gina? Ele é o homem mais maravilhoso que existe na face da terra. É perfeito!

Sem conter a emoção, Hermione cobriu os olhos com uma mão, numa tentativa inútil de reprimir as lágrimas.

— Mi! — Gina pousou uma mão no braço da prima. — Oh, Mi, eu não fazia idéia que você ainda gostava tanto dele. Pensei que tivesse superado...

— Eu também — confessou Hermione, enxugando os olhos com um guardanapo de papel. — Mas não se preocupe, acho que estou um pouco cansada, É a época do mês. Fico mais sensível. Tudo se resolverá quando eu me mudar para Charlotte e começar a trabalhar.

— Com certeza, Mi — disse Gina, enternecida.

— Tem uma coisa que eu queria lhe perguntar... mudando um pouco de assunto. — Hermione dobrou cuidadosamente o guardanapo e tomou um gole de chá. — Vovó Megan casou-se com Frederick?

— Como?

— Ela menciona o nome de Frederick várias vezes no diário, e testa a receita com ele, mas ainda não descobri se deu certo, afinal.

— Eu não faço a menor idéia, Mi. Li menos do diário do que você.

— Qual era o sobrenome dela?

— Também não sei. Mamãe sempre se refere a ela como vovó Megan, apenas. Não me lembro de ouvi-la mencionar o avô. Mas podemos perguntar a mamãe, ou à sua.

— Até lá já terei terminado de ler o diário.

— Talvez lendo você descubra alguma coisa.

— Eu gostaria de saber se eles se casaram, ela parece ter sido muito apaixonada por ele. E segue à risca os conselhos da mãe e das tias. Alguns parecem funcionar. Sabe, depois de ler o diário, é como se eu tivesse conhecido vovó Megan. Vi-me seguindo os conselhos dela com Harry. — Hermione ficou pensativa por um momento. — Gina... se eu lhe desse algumas dicas... você testaria e depois me diria o resultado?

— Trata-se de uma experiência, ou o quê?

— Mais ou menos.

Hermione explicou sua idéia, para que Gina tentasse aplicar alguns conselhos de bisavó em Draco e ver se notava alguma mudança nele ou no relacionamento. Depois de alguma relutância, Gina concordou, e Hermione voltou para casa, com a intenção de fazer uma lista dos "ingredientes" para entregar a Gina. Depois que a prima os testasse com Draco, ela teria mais certeza se funcionavam ou não.


Quando a recepcionista anunciou a chegada de Hermione, no início da tarde de quarta-feira, Harry sentiu um forte alívio. Desde que combinara aquele encontro, temera que ela não aparecesse. Não a vira mais desde a noite de sábado, e surpreendera-se ao perceber que sentia a sua falta.

— Olá, Harry. — Hermione entrou no escritório com um sorriso brilhante no rosto.

O impacto em Harry foi fortíssimo. Ela estava linda e radiante, num vestido cor de pêssego que acentuava o tom bronzeado da pele.

— Nada de seqüestro, hoje? — Ele se aproximou e inclinou-se para beijá-la no rosto.

— Hoje, não. — Hermione riu. — Mas fique alerta, porque a seqüestradora poderá atacar a qualquer momento.

— Já almoçou? — Harry perguntou, vestindo o paletó.

— Sim. E você?

— Comi um sanduíche. Tenho uma lista de apartamentos para visitar, na zona oeste, em bairros ótimos. Não sei que faixa de preço você tem em mente, mas estes são razoáveis. — Ele entregou a Hermione uma listagem impressa.

— Nossa, quantos! — Hermione exclamou, examinando a folha de papel. — Eu trouxe o jornal. Li os anúncios, de manhã, e circulei dois que me interessaram.

— Talvez encontremos alguma coisa ainda hoje — disse Harry, conduzindo-a para o hall dos elevadores.


O primeiro apartamento já fora alugado. No entanto, Hermione ficou encantada com o segundo. Eles seguiram o zelador através de um caminho de pedras que serpenteava entre fileiras de arbustos impecavelmente aparados. A área gramada era pequena, porém bem cuidada, com canteiros de flores coloridas que davam um ar primaveril ao edifício de tijolo aparente. A primeira coisa que atraiu a atenção de Hermione foram as varandas floridas, com toldos amarelos.

— Para dois dormitórios, o preço está ótimo — disse o zelador ao abrir a porta do apartamento e afastar-se para dar passagem a Hermione e Harry. — Fiquem à vontade. Estarei esperando aqui fora.

Hermione olhou ao redor, na sala de estar. Era pequena em comparação com a sala espaçosa da casa de sua tia, mas era maior do que a do apartamento em Nova York. Uma porta dupla de vidro abria para a varanda, e Hermione debruçou-se da mureta de pedra para apreciar a vista.

— É um pouco pequeno — opinou Harry.

— O apartamento onde eu morava em Nova York era menor. E não tinha varanda. — Ela sorriu. — Você é que está mal-acostumado naquela casa enorme.

Hermione voltou para a sala e caminhou até o hall interno. O primeiro dormitório era bem pequeno, embora a janela cobrisse meia parede, do chão ao teto. O outro dormitório era maior, com banheiro privativo. A janela era idêntica à do outro quarto, porém a claridade era parcialmente bloqueada pelos galhos e folhagens de uma árvore alta. Mas Hermione não se importou, uma vez que usaria o quarto apenas para dormir.

— Vamos ver a cozinha — disse ela, passando por Harry de volta para o hall.

— Não gostei, Hermione — falou Harry, seguindo-a. — É muito pequeno e escuro. Você não vai se sentir bem aqui.

— Eu gostei da sala e da varanda. Se a cozinha for boa, vou pensar a respeito. Mas quero ver outros antes de decidir.

No final da tarde, Hermione não havia feito progresso algum. Harry criticara todos os apartamentos que haviam visitado. Ou por ser pequeno demais, ou por não oferecer segurança, ou por localizar-se numa rua muito movimentada, ou por ser muito velho.

Quando saíram do último edifício para a rua, Hermione virou-se para ele.

— Foi uma perda de tempo. E você ofendeu o zelador.

— Eu, não! — Harry defendeu-se, — Se ele não gosta de ouvir algumas verdades, deveria cuidar melhor do prédio. Você viu que decadência? Uma imundície! Este foi o pior de todos.

— Eu gostei do primeiro que visitamos, e daquele na Rose Street.

— Pois eu não gostei de nenhum.

— Qualquer um dos dois eu decoraria a meu gosto, e ficaria bem aconchegante. E o preço do da Rose Street está muito bom.

— Bom demais, eu diria. Deve haver alguma coisa errada nele.

— Sabe de uma coisa, Harry, acho que não foi uma boa idéia você ter vindo comigo. Você nunca teve de procurar apartamento. Sempre morou em casa, o que é muito diferente.

— Morei em apartamento quando estava na faculdade.

— E então? Esqueceu como era?

— Não. Era apertado, escuro e barulhento, como os que vimos hoje. Você não gostaria de morar num lugar assim, Hermione.

Ela não fez nenhum comentário. Na próxima vez, iria sozinha. Na verdade, pretendia voltar a Rose Street na manhã seguinte e olhar e rever o apartamento com calma. Era ela quem tinha que gostar, não Harry.

— Pelo menos, sua casa é o oposto: grande, clara e silenciosa. — Ela fez uma breve pausa, antes de acrescentar: — Não se sente solitário, às vezes?

— Você se sente?

— Sentia-me logo que me mudei para Nova York. E uma vez ou outra, depois de já estar morando lá há algum tempo. Mas aqui, não. Estou perto de Gina, podemos nos ver a qualquer momento. Falo com ela todos os dias. Tenho visto pessoas conhecidas, amigos. É diferente você conviver com pessoas que te conhecem desde que você era criança. Sei que vou sentir saudade de meus amigos de Nova York, mas acho que a melhor coisa para mim será vir morar em Charlotte.

Harry entrou no estacionamento ao lado de um restaurante italiano.

— Gosta de comida italiana?

— Adoro.

Minutos depois estavam sentados num nicho, a um canto. Harry pediu vinho tinto e esperou que Hermione escolhesse o prato antes de fazer o pedido.

Ela sorriu e ergueu o copo.

— De qualquer forma, obrigada por hoje.

— Não acho que nenhum dos apartamentos que vimos seja ideal para você.

— Mas sou eu quem tem que escolher. Você prefere morar naquela casa imensa. O que você faz, dorme num quarto diferente a cada noite? Você deveria ter uma família para preencher aquela casa.

Harry balançou a cabeça.

— Isso nunca vai acontecer.

— Nunca teve vontade de ter filhos?

— Não.

— Você seria um excelente pai.

Harry estudou seu copo de vinho por um instante.

— O risco é muito grande.

— Que risco?

— O risco de o casamento fracassar, de a mãe ir embora e deixar os filhos.

— Mas, nesse caso, a vida é um risco, Harry. Sua esposa pode morrer, você pode ser atropelado. Não existe garantia de nada. Por que sempre pensa no pior? E se ela não for embora? E se o casamento não fracassar, se durar cinqüenta anos?

— Só se eu encontrar alguém como você era antigamente. Alguém que me veja como um deus.

— Se você encontrar essa pessoa, não a ignore. Não mate o sentimento que ela tiver por você. Isso magoa muito.

— Eu não quis magoar você.

— Você quis fazer qualquer coisa para me desencorajar.

O garçom se aproximou com os pratos naquele momento, e Hermione aproveitou a oportunidade para mudar de assunto.

— Adoro comida italiana! — exclamou. — Este pão de alho é delicioso.

Conversaram sobre assuntos variados, e Hermione tomou cuidado para manter a conversa impessoal.

Depois do jantar, Harry voltou ao prédio do escritório para que Hermione pegasse o carro e seguiu-a até West Bend.

Hermione parou na entrada de casa e saiu do carro, indecisa sobre o que fazer. Não sabia se devia esperar para desejar boa noite a Harry. E se ele quisesse prolongar a noite?

Como que movida pelo instinto, ela atravessou o gramado na direção da casa de Harry. Não queria que a noite terminasse ainda.

— Quer entrar para conversar um pouco? — Harry convidou.

— Eu gostaria.

Ela seguiu-o pela parte lateral da casa até o jardim dos fundos. Harry abriu a porta da cozinha e afastou-se para Hermione entrar. Serviu dois cálices de licor e conduziu-a ao longo do corredor até a sala. Hermione notou que a casa, embora bem-arrumada, parecia fria. Faltava um toque feminino, o aconchego que havia de sobra na casa da tia. Não havia uma única fotografia em lugar nenhum da casa.

Por um momento, Hermione sentiu pena de Harry. O homem independente e seguro de si, de personalidade forte e convicções firmes a respeito do futuro, agora parecia-lhe solitário e abandonado. Como ela gostaria de abraçá-lo, de cuidar dele, dar-lhe tudo que ele precisava! Mas não se atreveria a confessar isso a Harry. Se ele sentisse falta ou necessidade de alguma coisa, que fosse atrás.

— O que pretende fazer sobre o apartamento? — Harry perguntou, quando já estavam sentados no sofá.

— Continuar procurando, acho.

— No sábado?

— Como?

— Posso ir com você, no sábado.

— Obrigada, mas acho melhor ir sozinha. — Hermione sorriu. — Você intimida os zeladores.

— Talvez. Mas porque não fica aqui até sua tia voltar?

— Por quê?

— Porque sim.

— É essa a maneira de um advogado expor uma causa?

Harry esticou um braço e segurou a mão de Hermione, puxando-a para mais perto. Ela não ofereceu resistência. Deixou-se abraçar e aninhou a cabeça no peito forte. Ele tirara o paletó e a gravata e abrira os primeiros botões da camisa, e Hermione sentiu-se embriagar pelo perfume másculo e pela sensação de calor que o corpo dele transmitia.

— Eu quero você, Hermione — ele murmurou, antes de tomar os lábios dela num beijo suave.

Ela retribuiu com toda a paixão que, durante tanto tempo, não tivera oportunidade de vivenciar. Se aquilo tivesse acontecido onze anos antes, ela teria enlouquecido de felicidade. Agora, entretanto, estava mais madura e sábia. Pelo menos, esperava que sim.

Mesmo assim, sentia-se no paraíso. As emoções que a dominavam ameaçavam fazê-la perder o controle. As mãos de Harry moviam-se ao longo de seus braços, os dedos enterravam-se em seus cabelos. Quando ele lhe segurou um seio, Hermione prendeu a respiração. Uma onda de calor explodiu em seu íntimo, e ela inclinou-se para frente, incentivando-a a prolongar a carícia.

De repente, a voz da razão falou mais alto, e ela afastou-se. Não podia permitir que aquilo continuasse. Amara aquele homem loucamente anos atrás e ele a desprezara. Seria total falta de juízo iludir-se agora. Harry só estava querendo se divertir, passar o tempo. E não seria com ela.

— Eu... preciso ir — balbuciou, tentando dominar a sensação de vazio.

— Não, Hermione... Fique comigo.

— Não posso.

Ela se levantou e correu pela casa afora, ignorando os chamados de Harry. Somente depois que a porta da cozinha estava bem trancada, ela voltou a respirar normalmente. Acontecera.

Apesar de todos os seus esforços, ela se apaixonara por novamente Harry Potter.

— Nããão...— choramingou, desolada.

Imaginara estar imune ao feitiço de Harry, mas desejava-o como se fosse dependente química. Amava-o como ele era, assim como a bisavó amara Frederick. Harry a irritava às vezes, contrariava-a, mas ela o queira assim mesmo. Oh, se ao menos ele gostasse um pouquinho dela! Mas sabia que este era um sonho impossível.

Transtornada demais para raciocinar, pegou o diário como um náufrago se agarraria a uma bóia. Ela começara a fazer uma lista dos ingredientes para Gina. Releu rapidamente a lista e colocou-a entre as primeiras páginas do diário. Queria ler mais do que Megan escrevera, queria saber o que a bisavó fizera a seguir. A tentação de ler a última parte para saber se ela se casara com Frederick era grande, mas algo a impedia de fazer isso, a vontade de acompanhar o desenvolvimento do namoro. Logo ela saberia. E esperava que Megan tivesse encontrado a felicidade com a qual sonhara, com Frederick.

“Hoje foi o último dia da faxina de primavera. Limpamos a sala. Primeiro, tiramos as cortinas para lavar. Elas ficam pesadíssimas quando estão molhadas, e eu preciso segurar uma ponta e mamãe outra, para torcer. Mesmo assim, é difícil. Os meninos levaram o tapete para o quintal e passaram a tarde varrendo e batendo. Eu tirei o pó da cristaleira, por dentro e por tora. Tirei tudo para limpar, até o cachimbo de papai. Também tirei o pó dos quadros. Mamãe me contou sobre quando ela e papai compraram os quadros. Quase tudo em nossa casa eles escolheram juntos. É gostoso comprar as coisas juntos, ela me disse. Escolher coisas que são especiais para ambos, o lugar Onde vão ficar, depois lembrar a época feliz que elas representam. Um lar deve ser tranqüilo e agradável, um refúgio para quem volta para casa no fim do dia. Principalmente para o homem, que passa o dia inteiro trabalhando, lutando para sustentar a família. Ele precisa chegar em casa e encontrar sossego, não tumulto. . Será que Frederick e eu vamos construir um lar juntos? Teremos móveis e objetos que terão um significado especial para nós dois? Espero que sim. E espero saber tornar nosso lar o melhor lugar do mundo para Frederick.”

Hermione fechou o diário e fitou o espaço, pensativa. Ela poderia transformar a casa de Harry num lar de verdade. Torná-la aconchegante, enchê-la de amor e carinho. Mostrar a ele que sua vida podia ser diferente da do pai.

Se tivesse a chance...

Mas não teria.

Hermione fechou o diário e deitou a cabeça no travesseiro. Mas a lembrança do beijo de Harry a assombrava. De repente, ela se arrependeu de ter fugido... de não ter ficado para ver o que aconteceria depois.




Obs:Tem mais 1 capitulo ainda....

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