Capitulo 1



Obs1:Capitulo dedicado a Fernanda Destro, ღDiany PaulaღMúmiaღ , Jéssy Nefertari, Amor, Tata, Ana Lívia, Andréa Pismel da Silva, Carla Ligia Ferreira, ***Pah Potter***, *** Sarinhaaa ***, FABY e Adriana Paiva!!!Se eu esqueci alguém, peço que me perdoem!!!Adoro todas vocês!!!!Valeu por acompanharem todas as minhas fics e pelos comentarios maravilhoso que deixam!!!!



CAPÍTULO I


Hermione Granger virou a direção na rua larga e seguiu devagar, para chegar até a entrada da casa. Respirou fundo ao atingir os fundos da residência.

Embora costumasse visitar tio Arthur e tia Molly todo verão desde os dez anos até o último ano do colegial, surpreendeu-se com a sensação de familiaridade que a invadiu.

As lembranças dos tempos idos, de sentir-se sempre tão querida junto dos tios, ocorreram-lhe à memória.

Um movimento à direita, contudo, chamou sua atenção, despertando-a dos devaneios. Devagar ela virou a cabeça e deparou com o vizinho de Molly, Harry Potter, que vinha andando em sua direção.

Alto e esbelto, Harry estava descalço e vestia jeans. Pela marca de suor na camiseta, estivera correndo. Seus olhos verdes não eram visíveis agora, mas Hermione sabia o que a aguardava. Sentiu o coração disparar com a aproximação daquele homem tempestuoso. Parecia uma adolescente, vendo-o aproximar-se.

Dando um profundo suspiro de resignação, Hermione desligou o motor e pôs a jaqueta sobre os ombros. Decidiu que deixaria para desfazer as malas depois de uma boa noite de sono.

Ao descer do automóvel e andar pela primeira vez depois de horas, notou que suas costas doíam.

— Hermione? — Harry chamou, chegando mais perto. — Hermione Granger?

Ela sentiu a pulsação disparar, a boca ficar seca e os nervos retesarem. Apenas porque Harry a olhava. Engoliu com dificuldade e acenou com a cabeça. Nada mudara em anos desde a última vez em que o vira. As velhas emoções ressurgiam com força total.

Por um instante, Hermione desejou que Harry a tomasse nos braços e a beijasse, com carinho. Esperara por aquela demonstração durante tanto tempo... Um sonho que nunca se tornara realidade.

— Bem, bem, pequena Hermione Jane Granger, todos crescem. E você ficou uma beleza... — Harry cruzou os braços sobre o peito largo, recostando-se no capo.

Observou as curvas femininas, e sem dúvida as aprovou.

Porém, ao perceber que havia um tom de mofa nas palavras de Harry, Hermione se irritou e encarou-o com raiva. Não passaria por tola por causa de Harry outra vez.

— Bem, bem, Harry James Potter, você continua óbvio como sempre foi.

Um brilho divertido apareceu nos olhos verdes quando encontraram os dela.

— Eu tento agradar, querida.

E Hermione podia apostar que Harry agradava toda mulher que recebia sua atenção. Com trinta e quatro anos, ele era bonito o suficiente para causar suspiros.

Certa ocasião, Hermione tentara tudo o que sabia para conquistá-lo, mas Harry se mostrara inatingível, porque não quisera se envolver com uma garota tão jovem.

— Veio visitar seus tios, Hermione?

— Sim.

— Sugiro que tome um banho e durma durante uma semana. Sua aparência está péssima.

— Obrigada, Harry! É uma delícia ouvir palavras tão doces.

— Eu lido com fatos.

— Desde que se ajustem ao cliente que está defendendo. De outra maneira, você os modifica até que sirvam a suas necessidades.

— Não mudo a verdade, Hermione, embora saiba como sugerir um jeito diferente de olhá-la.

— Certo. Já vou indo, Harry. Como você mesmo sugeriu, preciso de repouso. Até mais. — Dando-lhe as costas, Hermione começou a caminhar em direção à residência.

— Vai ficar bastante tempo? — Harry se pôs a segui-la. Hermione apenas fez um aceno vago e continuou, deixando-o para trás. Sob o capacho, encontrou a duplicata da chave.

Ao entrar, esboçou um sorriso largo, contente por estar ali. Subiu rápido as escadas, entrou no quarto que sempre ficara reservado para ela e atirou-se no leito. Que bom que alguém arrumara a cama aguardando sua chegada! Decerto fora tia Molly, ou Gina, sua prima.

Respirou fundo, tirou as roupas com extrema rapidez e nem se preocupou em tomar um banho. Seria esforço demais para alguém tão exaurido. Nem bem fechou os olhos, adormeceu.

Uma voz familiar despertou Hermione, no dia seguinte:

— Bom dia, bela adormecida!

Erguendo um pouco as pálpebras, Hermione franziu a testa ao ver a prima parada à soleira. Gina sempre era alegre de manhã, uma coisa que Hermione nunca conseguia ser.

— Vá embora. — Puxou o travesseiro para cima da cabeça. Gina entrou, sem lhe dar ouvidos.

Ao sentir o aroma de café fresco, Hermione afastou um pouco o travesseiro e viu que a prima trazia uma bandeja, que colocou no criado-mudo.

— Posso desculpá-la se me der uma xícara fumegante.

Gina sentou-se na beira da cama, atendendo ao pedido de Hermione.

— Você parece muito cansada. Quando chegou? Esperei que me telefonasse. Não vim ontem porque não sabia que já estava aqui.

— Cheguei cansadíssima para fazer qualquer coisa que não fosse dormir. — Hermione recostou-se na cabeceira. Apanhou a xícara de porcelana chinesa, muito delicada. — Por que me acordou tão cedo?

— Esperei até as dez!

— Já é tão tarde?

Hermione não dormia até aquele horário desde os dias de colégio.

— Hum! Eu a perdôo por me arrancar de um sono tão bom. Está delicioso este café!

Gina achou graça.

Hermione fitou a prima. Gina era linda, sempre fora. Seus cabelos brilhavam à luz do sol, que caíam em mechas até os ombros. Ficava ótima mesmo sem um pingo de maquiagem.

— Você está bem? — Gina inclinou a cabeça para trás para estudar Hermione.

— Sim. Mas tenho algumas perguntas a lhe fazer. Por que você está tão bonita, e eu continuo com esta aparência comum?

Gina riu. Era uma velha reclamação familiar.

— Hermione, você é bela, apenas não se empenha em realçar essa beleza, como eu. Por um instante, observe a si mesma. Alguma pintura realçaria bastante seus traços.

— Oh, eu sei... Já falamos sobre isso milhares de vezes. Diga-me, por que está aqui? Não tem um emprego?

— Evidente que tenho. Mas hoje não irei trabalhar. Quero ficar com você.
Hermione se espreguiçou.

— A viagem foi cansativa?

— Pode apostar. Vim de Nova York até aqui quase sem parar. Queria chegar logo. — Hermione tomou um gole.

— E como você está? Imagino que não tenha sido fácil largar o emprego.

— Eu não larguei, na verdade. Depois que a empresa foi vendida, foi apenas uma questão de tempo até todos serem demitidos. "Reestruturação" é o termo que eles usam.

— Mas você era tão dedicada...

— É verdade. Fui uma tola. Na hora de mandar você embora eles não reconhecem o esforço que você fez. Não compensou ter feito todas aquelas horas extras e todo o estresse que eu passei. — Hermione suspirou. — Estou tão cansada que nem consigo pensar direito... Fiquei feliz quando sua mãe me convidou para vir. Estou precisando fazer uma pausa antes de decidir o que vou fazer da minha vida. Pelo menos eles foram generosos na indenização, assim poderei sobreviver algum tempo sem trabalhar. Depois, vou tentar arrumar um emprego em Charlotte. Ou voltar para Nova York... Tenho amigos lá.

— Também tem amigos aqui — lembrou Gina, com delicadeza. — E família.

— Sim — Hermione assentiu. Ficara empolgadíssima quando fora morar em Nova York, assim que se formara na faculdade, e apaixonara-se de imediato pela cidade.

— Oh, por falar em família, adivinhe o que descobri! Espere um minuto...

Gina saiu correndo do quarto, e Hermione terminou de tomar o café antes de enfiar-se debaixo das cobertas. Sentia-se sem forças, e a energia da prima fazia com que se sentisse ainda mais abatida. Mas ela tinha certeza de que se recuperaria. Só precisava de algum tempo. E a idéia de passar o dia inteiro sem ter nada para fazer, só tomando sol, a agradava. Além do que, era bom sentir-se em casa.

Seus pais estavam passando o verão no Egito. Nos últimos dois anos, haviam lecionado em uma universidade da Califórnia, e antes disso, haviam feito várias palestras em universidades espalhadas por todo o país. Hermione perguntava-se como era possível que a única filha de um casal de nômades quisesse tanto ter um lar fixo e criar raízes permanentes. Às vezes, sentia-se mais ligada à sua tia do que aos próprios pais.

— Veja o que eu achei quando ajudei mamãe a limpar o sótão! — Gina estendeu para ela um volume encadernado. — Não li muita coisa, mas a parte que eu li é engraçada.

Hermione pegou o livro e passou a ponta dos dedos pela capa de couro ainda macio, apesar de gasto.

— O que é isso?

— O diário de vovó Megan, nossa bisavó. Ela começou a escrever no dia em que fez dezoito anos. Ganhou de presente do pai dela. Mamãe disse que ela escreveu até o dia em que tio Lloyd nasceu. Você precisa ler! Ela dá uma receita de como encontrar o marido perfeito.

— Uma receita?

— Uma receita! Ingredientes, conforme ela diz, para enfeitiçar um homem, atrair o interesse dele e segurá-lo. É uma coisa tão antiga, Mi, você precisa ver! Aproveite seus dias de folga para ler. Aposto que vai deixá-la mais animada. Depois eu termino de ler. Você se lembra dela?

— Vagamente. Eu tinha dez anos quando ela morreu. Foi quando eu vim passar as férias aqui pela primeira vez. — Hermione franziu a testa. — Ela era muito velha?

— Acho que tinha setenta e poucos anos. Este livro é uma relíquia!

— Até onde você leu? — quis saber Hermione, abrindo o diário na primeira página. Aquilo fora escrito por sua bisavó, era uma parte da história da família que ela nunca imaginara conhecer.

Ela começou a ler o primeiro parágrafo, escrito numa caligrafia bonita e perfeita.

— Li apenas o começo. Mas deixe para ler quando estiver sozinha. Vim aqui para ver você. O que quer fazer hoje? Pensei em irmos ao clube de campo e almoçar por lá. Eles têm um bufe de saladas maravilhoso. E podemos tomar um pouco de sol à beira da piscina. Estou querendo aproveitar ao máximo o meu dia de folga.

— Para mim, parece uma ótima idéia — disse Hermione, contente por ter alguém tomando as decisões por ela. Fazia tanto tempo que vivia sozinha que era bom sentir-se paparicada.

— Acho que estou apaixonada — declarou Gina, abruptamente.

— Outra vez? — perguntou Hermione, surpresa. Cada vez que via a prima, ela estava apaixonada por alguém. As paixões dela duravam no máximo dois meses. Com vinte e nove anos de idade, ela ainda não encontrara a pessoa certa. Assim como ela própria, refletiu, melancólica. Mas sempre que conhecia alguém, não conseguia deixar de fazer comparações com Harry Potter. Para ela, Harry era o homem ideal, e ela nunca conhecera outro que se equiparasse a ele.

— Quem é o felizardo, desta vez? — perguntou Hermione, afastando as cobertas e levantando-se.

— É um amigo de Harry. Veio morar aqui por recomendação dele. Chama-se Draco Malfoy, e é veterinário.

Hermione olhou para a prima, surpresa.

— Veterinário? Mas você não gosta de animais...

— É a profissão dele, Mi. Eu não tenho nada a ver com isso. Mas ele é maravilhoso... É divertido, tem uma conversa interessante...

— Quantos anos?

— Deve ter a mesma idade de Harry, porque se conheceram na universidade.

— E não se casou até agora?

— Qual é o problema? — Gina arqueou as sobrancelhas. — Eu também não me casei até agora, nem você.

— Mas nós ainda não temos trinta anos.

— Não por muito tempo.

— Tudo bem, mas o que estou querendo dizer é que ainda somos jovens. Harry tem trinta e quatro.

— E isso é ser velho? Apenas cinco anos mais que nós. E talvez Draco ainda não tenha encontrado a pessoa certa, e essa pessoa seja eu. Só porque um homem não se casou até os trinta e poucos anos não significa que nunca vá se casar. Harry também ainda pode encontrar uma mulher que lhe derrube as defesas.

Hermione olhou pela janela. Houvera um tempo em que desejara ardentemente ser essa mulher. Mas ela amadurecera nos últimos anos, e os acontecimentos dos últimos meses haviam-na ensinado que era inútil nadar contra a maré. Ela aprendera a parar de bater a cabeça contra barreiras invisíveis, aprendera a ser prática e realista. Olhou para a prima e sorriu.

— Estou feliz por você, Gina. Quando vai me apresentá-lo?

— No fim de semana, com certeza. Vou convidar vocês dois para jantar em casa, ou podemos ir a algum lugar. Agora, vista-se, porque teremos um dia cheio!


O sol começava a se pôr quando Gina deixou Hermione em casa. O almoço no clube de campo fora agradável. Hermione revira alguns amigos, e havia combinado um encontro com um deles. Depois, Gina levara-a ao novo shopping center e insistira para que comprasse algumas roupas novas.
Hermione sentia-se grata pelo estímulo que a prima lhe dera. Os dois vestidos de verão que ela comprara eram bem diferentes das roupas austeras que ela usava para trabalhar, e não via a hora de usá-los.

— Hermione?

Ela virou-se, com um ligeiro sobressalto, ao ouvir a voz de Harry. Por que ele tinha aquele efeito sobre ela? Por que seus joelhos perdiam a força, as mão ficavam úmidas, a boca seca? Harry devia ter acabado de chegar do trabalho. Ainda estava de terno, e a camisa imaculadamente branca realçava o tom bronzeado de sua pele. O verão ainda nem começara e ele já estava bronzeado. Perto dele, ela parecia anêmica, pensou. Mas alguns dias de exposição ao sol mudariam isso.

— Olá, Harry — ela murmurou, aparentando uma calma que não sentia.

O terno preto favorecia a silhueta alta e esbelta de Harry e parecia tornar ainda mais profundo o tom esverdeado de seus olhos. Ele a fitou intensamente e ela baixou o olhar, como uma adolescente tímida.

— Você fugiu depressa, ontem à noite — ele provocou, aproximando -se.

— Eu estava cansada. A viagem foi longa.

— Você ainda está abatida. — Harry fez uma pausa. — As coisas não têm estado fáceis?

— Já estiveram melhores.

Hermione desviou o olhar, dizendo para si mesma que não podia reagir daquela maneira à proximidade de Harry. Já não desistira dele, tempos atrás? Seria infantilidade interpretar o gesto amável dele como algo além de cordialidade. Afinal, fazia anos que Harry, o irmão e o pai eram vizinhos de seus tios. Quando o pai dele se aposentara e se mudara para a Flórida, Harry comprara a parte do pai e do irmão. Sua tia Molly não deixava de mantê-la informada sobre os acontecimentos em West Bend.

Com exceção dos anos que passara fora, quando cursara a faculdade de direito, aquele fora o único lar de Harry. Ele possuía as raízes que Hermione tanto desejava ter.

Mas não era esse fato que deixava Hermione tão consciente de Harry. Era ele próprio, o homem moreno, alto e atraente, cujos olhos pareciam enxergá-la até a alma. A simpatia dele a cativara quando ela era menina, a autoconfiança que ele demonstrava sempre a fizera sentir-se tímida e insegura.

Quando era adolescente, Hermione tentara de todas as maneiras atrair a atenção de Harry, com a esperança de que ele se interessasse por ela e quisesse namorá-la. Tentara até fazer com que ele a beijasse, certa vez, fracassando completamente, saindo humilhada da experiência. Harry parecia considerá-la jovem demais, e tratava-a de maneira arrogante. Depois, quando ela se tornara adulta, ele mantivera uma atitude distante, não dando oportunidades de uma aproximação maior.

— Cansou-se de Nova York?

Hermione sorriu.

— Isso é algo improvável de acontecer. — Ela balançou a cabeça. — Estou de férias. Ficarei alguns dias aqui. – Ela deu um passo para trás. — A gente se vê.

Com estas palavras, acenou e virou-se, começando a caminhar na direção da casa. Não dera dez passos quando a voz de Harry novamente a fez sobressaltar-se.

— Se precisar de alguma coisa, me avise!

Ela olhou para trás, sem parar de andar.

— Obrigada, Harry. Mas Gina está por aqui, e conheço bem as redondezas.

Ele ficou parado, com as mãos nos bolsos, o olhar fixo em Hermione. Ela não pôde deixar de notar, pela segunda vez, como a camisa branca contrastava com a pele morena. Quanto tempo ele passava ao ar livre, para já estar assim bronzeado? Afinal, tinha o seu trabalho, no escritório de advocacia e no tribunal, não devia ter muito tempo livre para o lazer.

Hermione perguntou-se como ele estaria se saindo, profissionalmente. Sabia que o desempenho dele no tribunal era fantástico. No início da carreira de Harry, ela fora assistir a uma sessão. Com os anos de experiência, com certeza sua habilidade se aprimorara.

— Faz algum tempo que você não vem para cá. As coisas mudam.

— Estive aqui há um ano e meio, no Natal — observou Hermione, refletindo que Harry falava com ela como se estivesse interrogando uma testemunha. — Bem... preciso ir. Estas sacolas estão ficando pesadas.

Ela virou-se e subiu, apressada, os degraus para a varanda.

Harry viu-a afastar-se e permaneceu mais algum tempo parado, pensativo. Alguma coisa estava errada. Ele não sabia definir o que era, mas havia algo incomodando-o.

Subitamente, ele percebeu o que era, o que estava diferente. Hermione não tentara flertar com ele. Desde que a conhecia, ela fazia o que podia para atrair sua atenção.

O que causara aquela mudança? A atitude dela era cordial, mas diferente do que sempre fora. Ela parecia distante, aérea. Teria finalmente superado a paixonite que sentia por ele?

A persistência de Hermione chegara a ser embaraçosa, quando eles eram mais jovens. Depois, na época de faculdade, fora divertida. Mais tarde, tornara-se irritante. E ele deixara isso claro. Talvez a reprimenda houvesse surtido efeito.

Ele não tinha tempo para perder com uma adolescente deslumbrada. Não pretendia repetir os mesmos erros que o pai cometera. Sua mãe quisera se separar e fora embora para Nova Orleans. E, depois de Selena, Harry passara a ver as mulheres com certa desconfiança. Talvez seu pai tivesse razão, não se podia confiar nas mulheres. Era mais sensato ficar sozinho.

Apesar de tudo, embora não quisesse ter um envolvimento com Hermione nem com nenhuma outra mulher, não podia deixar de sentir que alguma coisa estava faltando. Estava tão acostumado com a adoração dela que agora sentia falta.

Harry atravessou o jardim e entrou em casa, ansioso para trocar o terno por uma roupa confortável. Quanto tempo Hermione ficaria na casa da tia? O suficiente para que pudessem se ver algumas vezes e conversar? Quem sabe, agora, ele poderia ter com Hermione um relacionamento descontraído e amigável como tinha com Gina?

Depois de livrar-se do terno e vestir uma bermuda e uma camiseta, Harry voltou para o andar térreo. Sua casa era idêntica à vizinha, ambas com dois andares, pé-direito alto e cômodos amplos. Ele fizera algumas reformas, depois que seu pai se mudara. A mobília sólida e antiga estava ali desde que ele podia se lembrar, e fora comprada visando mais o conforto do que a estética. A mulher da limpeza vinha uma vez por semana, o que era mais do que suficiente.

Harry pegou uma cerveja na geladeira e olhou pela janela da cozinha, de onde podia ver o quintal dos fundos da casa dos Weasley. Estava deserto. Talvez Hermione estivesse preparando o jantar. Subitamente ocorreu-lhe que talvez fosse uma boa idéia convidá-la para jantar no fim de semana. Poderiam ir à churrascaria predileta de Harry e aproveitar para conversar. Ele estava interessado em saber o que ela andava fazendo, como era sua vida em Nova York.

Num impulso, pegou o telefone e discou o número do telefone dos Weasley.

Hermione respondeu ao segundo toque.

— Olá, Hermione. Pensei em convidá-la para jantar, no sábado — começou ele, sem preâmbulos. Sabia que existia o risco de ela interpretar o convite como interesse de sua parte, mas trataria de deixar claras suas intenções desde o princípio.

— Obrigada, Harry, mas já tenho compromisso.

Surpreso, Harry deu-se conta de que esperava uma reação diferente.

— E sexta-feira?

— Amanhã?

— Sim.

— Também não posso, Harry, vou jantar fora. Talvez, num outro dia. Opa... preciso desligar, o forno está apitando! Tchau!

Harry olhou para o receptor antes de recolocá-lo no gancho. Nunca imaginara que Hermione recusasse um convite seu para sair. Se ainda tinha alguma dúvida de que a paixão dela por ele esmorecera, agora tinha uma prova concreta.

De repente, sentiu-se desafiado. Uma das facetas de ser um advogado bem-sucedido era questionar as coisas até compreender cada aspecto de um problema. O comportamento de Hermione era totalmente diverso daquele que ele esperava. Harry estava intrigado, queria saber por quê. Queria saber mais sobre ela. A perseverança era outra qualidade de um bom advogado. Ele tentaria novamente. Não era possível que Hermione tivesse marcado um compromisso para todos os dias. Ela acabara de chegar... No dia seguinte ele telefonaria de novo, e marcaria um encontro.


O relógio acima da lareira bateu nove horas quando Hermione subiu para o quarto. Ainda não totalmente recuperada do cansaço dos últimos dias, queria dormir cedo. A companhia de Gina ajudara-a a sentir-se mais animada, e seu entusiasmo renovou-se quando avistou o diário sobre a mesinha-de-cabeceira.

Enfiando-se debaixo das cobertas, ela pegou o diário e abriu-o, com uma sensação de expectativa e aventura que havia muito tempo não experimentava.

Em poucos segundos, estava totalmente envolvida na leitura. Sua bisavó descrevia detalhadamente sua vida, pais e irmãos, com tanta vivacidade que Hermione tinha a impressão de os estar conhecendo pessoalmente.

Em certo ponto, o tom modificou-se um pouco. Megan escrevera:

“Fazer dezoito anos é um marco na vida de uma pessoa. Logo terei de encontrar um rapaz para me casar e ser a dona de casa que fui educada para ser. Patrícia Blaine ainda nem completou dezessete anos e já ficou noiva. Sei que meu futuro marido está em algum lugar, e cabe a mim encontrá-lo. Já perguntei a minha mãe e às minhas tias sobre isso, pois quero o melhor para mim. Elas me deram alguns conselhos, e eu acabei decidindo criar uma receita para encontrar o par ideal, para um casamento perfeito.”

— Bem vovó Megan, espero que sua receita funcione — Hermione murmurou, com um suspiro. — Se você achava que com dezoito anos já devia se casar, imagine a mim, com vinte e nove! E sem nem sequer um pretendente à vista!

“A primeira coisa, que sempre se deve lembrar, é que um homem gosta de conquistar. Tome cuidado apenas para não ser tão difícil que ele acabe desistindo. Um olhar, de vez em quando, para ele, é permitido, mas numa época como esta, de total depravação, um pouco de timidez e recato são recomendáveis. Eu nunca seria atrevida a ponto de tomar a iniciativa de falar com um rapaz, nem de demonstrar através do meu comportamento que estou interessada nele. Ele é que terá de me procurar, foi o que tia Thomasina disse. Portanto, tenho de ser a presa e deixar que ele me persiga. Por outro lado, é necessário mostrar um pouco de interesse, para que ele se decida a aproximar-se. Será que Frederick reparou em mim? Acho que seria bom, no domingo, na igreja, eu passar por ele e fazer de conta que não o vi, até ele me notar. Será que vai funcionar?”

Hermione folheou as páginas seguintes até chegar no domingo. Estava totalmente envolvida, ansiosa para saber o resultado da receita da bisavó. Não sabia o nome de seu bisavô. Nunca ninguém o mencionara. Ela queria saber se a estratégia funcionara ou não, com Frederick.

“Frederick falou comigo hoje, depois da missa. Eu não demonstrei nada, disse a ele que precisava ajudar mamãe a preparar o almoço. Não fui descortês, jamais seria, mas continuei andando enquanto falava com ele, e dei a impressão de não estar prestando muita atenção ao que ele dizia. Foi a coisa mais certa que eu poderia ter feito. Ele me acompanhou até a porta de casa! Foi a primeira vez que ele fez isso. Acho que tia Thomasina tem razão. Preciso deixar que ele me persiga. O segredo é não correr mais do que ele, senão ele não me alcançará.”

Hermione balançou a cabeça e sorriu. Como as coisas haviam mudado! Se sua bisavó achava que os anos vinte haviam sido uma época de depravação, ela teria um ataque se pudesse presenciar os tempos atuais!
Subitamente, um pensamento ocorreu a Hermione. Harry a procurara quando ela parara de demonstrar interesse.

Por alguns momentos, ela fixou, sem enxergar, um ponto na parede a sua frente, rememorando os acontecimentos daquela tarde. Estava exausta quando chegara em casa, ansiosa para ver-se livre das sacolas. Não estava com disposição para conversar. Harry ainda estava falando com ela, e ela começara a se afastar. Nunca tivera tal atitude com ele antes.

E, pela primeira vez desde que Hermione o conhecia, ele a procurara. Chegara até mesmo a telefonar, convidando-a para jantar. E ela recusara!
Hermione não pensara mais no assunto, mas agora... Ela se concentrou novamente no diário e releu a passagem. Haveria fundamento naquele ingrediente de sua bisavó para atrair um homem? Talvez valesse a pena seguir a receita para ver o que aconteceria...

Hermione decidiu que leria o diário inteiro. Além dos conselhos úteis que continha, seria uma boa distração para passar o tempo. Bocejando, ela apagou o abajur e fechou os olhos, com um sorriso nos lábios, planejando mentalmente o que fazer para laçar um homem que normalmente nem se lembrava que ela existia. Naquela tarde, ele dera um sinal evidente de que reparara nela. E Hermione estava curiosa para saber se, mostrando indiferença, conseguiria fazer com que ele a olhasse com outros olhos.

Que mal havia nisso?, Hermione refletiu, sentindo o sono tomar conta. No dia seguinte ela poria seu plano em ação. Seria uma campanha. Uma campanha em busca do namorado perfeito, assim como uma campanha beneficente, ou eleitoral. Nada era decidido com base em uma única estratégia, era preciso analisar vários aspectos para calcular os riscos e chances de sucesso. O problema era, como ela poderia testar essa premissa?




Obs2:Primeiro capitulo postado!!!!!!Espero que tenham curtido!!!!Não vou prometer a vocês atualização essa semana por que tenho que estudar pras últimas provas do semestre na facul, por isso provavelmente atualização só no sábado.Sei que vai demorar até lá, mas se der eu tento atualizar antes, ok?Bjux e me desculpe por isso!!!Adoro vocês!!!!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.