&#9642; <i>Natan Snape</i>



▪ Capítulo Cinco: Natan Snape



Do outro lado da rua, no Barbolla, um barzinho de esquina, estava ninguém menos que Tobias Snape. Tobias estava bêbado. Com uma garrafa de cerveja vazia na mão e gritava com o dono do bar, que, muito amedrontado, tentava pedir que Tobias se retirasse. Ao ouvir o grito de Severus, Tobias parou imediatamente de gritar e virou-se para o filho. Então, inesperadamente começou a rir.
– Sabe quem é esse aí? – perguntou para o dono do bar desdenhosamente – Esse é meu filho. Meu e da vaca da minha mulher. Sabe o que ela fez? Ela me botou dois chifres enormes. Sabe por quê? Porque eu sou trouxa. E o Tiiiiim da Rua do Mangusto é um bru...
– CALA A BOCA, INFELIZ SANGUE-RUIM! – gritou Severus e a garrafa de cerveja que Tobias segurava explodiu em vários pedaços, cortando-lhe.
Todos olhavam abobados para a cena. Severus já estava ficando impaciente e preocupado; tinha que controlar suas emoções, já era a terceira coisa que explodia só naquele dia. Quando falou sua voz saiu um pouco mais fraca:
– Mamãe mandou levá-lo de volta para a casa. Está realmente triste. Ela te ama, infelizmente. Você vai voltar comigo, conversar com a mamãe e perdoá-la, pois ela já te perdoou muitas vezes. – fez uma pausa, enquanto todos olhavam para ele, inclusive Tobias e Lily, que parecia chocada, e voltou a gritar: – AGORA!
Tobias, segurando a mão machucada com a outra, andou em direção a Severus, parou bem perto do garoto, olhou-o de baixo pra cima, como se o avaliasse, e disse:
– Ok, você venceu. Vou voltar, vou perdoar e vou-me embora.
– Não, não vai. – disse Severus sério – Vai ficar. Porque, mesmo que eu não goste nada de você, minha mãe te ama. E te quer por perto. Agora, vamos.
Severus olhou para Lily e disse:
– Não vou poder levar você até sua casa, desculpe.
– Tá tudo bem. Leve seu pai embora. – respondeu Lily, deu um beijo na bochecha de Severus e foi embora.
Severus puxou o pai pelo braço e foi para casa, em silêncio absoluto. Ao chegar em casa, sua mãe estava jogada no chão, apoiada no sofá, chorando desesperadamente.
– Aqui está o infeliz. Briguem mais um pouquinho, mas, por favor, não gritem. Quero descansar um pouco. – disse Severus à mãe, que tinha parado de chorar e ido abraçar o marido, mas este a jogara de volta no sofá.
Severus foi para seu quarto e se jogou na cama. Ficou olhando para o teto. Pensando. Pensando como seria sua vida daqui a nove meses. Pensando se o pai realmente iria embora de uma vez por todas. Pensando em Lily. Apenas pensando. Ficou ali por muito tempo, até os gritos cessarem.
– SEVERUS! Venha jantar, filho! – gritou Eileen da cozinha depois de algum tempo. Pela voz não estava mais chorando.
– Já vou! – respondeu Severus, meio mal-humorado. Continuou deitado na sua cama por uns minutos, depois se levantou e foi para a cozinha, rezando para que o pai tivesse mesmo se mandado.
– Mamãe fez a carne mal-passada. Do jeitinho que você gosta, filhinho. – disse Eileen passando a mão pelos cabelos oleosos do filho. Limpou a mão discretamente no avental e voltou sua atenção para o prato do filho.
– Não gosto de carne mal-passada. Quem gosta é ele. – disse Severus num sussurro que certamente a mãe não ouviu.
Eileen colocou o prato do filho na mesa e Severus começou a comer lentamente.
– Cadê o outro? – perguntou Severus esperançoso.
– Timmy não é o outro. Foi só um deslize e não vai se repetir. – disse Eileen meio embaraçada.
– Não me referia a esse outro. Referi-me ao imprestável sangue-ruim.
– Severus Prince Snape! Já lhe disse e volto a lhe dizer: se você chamar seu pai assim mais uma vez eu juro que não deixo você ir para Hogwarts! – ralhou Eileen, rispidamente.
– Tente. – retrucou Severus calmamente em tom de desafio.
– Eu sou sua mãe! Então é melhor me respeitar! Agora cale a boca e coma logo antes que esfrie!
– Eu te respeitarei quando me tratar como filho. Mas é óbvio que o Tob-ruim é mais importante – disse Severus sarcasticamente.
– Agora chega! – gritou Eileen, pegando o prato de Severus, quase intocado, e jogando-o de volta a pia – Vá para o seu quarto. E não saia de lá. Está na hora de você aprender a respeitar seus pais.
– E está na hora – disse Severus levantando bruscamente – de a senhora aprender que eu sou seu filho e o fato de eu ser bruxo, sem nenhum conhecimento e sem varinha, não me ajuda em nada. Um pouco de amor verdadeiro me faria muito mais feliz. Mas a senhora prefere reservar todo seu amor a ele; e ele prefere fingir que a senhora é uma escrava-madrinha que está sempre pronta a lhe atender. BOA NOITE! – e foi correndo para o seu quarto.
Severus se jogou na cama e começou a chorar. Não era um choro de arrependimento, nem de tristeza; era mais um choro de rancor, raiva. Por que os pais eram tão indiferentes em relação a ele? Por que simplesmente não havia ninguém que o amasse verdadeiramente? Seus pensamentos voaram para Lily. Ele não se importaria com a indiferença de sua mãe se ao menos Lily realmente o amasse. Mas já eram bons amigos e afinal o dia não fora de um todo ruim.
Depois de algumas horas, Severus finalmente adormeceu. Agora ele corria pelo lago. Lily estava lá do outro lado; precisava chegar nela, mas o lago não tinha fim para os lados, se transformara num verdadeiro oceano. Ele só podia nadar ou tentar atravessar uma ponte bem precária. Decidiu-se pela ponte. Quando estava perto da metade da ponte sentiu uma pedra bater no seu pé, quase o derrubando. Virou-se para trás e viu que na margem que ele acabara de deixar estavam Petunia e o seu pai, atacando-lhe pedras e tentando derrubá-lo. Por fim, os dois tiveram uma idéia mais inteligente e cortaram as cordas que sustentavam a ponte, rindo-se da expressão de assombro do garoto. Severus caiu nas águas do lago. Estavam geladas. Até demais. Severus sentiu como se seu corpo tivesse sendo furado por quinhentas facas pontiagudas e álgidas. Não conseguia respirar, mas precisava chegar a Lily. Tentou nadar, mas sua mãe agora segurava seus pés com um bebê no colo. Um bebê realmente esquisito: tinha o corpo de um bebê normal e até meio gordinho, mas o seu rosto era o de um mangusto. A mãe gritava e chorava e o bebê tentava mordê-lo, mas Severus se desvencilhava; os pulmões ainda gritando por ar fresco.
Então, tudo se dissolveu e só o que ele viu foi o teto do seu quarto. Tivera um sonho. Apenas um terrível sonho. Olhou em volta e só o que viu foi o seu quarto. Mas havia algo diferente. Tinha um papel perto da porta que, Severus tinha certeza, não estava ali antes.
Levantou-se, apanhou o papel e leu:

"Sev, desculpe. Estava estressada. Por favor, me perdoe.
Eu te amo. Te amo sim! Tenho uma maneira estranha de demonstrar, mas no fundo te amo.
Ia te contar no jantar, mas acabou que não deu. Novidades:
Seu pai e eu conversamos e ele me perdoou. Me perguntou se era menino ou menina e eu respondi.
É menino, Sev! Perguntou o nome. Então eu disse que não tinha decidido ainda. Mas agora parei para pensar. O que você acha de Natan? Eu acho um nome muito bonito! É, vai se chamar Natan; Natan Prince Snape!

Não fique bravo comigo.
Com amor, mamãe."


Severus leu e releu o bilhete, depois o amassou e jogou-o no lixo. Realmente, Natan não era um nome ruim. Mas dar nome às coisas fazia as coisas parecerem mais concretas. Teria realmente um irmão. Essa idéia não era tão boa e reconfortante. Mas também não era a pior. Talvez fosse bom ter um irmão. Não saberia dizer.
Resolveu que era tarde demais para pensar nisso e voltou para a cama. Para o lugar quentinho e confortante, e voltou a dormir num instante.
Voltara para o lago, mas o bebê com cabeça de mangusto agora tinha um rosto de gente. Na sua blusa estava escrito "NATAN" e ele não queria mais lhe morder. Ao contrário, agora tentava ajudá-lo. Com a ajuda do irmão ele conseguiu chegar do outro lado do lago, mas no momento em que ele emergiu das águas, ele viu que Lily não estava mais sozinha. Estava agora com um menino de cabelos muito rebeldes. O menino chegara antes dele. Severus perdera Lily para sempre, e ele sabia disso. Não tinha mais chances. O menino riu para ele (ou riu dele) e se afastou com Lily para um grande castelo que tinha aparecido do nada. Severus ficou ali. Parado. Cheio de rancor. Querendo mais que tudo estrangular o garoto. Então o sonho se dissolveu e ele se viu de volta em um sonho normal. Sem Lily, bebê, mãe, pai, Petunia ou qualquer menino de cabelos rebeldes. Quando acordou na manhã seguinte, já tinha esquecido o sonho completamente.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------


N/A: Demorei um pouco para postar. Para falar a verdade, tinha desistido da fic, mas resolvi que ainda quero continuar.
Não tem muito o que dizer, apenas:
COMENTEM, POR FAVOR!


Obrigado, Rafael Kaleray!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.