A Lua Sangrenta

"Nossa! Só hoje eu notei que faz séculos que não escrevo nada aqui. Pudera! A bruxidade anda tão calma e plácida.(vi essa palavra num livro chamado: Moby Dick, daqueles que o vovô me deu).

Também há outro motivo de eu ter demorado tanto: eu e Holly passamos uma semana em Londres com Ayasha. Foi demais.

Assistimos a vários filmes. No começo eu não entendi bem o que era, mas a Holly me explicou - já que ela é trouxa - é mais ou menos como se fosse uma peça de teatro, eu descobri o que é isso quando fui a Grécia há alguns anos. As pessoas fingem que são outras e como se fosse mágica guardam - eles têm um termo, mas eu não estou lembrada - em caixinhas pretas. Juro que vou fazer Estudos dos Trouxas, próximo ano, só para entender o porquê deles terem locais só para assistirem a isso, chamam de cinema. (...)

Mas o que é importante mesmo é a história. A que eu e as garotas mais gostamos foi a de uma garota que durante as férias vai para um hotel com a família e conhece um rapaz lindo que ensina ela a dançar. Além da história ser linda, as músicas também são...

A Sra. Murray fez o Chad acompanhar a gente. Foi estranho! Teve uma hora do filme que ele segurou a minha mão. E mais estranho ainda, foi que depois disso ele mal aparecia ou falava comigo, só o via na hora das refeições ou quando ele saia com os amigos. (...)

Tirando as chatices do Chad, foram férias maravilhosas. E descobri o que raio é uma montanha-russa. Não. Não é uma montanha que fica na Rússia..."







"A bruxidade anda tão calma e plácida!"



Isso aos olhos da maioria. Mas, havia um grupo que fervilhava por dentro. Consumiam-se em sua ânsia de poder frustrada. Se Samantha já soubesse identificar os sinais de alerta que a natureza mostrava, sentiria que aquela noite seria de uma grande tristeza para uma respeitada família bruxa.
Na varanda do Solar das Fadas, Sally Warren olhava atentamente para a Lua. Estava apenas com uma camisola fina, a pele mais pálida do que nunca contrastava com seus cabelos ruivos escuros.

- Sally?! Entre, querida, você vai acabar ficando doente... - Morgan disse docemente, como se estivesse falando com uma criança. Geralmente, era só puxar Sally e conduzi-la para o quarto, ela era bastante obediente, mas dessa vez foi diferente, ela não se mexeu.

- La lune saignante! - segundo Stockard fazia umas duas semanas que Sally não dizia nada, e agora ela sussurrava, na verdade começou apenas balbuciando e foi elevando a voz, até um tom bastante audível.
Quando Morgan levantou a vista para os céus, ela pode ver o aspecto da Lua. Estava meio coberta por algumas nuvens que com o brilho estranhíssimo do luar a faziam parecer estar sangrando. A Lua Sangrenta. O que toda bruxa sabia o que significava: sofrimento, dor, sangue...



- Oh Lune pèlerine et couverte de rosée qui navigue sur les ciels

Qui brille pour tous, qui flue par tous,

Lumière du monde

Demoiselle, Mère, Vieillarde, Être Créatif, Être rafraîchissant

Protégez-nous, Mère! Bercez-nous, Mère

Priez pour tes enfants, dans cette vallée de sang qui viendra !




Sally murmurou a oração, no que foi acompanhada por Morgan, que segurou a mão da irmã mais nova. Não havia nada o que fazer, o que quer que fosse para acontecer aconteceria. A oração era única coisa que podiam fazer...






Já passava da meia noite e ao entrar na casa o marido puxou a esposa para um longo beijo.

- Dia cansativo, não foi? - perguntou Frank Longbottom, tirando sua capa e deixando-se cair numa poltrona.

Sua esposa sorriu, compreensiva e apesar do cansaço, parecia feliz.

- Sim, muitas buscas, pouco sucesso. Pelo menos prendemos Rookwood, mas ainda faltam muitos. - ela foi até a cozinha e em poucos segundos voltou com duas xícaras de chá, entregando uma para o marido, ao mesmo tempo em que sentava no braço da poltrona.

Os dois aurores ficaram algum tempo em silêncio, apreciando toda aquela paz que sua casa proporcionava. Estavam cansados de falar de trabalho uns com os outros, preferiam curtir mais a família que estavam construindo.

Mas desde a última morte de comensal, Evan Rosier, eles tinham receio de que estavam sendo novamente vigiados. Por alguma razão, além dos Potter, os Longbottom também eram perseguidos, mas com a derrota de Lord Voldemort já não se sentiam ameaçados e por isso desfizeram o feitiço Fidelus que os mantinha em sigilo. Como moravam em lugar isolado, Frank pensou que mesmo sem o feitiço estariam seguros, pois não era um local de fácil acesso - mesmo para os bruxos.

- Acha que ainda temos tempo para buscar Neville na casa de sua mãe? - Alice perguntou, levando as xícaras de volta para a cozinha.

- Não tenho certeza de que mamãe ainda esteja acordada - disse Frank, se erguendo da poltrona e abraçando novamente a esposa. Eram apaixonados desde Hogwarts e essa paixão não cessou depois do casamento - Por que não ficamos só nós dois aqui hoje?

- Ah Frank, você sabe que gosto de dar um beijo de boa noite no meu filho antes de dormir... - ela retribuiu o abraço do marido e ele respondeu:

- Claro que eu sei, porque eu também gosto - ainda abraçado, beijou novamente a esposa - Não há um dia em que eu não fique aliviado de estar vivo para poder ver nosso filho crescer... que nosso filho ainda tenha pai e mãe...

- Não fale assim, Frank! - censurou Alice, desvencilhando do abraço, sem denunciar que ela também fazia o mesmo todas as noites - Mas eu concordo com você - ela esfregava as mãos em seus braços, como se sentisse frio - não é justo acordar sua mãe no meio da noite, buscaremos Neville pela manhã.

- Alice... - Frank se aproximou da esposa - Por favor, não se zangue. Você sabe como esses tempos foram difíceis, não tinha como não pensar nisso...

- Então vamos tentar pensar que daqui pra frente será melhor para nós, tocar nossa vida pra frente, ser feliz com nosso filho. - Alice se aproximou do marido, abraçando novamente, procurando um apoio. Depois de algum tempo, ela desvencilhou-se, agora mudando de assunto - Mas... o que você ia dizendo sobre estarmos sozinhos?

Ele sorriu e a beijou carinhosamente.

- Vou preparar algo para comermos, então - ela concluiu, caminhando novamente para a cozinha.

- Tudo bem - ele se dirigiu para a lareira - Vou falar com Moody, um último relatório diário, ele vai nos enlouquecer amanhã se eu não fizer isso ainda hoje.

Da cozinha, Alice conseguia ouvir a voz do marido conversando com Moody. Preparava alguns aperitivos enquanto a louça lavava sozinha na pia. Talvez por causa do barulho da conversa ela não percebeu a movimentação do lado de fora da casa.

Somente quando parou defronte a pia, para cortar um pedaço de salame, é que viu alguns vultos se mexendo no jardim. O prato que estava flutuando caiu no chão quando ela pegou sua varinha e correu para a sala.


- Frank! É uma emboscada!

Neste momento a porta foi arrombada e lançada longe, atingindo em cheio Alice. As chamas da lareira ainda ardiam no momento em que Frank sacou sua varinha, ao mesmo tempo em que gritava "Alice!", lançando azarações para a porta, de onde surgiram quatro comensais encapuzados.

Frank tentava lutar e ao mesmo tempo acudir a esposa, que caíra contra a parede, desacordada, mas a luta era muito injusta, pois era quatro contra um. Moody, mesmo na lareira, sacou sua varinha e apontou para os comensais, lançando um estupefaça, atingindo um deles, porém antes que pudesse fazer qualquer outra coisa como aparatar na sala dos Longbottom, foi atingido por outra azaração, caindo longe das chamas. O mesmo comensal que lançou a azaração lançou outro feixe vermelho, que fez com que as chamas da lareira se apagassem. Frank estava sozinho agora.

- Ora, ora, Longbottom... - era uma voz masculina que falava por baixo do capuz - Parece que chegamos em tempo de fazer um lanchinho noturno...
Os outros dois comensais riram e continuaram lançando maldições, que Frank tentava repelir com o feitiço escudo.

- Ouvi dizer que você tem um filho, Longbottom - agora era uma voz feminina quem falava e continuou, imitando uma voz de bebê - Será que não vamos acordar o anjinho?

- Rodolfo e Belatriz... O casal Lestrange... - Frank balbuciou, ofegando e suando - E imagino então que Rabastan Lestrange, também esteja entre vocês, sempre à sua sombra, Rodolfo... Estupefaça!

Os comensais conseguiram desviar do feitiço e riram. O quarto comensal que estava caído, recobrou os sentidos.

- Você pensa, Longbottom! Que coisa inacreditável! - riu Rodolfo Lestrange - Claro, você teve recursos, estudou conosco em Hogwarts...

- Quem é o outro? - perguntou Frank, apontando para o comensal que se levantava.

- Aaaaah.... mas você não vai querer adivinhar também? - caçoou Belatriz - Não vai querer que nós revelemos todos os nossos segredinhos, vai?

- Basta saber que sou um servo fiel ao meu lorde - respondeu o comensal. Tinha uma voz muito jovem, mas Frank que não conseguiu reconhecer - E viemos aqui saber onde ele está.


- E você vai responder, a não ser que queira ver seu filho morrer - respondeu Rabastan, que até o momento não falara nada, apontando para a escada que dava para os quartos.

- Seus loucos! - Frank estava encurralado - E vocês acham mesmo que sabemos o que aconteceu ou onde ele está?

- Sim... vocês sabem... E você, Longbottom vai me dizer ou prefere ver sua querida esposa sofrer? - Rodolfo apontava a varinha ameaçadoramente para a Alice, que estava imóvel, embaixo da porta, a mão pendia para o lado - Aquele bebê Potter foi resgatado dos escombros da casa, o nosso lorde devia estar lá também... E VOCÊS O RECOLHERAM! Crucio!

- Protego! - mais uma vez, o escudo foi projetado e o feitiço ricocheteou, batendo próximo à escada. - Não adianta, Lestrange, nem nós sabemos! Vocês estão fazendo uma busca inútil... ele desapareceu! Estupefaça!

- NÃO ACREDITO! - berrou Belatriz, desviando do feitiço, que acertou Rastaban, jogando-o longe - EXIJO QUE DIGA ONDE ESTÁ NOSSO MESTRE E QUE O LIBERTE IMEDIATAMENTE!

Belatriz levantou a varinha para atirar mais um feitiço, mas houve um clarão e a porta que estava sobre Alice Longbottom voou para cima dos comensais, acertando um que foi jogado contra a parede oposta, fazendo o capuz cair e mostrando o rosto de Rodolfo; os outros comensais se jogaram no chão e não foram atingidos, porém a porta caiu sobre eles.

Frank correu para a esposa, que se levantava cambaleante, sentindo dor em cada parte do seu corpo.

- Alice! Fuja, chame reforços! Eu os atraso aqui! AAAAAHHH!

Tarde demais. Frank fora atingido pela maldição cruciatus e caía no chão.

- NÃO! - Alice gritou e apontou a varinha para os comensais - IMPEDIMENTA! ESTUPEFAÇA!

Ela acertou o mais jovem, que foi lançado contra a parede também e caía no chão. Rodolfo se livrou da porta, um pouco cambaleante e Belatriz que conseguiu desviar das azarações, lançava a maldição cruciatus, mas Alice conseguiu se defender com o feitiço escudo.

Rabastan aparatou atrás de Alice, segurando-a pelas costas. Quando sentiu seus braços presos, atirou a cabeça para trás com toda força, acertando o que ela descobriu ser o nariz do comensal, fazendo-o afrouxar o aperto. Livrou-se dele e se virando depressa:

- Estupefaça! - gritou ela, fazendo com que Rabastan fosse jogado contra a parede, espalhando vários objetos pelo chão. Virou-se para lutar contra os outros comensais, conseguindo bloquear os feitiços e maldições. Agora trocava azarações com Belatriz, enquanto Rodolfo se recuperava. O comensal mais jovem continuava aparentemente inconsciente, como Rabastan.

Frank também recobrava a consciência, e quando viu que Rodolfo ia revidar os feitiços que Alice lançava para Belatriz, ergueu a varinha.

- Estupefaça! - gritou, apontando para Rodolfo. No estado em que estava, errou o feitiço por milímetros, o que tirou a vantagem do elemento surpresa. O jovem comensal ainda encapuzado aparatou atrás dele, agarrando-o pelas costas, como Rabastan fizera com Alice pouco antes.

Foi a oportunidade perfeita para que Rodolfo Lestrange atingisse Frank em cheio, fazendo-o desmaiar; no mesmo instante em que Alice era atingida por dois feitiços: um no peito, que Belatriz lançara e outro pelas costas, de Rabastan que havia despertado sem que ela percebesse.







Demorou alguns minutos até que Frank acordasse. Ouvia risadas ao longe e uma bofetada o fez recobrar os sentidos como um choque.

Estava amarrado em sua poltrona e ouvia gritos e risadas ao mesmo tempo. Olhou para os lados e não viu sua esposa.


- Onde está Alice? - conseguiu perguntar. Rodolfo Lestrange, que estava sentado nas costas de uma cadeira diante dele, soltou uma gargalhada alta e doentia.

- Minha Bela está cuidando da sua querida Alice, já que não encontramos seu filho... - ele se levantou e chamou, de forma debochada - Tragam a Sra Longbottom aqui.

As risadas vindas da cozinha aumentaram e Alice foi empurrada para a sala. Suas mãos estavam amarradas, ela mal tinha forças para se manter em pé. Parecia que tinha levado várias bofetadas, pois seu rosto também estava ferido.

- Agora... - Rodolfo se dirigiu novamente para Frank - quero que me diga onde está meu mestre Longbottom, ou veremos até onde você agüenta...
- Parece que a esposinha dele não agüenta mais - Belatriz parecia se deliciar com toda a cena. - Quem sabe se acharmos o esconderijo do filhinho dela ela não abre o bico?

Alice parecia recobrar a consciência de seus atos, quando ouviu a menção do filho.

- Fique longe dele... - balbuciava ela, ofegante - fique longe dele... FIQUE LONGE DELE! - e avançou para Belatriz, conseguindo arranhar seu rosto, mas logo foi repelida pelos comensais. Belatriz tinha o olhar alucinado agora, a mão no local onde fora atingido.

- Essa... essa mulherzinha me tocou! - Belatriz tremia de fúria - Como ousa, sua... sua... Crucio!

E mais uma vez os gritos de Alice Longbottom foram ouvidos com desespero por Frank, que olhava desolado para aquela cena, não sabia até quando conseguiria segurar suas lágrimas. Os comensais riam, davam gargalhadas ao ver o sofrimento de ambos. O comensal mais novo se aproximou de Frank.


- Por que não nos conta onde está nosso mestre? Se contar, seremos benevolentes e daremos a vocês uma morte rápida, sem dor.

- Ou você prefere ouvir os gritos de sua mulherzinha querida até que ela morra? - perguntou Rabastan, se aproximando também.

- Eu já disse, não tenho nada para contar sobre Voldemort... - Frank respondeu, mas levou mais um soco, do comensal mais jovem.

- COMO OUSA DIZER O NOME DO NOSSO MESTRE, COM SUA BOCA IMUNDA, TRAIDOR DO SANGUE! - gritou ele, batendo mais ainda em Frank.

- Não vai conseguir tirar nada de mim - retorquiu Frank e se voltou para o comensal que o agrediu - e você é só um frangote que bate como uma mulher.

O rapaz apontou a varinha para Frank.

- Crucio! - Frank gritava, mas não conseguia ouvir o próprio grito, tamanha era a dor que estava sentindo.

- Chega, chega, garoto... - Rodolfo ainda gargalhava - Quem sabe agora ele tenha mais detalhes para nos revelar... Como onde é a sede dos aurores, nosso mestre deve estar lá...

- Não vou dizer uma só palavra - respondeu Frank, ofegante - E o mestre de vocês DESAPARECEU! Não sabemos onde está, mas se soubéssemos, tenham certeza disso, ele estaria mais do que morto agora...

- Vamos, Frank... - Belatriz passou por cima de Alice, que estava caída no chão e foi em direção ao auror, acariciando o rosto dele com a mão - não seja tímido... somos os servos mais fiéis do Lorde das Trevas, queremos apenas saber onde ele está para recomeçarmos nossa causa...

Em resposta, Frank cuspiu no rosto da bruxa, que recuou, mas recebeu outro soco, desta vez de Rodolfo, sentindo o olho inchar e sangue escorrer pelo rosto. Ele se aproximou e ficou face a face com Frank

- Desta vez você deve admitir que eu não bato como uma mulher. Ora, ora, Frank... como você não quer nos dizer nada, não vai se incomodar se dermos uma olhada pela casa - ele se ergueu e se dirigiu aos outros comensais - Revistem tudo, cada gaveta, móvel, cada buraco de rato que vocês virem. Você não, Bela... vamos continuar aqui. - ele sorriu de forma maldosa, ao que o comensal ofendido retorquiu.

- Pena, Lestrange. Queria me divertir com a mulher. Ela não é nada mal, apesar desses arranhões todos... mas pode ser que depois...

- NÃO TOQUE NELA, MALDITO! - berrou Frank, tentando se levantar, conseguiu derrubar o comensal se atirando com poltrona e tudo em cima dele. O capuz caiu, revelando um jovem de aparentes 19 anos, cabelos cor de palha e pele sardenta.

- VOCÊ? - Frank perguntou, ao mesmo tempo em que era erguido e jogado de qualquer jeito de costas para a lareira, mas ainda com os olhos fixos no comensal - Bartô Crouch?

- Isso - respondeu Bartô, se levantando - é apenas um nome, um detalhe infeliz e a única coisa que me liga com aquele homem que se diz meu pai.
Rodolfo e Belatriz riam alienados, como se tudo o que estivesse acontecendo naquele momento não passasse de um grande número circense.

- Agora o Longbottom descobriu seu segredinho, Bartô - riu Belatriz - Ponto para ele, então aqui vai a recompensa... Crucio!

Frank foi novamente atingido, e quase não sentia mais dor, apenas percebeu que o feitiço foi interrompido, quando viu Belatriz no chão. Ao que parece, Alice conseguiu empurrar a comensal, fazendo-a tropeçar. Então ouviu um baque surdo e percebeu que sua esposa levou um chute no estômago. Rodolfo ajudou a mulher a se levantar e se dirigiu a Bartô.


- Vá ajudar meu irmão na procura, Bartô. Se você trouxer algo útil, terá sua recompensa. - disse isso e apontou com a cabeça para Alice. Belatriz deu uma risada de desdém.

- Essa aí não vai ser útil pra mais nada quando eu acabar com ela...
Enquanto a casa era posta de pernas para o ar, Rodolfo se deleitava vendo sua esposa torturar o casal. Depois de vários golpes, Alice não sentia mais dor, tinha apenas um pensamento em sua menta já debilitada.

- Neville... - ela murmurou, com os olhos saltados e o olhar perdido, fixo para o nada. A cada nova maldição que era atingida, ela apenas se mexia como se tivesse levado um pequeno choque. Até que Belatriz se cansou de usá-la.


- Parece que sua querida esposa não agüenta mais, Longbottom - ela ria prazerosa, ao chutar Alice levemente, como se quisesse constatar que ela estava consciente - acho que mais uma e ela finalmente morre...


- Não é mais divertido assim? - perguntou Rodolfo Lestrange - Ver os outros sofrerem, deixar que morram devagar, do que dar uma morte rápida e indolor? Sim, Frank... O Avada Kedavra faz com que os traidores da raça e os sangue-ruins passem para a outra vida praticamente impunes de existirem... Eles devem sofrer, pagar por sua própria existência e inferioridade à nossa raça pura.

Frank estava demasiado fraco para responder. Seus ouvidos e nariz sangravam, sua cabeça pendia para frente. Apenas lágrimas conseguiam cair de seu rosto.

- Ooooooh... acho que magoamos nosso anfitrião, meu marido... - Belatriz se dirigiu a Rodolfo, fazendo um carinho em seus cabelos. Ele ria de forma alienada.

- Que tal darmos ao Longbottom o prazer de se juntar à sua esposinha?

- Só se eu fizer isso - Belatriz sorriu maldosamente, molhando os lábios levemente com a língua - CRUCIO!

A varinha manteve a maldição por vários minutos, Frank não saberia dizer quanto tempo, nem ninguém saberá. Sua sanidade foi levada nos últimos 10 minutos e sua vida foi poupada quando um clarão às costas dos comensais se fez brilhar.

- Estupefaça! - três aurores lançaram os feitiços ao mesmo tempo, acertando Rodolfo Lestrange em cheio, jogando-o longe. Belatriz tentou revidar, mas foi atingida e caiu desacordada.

Rapidamente, ouviram passos vindo do andar superior e vários aurores aparataram para lá. Alastor Moody estava à frente do grupo, junto com Dumbledore. Enquanto Moody conjurava cordas anti-aparatação e amarrava os comensais, Dumbledore examinava Alice Longbottom e soltou uma exclamação ao ver o rosto da jovem mulher.

- Pegamos mais dois aqui, Moody! - Estúrgio Podmore descia com os dois comensais amarrados, flutuando - e você não vai adivinhar quem encontramos.

Mas Estúrgio parou de falar ao ver a fisionomia de Dumbledore e Moody, estavam horrorizados com o que viam. Alice Longbottom tinha o olhar perdido e piscava de vez em quando, dizendo palavras desconexas, enquanto Frank Longbottom, que fora desamarrado, tinha a cabeça pendendo para frente do corpo ainda, a saliva escorrendo de sua boca. Quando Dumbledore ergueu a cabeça do auror, ele tinha o olhar ainda mais vago que o da esposa e respirava com dificuldade, o rosto ferido e um pouco desfigurado pela dor.






Chuva. Era um dia de muita chuva quando Dumbledore chegou com Stockard ao Jardim das Fadas. Morgan ficou cuidando das crianças e de Sally. Correu para a sala segundos antes deles adentrarem no Solar.

- Então? - perguntou, ansiosa. Samantha e Samara estudavam na biblioteca, Sam apurou os ouvidos e espiava pelo canto dos olhos, querendo saber dos detalhes do que ocorreu.

- Foram levados para Azkaban, prisão perpétua. Todos eles, até o filho de Crouch. - disse Dumbledore, gravemente, ao que Stock respondeu:

- Crouch não deixaria o filho impune, mesmo exposto ao escândalo ele sabia do seu dever, queria dar o exemplo, mas com certeza não será Ministro depois que souberam do que o filho era capaz...

- O que ele queria mesmo era consertar o estrago. Nunca ligou para aquele menino... Nunca deu a mínima para as reclamações que mandávamos não é mesmo, Dumbledore?! - Morgan resmungou sentida.

- Fomos visitar os Longbottom no St Mungos para saber de sua situação. - continuou Dumbledore, tentando ignorar o comentário sincero da filha.
- E como eles estão? - Morgan perguntou, suplicante.

Stockard e Dumbledore se entreolharam. Stock abaixou a cabeça num suspiro e balançou a cabeça, em sinal negativo. Morgan soltou uma exclamação de exasperação e chorou baixinho, Stock a abraçou.

- Os médicos disseram que não tem cura... Foram torturados e só não morreram porque os aurores os interromperam.

- Mas é como se tivessem morrido. - disse Dumbledore, tristemente - Não reconhecem ninguém, nem o próprio filho... Não pudemos chegar antes, Moody só recuperou os sentidos horas depois de ser atingido pela azaração... Sorte não ter sido um avada...

Stock levava Morgan para a cozinha enquanto falava.

- Pobre Alice... não sei como ela não reconhece o filho, está sempre com um boneco nas mãos, balançando-se para frente e para trás e cantando uma canção de ninar... Frank continua imóvel, não se mexe, não reage a nada...

- E ainda deram prisão perpétua para os sanguinários! Mereciam o beijo dos dementadores, isso sim! - Morgan exclamava.

Dumbledore observou as filhas se afastarem e foi para a biblioteca, onde Samara e Samantha faziam seus deveres das férias. Samantha não proferiu palavra sobre que ouviu, não sabia bem o que dizer sobre o acontecimento de dias atrás, mas sabia que a morte teria sido melhor do que o sofrimento que os Longbottom sofreram.

Ficou pensando no filho do casal, Neville. Ele sofreria mais do que todos, pois era como se pudesse ver os fantasmas do que seriam seus pais. Era como se visitasse túmulos vivos. Samantha pensou nisso, se espelhando no exemplo de sua mãe, que poucas vezes a reconhecia e outras vezes trocava seu nome. "Mas ela sabe que eu sou sua filha", pensou, amargurada com o fato de que os pais do pequeno Neville não saberiam nem de onde era aquela criança.







Nota da Autora: Esse capítulo foi feito por quatro mãos: Eu e Lucy Holmes, a alfa mais maravilhosa do mundo!! E um obrigado super especial para Satine (Rita), minha consultora de Francês - é ela quem traduz as coisas para mim. E também para Bel Wood, coisa mais fofa!!

E também para os leitores, e todas as meninas que comentaram: Luana, Aria, Andrômeda Black e GABI. BEIJOS


A tradução da oração que as Warren fazem é essa:

Invocação a Lua Orvalhada.

Invocation à la Lune couverte de rosée

- Ó peregrina, orvalhada Lua a navegar pelos céus,

- Oh Lune pèlerine et couverte de rosée qui navigue sur les ciels

Que brilha para todos, Que flui através de todos,

Qui brille pour tous, qui flue par tous,

Luz do mundo.

Lumière du monde

Donzela, Mãe, Anciã, Ser criativo, Ser refrescante.

Demoiselle, Mère, Vieillarde, Être Créatif, Être rafraîchissant

Protege-nos, Mãe! Acalenta-nos, Mãe

Protégez-nous, Mère! Bercez-nous, Mère

Rogai por teus filhos, neste vale de sangue que virá!

Priez pour tes enfants, dans cette vallée de sang qui viendra !





Quem quiser ver a capa deste capítulo é só acessar:


http://www.lucys_secrets.blogger.com.br/cap12..jpg




Quem fez foi a Lucy Holmes.... Que escreveu a maior parte deste capítulo. Beijos!! a Capa ficou show!!!

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