A Norrena
Capítulo sete – A Norrena.
A porta da sala se abriu ruidosamente enquanto a professora Umbridge caminhava por ela alegremente com toda a velocidade que suas perninhas curtas permitiam. Ela se acomodou sobre a cadeira que ficava atrás da mesa no fundo da sala e juntou as mãos, onde ficou observando os alunos entrarem com um sorriso meigo em seus lábios.
Umbridge usava o mesmo Cardigan rosa da cerimônia de boas vindas aos alunos e uma boina preta enterrada no topo da cabeça. Cassandra se espantou ao perceber que ela lembrava incrivelmente um sapo com uma grande e gorda mosca na cabeça e achou curioso o grande numero de professores assemelhando-se a animais.
- Bom dia – disse a professora assim que o último aluno se sentou
Poucos alunos responderam com um fraco “bom dia” enquanto a maioria permanecia concentrada em toda e qualquer outra coisa, como unhas, cabelo, aranhas descendo por teias em cantinhos escuros da sala. Umbridge olhou em volta com um ar de reprovação.
- Tsc-tsc – fez – quando eu disser ‘bom dia’ eu quero que todos os alunos me respondam ‘bom dia professora’. Vamos lá? Bom dia!
- Bom dia professora – disseram os alunos com mais entonação desta vez
- Marquem bem minhas palavras – sussurrou Cassandra para Harry e Rony – chata, chata, chata! – ela soltou um risinho baixo enquanto Rony e Harry sorriram, disfarçando o riso
- Gostaria de dividir alguma coisa com a turma Srta Boscaretty? Acho que todos nós gastaríamos de rir um pouco, não é mesmo?
- Não senhora, mas muito obrigada por perguntar, assim eu percebo que a senhora repara em mim e eu me sinto bem com essa atenção! – disse Cassandra com um sorriso infantil que combinava perfeitamente com sua personalidade
- A senhorita sabe que esse tipo de comportamento desafiador pode lhe acarretar problemas não só em minha aula, mas com todos os outros professores, como uma detenção, não sabe, querida? – Umbridge disse com doçura
- Sim senhora, mas o que é a vida sem riscos? – Cassandra respondeu ainda sorrindo como uma criança
- Bem, querida, faça mais uma graçinha e a senhorita estará de detenção!
- Como quiser senhora – respondeu Cassandra fazendo um sinal como se fechando um zíper na boca.
A menina rasgou uma folha de seu caderno e escreveu algumas palavras apressadas, ela dobrou o papel com delicadeza e o passou, disfarçadamente para Harry e Rony enquanto Umbridge estava de costas escrevendo no quadro negro.
Harry pegou o papel e o desenrolou cuidadosamente, prestando atenção a Umbridge, para esconder o bilhete assim que ela se virasse.
“O que foi que eu disse sobre ela? Eu nem fui tão petulante assim, sei ser muito pior e já ouvi a palavra ‘detenção’! Acho que posso chamar isso de um novo recorde, certo?”
Os dois rabiscaram no papel e o dobraram novamente, sem muito cuidado. Assim que acharam seguro eles passaram o papel para Hermione, que, não resistindo a curiosidade, fez o mesmo antes de passá-lo de volta para Cassandra
“Depende, qual foi o seu recorde anterior?
Rony
Não consigo achar ao certo as palavras pra me expressar, você prefere ninguém merece ou fala sério?
Harry
Bem, não acho que uma detenção seja algo para se vangloriar, Cassie... Acho que você deveria se manter longe de encrenca e obedecer à professora Umbridge...
Hermione”
Cassandra encarou Hermione rindo antes de escrever. A morena lhe lançou um olhar “mas é verdade” antes de olhar para a professora que ainda organizava seus pertences na escrivaninha e depois procurava alguns livros na estante.
“Bem, Rony, no ano passado eu havia ido parar na diretoria em uma semana de aula por corrigir uma professora que realmente me dava nos nervos, mas não peguei detenção nenhuma, dessa vez. Duas semanas depois eu fiquei em detenção por explodir uma bomba de bosta no banheiro.
Harry, Harry, Harry eu sei que você só fala essas coisas para fazer com que eu me sinta mal, mas não vai adiantar, meu ego é muito inchado para que sua frágil tentativa o afete! Não serei influenciada!
E, Hermione, por Merlin! De que lado você está, oras? (cuidado com a sua resposta, eu posso ser bastante vingativa!)”
Ela escorregou o papel por baixo da mesa para Hermione, ela leu e riu. Depois de rabiscar uma resposta apressada ela o passou para Harry e Rony, enquanto a professora distribuía os livros que seriam usados naquele ano letivo, ela estava no fundo da sala ainda.
“Obviamente, como monitora, eu estou do lado da escola. Mas não é uma questão de escolher lados, Cassie! E minha primeira impressão dela como professora é que ela é uma pessoa doce, mas severa, apesar de ter vindo em nome do ministério da magia para inspecionar a escola.
Hermione
Uma semana na diretoria e depois uma bomba de bosta? Ora, talvez tenhamos sido trocados na maternidade, tem certeza que não é você a irmã de Fred e Jorge?
Rony
Bem, ninguém merece me parece a escolha mais obvia para você, Cassandra!
Harry”
“Oh, por Merlin, Hermione! Ela está aqui a mando do ministério! Como você pode ficar do lado dela? Ela é tão doce que me dá carie! Acho que vou fazer um canal assim que sair dessa aula, e você?
Eu realmente espero que não, Rony! Isso tornaria o baile de inverno do torneio tribruxo extremamente embaraçoso, não acha? E, mais uma coisinha, acorda Rony! Dez minutos de aula e eu já recebi uma ameaça formal!
Ninguém merece você, Harry Potter!”
Hermione a encarou com um olhar em um misto de reprovação e diversão entes de rabiscar na folha e passar para Harry e Rony. Harry revirou os olhos antes de escrever e Rony riu. Harry esticou o braço na direção de Cassandra como se estivesse se espreguiçando. Ela se esticou, fazendo o mesmo, sem perceber que a professora estava logo atrás dela e podia ver o bilhete claramente.
- Bilhetinhos – ela disse alto, dando um grande susto em Cassandra – não são permitidos durante a minha aula, senhorita!
A menina, por reflexo, largou o papel, mas antes que ele batesse no piso a folha pegou fogo e somente cinzas tocaram o chão. Umbridge encarou os orbes aliviados de Cassandra com uma expressão da mais pura acusação.
- Porque a senhorita fez isso?
- Sinto por desapontá-la – ela sorriu desafiadora – mas não pode ter sido minha culpa, minha varinha estava guardada o tempo todo e não teria nunca dado tempo de pegá-la, realizar um feitiço e guardá-la novamente sem que a senhora tivesse visto, não é?
- Algum de seus amigos de classe pode ter realizado o feitiço para acobertá-la
- Honestamente eu duvido senhora
- Oh, então você duvida? – Cassandra confirmou com a cabeça – bom, neste caso eu quero que cada aluno desta sala traga sua varinha até a minha mesa para que possamos achar o culpado pelo pequeno “acidente” pirotécnico que presenciamos.
Com um gemido de desagrado cada aluno pegou sua varinha e a levou para a mesa da professora enquanto aguardava a professora murmurar um feitiço para cada uma das varinhas que soltava uma densa fumaça escura que circundava o nome de um feitiço e o horário que havia sido realizado, nenhum condizente com o momento. Nem mesmo as varinhas de Harry, Rony ou Hermione.
Umbridge olhou desconfiada para Cassandra, que sorriu triunfante.
- Satisfeita? – ela perguntou assim que o ultimo aluno se sentou
- Creio que dois dias de detenção sejam suficientes para um delito leve como bilhetinhos, não concorda? – ela destinou um sorriso doce a Cassandra – e a senhorita virá até a minha sala no fim das aulas de hoje para discutir a sua dificuldade com figuras de autoridades, minha querida.
- A minha o que?
- A senhorita entendeu muito bem o que eu disse. Agora quero todos copiando a matéria que está no quadro!
Rapidamente a sala se encheu com o som de penas arranhando pergaminhos. Assim que os poucos tópicos foram passados para o papel o silêncio voltou a reinar sobre a sala de aula.
- Agora que todos estamos mais calmos – disse a professora olhando para Cassandra – Gostaria que vocês abrissem e lessem a página cinco, Capitulo um, Básico Para Iniciantes. Não será preciso falar.
Ela abriu o livro languidamente com uma mão enquanto a outra apoiava a cabeça sonolenta. Ela encarou as palavras por alguns segundos, mas logo chegou à conclusão que não conseguiria, e nem queria, se concentrar naquelas páginas então deixou sua imaginação vagar. Ela deixava os olhos passearem livremente pelos rostos dos colegas tão entediados quanto ela e acabou reparando que alguns deles olhavam naquela direção. Ela se virou para o lado e viu Hermione com o livro fechado e a mão erguida.
Cassandra duvidou que fosse alguma duvida do livro por que não havia dado tempo da menina ler todo o capitulo então achou que fosse alguma coisa escrita no quadro. Ela olhou para o quadro para ver se percebia alguma errada. A menina leu cuidadosamente o quadro diversas vezes, tentando encontrar uma falha, fora o grande tédio que parecia prescrito para o resto do ano.
Quando metade da turma já havia desistido de tentar ler o capitulo e encarava a menina, Umbridge pareceu se convencer que ela não abaixaria a mão até ter suas duvidas respondidas e que não adiantaria mais ignorá-la.
- Você deseja perguntar algo sobre o capítulo, querida?
- Não sobre o capitulo, não.
- Bem, nós agora estamos lendo - disse a Professora Umbridge, mostrando seus dentes pontudos. - Se você tem outras dúvidas nós podemos lidar com isso ao fim da aula.
- Eu tenho uma dúvida sobre os propósitos do curso.
A professora Umbridge levantou suas sobrancelhas.
- E seu nome é?
- Hermione Granger.
- Bem, senhorita Granger, eu acho que os propósitos do curso estão claros se você os ler cautelosamente - disse a professora Umbridge com uma voz de determinada doçura.
- Bem, eu não acho isso - disse Hermione asperamente. - Não há nada escrito ali sobre o uso de feitiços defensivos.
A turma toda olhava para o quadro procurando algum tópico que definisse o uso de feitiços, mas ele não existia. Silenciosamente todos os alunos começaram a cochichar entre si.
- Oh – fez Cassandra decepcionada – como assim não vai haver uso de feitiços? Isso não é nada legal, nem um pouco!
- Mais uma graçinha e eu acrescentarei uma semana aos seus dias de detenção, senhorita! – Cassandra lhe lançou um olhar de “duvido-que-você-faça-isso”, mas se calou – Usar feitiços defensivos senhorita Granger? - a professora repetiu com uma curta risada – não posso imaginar qualquer situação surgindo na minha sala de aula que exigiria o uso de feitiços defensivos, Srta. Granger. Você certamente não está esperando ser atacada durante as aulas?
- Nós não vamos usar mágicas? - Rony exclamou alto.
- Estudantes levantam suas mãos quando desejam falar em minha classe, Senhor?
- Weasley - disse Rony, jogando sua mão para o alto
-Sim, senhorita Granger? Deseja perguntar alguma coisa mais?
- Sim. Claramente todo o objetivo de Defesa Contra as Artes das Trevas não deveria ser praticar feitiços defensivos?
- Você é uma expert educacional treinada do Ministério, senhorita Granger? - perguntou o professor Umbridge, em sua falsa voz doce.
- Por mais que não seja ela é mais capacitada que você – disse Cassandra levantando a mão – qualquer pessoa com meio cérebro sabe que para saber fazer um feitiço direito é preciso treino, coisa que, a meu ver, você se recusa a nos dar Dolores!
A professora encarou Cassandra com fúria. Vários alunos encararam Cassandra reprovadores, por mais ela estivesse certa ninguém estava habituado à tamanha petulância.
- Para a senhorita é Professora Umbridge, não Dolores. Senhora e não você. E mais uma semana de detenção!
- Oh céus – ela disse com uma expressão de desagrado – isso pode ser submetido a voto?
- Uma semana e meia – disse Umbridge – cada gracinha da senhorita irá lhe render meia semana a mais de detenção.
Cassandra cruzou as pernas e os braços, demonstrando que ficaria em silêncio. Ela bufou, dando a impressão de que teria se dado por vencida, mas logo tornou a sorrir, soberbamente.
- Posso considerar essa discussão encerrada, não? – disse Umbridge – voltando ao livro
- Como assim não vamos usar feitiços? – disse Harry. Cassandra soltou uma risadinha mordaz
- Vocês estarão aprendendo sobre feitiços defensivos de uma maneira livre de riscos...
- Que uso tem isso? - disse Harry alto. - Se formos atacados, não vai ser em...
- Mão, senhor Potter! - cantou a professora Umbridge.
Umbridge deu as costas para Harry, mas agora toda a sala havia levantado a mão. Ela se virou para a turma, disfarçando um suspiro.
- E seu nome é?
- Dino Thomas.
- Bem, Sr. Thomas?
- Bom, é como Harry disse, não é? Se nós formos ser atacados, não vai ser num ambiente livre de risco.
- Eu repito - disse a Professora Umbridge, sorrindo de um modo irritado para Dino. - Você espera ser atacado em minha aula?
- Não, mas...
- Eu não desejo criticar a maneira que as coisas estão correndo nessa escola - disse um falso sorriso rasgando sua boca - mas vocês têm sido expostos a bruxos muito irresponsáveis nessa matéria, muito irresponsáveis mesmo. Pra não mencionar - ela deu uma risada maldosa - raças extremamente perigosas.
- Se você se refere ao professor Lupin - silvou Dino com raiva - ele foi o melhor que nós...
- Mão, senhor Thomas! Como eu ia dizendo... Vocês foram introduzidos em feitiços que foram complexos, inapropriados para sua idade e potencialmente letais. Vocês foram levados por medo a acreditar que poderiam estar sendo atacados pelo mal a cada dia...
- Não, não fomos - disse Hermione. - Nós somente...
- Sua mão não está levantada Srta. Granger!
Hermione levantou a mão. A Professora Umbridge deu as costas a ela.
- É do meu conhecimento que meu predecessor não só praticou feitiços ilegais em frente a vocês, também os praticou em vocês.
- Bom, ele se revelou um louco, não foi? - Disse Dino alterado. - Mas, mesmo assim aprendemos muita coisa.
- Sua mão não está levantada, Sr. Thomas! - ralhou a Professora Umbridge. - Agora, essa é a visão do Ministério que o ensinamento teórico mais do que suficiente para vocês passarem pelo exame, que, afinal, é para o que serve a escola – uma menina morena, com cara indiana levantou a não – e seu nome é?
- Pavarti Patil, e não há exame pratico de Defesa Contra as Artes das Trevas nos N.O.M.s? Nós não devemos mostrar que podemos realmente fazer um contra feitiço e outras coisas?
- Contanto que vocês estudem a teoria com afinco, não há motivo para que não estejam aptos a praticar feitiços sobre condições cautelosamente controladas - disse a professora, dando por encerrado o assunto.
- Sem nem mesmo praticarmos antes? - disse Pavarti, incrédula. - Está dizendo pra nós que a primeira vez que faremos os feitiços vai ser no exame?
- Eu repito, contanto que estudem com afinco a teoria...
- E que bem a teoria pode fazer no mundo real? - disse Harry alto, seu punho no ar.
A professora Umbridge olhou para ele.
- Isso é a escola, Sr. Potter, não o mundo real - disse suavemente.
- Pelas calças de Merlin – murmurou Cassandra antes de jogar a mão para o alto – será que já passou pela cabeça da senhora que um dia a escola acaba e nós vamos para o mundo real?
- Não há nada no mundo real senhorita.
- Ótimo certo. Vamos fazer de conta que realmente não haja nada! E quanto aos alunos que querem tentar carreira como Auror? Existem feitiços importantes que nós deveríamos aprender no quinto ano! Sem contar que pode sim ter alguma coisa fora do seu conhecimento, ou que o ministério não queira dar a devida importância, mesmo que essa coisa possa nos matar!
- Quem você imagina que atacaria crianças como vocês? - inquiriu a professora Umbridge numa voz horrivelmente melada.
- Hum, me deixa ver... - disse Harry em voz de escárnio - Talvez... Lord Voldemort!
- Dez pontos da Grifinória, Senhor Potter e mais dez da senhorita Boscaretty!
- Faça bom proveito dos pontos – disse Cassandra zombeteira
- A senhorita gostaria de perder vinte?
- Não senhora.
- Agora, vamos deixar algumas coisas claras. Foi dito a vocês que certo mago negro retornara dos mortos...
- Ele não estava morto - disse Harry - mas é ele retornou!
- Senhor Potter, você já perdeu para sua casa dez pontos, não faça as coisas piores para você mesmo - disse a professora Umbridge em um só fôlego, sem olhá-lo. - Como eu dizia vocês foram informados que certo bruxo negro está ao largo novamente. Isso é mentira.
- Professora – disse Cassandra com a mão no alto – Lord Voldemort foi um dos maiores bruxos que já existiu maligno, mas grande. A senhora realmente acha que, me desculpe Harry, mas que ele foi morto por um bebezinho sem maiores poderes quando o próprio Dumbledore falhou nessa tarefa?
- Sim eu acho senhorita! – disse Umbridge olhando para a garota – não existem indícios do regresso daquele-que-não-deve-ser-nomeado!
- Que tal isso? – perguntou Harry - Eu o vi, eu lutei com ele!
- Detenção, Sr. Potter! - disse a Professora Umbridge triunfante. - Amanhã de tarde. Cinco horas. Meu escritório. Eu repito isso é uma mentira. O Ministério da Magia garante que vocês não estão em perigo vindo de nenhum bruxo das trevas. Se ainda estiveram preocupados sobre qualquer coisa venham me ver depois das aulas. Se alguém está alarmando vocês com besteiras sobre bruxos das trevas eu vou gostar de ouvir sobre isso. Estou aqui para ajudar. Eu sou sua amiga. E agora, vocês vão amavelmente continuar lendo a pagina cinco, "Básico Para Iniciantes".
A professora Umbridge sentou atrás de sua mesa. Harry, entretanto, continuou em pé. Todos estavam olhando para ele. Simas parecia meio-assustado, meio fascinado.
- Harry, não! - Hermione sussurrou numa voz de aviso, puxando sua manga, mas Harry puxou o braço longe do seu alcance.
- Então, de acordo com você, Cedrico Diggory caiu morto por que ele quis, não foi? - Harry perguntou sua voz tremendo.
Houve uma coletiva tomada de ar da classe. Eles olhavam avidamente de Harry para a professora Umbridge, que havia levantado seus olhos e o estava encarando sem um traço do sorriso falso no rosto.
- A morte de Cedrico Diggory foi um trágico acidente - disse friamente.
- Foi assassinato - disse Harry. Podia sentir todo seu corpo tremendo – Voldemort o matou e você sabe disso.
- Venha aqui, senhor Potter, querido – disse Umbridge com sua voz mais doce, Harry se levantou chutando a cadeira. A professora encarou Cassandra – a senhorita também
A professora pegou um pergaminho rosa em sua bolsa escreveu dois recados rasgou o papel deu uma pancadinha com a varinha e entregou um para Harry e outro para Cassandra. O dela, a menina reparou, era um pouco mais grosso que o do amigo. Ela sabia que nada de bom poderia vir dali.
- Você dois vão agora, por favor, entregar isso a professora McGonagall – disse Umbridge indicando a porta.
- Sim senhora – ela murmurou – eu não tenho nada melhor pra fazer mesmo – completou para si mesma
- Cinco semanas?
- Não senhora
- Então vão
Cassandra seguiu Harry até a sala da professora McGonagall. Ela ainda não sabia como chegar lá. Harry não disse uma única palavra até chegarem a porta. Harry bateu nela e a entrou cuidadosamente, sem dizer uma única palavra, Cassandra achou melhor esperar um pouco antes de entrar. Como o pergaminho dela era maior imaginou que a recriminação seria proporcional e não queria que Harry tivesse que passar por isso, então entraria assim que ele saísse ou quando fosse chamada.
Ela se apoiou na parede e ficou encarando o pergaminho por alguns segundos antes de tentar abri-lo com as unhas, mas estava selado por magia. Ela escorregou até o chão, onde sentou segurando as pernas, tomando muito cuidado para que a saia curta não mostrasse mais que o necessário. Dois vultos altos e ruivos se aproximaram da sala da professora.
- Olhe Jorge – exclamou um deles – essa mala deve ser enfeitiçada, parece que está sempre seguindo a gente
-Calem a boca – ela respondeu se levantando
- Acho que ela não consegue resistir ao nosso charme encantador
Cassandra lançou um olhar do mais puro e simples sarcasmo para Fred.
- O que vocês fizeram? – ela perguntou. Os gêmeos se entreolharam
- O de sempre - Fred deu de ombros – um pouco disso, um pouco daquilo. Não sei como os professores ainda se importam com isso
- O que você fez? – perguntou Jorge
- O que eu fiz não importa, importa somente o que eu vou fazer. Vocês têm aqueles doces que sobre os quais estavam falando no café?
- Só um tipo – disse Fred tirando um doce do bolso
- Esse é aquele que vocês me falaram ontem?
- Ele mesmo. – disse Jorge
- Quantos vocês têm?
- Três com esse aí na sua mão
- Eu quero – disse pegando o doce e colocando no bolso – e funciona?
- Está duvidando da nossa capacidade? – ela lançou um olhar sarcástico e indagador – é claro que sim, nós mesmos testamos ontem.
- Ótimo! – ela puxou uma moeda de dentro das vestes – eu estive pensando – eles olharam curiosos – eu acho que vocês deveriam procurar mais uma pessoa para esse negocio de vocês. Talvez uma moça, bonita de preferência, que ficaria encarregada de fazer a propaganda e encomendas, mas que eu troca ganharia os produtos de graça quando precisasse, o que me dizem? – eles a encararam pensativos – e , olha só que coincidência, eu estou disponível!
- O que você diz, Fred?
- Eu digo bem-vinda ao nosso negocio, nova sócia! - disse Fred balançando a mão de Cassandra.
- Mas, pra que você quer esses doces com tanta pressa?
- Detenção, hoje a noite.
A porta da sala da professora McGonagall se abriu. A professora disse à menina que entrasse. Ela acenou para os gêmeos e respirou profundamente antes de entrar. Podia sentir uma atmosfera severa no ar, imaginou que ela Harry não tivessem tido uma conversa muito agradável. A menina andou lentamente até a mesa e sentou-se na cadeira ao lado de Harry.
McGonagall estendeu a mão para pegar o bilhete de Cassandra, a porta se fechou violentamente. A menina e Harry deram um pulo na cadeira. Maldito vento, murmurou a professora olhando a janela enquanto pegava o pergaminho rosa de Cassandra. Ela deu uma batidinha com a ponta da varinha no papel e este se desenrolou em uma grande lista. A professora leu tudo calmamente, seus lábios se apertando a cada palavra. No fim a boca da professora mais parecia uma severa linha.
- Diga-me senhorita – ela disse levantando os olhos para a menina – as coisas aqui escritas realmente correspondem às suas ações?
- Bom, eu não sei o que está escrito aí...
- Bom, está escrito que a senhorita desrespeitou uma professora de Hogwarts, gritou com ela, debochou de sua presença, entre outros.
- Eu sei que parece muito ruim, mas com a senhora enumerando assim soa muito pior
- Soa muito pior? É isso que tem a dizer em sua defesa? Estou certa que a senhorita está ciente de tudo que tem a perder, não tem? E também estou mais que certa de que a senhorita está plenamente ciente das condições impostas para a sua permanência não só nesse colégio, mas nesse país!
Cassandra abriu a boca tolamente, tentando falar alguma coisa, mas nada lhe vinha a cabeça. Ela fechou a boca e abaixou a cabeça.
- Senhor Potter, poderia nos dar licença? – disse a Professora – eu gostaria de conversar em particular com a mocinha em minha frente.
- Sim senhora – disse Harry se levantando e deixando a sala imediatamente
- Agora me diga senhorita Black, qual a sua justificativa para isso tudo? – Cassandra olhava para o chão, não havia o menor traço do ar soberbo e irônico de sempre, parecia amuada
- Eu, bem...
- O professor Dumbledore me informou da sua participação no julgamento de Harry Potter. Ela era a favor da condenação do garoto e você ajudou que ele fosse inocentado, já podemos imaginar que não seja possível uma boa relação entre vocês duas, mas eu esperava uma atitude mais madura, Cassandra! – ela confirmou com a cabeça – O seu registro, é responsabilidade dela, não é?
- Oh sim, o “registro” – ela disse fazendo um sinal de desprezo com os dedos – isso é uma grande palhaçada, só mais uma estúpida desculpa para que eles possam se infiltrar no colégio, nada disso era necessário na França...
- Bom, a senhorita não está mais na França, é como diz o ditado, em Roma, como os romanos.
- Sim senhora
- E eu escreverei aos seus pais
- Precisar por meus pais no meio? – perguntou Cassandra desesperada
- Sim, eu sinto muito, mas sim. Talvez a eles você escute – disse a professora severa – já pode sair e, lembre-se senhorita Black, sem mais encrencas.
Cassandra empurrou a porta sem muito cuidado, olhando para o chão e cerrando os pulsos. Deus, como odiava Dolores Umbridge! Harry estava parado, sério ao lado da porta. Fred e Jorge entraram na sala de professora e encostaram a porta enquanto ela vociferava “mais dois? O que se passa nessa escola?”
Harry encarou Cassandra. Ela desviou o olhar e começou a andar, tinha certeza que Harry havia ouvido bem mais do que devia, talvez usado alguma invenção dos gêmeos para ouvir toda a conversa como as orelhas extensíveis. Ela passou os dedos pelos cabelos e constatou que estavam adquirindo um tom de vermelho pouco natural.
- Cassandra – Harry chamou inutilmente, ela o ignorou e continuou andando. O moreno segurou o braço dela e fez com que ela o encarasse.
- O que foi? – ela perguntou ríspida
- O que ela quis dizer com “condições”? – Cassandra encarou Harry por vários instantes, sem dizer uma palavra antes de abaixar os olhos – e da onde você conhece a Umbridge?
- Não importa, não é nada que você se deva preocupar – ela respondeu, evasiva, puxando o braço.
- Vamos, Cassie – ele disse segurando a mão dela e a virando para olhar para ele – você sabe que pode confiar em mim no Rony e na Hermione! Agora, vamos, conta o que ela quis dizer.
- Eu já disse que não é nada, caramba! – ela gritou
Cassandra começou a andar na direção do fim do corredor, sabia que se perderia no caminho para a sala de defesa contra as artes das trevas, mas tinha pegar sua mochila. Harry encarava suas costas, nunca havia visto esse tipo de reação na garota, ela era sempre bem humorada. O moreno repassou a aula em sua mente, qualquer coisa que poderia ser usada como justificativa ele tentou se lembrar. Foi então que seu cérebro atentou para um detalhe curioso. Ninguém havia realizado feitiço algum, ainda assim o papel havia queimado justo no momento que a menina tomou um susto.
- Tem alguma coisa a ver com o fogo na aula?
O coração de Cassandra parou por alguns segundos e depois acelerou como nunca. Ela estagnou no meio do passo e ficou completamente imóvel, no meio do corredor, com uma expressão surpresa e preocupada, os olhos arregalados e os lábios, bem como as bochechas, sem cor alguma. Ela sentiu que seu sangue havia congelado totalmente em suas veias e se esqueceu como se respira. Ela engoliu em seco antes de virar lentamente para Harry.
- O que você disse?
- Eu perguntei se isso tem algum tipo de relação com o fogo na aula
A menina se precipitou sobre ele, tampando sua boca com força para que ele se calasse, olhando em volta para ter certeza que mais ninguém havia ouvido o que ele disse. Harry encarou assustado o rosto lívido e assustado de Cassandra.
- Nunca mais – ela sibilou – nunca! Nunca fale sobre isso em voz alta!
Harry afastou a mão dela de sua boca. A menina estava com segredos demais para seu gosto
- O que está acontecendo Cassandra?
Cassandra suspirou a passou os dedos pelo cabelo, como se nervosa. Ela pegou Harry pela mão e o puxou até uma sala vazia. Ela empurrou a porta e o jogou lá dentro, entrando em seguida e trancando a porta depois disso, sabia que se alguém os pegasse ali seria detenção na certa, mas não se importava, tinha um problema muito maior nas mãos.
Harry encarou o rosto transtornado de Cassandra enquanto se apoiava em uma mesa, não conseguia deixar de se assustar com o comportamento repentino da menina.
- O quanto você sabe? – ela falou mais alto e mais imperativo do que pretendia
- Não muito – ele respondeu apressado – só suspeitas só isso! Eu estava certo?
- Por favor, Harry! Se você sabe de alguma coisa, se você ouviu alguma coisa eu preciso saber! – ela sacudiu os ombros dele, mostrando a urgência em seu pedido, ele afastou a mão dela e segurou seu pulso com delicadeza
- Cassandra, se acalme, por favor! Agora me conte tudo com muita calma!
Ela começou a mexer nas mãos, nervosa, passando os dedos pelo cabelo e remexendo na barra da saia.
- Bem, não é exatamente fácil de explicar – ela respirou profundamente – Você já ouviu falar da história da tribo do norte? – Harry negou com a cabeça, obviamente confuso, havia pedido informações não uma aula de história da magia – bom, existe uma história sobre uma antiga tribo de bruxas do norte da Inglaterra. Essa tribo era formada somente por bruxas, não havia nenhum homem e uma vez por ano uma das moças era escolhida para passar um mês fora, para engravidar, era assim que a tribo continuava viva. Só nasciam meninas nessa tribo e se um menino nascesse era largado na floresta, como você pode imaginar não eram lá muitos rapazes que conseguiam ter filhos e passar os genes adiante, não é?
- Cassandra – interrompeu Harry – eu não quero ser grosseiro, mas o que isso tem a ver com a história?
- Tudo, você vai entender já já! Bem, como eu ia dizendo essa tribo vivia separada do resto dos outros bruxos por vários motivos. Para proteção contra os caçadores de bruxas, para proteção contra bruxos cruéis, por puro elitismo, mas principalmente por causa das habilidades especiais que essas bruxas tinham. Elas eram conhecidas por possuírem a capacidade de controlar os cinco elementos, fora a magia, água, terra, ar, fogo e metal além de serem todas afidioglotas e metamorfomagas. Um dia uma bruxa foi escolhida para passar esse mês fora da vila e conheceu um rapaz e engravidou dele, como o combinado, mas o que não estava no combinado era que essa criança fosse um menino. Ela não queria deixar o filho na floresta, por isso, quando a criança nasceu ela se encontrou com o rapaz, pai do menino e os três fugiram para outro canto da Inglaterra. Uma vez escondidos eles tiveram outros filhos, e seus filhos tiveram filhos, assim como os filhos de seus filhos e assim, com o passar do tempo, algumas linhagens essencialmente bruxas, ou puros-sangues, apresentavam alguns poucos familiares com essas habilidades, principalmente mulheres. Essas mulheres são conhecidas como as crianças norrenas, ou somente “as norrenas”
- Então você quer dizer que...?
- É, é isso mesmo, eu sou uma delas. Não nascia uma criança dessas há duzentos anos, literalmente, até que eu apareci na história, a primeira norrena em duzentos anos e é por isso que você não pode contar para ninguém, Harry!
- Mas, mas – ele balbuciou – como? Digo, como você faz isso?
- Assim
Ela piscou duas vezes e seus olhos adquiriram um tom avermelhado e depois estalou os dedos da mão direita fazendo com que uma pequena chama surgisse pairando sobre seus dedos. Ela abriu a mão e a flama escorregou para a palma, então ela esticou os dois braços, criando um arco brilhante com o fogo. Harry deu alguns passos para trás antes de cair em uma cadeira.
- Cassandra – ele disse extasiado – isso é...
- Assustador? – ela piscou novamente e seus olhos readquiriram o tom azul claro de sempre.
- Incrível! – ele sorriu para ela que retribuiu com um tímido risinho
Ela andou calmamente até a porta e a destrancou, podia ouvir algum movimento no corredor, talvez o sinal já tivesse batido
- Mais uma coisa – Harry chamou antes que Cassandra abrisse a porta – eu tive a impressão de que a McGonagall, bom, de que ela te chamou de, bem, de Black?
- Black? – disse Cassandra assustada
-Não, esquece, foi apenas impressão, é loucura minha...
- É...
- Posso fazer uma ultima pergunta? – Cassandra segurou a maçaneta e o encarou, como se o encorajasse a continuar – Bom você disse que esse dom é uma linhagem de família, certo? Você sabe a que família pertencia aquela moça de duzentos anos atrás que você mencionou?
A campainha tocou, milhares de estudantes saíram de suas salas esperando pelo jantar. Cassandra lhe direcionou um risinho triste e abriu a porta
- Black – ela disse enquanto saia para o corredor lotado, desaparecendo na multidão, deixando Harry parado no centro da sala, confuso.
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