Primeiro dia de aula! Primeiro
Capítulo Seis - Primeiro dia de aula! Primeiro dia de aula!
Cassandra meneou a cabeça antes de se virar para o quadro. Ela sorriu se lembrando que naquela mesma hora no dia anterior dormia tranquilamente em casa. Ela encarou o quadro se perguntando como passaria por ele. A mulher gorda não mais ressonava, ela estava apenas com os olhos fechados, como se fingindo que dormia.
A menina olhou em volta do quadro tentando encontrar algum tipo de passagem secreta. Droga, ela pensou, Draco poderia ao menos ter dito como se faz para entrar nesta bosta. Ela encarou o quadro mais uma vez antes de espalmar as duas mãos sobre ele e empurrar com força. A mulher gorda se levantou sobressaltada. Cassandra se afastou rapidamente dizendo várias desculpas
A mulher sentou-se empertigada, visivelmente irritada.
- Senha, por favor – ela disse seca para Cassandra
- Como?
- Para entrar no salão comunal da Grifinória é preciso uma senha, mas estou certa que você sabe disso.
- Não, na verdade eu não sabia não – ela respondeu coçando a cabeça – eu sou aluna nova e ainda não estou muito por dentro dos assuntos do Hogwarts e muito menos sei qual é essa senha.
- Então a senhorita terá que esperar até algum aluno da Grifinória para liberá-la – ela voltou a apoiar a cabeça no ombro e a cochilar de leve.
- Ah, qual foi? – ela disse irritada para a mulher gorda que a ignorava solenemente, fingindo dormir – não tem como abrir uma exceção? Eu juro que não conto pra ninguém!
A mulher gorda se virou em seu quadro, de modo a ficar com as costas voltadas para a garota, visivelmente irritada com ela
- Quadros – bufou Cassandra
A menina vagou pelos corredores, de um lado para outro na esperança de encontrar alguém com vestes da Grifinória por lá para ajudá-la. Durante quinze longos minutos ela vagou como um fantasma pelos corredores, sem nunca se afastar muito do quadro.
Ao sentar-se perto da pintura ela encarou duramente o relógio de pulso, como se o repreendesse por indica a proximidade com as dez horas. Ela encolheu as pernas a apoiou a cabeça no joelho, prestando atenção em qualquer som que se assemelhasse a passos.
- Veja Jorge – Cassandra levantou a cabeça rapidamente – alguém esqueceu uma grande mala na entrada do dormitório
- Mala? – Jorge repetiu – Você está sendo gentil
- Eu sei que no fundo, mesmo que bem no fundo, vocês me amam, os dois!
Fred estendeu a mão a Cassandra para que ela se levantasse. Ela aceitou a mão e ficou de pé.
- Talvez não seja tão fundo assim – Fred disse sorrindo para ela, que retribuiu o sorriso – o que você está fazendo aqui fora?
- Um pouco de exercício, pra ver se cresço, entende? – eles assentiram com a cabeça, como se realmente acreditassem nisso – e esperando algum garboso cavalheiro da Grifinória para me libertar das garras do mau humor – ela apontou para o quadro – algum dos dois tem a senha?
- O que você acha Jorge? – perguntou um dos gêmeos apoiando o queixo na mão e olhando para o outro, que fez a mesma coisa – será que ela merece?
- Eu não sei Fred, nós poderíamos deixá-la aí fora um pouco mais.
- Quem sabe ela possa pedir ajuda ao novo amiguinho dela! – disse Fred cruzando os braços – Qual era mesmo o nome dele?
- Eu não sei, nunca fui bom em decorar nomes de vermes.
Cassandra apoiou a cabeça em sua mão, com a testa encostada na palma dela, e aos poucos foi abaixando a mão e levantando a cabeça até apoiar o queixo nos dedos enquanto ambos recitavam vários nomes dos bichos mais nojentos da magizoologia e até mesmo alguns que Cassandra nunca havia ouvido falar, o que significava que pertenciam à zoologia trouxa.
- Eu acho – disse Fred pensativo após vários nomes – que se chama Malfoy.
- Malfoy? – ratificou Jorge – acho que não, digo, olha pra ela! Um mínimo de higiene ela tem.
- Acabaram? – perguntou Cassandra – eu posso entrar agora?
- Claro, mas apenas se você prometer que vai tomar um banho antes de tocar em mim
Cassandra olhou desafiadora para Fred
- Por que eu tocaria em você, Fredinho?
Ele sorriu marotamente para ela antes de se virar para o retrato da mulher gorda
- Mimbuius mimbletonia
A mulher gorda lançou um ultimo olhar de reprovação a Cassandra, talvez por tê-la acordado, talvez pela careta infantil que esta fez assim que a senha foi aceita. A mulher gorda se moveu, dando lugar a um arco por onde Fred e Jorge guiaram Cassandra.
O salão comunal da Grifinória era amplo, com uma lareira, não muito distante da porta, e um sofá, com algumas poltronas perto da lareira. Havia uma mesa baixa entre a lareira e as poltronas e almofadas, diversas delas, jogadas perto do fogo. Alguns estudantes estavam sentados nelas, rindo e mostrando fotos uns aos outros de suas férias.
Por trás do sofá, uma mesa sem cadeiras, com alguns papeis e uma velha vitrola que berrava o último sucesso das Esquisitonas. Cassandra sorvia cada imagem que seu cérebro era capaz de registrar. Hogwarts era muito mais aconchegante que Beauxbatons. Estava absolutamente maravilhada.
No fim da sala, uma escada com dois caminhos diferentes, um para a esquerda e outro para a direita. Cassandra suspeitou que um desse no dormitório feminino e outro no masculino. Oh Merlin, tantas mudanças em tão pouco tempo. Sobre a mesa da lareira alguns exemplares do Profeta Diário e sob a lareira diversos quadros que conversavam com os estudantes.
Cassandra se jogou no sofá e puxou um dos exemplares do Profeta. Fred sentou-se ao lado dela e jogou a cabeça para trás, como se cansado. Jorge pegou um papel de dentro de seu bolso interno e foi até um quadro de avisos fixá-lo.
- Hey – Fred disse se levantando a cabeça e olhando para Cassandra – Como você conseguiu fazer amizades tão podres então pouco tempo de Hogwarts? – a garota o olhou, confusa, o que diabos ele estava tentando dizer? – Malfoy , você conseguiu se aproximar da doninha mais repulsiva do castelo.
- Oh, isso – ela disse com descaso – eu estava sozinha no trem, ele foi gentil comigo, só isso
Ela meteu a mão no bolso e retirou alguns doces que sobraram do trem oferecendo-os para Fred, que os recusou educadamente
- Você poderia ter-nos procurado, que tal?
- Eu tentei – ela deu de ombros – por vocês e por Harry, mas não encontrei nenhum dos três, então conheci Draco, que me salvou de um tombo realmente embaraçoso. E tem mais – ela colocou um doce na boca calmamente e encarou Fred, enquanto mastigava – se não te conhecesse bem, diria que você está com ciúmes, estou certa?
O Ruivo enrubesceu levemente. A menina riu da reação dele. Ele passou os dedos pelos cabelos, tentando disfarçar. Assim que sentiu seu rosto menos quente ele se virou para a garota
- É claro que não, da onde você tirou essa idéia? – ela deu de ombros
- Só me passou pela cabeça.
- Bom - ele disse se levantando e encarado Cassandra – pois que “despasse” por que não é nada disso, eu só acho o cara um idiota, apenas isso.
Fred estendeu a mão para que Cassandra se levantasse que aceitou de bom grado.
- Entendo – ela respondeu baixinho – será que algum dos dois poderia me dizer o que uma garota precisa fazer para dormir neste lugar?
- Bom – Fred coçou a cabeça – há uma série de questões implícitas
- Como...?
- Para dormir – disse Jorge – você precisa primeiro, estar com sono, depois você precisa arrumar uma cama, então você deita na cama, fecha seus olhos e...
- Não foi isso que eu quis dizer! O que eu quis dizer foi, onde eu encontro uma cama pra mim?
- Neste caso, direita e pra cima – Fred apontou para a escada – e isso é o mais próximo que podemos chegar, afinal, o dormitório feminino é proibido aos garotos
- Como vocês sabem disso?
- Bom digamos apenas que um par de gêmeos extremamente atraentes tenha tentando colocar alguns e inofensivos sapinhos nos dormitórios femininos há alguns anos, e bem, o resultado não foi legal.
Cassandra deu de ombros, quaisquer informações a mais poderiam ser perigosas e ela não sabia se queria realmente saber. A menina apontou para a escada atrás de si e encarou os meninos, como se conferindo se estava no caminho certo.
Ela se despediu dos gêmeos antes de subir as escadas. Eram longas e em espirais. Havia sete portas, uma acima da outra e cada uma com um número floreado na de frente. Cassandra parou em frente à quinta porta e bateu levemente antes de entrar.
Ela abriu a porta lentamente e colocou a cabeça para dentro do quarto, tentando ver se havia algum conhecido no quarto. Ela constatou, aliviada, que havia, sim. Hermione estava parada, de costas para a porta, arrumando algumas roupas sobre a mala, provavelmente separando o uniforme para o dia seguinte. Cassandra entrou timidamente e cumprimentou Hermione, que levantou a cabeça a retribuiu o cumprimento com um sorriso.
O quarto era amplo com grandes janelas. Algumas camas estavam dispostas pelo quarto, cada uma perto de uma janela. Ao fundo do quarto havia uma segunda porta, provavelmente seria a banheiro. Ao lado de cada cama havia uma mesa de cabeceira, algumas com gavetas abertas e outras intocadas. Duas meninas haviam empurrado um pouco suas camas para que ficassem um pouco mais próximas uma da outra e estavam sentadas na beirada destas conversando animadamente.
Sobre cada cama haviam os mais variados apetrechos, desde caixinhas com jóias, tocando meigas músicas, até animais. Cobrindo as paredes, pôsteres haviam sido colocados próximos às camas, de acordo com os gostos das meninas. Os pôsteres eram de bandas, trouxas ou bruxas, e de alguns atores, obviamente trouxas, pois Cassandra não reconhecia nenhum deles.
No meio do quarto, ao lado da janela e amplamente iluminada, estava a única cama vazia. Ao pé desta cama as malas de Cassandra estavam depositadas com uma gaiola para coruja vazia, aberta e limpa, apoiada no chão e uma segunda gaiola, com um gato dentro, fechada, sobre a maior mala. Merlin dormia calmamente dentro de sua pequena prisão.
As duas meninas que estavam conversando alegremente se viraram para encarar Cassandra enquanto ela se sentava na cama e tirava o sapato. A menina sorriu timidamente para elas
- Olá Hermione – ela disse finalmente
- Cassandra, como vai? – ela se sentou em sua cama, de frente para a menina – O que está achando da escola?
- É incrível! – disse Cassandra começando a arrumar algumas coisas na mesa de cabeceira. Ela guardou sua escova de cabelo e sua maquiagem em uma das gavetas e a varinha ela apoiou em cima da mesa – realmente incrível!
- Oh sim, é mesmo! Eu fiquei tão feliz quando recebi minha primeira carta! E depois quando me chamaram para ser monitora então!
Cassandra sorriu para ela, dava para ver que a menina ficava mesmo muito feliz em Hogwarts.
- E como eram as coisas em Beauxbatons? Também havia monitores, casas?
- Bom, até existiam monitores, sim, mas quase ninguém queria ser, por que dava muito trabalho, todas queriam estar em as Líderes de Torcida, sabe?
-Sei sim, como nos colegiais dos Estados Unidos, certo?
- Bem, não sei, o que é um colegial?
- É para onde os trouxas vão para estudar.
- Oh sim, bem, não sei exatamente do que se trata, mas acho que pode se você diz que é parecido, eu acredito – ela começou a remexer na mala e puxou um pequeno porta retrato – aqui está – ela o estendeu para Hermione – este era o time.
Dentro do porta retrato sete garotas sorridentes pulavam ritmadamente e em movimentos absolutamente idênticos. Todas as sete eram muito bonitas. Cassandra era a mais nova entre elas. Todas usavam rabos de cavalo e vestidinhos curtinhos azul claros com um emblema delicadamente bordado em dourado com o símbolo do colégio, segurando pompons que mesclavam branco, dourado e o mesmo tom de azul dos vestidos. Das sete garotas, quatro eram loiras, incluindo Cassandra. Ao lado dela estava Fleur e uma moça morena.
- Hoje, mais cedo – Hermione disse cuidadosa – Você disse algo sobre tentar colocar uma equipe aqui em Hogwarts, não é?
-Uma não, quatro! – Hermione olhou curiosa – são quatro casa, certo? – ela confirmou com a cabeça – bom, pensei em tentar colocar uma equipe para cada casa.
-Oh sim entendo. Er... – ela começou – será que eu poderia, bem, te pedir para, er... você sabe, me ensinar a...
- A ser um líder de torcida? Mas é claro, Hermione, é bem mais fácil do que parece!
- É mesmo?
- Sim! Você vai ver só! Vou te transformar na miss espírito estudantil!
-Nossa! Sério? Puxa que legal! Isso seria incrível!
Cassandra sorriu para ela. Achava Hermione engraçada. Ela trocou de roupa rapidamente e se deitou na cama. A luz já havia sido apagada no momento que ela entrou nas cobertas. Ela desejou boa noite a Hermione antes de cair em um sono calmo e pesado.
*
As janelas escancaradas permitiam a entrada de alguns raios de sol e da brisa que brincavam nos jardins do castelo. Cassandra passou a mão nos olhos, como se tentasse tirar a luz de lá, mas foi em vão. As meninas do quarto, a exceção de Hermione, comparavam roupas e discutiam sobre como deveriam deixar seus cabelos para o primeiro dia de aula com risinhos afetados.
Cassandra abriu os olhos lentamente, sem levantar-se. Merlin batia a pata no rosto dela com muita delicadeza. Ela afastou o gato de seu tronco e se levantou com uma indolente espreguiçada. A menina coçou os olhos e bocejou antes de falar:
- Bom dia – murmurou Cassandra sonolenta se levantado e pegando suas roupas.
Hermione respondeu o “bom dia” enquanto arrumava a cama já vestida em seu uniforme.
Ela se arrastou até a porta no fim do quarto, que desde o dia anterior ela supunha ser o banheiro. O cômodo era amplo e iluminado por uma janela no alto. Era todo branco com uma banheira perto da parede e quatro pias e com um grande espelho na parede. Ao ver alguns pertences pessoas em duas das pias, Cassandra imaginou que fosse uma para cada garota. Ela jogou as roupas sobre uma delas antes de tirar seu pijama e trocar de roupa.
Cassandra e Hermione desceram juntas e ficaram esperando por alguns minutos por Harry e Rony. Os dois desceram junto com um menino que Cassandra não conhecia, que se apresentou timidamente como Neville. Harry desceu com o semblante fechado.
- O que houve? – perguntou Hermione pra Harry – você parece meio... Ah pelo amor de deus!
Hermione marchou em direção ao cartaz que Jorge havia colado no dia anterior no quadro de avisos. Cassandra reparou nele pela primeira vez.
“GALÕES DE GALEÕES - Sua mesada não dá para o gasto? Gostaria de ganhar uma graninha extra? Entre em contato com Fred e Jorge Weasley, sala comunal da Grifinória, para um simples, de pouco tempo, e virtualmente indolor trabalho (Avisamos que todo o trabalho é por sua conta e risco)"
- Esses dois estão passando dos limites! – disse Hermione arrancando o cartaz com violência – vamos Rony, nós temos que falar com eles!
- Nós? Porque nós? – perguntou Rony nervoso
- Porque nós somos monitores, é o nosso dever impedir esse tipo de coisa. Bem, Harry, o que houve? Você parece realmente chateado
- Simas pensa que Harry está mentindo sobre Você-Sabe-Quem – Disse Rony.
- Como assim “mentindo sobre Você-Sabe-Quem”? – perguntou Cassandra – porque alguém faria isso?
- Então você acredita? – perguntou Harry contente
- É claro que sim – disse Cassandra surpresa – com eu já disse, porque alguém mentiria sobre isso?
Foi um longo caminho até o salão principal. Por qualquer lugar que passassem os estudantes encaravam Harry, assustados. Os alunos mais novos, como os do primeiro e segundo anos, sempre se juntavam em bandos, cada vez que passavam por Harry, como se estivessem tentando se proteger de algum ataque surpresa do moreno.
Assim que chegaram ao salão os olhares não diminuíram, muito pelo contrario. Cassandra teve a sensação de que cada estudante que lá estava tomando café da manhã levantou o rosto para encarar Harry. Ela olhou em volta, apenas para ter certeza que efetivamente cada aluno estava olhando naquela direção. Uma moça, aparentemente do sétimo ano, se levantou da mesa da Grifinória para falar com Harry.
- Oi Angelina – disse Harry
- Oi Harry teve um bom verão? – perguntou a garota – aqui, eu fui eleita capitã do time!
- Que bom – disse Harry
- Pois é, obrigada, mas nos vamos precisar de um novo goleiro – Cassandra passou a prestar mais atenção nessa parte – os testes vão ser na sexta-feira, as cinco de tarde, o time todo vai estar lá.
- Tá bem, eu estarei lá – disse Harry – tchau
Cassandra se virou para Harry assim que ele se sentou.
- Tem vagas para o time de quadribol? – perguntou animada
Harry confirmou com a cabeça, murmurando um fraco “aparentemente”
- Cassandra – chamou Hermione insegura – eu pensei que você quisesse formar um grupo de Líderes de torcida
- O que me lembra – ela se virou para a garota – com quem que eu tenho que falar para tornar isso possível?
- Com o diretor Dumbledore, acho – disse Rony interessado em seu prato de comida – ou com a professora Minerva. Ah, o correio!
Cassandra olhou para o céu cinzento assim que Rony terminou de falar. Diversas corujas entravam carregando pacotes e cartas, deixando que caíssem em frente a seus respectivos donos. Ela tentou encontrar sua grande coruja cinza, mas não conseguiu localizá-la até o momento que ela pousou em seu ombro.
Ela esticou a perna, para que Cassandra puxasse a carta lá estava amarrada. Assim que o pedaço de papel havia sido devidamente desatado da perna a coruja voou de volta para o corujal para descansar um pouco.
Cassandra se surpreendeu ao identificar a caligrafia de seu irmão na carta.
“Olá Cassie
Espero que você não se importe, mas eu fiquei com seu quarto enquanto você está em Hogwarts. Você esqueceu algumas fotos em casa que você me pediu para buscar assim que estivessem prontas, lembra? Aqui estão elas!
Saudades,
Jack”
Ela sorriu ao terminar de ler a carta e balançou a cabeça, rindo. Harry pediu para ver as fotos e estas lhe foram passadas por Cassandra. Enquanto isso Hermione havia sumido por trás do Profeta Diário, sem sequer levantar a cabeça para olhar enquanto Cassandra apontava cada pessoa que se mexia nas fotos. Rony prestava levemente a atenção na explicação da menina, mas parecia mais interessado em seu segundo prato de salsichas. No momento que Hermione levantou a cabeça murmurando não haver nada sobre Harry ou Dumbledore a Professora Minerva passava pela mesa Grifinória distribuindo os horários escolares para cada estudante. Rony examinava o dele desanimando mais a cada momento.
- Olha só hoje! - gemeu Rony. - História da magia, duas aulas de Poções, Adivinhação e Defesa Contra as Artes das Trevas. Dupla... Binns, Snape, Trelawney e a tal professora Umbridge, tudo em um dia! Eu queria que Fred e Jorge andassem rápido com aqueles Kits mata aula
- Se você acha esses professores ruins pode ter certeza que a Umbridge é mil vezes pior! – Disse Cassandra displicentemente – olha só, o meu horário é igual ao seu – falou comparando com o de Harry – o que é um kit mata aula?
- Kit mata aula, minha cara amiga – disse Jorge se sentando ao lado de Cassandra – é a nossa mais brilhante invenção. Gostaria de fazer as honras Fred?
- Com muito prazer Jorge – Disse Fred se sentando do outro lado de Cassandra – o kit mata aula são alguns doces magicamente modificados para fazer com que você fique doente.
- Vocês bem que já podiam ter acabado com isso! Olha! – Rony enfiou o horário de baixo do nariz de Fred – Todas as aulas mais chatas foram concentradas em um só dia, o pior dia da semana! Já não basta ser segunda feira ainda têm que ter todas essas aulas?
- Louvável ponto de vista, mano - disse Fred, olhando o horário. - Você pode ter um pouco de dose de sangra nariz barato se quiser.
- Barato quanto? – Cassandra indagou colocando um pedaço de bolo de chocolate na boca
- Bastante barato, mais do que qualquer outro doce no mercado
- Eu sei que vou me arrepender, mas – disse Cassandra – porque é tão barato assim? Digo, não há competição, vocês podem botar qualquer preço!
- Nós não temos um antídoto, você vai sangrar até murchar... – Disse Fred
-... Ou secar... – completou Jorge
- O que rolar primeiro.
- Eu juro que às vezes vocês me assustam.
Fred e Jorge sorriram um para o outro. Hermione se virou séria para os gêmeos antes de falar em um tom repreensivo:
- Por falar em kits mata aula, vocês não podem colocar cartazes procurando cobaias no mural do salão! É contra as regras.
- Que regras. E quem disse?
- As regras do colégio, é claro, e eu disse! – falou Hermione apontando para si mesma – e o Rony também.
Rony olhou nervoso para Hermione como quem implora para, pelo amor de Merlin, não ser incluído na conversa. Fred e Jorge trocaram outro olhar antes de começarem a rir e Hermione não parava de encarar os dois, severa.
- Vocês estão no quinto, daqui a pouco você mesma Hermione, vai estar nos implorando por um pouco de febre-colate – disse Fred
- O que o quinto ano tem a ver com febre-colate? – perguntou Cassandra
- O quinto é o ano dos N.O.M.’s
- N.O.M.? O que é um N.O.M.? - perguntou Cassandra
- Níveis ordinários em magia. É um grande teste que é feito pelo ministério para testar seu nível de conhecimento em magia
- O que? Eu pensei que isso fosse só no ultimo ano! Depois de terminar todo o ciclo mágico básico! Bem, pelo menos na França é assim! Por que ninguém me avisou antes, Merlin!? Eu vou ter que reaprender tudo em um mísero ano?
- Tem outro no sétimo, N.I.E.M. Níveis incrivelmente exaustivos em magia – respondeu Fred – E, por Merlin, Cassandra, acalme-se! Não é realmente nada demais, é apenas um teste imbecil do ministério da Magia!
- De qualquer modo – interrompeu Jorge – o quinto é ano do N.O.M.
- Sim, e daí? – perguntou Hermione
- E daí que você tem seus exames de N.O.M.s chegando, não tem? Eles vão fazer vocês enfiarem seus narizes no amolador que eles vão ser esfolados
- Não gostei nem um pouco disso – disse Cassandra preocupada
- Metade da nossa turma teve pequenos colapsos quando chegou o exame - disse Jorge alegremente. - Lágrimas e acessos de raiva. Patrícia Simpson não parava de desmaiar.
- Kenneth Towler se encheu de furúnculos, lembra? - disse Fred relembrando
- Isso porque você colocou pó de Bulbadox no pijama dele - respondeu Jorge
- Ah é – sorriu Fred - Eu esqueci... Difícil lembrar-se de tudo às vezes, não é?
- Você colocou pó de Bulbadox no pijama do garoto? – perguntou Cassandra encarando Fred, que agora estava com o braço em torno dos ombros dela, como se a reconfortando após a trágica noticia dos exames – Por Merlin! Lembre-me de nunca criar nenhuma inimizade com vocês!
- Não a deixaremos esquecer – responderam os gêmeos em uníssono
- De qualquer maneira, é um pesadelo de ano, o quinto – voltou Jorge – Se você se importa com os resultados dos exames, Fred e eu demos um jeito de manter o ânimo de qualquer forma.
- Tá... Vocês tiveram... Quanto foi mesmo, três N.O.M.s cada um? - disse Rony.
- Três N.O.M.s? De todas as matérias vocês só tiveram notas para ser aprovados em três? – guinchou Cassandra – e você disse que eu não preciso me preocupar!
- Cassie! Por favor, você realmente acha que Jorge e eu nos preocupamos com isso? Deixe isso de lado, por favor!
- Está bem – ela respondeu cabisbaixa, remexendo seus ovos com o garfo, sem comer mais nenhum pedaço.
Cassandra sentiu alguma coisa acertando sua cabeça. Ela olhou para trás para encarar Alexa enfeitiçando uma pequena bolinha de papel feita de guardanapo para que voasse até a cabeça de Cassandra. Ela se pediu licença aos amigos e se levantou, andando até Alexa.
- Olá Cassie – disse Alexa assim que Cassandra chegou.
- Oi – respondeu Cassandra – sabe, jogar bolinhas de papel na cabeça das pessoas não é uma coisa muito simpática.
- É muito divertido pra quem joga e funciona se o objetivo é chamar a atenção, ou irritar
- Oh sim, se o objetivo é irritar funciona muito bem!
- Sei disso, tenho irmãos! Mas, me diz uma coisinha, Cassie, você e o Draco estão ficando bem próximozinhos, não estão?
- Draco? Ora, por favor, Alexa! Ele até é charmosinho, mas é meio egocêntrico demais para o meu gosto!
- Sim, sim, claro, egocêntrico demais para o seu gosto... Bom, e o fato de você não tirar os olhos dele, mesmo agora enquanto conversamos só ajuda a aumentar o ego inflado dele! Admita Cassie, você está caidinha por ele e pelo ego inflado dele, não é?
- O que? Eu, eu, eu... é claro que não! Eu... Por Merlin! Da onde você tirou isso? E aonde você quer chegar
- O que? Eu, chegar em lugar? Ora, por favor! – ela se fez de desentendida – não sei o que você quer dizer...
- Oh não? – Alexa balançou a cabeça, falsamente – Por favor, Alexa! Diga logo!
- Está bem, está bem, fique calma! Você é amiga de Harry Potter, não é?
- Do Harry? – Alexa confirmou com a cabeça – bem, sim, nós somos vizinhos. Mas o que isso tem a ver com o Draco?
- Bom como você o Draco parecem estar se entendo bem eu pensei que, bem, talvez... Oh, esqueça, não importa!
- Já entendi tudo! Você quer que eu te apresente?
- O que? Não! Merlin, não!
- Por quê? Juro que agora fiquei confusa! Se você tem tão pouca vontade assim de conhecê-lo por que me chamou até aqui pra perguntar se somos amigos? – Cassandra perguntou com um sorriso maroto, Alexa corou violentamente
- Eu – ela pigarreou – eu não disse que não quero conhecê-lo, apenas não agora.
- Que tal amanhã?
- Depois, quem sabe – ela respondeu passando os dedos pelos cabelos, meio sem jeito. Cassandra sorriu para ela.
Cassandra ouviu Harry chamar seu nome. Ela se viu na direção que a chamavam e viu Harry, Rony e Hermione parados na porta do salão principal. Ela se despediu rapidamente de Alexa antes de correr na direção dos três. Assim que a viram correndo em sua direção eles começaram a andar lentamente na direção das escadas.
Ao chegarem à sala de aula repararam que alguns alunos já estavam lá, sentados em suas cadeiras, conversando em voz baixa, alguns rabiscavam desenhos rudimentares nos próprios cadernos ou nos cadernos dos amigos. Eles se alojaram em quatro cadeiras que estavam vazias. Ela olhava distraidamente para o quadro, pensando no que Alexa havia dito sobre ela não tirar os olhos de Draco e seu ego inchado, se perguntando se realmente havia feito isso.
Repentinamente um fantasma atravessou o quadro negro, Cassandra deu um pulo, devido ao susto. Harry a encarou por alguns segundo antes de rir, lembrando-se que ele mesmo havia se surpreendido em sua primeira aula. Cassandra olhou encantada, pensando que esta seria definitivamente a aula mais interessante de Hogwarts, afinal, quantas aulas são dadas por um fantasma que surge do meio do quadro negro.
Ela começou a tomar notas de cada palavra proferida pela voz reumática e contida do professor, mas aos poucos sentiu que sua atenção estava começando a se perder e em pouco tempo toda e qualquer coisa parecia incrivelmente mais interessante que as palavras do professor Binns. Por um segundo ela levantou o olhar de seu pergaminho para analisar a sala de aula. Hermione estava tão compenetrada em suas anotações quanto no primeiro segundo de aula, Rony e Harry desenhavam pequenas forcas nos cantos de seus pergaminhos sem uma única palavra escrita, exceto pelas letras aleatórias nos espaços da forca. Alguns alunos dormiam, outros conversavam e uns poucos faziam de conta que estavam anotando o que o professor recitava monotonamente.
Vendo toda a sala terrivelmente distraída, Cassandra chegou à conclusão que não conseguiria se concentrar e resolveu se juntar a Harry e Rony em seu jogo. Assim que o sinal soou e o professor desapareceu por trás do quadro Hermione levantou a cabeça pela primeira vez, para lançar um olhar de repreensão para os três. Eles juntaram seus livros e saíram de sala.
- O que aconteceria com vocês se eu simplesmente resolvesse não emprestar as minhas anotações pra vocês? – bufou Hermione para Harry e Rony
- Espera, espera, espera! – interrompeu Cassandra – devo inferir pela sua frase que essa aula é sempre monótona assim? - Rony confirmou com a cabeça, tristemente – Mon Dieu!
- Não passaríamos no N.O.M. Se você quiser ter isso pesando na sua consciência, Mione...
- Ora, seria bem merecido! Vocês nem ao menos tentam escutar o que ele diz, tentam?
- Tentamos – disse Rony – só que não temos o seu cérebro nem a sua memória nem a sua concentração... você é simplesmente mais inteligente que nós... você acha bonito esfregar isso na cara da gente?
- Me desculpe interromper – disse Cassandra intrometida – mas Rony tem toda a razão, me parece extremamente improvável se concentrar nessa aula!
- Ah, não me venha com essa baboseira – disse Hermione, mas pareceu um pouco menos zangada quando saiu à frente deles para o pátio molhado.
Estava um dia cinzento e uma fina garoa caia, fazendo com que vários estudantes de juntassem em grupinhos pelos cantos secos do pátio. Hermione os guiou para baixo de uma sacada que pingava muito. Harry, Rony e Hermione discutiam sobre como provavelmente seria a aula seguinte, concordando que haveria uma tarefa bastante complicada, Cassandra ouvia sem muito interesse, deixando sua mente vagar, tomando o comentário de Alexa como ponto de partida. Em algum ponto dos devaneios da menina uma garota com vestes parecidas com as de Alexa se aproximou deles
- Olá Harry – disse a desconhecida
- Oi – respondeu Harry incerto e corando, Cassandra imaginou que talvez houvesse alguma coisa entre eles e se lembrou novamente de Alexa, criando uma inimizade imediata com a menina de olhos asiáticos.
- Você conseguiu se livrar daquilo então? – Cassandra olhou para Hermione, como se perguntando o que, exatamente, era “aquilo”, ela fez um sinal como se dissesse que depois explicaria
- É – Harry respondeu parecendo fazer um esforço enorme para parecer descontraído e não desconfortável – Eh, e então você teve... Um... Bom verão?
O rosto da menina se retesou e Harry corou ainda mais, parecia arrependido da pergunta
- Oh, foi tudo bem, você sabe...
- Esse é um distintivo dos Tornados? - Rony perguntou subitamente, apontando para a capa da morena, onde um distintivo azul céu decorado com um duplo T estava preso. - Você não torce por eles, torce?
- Sim, eu torço
- Você sempre torceu por eles ou só agora que eles começaram a ganhar? - disse Rony, em um tom desnecessariamente acusatório.
- Eu torço pra eles desde que eu tinha seis anos - disse Cho friamente. - Bom... Te vejo depois Harry.
A garota girou seus calcanhares e os deixou sozinhos. Hermione a seguiu com o olhar por alguns segundos, até ela se perder de vista e virou para Rony, com o semblante fechado.
- Você é tão sem tato!
- Que foi? Eu só pergunte se...
- Você não percebeu que ela queria falar com Harry a sós?
- E daí? Ela podia ter falado, eu não estava impedindo...
- Por que você estava atacando ela sobre seu time de quadribol?
- Atacando? Eu não estava atacado, eu estava apenas...
- Quem se interessa pra quem torce pros Tornados?
- Ah, é que metade das pessoas que você vê usando esses distintivos só compraram na última temporada...
- Mas o que isso IMPORTA?!
- Isso quer dizer que eles não são realmente fãs, eles estão somente seguindo a moda...
- É o sino - disse Harry a tempo, porque Rony e Hermione estavam brigando em voz tão alta que nem ouviram.
Harry se levantou rapidamente, quase em um pulo. Rony e Hermione se levantaram completamente alheios a tudo a sua volta, absortos em sua discussão. Cassandra se deixou guiar pelo caminho. Ela encarava Harry com um sorriso bobo no rosto.
- O que há com você? – perguntou Harry quando reparou a expressão da menina
- Não se preocupe com ela – respondeu vagamente – não vejo muito futuro pra vocês dois, sabe? Acho que você ficaria melhor com uma loira! – Harry a olhou confuso, como se a menina estivesse delirando – quem sabe uma de olho azul, franjinha e cabelo comprido. Bom, estou apenas dando a minha humilde opinião
- Aonde você quer chegar com isso, Cassie?
- Lugar algum – ela sorriu docemente – Você conhece minha amiga Alexa?
- Eu, bem – ele a olhou confuso – não, eu não conheço.
Cassandra murmurou um alegre “interessante” enquanto abria a porta para entrar nas masmorras.
A sala de aula era escura e fechada, não havia o menor indicio de sol no lugar. Algumas mesas estavam dispostas pela sala, com caldeirões vazios pousados sobre fogareiros apagados. Pelas paredes diversas estantes, com alguns potes contendo coisas que a menina nunca havia visto em sua vida, boiando em líquidos incolores, mas que Cassandra duvidasse que fosse simplesmente água. No canto havia um armário entreaberto, Cassandra imaginou que fossem mais ingredientes.
Cassandra se aboletou em uma cadeira entre Harry e Hermione. Ela estava encarando a porta distraidamente, observando os estudantes que entravam, quando começou a reparam que vários deles usavam vestes verdes, da Sonserina. Cassandra puxou a manga de Hermione.
- Hermione – ela chamou. A morena a encarou – nós temos aulas em conjunto com a Sonserina? – ela confirmou com a cabeça, Cassandra passou os dedos pelos longos fios ruivos e encaracolados que havia escolhido para o dia.
Cassandra desviou o olhar da porta para não ter que cruzá-lo com Draco, mas no momento que levantou os olhos encontrou as cinzentas e profundas orbes de Draco. Ela corou disfarçadamente e sorriu timidamente para ele, que respondeu com um sorriso provocante na direção dela. Eles continuaram se encarando até que ela se desviasse para mirar o professor batendo a porta com força.
- Sentem-se – ele disse friamente.
Assim que seus olhos pousaram sobre o professor Cassandra lembrou-se imediatamente de um grande morcego velho, provavelmente por causa da grande e negra capa que arrastava no chão, como longas e caídas asas, cansadas de serem usadas. Por trás de uma cortina negra de cabelos oleosos um rosto muito branco, que contrastava com os fios escuros e um grande nariz curvado.
Bastava a mera presença de Snape para que todos os alunos se calassem e o encarassem quase amedrontados. Um silêncio sepulcral tomava conta da sala. Cassandra ficou impressionada com o poder exercido por ele.
Snape andou lentamente até o início da sala e se virou calmamente para os estudantes, encarando-os um por um.
-Antes de começarmos a aula de hoje eu acredito que seja apropriado lembrá-los que em junho vocês vão encarar um exame importante, durante o qual cada um vai provar o quanto aprendeu sobre a composição e o uso das poções mágicas. Sendo alguns dessa classe claramente estúpidos, eu espero de vocês um sofrível "Aceitável" em seus N.O.M.s, ou vão sofrer meu... – ele passou os olhos por Neville e alguns outros alunos – Descontentamento. Depois desse ano, é claro, muitos de vocês não vão mais estudar comigo Eu apenas aceito os melhores em minhas classes para os N.I.E.M.s, o que certamente quer dizer que alguns de vocês estarão se despedindo.
Os olhos de Snape correram pelos alunos, demorando-se em alguns e passando rapidamente por outros. O olhar dele caiu sobre Harry por vários segundos, mas foi desviado na direção de Cassandra.
- E a senhorita seria?
- Cassandra Boscaretty, senhor. Aluna nova.
- Eu não sabia que a escola aceitava alunos no meio do ano letivo, senhorita.
- Bom, existem dois motivos que me permitem estar aqui, professor. Número um, eu sou especial e número dois, é sempre bom mudar – Cassandra sorriu confiante e percebeu uma sombra irritada passando pelos olhos de Snape.
- De fato – começou Snape, seus olhos ainda pousados em Cassandra – a senhorita me remete a um conhecido – ela sorriu cinicamente
- Ora, mas que sorte do seu conhecido
Snape sustentou seu olhar sobre ela por mais alguns instantes. Cassandra fez o mesmo, ela podia sentir alguma tensão no ar. Snape se virou de costas para a turma bruscamente e se apoiou na mesa, no fundo da sala, voltando a encarar todos.
- Como ainda temos um ano antes desse momento alegre de despedida – disse suavemente – estando ou não vocês dispostos a tentar os N.I.E.M.s eu aconselho todos a concentrarem todos seus esforços em manter os níveis mais altos como espero de meus estudantes de N.O.M.s. Hoje nós vamos misturar uma poção que costuma ser dada em Níveis Ordinários de Magia: o Gole da Paz, a poção para acalmar a ansiedade e suavizar a agitação. Tenham cuidado: se você pesar a mão nos ingredientes vão colocar quem a beber em um sono pesado e às vezes irreversível, então precisam prestar muita atenção no que estão fazendo Os ingredientes e método – ele balançou sua varinha – estão no quadro negro – eles apareceram no quadro – Vocês vão encontrar tudo que precisam – balançou sua varinha de novo – no armário de estoque – a porta do dito armário se abriu – Vocês têm uma hora e meia... Comecem.
Cassandra prendeu seu cabelo em um coque frouxo antes de começar a puxar alguns ingredientes preguiçosamente para perto de si e adicioná-los cuidadosamente no caldeirão. Ela forçou a visão para encarar as instruções no quadro negro, mas era difícil enxergar algo em meio a tanto vapor.
A poção de Cassandra, ela reparou, estava idêntica a de Hermione, no entanto o quase todo o resto da sala parecia estar tendo algum tipo de dificuldade. Um aluno, que havia sido indicado como Seamus Finiggan a Cassandra, abanava febrilmente o fogo, na tentativa de fazê-lo crescer. Depois de passada quase toda a aula, faltando apenas quinze minutos para o fim desta Snape entoou monotonamente:
- Um leve vapor prateado deve estar agora levantando de suas poções
Cassandra esticou o olho para o resto das poções e constatou, aliviada, que a sua soltava exatamente o mesmo vapor prata perolado de Hermione e de Draco. Olhando novamente ela percebeu que somente estas três poções pareciam soltar o vapor em questão. A poção de Harry soltava uma fumaça cinza densa e a de Rony faíscas verdes.
Snape se levantou calmamente e começou a andar preguiçosamente por entre as mesas, exibindo um sorriso pungente cada vez que encontrava algo passível de critica, principalmente se o envolvido era da Grifinória. Ele passou por Cassandra e Hermione com uma indiferença quase palpável, mas no momento em que passou em frente ao caldeirão de Harry parou com um grande e sarcástico sorriso rasgado em seu rosto.
- Potter, o que isso deveria ser?
-O Gole da Paz – disse Harry tenso.
Vários alunos viraram suas cabeças para encarar os dois. Os alunos da Sonserina pareciam consideravelmente mais interessados, quase empolgados, com a bronca que Harry tomava.
- Diga-me Potter – Snape falou suavemente – você sabe ler?
Draco soltou uma sonora risada
- Sim, eu sei – disse Harry visivelmente irritado
- Leia a terceira linha da instrução para mim, Potter.
-Adicionar pó de pedra-da-lua, mexer três vezes no sentido horário, deixe cozinhar por sete minutos e adicione duas gotas de xarope de hellebore.
Cassandra soltou uma risadinha sarcástica pelo nariz. Agora compreendia perfeitamente por que tantos alunos o odiavam. A atitude dele não era exatamente amigável, Cassandra sentiu uma enorme vontade de se levantar e dizer ao professor que se comportasse, mas acreditou que essa não seria a melhor atitude a tomar.
- Você fez tudo que mandava a terceira linha, Potter?
- Não - disse baixinho.
- Perdão...?
- Não - disse Harry mais alto. - Eu esqueci o hellebore.
- Eu sei que você esqueceu, Potter, o que quer dizer que essa mistura não vale nada. Evanesce.
Os componentes da poção de Harry desapareceram, ele estava parado tolamente ao lado do caldeirão vazio.
- Aqueles que conseguiram ler corretamente as instruções encham um frasco com uma amostra da sua poção, etiquetem claramente com seu nome e tragam para minha mesa para ser testada - disse Snape. - Dever de casa. Trinta centímetros e meio de pergaminho sobre as propriedades de pedra-da-lua e seus usos para o preparo de poções, para ser entregue na quinta-feira.
Enquanto todos levavam seus frascos para a mesa de Snape Harry juntou seus livros rapidamente e jogou a mochila nas costas e ficou esperando que o sinal tocasse para poder sair o mais rápido possível. Assim que o sinal tocou Cassandra observou Harry escorregar porta a fora, Rony indicou que o seguiria, mas Hermione disse à menina que a esperaria.
As duas foram calmamente para a mesa, recolher seus livros, porém no momento em que foram sair a alça da bolsa de Cassandra prendeu em uma madeira solta na cadeira e todo o seu material desabou no chão. A sala já estava quase vazia, a maioria dos alunos já havia ido almoçar então ele não teria muita dificuldade para recolher os pertences caídos.
Ela se ajoelhou no chão e começou a puxar alguns papéis para perto de si, mas constatou que muita coisa havia rolado para longe. Hermione pegava alguns instrumentos mais próximos para a menina. Cassandra percebeu que a amiga havia retesado com a chegada de um par de pernas. Cassandra subiu o olhar e encarou Draco, sorrindo, segurando seu bloco de anotações da aula de História da Magia.
- Em que posso ajudar? – Cassandra o lançou um olhar sarcástico
Hermione se levantou e informou a Cassandra que se juntaria a Rony e Harry para almoçar e questionou se a menina iria com ela ou não. Cassandra negou delicadamente.
- Eu creio – Draco esticou as folhas na direção de Cassandra – que isso pertença a você
Ela aceitou as folhas e as colocou desajeitadamente na mochila. Draco se abaixou para ajudar Cassandra, recolhendo penas e papeis. Assim que havia terminado ele a ajudou a se levantar.
- Então – ele pigarreou – vejo que você continua se relacionando aos sangues ruins
- Oh não – ela disse com uma inocência satírica – continuo apenas saindo com meus amigos – Draco riu
- Então esse é o nome que você deu para eles? Por favor, Cassandra, nós dois sabemos que você merece amigos muito melhores
- É mesmo?
- Bom – ele a encarou com um sorriso malicioso – não apenas amigos – Cassandra enrubesceu levemente. Ela riu antes de sorrir cinicamente
- Não sei do que você está falando – Draco abriu a porta da sala para ela e a indicou um longo corredor – afinal de contas, você está insinuando que eu preciso arrumar um, digamos assim, companheiro melhor – ele sorriu – quando na verdade eu não tenho companheiro algum. Viu a contradição da sua frase?
- Perfeitamente – ele murmurou sorrindo enquanto apontava para uma porta que daria no salão principal
- Mas, de que esse tipo de informação te interessa, não é mesmo? Você não se relaciona mesmo com os porquinhos da Grifinória, não é? – ela lhe direcionou um sorriso ferino
- Bom, depende da companhia, não é mesmo? Em raríssimos casos até vale a pena tampar o nariz e ficar na presença de um grifinório, ainda mais quando ele mais parece em sonserino.
- Encantador – ela riu – mas eu vou meter o meu pezinho. Meus amigos grifinórios sentados na mesa da Grifinória esperam por mim para almoçar – Cassandra apontou para Rony e Hermione sentados almoçando
- Argh – ele fez – justo o Weasley e a sangue-ruim – ele deu de ombros – tente não vomitar enquanto come – disse se afastando na direção de sua própria mesa – se é que é possível fazê-lo estando tão perto deles
- Ora – ela disse para si mesma – narcisista egocêntrico
Cassandra sentou-se ao lado de Rony e puxou um prato limpo para sua frente, pegando alguma comida e colocando sobre ele. Rony engoliu as batatas que estavam armazenadas em sua bochecha e se virou para Cassandra
- Se despediu finalmente do seu novo “amiguinho”?
- Eu sei que o Harry já me alertou sobre isso, mas eu juro que os sonserinos não são tão maus assim...
- Não, são piores! – disse Hermione – não são o tipo de gente com quem você deva se relacionar! São egocêntricos, mesquinhos, egoístas, elitistas, especialmente Draco Malfoy!
- Tenho ouvido muito isso nos últimos dias – ela riu
- Quem mais a alertou?
- Fred e Jorge!
- Bom, eles também não gostam nem um pouco do Malfoy – disse Rony – quero dizer, quem gosta? Ele é um idiota!
- Nem tanto – respondeu Cassandra com um sorrisinho tímido – quem sabe eu não consigo mudá-lo?
- Mudar o Malfoy? – perguntou Rony incrédulo – impossível, sapos venenosos não mudam suas pintas
- Você tem certeza? – ele confirmou com a cabeça, convicto – certeza o suficiente para bater uma aposta? – ela sorria marota e desafiadora
- De quanto estamos falando?
- Dois galões. – disse Cassandra determinada – até o fim das aulas. Que tal?
- Há! Apostadissimo! – disse Rony balançando a mão de Cassandra – nunca ganhei dinheiro tão fácil! – falou colocando os braços atrás da cabeça
- Você ver só quem vai ganhar dinheiro fácil!
Eles mudaram de assunto em pouco tempo durante o resto do almoço. No fim da refeição Cassandra seguiu com Rony para adivinhação enquanto Hermione foi para Runas antigas. A sala de adivinhação possuía um ar extremamente etéreo devido aos vários xales sobre os abajures, criando uma iluminação indireta e o intenso odor de incenso que cada canto exalava.
A professora se parecia muito com a sala. Ela possuía o cabelo crespo e armado, bem como o resto do corpo, coberto por vários xales coloridos e alastrava um cheiro doce de bergamota com lírio. Seus olhos pareciam realmente muito grandes devido às lentes grossas dos óculos que usava.
A aula de adivinhação, apesar de muito chata, passou muito rápido, fato pelo qual Cassandra, Rony e Harry agradeceram muito. Eles rumaram para a aula de defesa contra as artes das trevas, que seria dada pela professora Umbridge. Hermione os esperava na porta da sala. Cassandra sentou-se em uma cadeira vazia ao lado dela, enquanto Harry sentou ao lado de Rony, próximos a elas.
- Me pergunto como é essa tal de Umbridge – indagou Rony descontraído
- Megera – respondeu Cassandra com simplicidade, analisando as unhas.
- Você a conhece? – perguntou Rony
Cassandra abriu a boca para responder, mas antes que pudesse emitir algum som a professora entrou.
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