Uma companhia encantadora
Quando fui tentar salvar minha amiga dos braços, (que eram envolvidos por uma fina e macia pele...), daquela louca criatura, recebi, nada mais, nada, menos que uma mordida no braço direito. Gritei de dor. Ela me fitou com aqueles lindos olhos de mel, e sorriu mostrando toda sua dentição branca e completa. Dentes belos que ela tinha, mas que não tinha absoluta capacidade de esconder que a doce Jane parecesse mais uma doida que acabara de fugir do manicômio.Devo lhes dizer que Jane ainda estava tão bela quanto no momento em que chegara a meu aniversário,estava linda, e, apesar de seus cabelos castanhos estarem embaraçados, e sua mecha caída, sobre seu olho esquerdo, continuavam brilhantes e sedosos. Posso afirmar que este momento ainda mexe comigo, mas de certa forma, me traz boas lembranças (a mordida não é uma delas). Jane se levantou com todo seu glamour e doçura, bateu em suas vestes como se fosse limpá-las, ajoelhou-se sobre Kate e cochichou algo em seu olvido que a fez sorrir e balançar a cabeça afirmativamente.
Fiquei pensando no que Jane teria dito que fez minha melhor amiga sorrir tão levemente,como eu nunca tinha visto, naquele momento, que por sinal, estava muito embaraçoso.
Continuando, a menina se levantou, olhou de Kate para Ryan, dele para profª McGonagall e desta para mim.Neste momento senti uma leve brisa gelada passando por minhas costas, fazendo meu sangue gelar e minha circulação parar tão repentinamente que tonteei e cai para trás. Felizmente, cai sobre a poltrona mais macia da sala.
Não cheguei a desmaiar, pois tenho certeza que permaneci com os olhos bem abertos, e cheguei a observar que Jane deixou sua cabeça cair levemente para o lado esquerdo como se quisesse me observar mais a fundo. Quando cheguei a essa conclusão,me levantei ligeiramente, peguei dois Sapos de Chocolate, meu bolo de figurinhas e subi as escadas tão rápido que ia tropeçando em meus próprios pés e me esforçava para não cair.
Fiquei tão atormentado com o que havia acontecido, que acabei me esquecendo de perguntar a Kate se ela havia se machucado com o ataque de Jane. Procurei-a por todos os cantos. Fui à sala comunal, à biblioteca, nada da Kate, resolvi então deixar para lá e procurar o Ryan para nós fazermos o pergaminho de 50 cm que o professor Snape, de Poções, havia nos mandado fazer para amanha de manhã. Confesso que não estava lá muito afim de fazê-lo, mas não havia nenhuma saída. Fui para o Salão, passei pelo meio das mesas em que se encontravam vários alunos, que, provavelmente faziam o que eu estava pretendendo, senão fosse o meu amiguinho Ryan que não aparece quando eu preciso! Fui lá fora. O dia estava tão bonito, que fiquei observando as arvores e me recostei em uma, quando ouve uma doce voz a me chamar:
- Hey, Jake, queria conversar com você. Não queria que a partir de agora, você tenha uma imagem ruim a meu respeito.
Me virei e vi os lindos olhos cor de mel de Jane Kornner a minha frente. Não pude negar seu pedido, afinal, necessitava de uma explicação,ou ao menos, o motivo do “ataque” na noite anterior. Me levantei, e sutilmente, acompanhei a menina para dentro do castelo.
Quando estávamos ultrapassando a porta para adentrar ao mesmo, encontrei Kate e Ryan indo em minha direção, rindo. Quando ficaram a apenas 1 metro de distância de mim e de Jane (que estava com uma cara meio estranha), o idiota do Ryan abriu a boca e falou alegremente:
-E aí cara, como você tá ? Pelo jeito, bem né? Até arranjou, uma gata. E que GATA!!!
Naquele momento eu tive vontade de repetir a cena que Jane fizera com Kate, só que com um pouquinho de sangue. Resisti a tentação e retruquei:
- É verdade Ryan, estou ótimo, pois é, eu e a “minha” gata vamos dar um passeio por aí, sabe, namorar, a partir de agora, vocês só irão me ver nas aulas, não vou mais perder tempo andando por aí com vocês, enquanto a Jane for a minha namorada, entendem né? Aproveitar ao máximo as coisas boas da vida. Se me dão licença...-e virei as costas para os dois.
Entramos no castelo, subimos algumas escadas, e Jane empurrou uma gigantesca porta que acabara de aparecer diante dos meus olhos, uma porta que eu jamais tinha visto.
Ela me contou que eu não a viria se não precisasse de nada na qual ela pudesse se transformar. Era chamada de Sala Precisa ou Sala Vai-e-Vem. Foi aí que perguntei a ela:
-E o que é que você precisa para ela ter aparecido?
-Eu precisava de um lugar sossegado, em que pudéssemos conversar-ela deu uma longa pausa- a sós.
Gelei,tanto ou mais do que na noite anterior, quando ela apareceu com toda sua exuberância no meu aniversário.
-O...q...q...que... n...n..nós...t...t...temos...p...p...pra...f...f...falar?
-Pensei que te devia uma explicação sobre ontem...
-E...e...eu...n...n...não...p...p...pre...ci...precisa...
-Para de gaguejar!Cara...eu não vou te morder...não outra vez...Eu só quero conversar!
-*Glup* Não há necessidade de me explicar nada. Você simplesmente, não gosta da Kate. É isso. Não é?
-Bem...é...
-Eu sabia! Tudo bem você não gostar, mas não precisa atacá-la como uma leoa feroz.
-Hum...leoa? *Graaaau* -ela rugiu para mim, e nós dois rimos.
-Bem...tenho que ir Jane...sabe...o dever de poções me chama...
-Tudo bem...hey...eu também tenho que faze-lo...vamos fazer juntos?
Dei uma pausa, pensei na Kate e no Ryan, e disse:
-Tudo bem, eles não vão querer estudar comigo mesmo...não depois do que eu disse a eles...
-Vai passar...vamos logo.
Saímos da Sala Precisa que estava decorada com variadas almofadas, de diversas cores, uma mesa e uma estante, ambas muito velhas, cortinas floridas que nas pontas estavam rasgadas, mas cada coisa, cada objeto, tinha lá o seu charme.
Descemos as escadas e fomos em direção à Sala Comunal, quando a mulher-gorda com seus lábios bem torneados, falou:
-A senha, por favor- ela queria a senha que nos permitisse a entrar na Sala Comunal da Grifinória. Não pude responder. Havia esquecido completamente a senha...também...depois de todos esses acontecimentos.Então, para que a mulher-gorda não ouvisse, me aproximei do ouvido de Jane, para cochichar que havia esquecido, e que ela devia falar a senha, senti o seu leve perfume adocicado, era bem refrescante. Quando disse a ela a minha situação diante do momento, ela se aproximou de meu ouvido, para me dizer algo que não prestei bem atenção, pois fiquei um tanto excitado: Jane Kornner estava respirando tão próximo a minha nuca, e eu sentia sua respiração um tanto acelerada.
Quando voltei a mim mesmo, estava indo pedir que ela repetisse o que acabara de me falar, quando, inesperadamente, Kate e Ryan apareceram, dando “pulinhos” de alegria. Parece que nem notaram nossa existência, pois falaram a senha ‘crina de testrálios’ e adentraram pelo quadro.
Jane me olhou e resolvemos voltar para onde havíamos nos encontrado, debaixo de uma árvore, de frente para o castelo.
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