A Guerra de Belgrado
37º capítulo – A Guerra de Belgrado
Gina não sabia exatamente quanto tempo tinha se passado desde que ela abraçara Colin, no meio da rua. Lembrava-se vagamente de entrar no hotel, agarrada a Colin, e de escutar Blaise falando sobre o carro...Que ia guardá-lo na garagem, ou qualquer coisa assim. E então Luna e Star estavam gritando, e se abraçando...E Colin estava guiando-a para seu quarto.
Agora ela estava deitada na cama, Colin deitado de frente para ela, seus rostos quase se tocando. A mão dele estava em seu cabelo, mexendo suavemente nos curtos fios ruivos. Ela não tinha mais lágrimas, e seu travesseiro estava encharcado. Felizmente Colin não falou nada, absolutamente nada. Ele só a abraçou, e deixou que ela chorasse.
E aos poucos o sono foi chegando. Exausta, Gina dormiu.
***
-E Hermione nos disse exatamente para onde ir – Luna estava narrando – Foi totalmente inesperado, e nós estávamos quase desistindo.
Ela estava sentada em uma cama, as pernas dobradas. Em outra cama, Star e Blaise estavam sentados, ouvindo atentamente tudo o que Luna contava. Ninguém tinha se dado conta de que Gina não estava exatamente emocionada com o reencontro. Suas lágrimas eram de tristeza mesmo. Pura tristeza.
-Nós viajamos horas e horas – Luna piscou os olhos profundamente azuis. O delineador azul bebê realçava seu olhar de tal forma, que seus olhos pareciam de vidro – Foi tão divertido ficar pelas estradas...Tenho certeza de que senti exatamente tudo o que vocês sentiram.
-Hermione ajudou... – Star balançou a cabeça. Era informação demais – Uau! Quem diria que Hermione Granger ia mentir.
-É...Até Hermione Granger pode mentir – Blaise falou, os olhos mirando o nada. Ele estava chocado com a revelação.
-Nós fugimos também – Luna sorriu – Eu não contei exatamente para o Colin tudo...Foi totalmente inesperado. Eu terminei com o Rony – ela anunciou, falando tão rápido que era quase impossível acompanhar.
-Você namorou o Rony, hein? – Star ainda balançava a cabeça – Meu Deus! O que mais nós perdemos de divertido?
-Tudo! – Luna deu um pequeno pulinho na cama – Tooodo mundo surtou! Sério! O senhor e a senhora Weasley colocaram dezenas de pessoas atrás da Gininha, e quando os boatos sobre o noivado dela com Draco Malfoy começaram o Rony desmaiou.
-Que gay... – Blaise murmurou, dando um risinho.
-Eu sei – Luna concordou, divertida – Harry zombou do Rony por mais de uma semana por causa disso. Até que os três se mudaram para um apartamento e ficaram um porre total. Bem...Menos a Mi, porque ela subiu um trilhão no meu conceito.
-E o que mais? – Star perguntou, os olhos brilhando de curiosidade.
-O básico: Narcisa Malfoy e Molly Weasley se abraçando e chorando no Ministério da Magia, isso deve fazer um mês – Star e Blaise se encararam, olhos arregalados – Sabe o que dizem – Luna deu de ombros – O amor de mãe acaba falando mais alto.
-Nesse caso o amor de mãe gritou muito mais alto – Blaise falou, rindo – Mas falando em Malfoy e o Weasley...O que exatamente aconteceu?
-Eu não sei – Luna disse pausadamente, abaixando o tom de voz e fazendo tudo parecer uma confidência – Mas o Col quase atropelou a Gina, ela estava gritando e o Malfoy gritando e ela começou a chorar e...
-O Colin a tirou de lá – Star murmurou, como se estivesse falando sozinha – Eu tenho certeza de que eles brigaram – ela suspirou, apoiando o queixo em uma mão – Que droga! Agora que vocês estão aqui eles começam a brigar.
-Quer dizer que os dois estão mesmo juntos? – Luna se inclinou para frente.
-Juntíssimos! – Blaise exclamou – Sabe Lovegood, eu juro que não esperava ver os dois juntos, mas de repente...
-Tudo começou a acontecer – Luna completou, balançando a cabeça e concordando com ele – E os dois estavam juntos antes de alguém perceber.
-Isso! – Blaise sorriu.
Star olhou abismada para a conversa rápida e sem sentido dos dois. Quem diria que Blaise Zabini e Luna Lovegood seriam tão sem noção...Juntos?
-Agora me falem de vocês! – Luna juntou as mãos e sorriu para o casal – Namorando? noivos?
-Namorando – Blaise falou, dando um beijo rápido em Star – Eu descobri que ela era a mulher da minha vida – disse, sério.
-Eu entendo! – Luna falou, também séria – Eu acho que também achei o homem da minha vida. Não que ele saiba.
-O amor... – Luna e Blaise falaram juntos.
Star revirou os olhos.
***
Draco andou pela cidade deserta, a cabeça presa em um turbilhão de emoções. Weasley. Ginevra. Gina. Gin. Ele queria se bater por ser tão estúpido, e também queria puxar Gina pelo braço e chacoalhá-la, até que ela pudesse enxergar através de todo aquele drama. Era tão difícil ver que ele a amava? Do seu jeito, é claro, mas a amava profundamente. Mais do que poderia amar Pansy, ou qualquer outra pessoa.
Ela seria uma parte dele, mas Draco já não sabia se poderia voltar atrás. Só ignorar tudo o que estava acontecendo...Cancelar o casamento!
E ele odiava, terrivelmente, esses monólogos de arrependimento. Tão romance adolescente...Tão ridículo. Balançou a cabeça. Ele não estava no seu normal.
***
Luna entrou devagar no quarto. Gina e Colin dormiam profundamente em uma cama. Sem fazer barulho, tirou os sapatos e deitou em outra cama. Star ia dormir no quarto de Blaise naquela noite, assim como Draco Malfoy. Bem, quando ele desse as caras no hotel.
Alegre, Luna encarou o teto. A cabeça vagando...Flutuando. Ela estava incrivelmente feliz com tudo o que estava acontecendo. Tirando a tristeza de Gina, é claro. Mas ali estava ela...Com seus amigos, tendo sua viagem especial e única. O mundo não poderia ser melhor.
***
Hermione ficou sentada no chão da sacada de seu quarto. Ela podia ouvir Rony e Harry jogando o maldito videogame novo. Suspirou, observando as estrelas. Ela vivia se perguntando se valera a pena ficar tão fissurada e preocupada com as regras, seguindo-as impreterivelmente. Então as coisas não era feitas por duas cores: branco e preto. E Gina tinha achado seu próprio tom de cinza, assim como Luna e Colin.
Ela tinha vontade, mesmo, de ignorar o caminho trilhado de sua vida. Porque se ela não fizesse nada, agora, teria o resto de seus dias dessa forma. Casamento com Harry em dois anos, carreira promissora, filhos. Não que não quisesse isso, mas ela queria também se aventurar.
Suspirando, continuou observando as estrelas. Na sala, Harry e Rony discutiam com os gêmeos, que tinham acabado de chegar, a vez no videogame. Hermione começou a cantarolar algo, uma coisinha que veio em sua mente.
GO, GO, Alt and Stay
Please, don´t think I´m crazy
Cause I love you so…
But you are just a fool
Go, Wait! Wait and Stay!
I love you my baby…
***
Draco olhou irritado Gina e Colin descerem juntos as escadas do hotel. Gina estava usando óculos de sol, sem sorrir. Luna e Blaise estavam tagarelando em seu ouvido há mais de quinze minutos. Ele só ia esperar o idiota do amiguinho de Gina sair de perto para falar com ela.
As coisa não acabariam assim. Ele não ia permitir.
-Todos prontos? – Gina perguntou, um mínimo sorriso brilhando em seus lábios – Fiz um roteiro para Belgrado. Nada cansativo.
-Vamos – Colin ignorou Draco, colocando, protetoramente, o braço nas costas de Gina – Gininha acha melhor irmos a pé.
-Então a pé – Star sorriu e ela e Luna deram pulinhos ridículos.
O sol brilhava naquela manhã, quase zombando do mau humor de Draco. Sem falar na ressaca. Assim que achou um bar aberto, decidiu resolver seus problemas. E bebeu como não bebia há semanas. Por fim, expulso do bar, vagou até encontrar o hotel. Na rua, o sol bateu forte em seus olhos, ferindo-o. Ele colocou seus óculos de sol.
-Eu não sabia que Belgrado ficava na Sérvia – Luna e Blaise falaram juntos, arrancando gargalhadas de Star e Colin.
Eles atravessaram a rua e Draco teve lembranças da noite passada...O rosto de Gina, tão magoada e perdida...O que ele tinha feito?!
-Draco! – Blaise gritou, chamando sua atenção.
Draco olhou para o grupo e viu que todos o encaravam. Ele estava parado no meio da rua, como um idiota. Gina o olhou, ele soube, mesmo que ela estivesse com óculos de sol. Ela olhou...E ele pode sentir de novo toda a tristeza que fluía dela. Se ele ao menos pudesse segurar a mão dela, e beijá-la.
***
Tendo passado por uma recente guerra, Belgrado não estava tão destruída. Na verdade, quase não vi sinais da guerra. Ela foi um sopro de ar fresco, como se eu estivesse saindo de um poço frio e profundo. Na cidade dezenas de parques e praças lindas abrigavam os moradores. Parques lotados, com crianças brincando, adultos sentados em bancos e namorados... Centenas deles. Eu me virava e via um casal. Era desesperador.
Conhecemos a Fortaleza de Belgrado, Igreja Saint Mark, Igreja Ružica, Bairro Zemun, Museu Nacional, Teatro Nacional, Parlamento, Templo de Santo Sava e por fim o Bairro Skadarlija. Foi um dia cheio, corrido. Quase não ficamos parados. Era a intenção.
***
-Vamos lá! – Luna puxou Star pela mão, as duas correram para contornar o parque Kalemegdan. Blaise ia correndo atrás dela, um completo bebezão.
Gina ignorou os olhares insistentes de Draco, se convencendo de que em pouco tempo nem mesmo pensaria nele. Luna e Colin contaram, ainda de manhã, toda a odisséia até encontrar o grupo. Gina gostou de saber que Hermione estava deixando de ser tão previsível.
-Com frio? – Colin perguntou, sentando-se ao lado dela no banco.
Gina balançou a cabeça. O tempo estava claro e o sol forte, ela definitivamente não sentia frio. Colin tirou algumas fotos dos três, ainda correndo. A tarde caia com uma rapidez incrível e pela primeira vez naquela viagem Gina sentia que estava faltando algo.
Ela não precisou ser um gênio para descobrir o que era.
***
Os quartos foram divididos em meninos e meninas, para o desagrado de Blaise e alegria de Draco. De jeito nenhum ele queria Gina e aquele loiro maldito no mesmo quarto. Colin parecia o guardião de Ginevra, não deixando-a em paz um segundo sequer. Draco olhou a porta do banheiro, imaginando Colin levando um tombo imenso e passando o resto da viagem de cama.
-O que aconteceu? – Blaise perguntou, mexendo em sua mochila – Eu realmente tentei, mas você sabe que...
-A curiosidade te consome – Draco suspirou, inconformado com toda aquela coisa mulherzinha de Blaise. Aquela mania de saber de tudo.
-Ela descobriu sobre a Pansy?
-É – Draco sentou em sua cama, desolado – Ela não quer me ver, é óbvio. Eu também não posso simplesmente ignorar a Pansy. Ela merece minha palavra...
-Não seja ridículo Draco! – Blaise o cortou, virando-se para encarar o amigo – Essa sua tentativa é patética. Nós dois sabemos que você e Pansy nunca foram felizes, e não vão ser agora.
-Eu posso tentar – Draco murmurou, deitando na cama. Ele fechou os olhos, e a primeira coisa que viu foi Gina.
Linda, o cabelo novo em Praga. O sorriso dela naquela noite...O natal. Budapeste, Viena. Os dois estavam tão juntos e era tão perfeito. Quando abriu os olhos de novo, Blaise tinha saído do quarto.
-Nós precisamos conversar – Colin disso, sério, parado na porta do banheiro.
-Eu não tenho o que falar com você – Draco ergueu uma sobrancelha, desafiando Colin a falar com ele.
-Vou acabar com você Malfoy, saiba disso – Colin o fuzilou com os olhos – Você devia ter mexido com outra garota. Ginevra é boa demais para você.
-O que você quer dizer com isso? – Draco estreitou os olhos, perigosamente.
-Que se você tentar falar com ela, eu acabo com você. Não estou brincando Malfoy.
Draco levantou da cama, possesso de raiva. Quem aquele estúpido achava que era? Colin Creevey não tinha nada que ter aparecido, e Draco daria um jeito de mandá-lo de volta para Londres. Se ele queria uma guerra, teria sua própria Guerra de Belgrado.
-Não tenho medo de você – Draco quase riu.
-Nem eu – Colin retrucou, saindo do quarto e batendo a porta.
***
Gina se sentiu sufocada no momento em que pisaram na boate. Aparentemente os domínios de Anthony-Charles Persand se estendiam até mesmo em Belgrado. Mesmo não sendo uma boate imensa, ela era realmente pequena se comparada as outras do grupo Persand, ainda tinha uma beleza sem comparação.
Portas de vidro mostravam a pista de dança lotada e luzes brancas e azuis piscavam sem parar. Luna e Star olharam receosas para ela. Enquanto se arrumavam, naquela noite, Gina contou tudo para elas. Não chorou, o que foi uma vitória, mas não deixou de se sentir patética. Ela devia ter imaginado, desde o começo, que Draco Malfoy ia partir seu coração.
A boate tinha uma mistura interessante de nacionalidades. Jovens de vários países ao redor iam para a Sérvia curtir a noite. Principalmente por ser um país com a vida noturna barata, algo raro na Europa.
-Bebidas! – Blaise empurrou algumas pessoas e encostou no balcão do bar. O barman olhou com descaso para Blaise – Bebidas! – Blaise insistiu. Ele tinha adquirido confiança suficiente para fazer qualquer barman sobrecarregado lhe atender.
-Peça! – o barman o encarou, se dando conta de que estava falando com o filho de seu patrão – Senhor Persand?
-Isso aí cara! – Blaise sorriu – Agora anota aí.
***
-Então você é famoso por aqui? – Luna perguntou para Blaise.
O delineador turquesa neon que ela usava deixou Blaise cego por alguns segundos, quando a luz negra da boate incindio sobre os olhos de Luna. Star estava dançando com Gina e Colin e Draco estava bebendo, jogado em um canto do camarote.
Era certo dizer que apenas Blaise e Luna estavam ali.
-Quase isso – Blaise sorriu, bebendo a vodka de pimenta ucraniana caríssima que tinha pedido – Um cara parecido comigo é dono disso.
-Vocês tiveram baladas incríveis então? – ela sorriu.
-Incriveis – Blaise concordou. De onde estava, podia ver Star. Ela estava linda, usando um vestido branco curtíssimo.
-Acho que os dois ainda se acertam – ela falou baixo, para Draco não ouvir.
-Também acho – Blaise ficou agradavelmente supreso quando se deu conta de que ele e Luna pareciam raciocinar na mesma linha. Tinha sido assim o dia todo.
-Eu sei de Mônaco – Luna abriu um sorriso astuto – Sei do segredo. E também sei porque esconderam isso, eu teria feito o mesmo.
-Se tivéssemos contado antes...As coisas não teriam sido assim.
-Entendo.
-Sei que entende. Mas vamos contar o segredo, assim que pisarmos na Grécia.
-Boa escolha.
Os dois se encararam, cúmplices.
***
Gina conseguiu se livrar dos amigos e foi para o bar. Blaise tinha dado para cada um deles um cartão e podiam pedir qualquer coisa. Ela se decidiu por vodka. De pimenta. Uma lembrança dolorosa, mas inesquecível. O cabelo curto estava extremamente liso, por causa do calor, e a calça jeans colada que pegara de Luna marcava seu corpo demais. Recebeu cinco cantadas em sete minutos. Uma delas sendo do barman.
Um romeno descarado, mas amigável.
***
Draco assistiu Gina sair de perto dos amigos e se dirigir para o bar. Era sua chance desde que o maldito Colin chegara. Pela primeira vez ela ia estar sozinha. Tonto, saiu do camarote sem chamar a atenção de Luna e Blaise. Cruzou com uma sorridente Star e um raivoso Colin.
-Não! – foi a única coisa que Colin disse antes de lhe dar um soco – Você não vai chegar perto dela.
Bêbado demais para responder, Draco caiu dentro do camarote. Blaise ficou no meio dos dois e Luna puxou Colin para fora dali.
-Você está sangrando! – Star arregalou os olhos.
-Esse maldito – Draco se apoiou na mesa – Vai ter volta.
-Não seja ridículo Draco – Star balançou a cabeça, achando que ele estava agindo como um idiota – A guerra de Belgrado já acabou – era uma piadinha, mas Draco não entendeu.
-A Guerra de Belgrado começou Star – ele enfiou a mão no baldinho prateado com duas garrafas de champanhe e pegou algumas pedras de gelo – Aquele maldito – resmungou, sentindo uma dor terrível.
***
Gina apoiou a cabeça no ombro de Colin, fechou os olhos e sentiu o leve balançar do táxi. Estava um pouco apertado lá dentro, já que estavam em sete, contando o motorista, por isso ela estava no colo do amigo. Todos visivelmente bêbados e felizes. Menos Gina. E Draco.
***
No dia seguinte fomos conhecer outros pontos turísticos. Vimos a estátua Victor, passeamos pelo parque Kalemegdan, Monumento do Milênio, Terazije, a Rua do Príncipe Miguel, a Praça Nikola Pašić e a Praça da República. Um dos lugares mais importantes e movimentados de Belgrado. Passamos horas por lá. Draco tentou falar comigo o dia todo, eu simplesmente o ignorei. Era o certo a se fazer.
No almoço paramos em um pequeno restaurante na Praça da República. Quando a tarde começou a cair, estávamos cansados e com terríveis efeitos da ressaca. Passamos duas horas e meia na Nova Belgrado, um bairro relativamente novo na cidade. Ele era diferente, espaçoso, bonito...Áreas verdes. E quase sem turistas. O sol lindo deu lugar a pesadas nuvens negras. Por isso voltamos ao hotel.
***
As três amigas riram enquanto se espremiam embaixo do guarda chuva emprestado pela recepcionista do hotel. Mesmo depois da briga de Draco e Colin, os dois continuaram no mesmo quarto. Elas aproveitaram que os meninos estavam dormindo e decidiram passear pela cidade. Belgrado, como toda cidade européia, estava cheia de cafés. Mesinhas nas calçadas, fachada alegre ou escura. Dezenas deles. Por todos os cantos.
Elas atravessaram a rua e andaram por três quarteirões até acharem um café que agradasse. Pegaram uma mesa com vista para uma praça.
-Caramba – Star olhou o cardápio – Não consigo ler uma palavra.
-Somos duas – Gina fechou o cardápio. Cinco horas da tarde.
-Eu leio – Luna falou simplesmente. Nenhuma das duas estranhou. Luna era fluente em seis línguas.
-Eu nem acredito que você está aqui – Gina sorriu. Ela sabia que se Luna e Colin não tivessem aparecido o resto de sua viagem seria um lixo – Estou tão feliz.
-Eu também Gi – Luna sorriu, distraída – Sabe Star, seu namorado é tão simpático. Ele não era tão legal em Hogwarts.
-Ninguém era – Star respondeu, batendo uma foto das amigas – Hogwarts parece uma outra dimensão da minha vida, agora que olho pra trás.
-É.
***
O clima pesado tinha se dissipado, junto com a chuva. Pela primeira vez o grupo parecia em harmonia. Não que Gina tivesse olhado para Draco, ou que Draco tivesse parado de olhar feio para Colin. Uma trégua silenciosa foi imposta enquanto caminhavam pela cidade.
Primeiro foram para uma casa noturna, situada em uma das balsas do rio Sava. Belgrado fica na confluência dos rios Danúbio e Sava. Gina não conseguia deixar de pensar que o Danúbio não acompanharia mais sua viagem. O fim dele...E seu fim com Draco. Foi uma noite divertida, para todos. Pularam de casa noturna para casa noturna. Ouviram música popular em uma praça, dançaram, beberam.
Era difícil explicar o que Belgrado fazia com eles. A sensação que dava. Uma cidade quieta e divertida. Cheia e tão vazia.
***
O sol da manhã, mais uma vez, estava forte demais para os padrões europeus. Não que algum deles tenha se incomodado. Gina tinha voltado a tirar fotos, e no café da manhã respondeu uma pergunta de Draco. Seria o fim da guerra?
-Aqui em Belgrado têm quatro pontes sobre os rios Sava e Danúbio – Gina explicou ao grupo – Não sei se é necessário conhecer todas. As mais importantes são a ponte Branko e a Gazela.
-Gazela como o Draco – Blaise zombou, recebendo um olhar irritado do amigo.
-Vai se ferrar Blaise!
Colin deu uma risada audível. Gina tirou algumas fotos e se virou para Colin, que estava ao seu lado o tempo todo.
-Não implique assim, não vou separar briga nenhuma.
-Que briga Gin? – ele perguntou, fingindo inocência – Aquele idiota nem mesmo revidou o soco. Eu não chamaria aquilo de briga.
Gina revirou os olhos e continuou andando. Chegaram a ponte Branko. Distraída, Gina se inclinou sobre a grade, querendo ver melhor a confluência. Não viu diferença nenhuma. Decepcionada, virou para falar com Colin. Mas o que viu, do outro lado da ponte, fez seu coração acelerar. Uma das paisagens mais bonitas que ela já vira.
Poucas pessoas estavam lá, provavelmente por ser cedo demais, e o rio parecia não ter fim. Alguns barcos imensos transportavam mercadorias, deslizando suavemente pelas águas geladas.
Sem perceber foi se afastando do grupo, acompanhando o percurso do rio. Os outros estavam distraídos demais para vê-la se afastar. Todos...Menos Draco.
Ele andou apressado até ela, e foi diminuindo o passo quando se aproximou. Não queria denunciar sua chegada.
-Nós precisamos conversar – foi quase uma ordem.
-Nós já conversamos – Gina murmurou, sem virar para encará-lo. Seus olhos estavam parados no rio, ou seriam rios? – Você vai casar Draco! O que esperava?
-Eu amo...Eu gosto de você! Consegue entender isso? – Draco puxou o braço dela, fazendo com que os dois se encarassem – Não vou dizer que sinto pela Pansy o que sinto por você. Mas você precisa entender que eu tenho responsabilidades...Eu não posso simplesmente...
-Eu sei que não pode – ela murmurou. Arrasada – Você não seria capaz de partir o coração dela. Não como partiu o meu.
-Você partiu o meu também – ele segurou as mãos dela – Eu nunca vou conseguir te esquecer.
-Como você pode dizer que me ama se vai se casar com outra? Você me enganou por semanas! Me fez ter ilusões e depois tirou tudo. Isso eu não posso perdoar – ela soltou suas mãos e deu as costas a ele, decidindo que só o rio a veria chorar.
-No fundo, você é mais forte do que eu sou, e sabe disso – Draco falou, igualmente arrasado. Talvez um pouco mais, pois ele tinha o peso de mudar aquilo tudo. E não tinha coragem suficiente – Grifinórios são os corajosos. Você vivia repetindo isso.
-E sonserinos são covardes – ela deu um leve sorriso.
-Nós somos mesmo.
-Você entende que eu não vou te aceitar de novo, não entende? – era um ultimato. A última chance para Draco – Essa é a última conversa que tenho com você a respeito disso. Amanhã, quando estivermos indo para a Romênia, nosso passado vai ficar enterrado.
-Eu amo você... – ele tentou se aproximar, mas seus pés pareciam colados ao chão.
-Eu não vou mais chorar...Nem consigo mais chorar.
-A vida parecia mais fácil em Hogwarts – era uma afirmação – Eu sempre sabia o que fazer. Que caminho seguir.
-Todos nós sabíamos. E foi isso que me fez querer viajar.
-Autoafirmação?
-Mais do que isso. Um caminho a achar. Eu só achei mais do que estava procurando – Gina murmurou, parando de chorar – Eu encontrei você.
-Seria certo dizer que nos encontramos.
-Você perdeu a última chance, não é? – ela o observou, os olhos verdes tristes e sem vida – Não quis nem tentar.
-Eu quero... – ele segurou o rosto dela, observando cada mísero detalhe de seu rosto perfeito. O nariz delicado, as pequenas sardas – Você não faz idéia do que fez comigo.
-Por um momento, enquanto lia aquilo...Desejei não ter encontrado. Eu queria que tudo voltasse ao que era antes...Queria ficar no escuro.
-Eu amo você – ele murmurou de novo, percebendo que não conseguiria pedir para Gina ser sua amante. Seria cruel demais, até para ele.
-Colin está vindo – ela observou, afastando-se dele.
-Só não se esquece disso. Não esquece que eu amo você – ele disse as costas dela, Gina já estava se afastando.
-Você diz que me ama, mas não pode ficar comigo – ela balançou a cabeça suavemente, incrédula.
Colin puxou Gina pela mão, lançando um olhar furioso para Draco enquanto a tirava de perto dele. Ali, no fim do Danúbio, aconteceu também o fim do casal mais inapropriadamente apaixonante. A pergunta, no entando, era...Seria o fim?
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N/A - Eu sei, não está muito bom. Totalmente sem inspiração. Já estou escrevendo o 38, e esse está saindo bem melhor. Animei de novo. Então queria pedir mil desculpas pela demora e prometer q posto o mais rapido possivel. Muito obrigada todas as garotas q comentaram...Vcs me deram força pra escrever. Aff, odeio bloqueio.
Postando do trabalho, então tem q ser rápido...
beijinhussssssssssssssssssssssss
Cap 38 - sem titulo ainda, eles vão para a Romenia. Detalhe: o irmão da Gi mora lá.
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