Você não esperava por isso!

35º capítulo – Você não esperava por isso!

 

 O melhor da nossa viagem era que podíamos, a qualquer momento, decidir ficar ou partir. E na madrugada na boate, decidimos ficar em Budapeste por mais uma semana. Blaise aproveitou a fama e nos colocou nas melhores festas, mas nem pensamos em um hotel melhor.Claro, ninguém ali era louco o suficiente para isso. Enquanto Blaise e Star ficavam cada dia mais apaixonados, de alguma forma eu me via numa relação confusa com Ginevra. Eu tinha decisões a tomar, e não poderia fugir por muito tempo. Então eu, Draco Malfoy, me confessava envolvido com uma Weasley. Estranho, eu sei.

 

 ***

 

-Olha isso... – Star sussurrou, andando cada vez mais devagar. Ela não conseguia deixar de olhar o imenso castelo – Qual o nome disso?

 

-Depois de uma semana você realmente não sabe? – Gina balançou a cabeça e sorriu – Meu Deus! Você é mais distraída que a Luna.

 

 O Castelo de Buda fica situado sobre uma colina e tem uma chamativa cúpula esverdeada. Eles o visitaram no segundo dia, e já tinham ido lá pelo menos outras duas vezes.

 

-Castelo de Buda – Draco respondeu divertido. Engraçado como ele estava ficando amigo da consumista mor e namorada do seu melhor amigo – Lembra Star? Lá dentro nós já visitamos a Galeria Nacional, cheia de pinturas famosas. Isso sem falar das relíquias e toda aquela tralha.

 

-Aquela tralha – Gina o cortou, insultada – Faz parte do tesouro húngaro. Você devia falar com mais coração.

 

 Blaise e Draco riram e Gina andou apressada para longe deles. Naquela manhã ela usava uma camiseta de manga curta, azul escura, e parecia uma perfeita turista. Ela tirou os óculos de sol e observou o gigantesco Castelo de Buda. Em Budapeste, tudo parecia calculadamente perfeito. Desde a colina até a cúpula. Gina já tinha passeado lá dentro por horas, vendo cada pequeno objeto.

 De lá foram para o Palácio Real de Buda, conhecido como Budavári Palota. Próximo ao palácio ficava uma região cheia de distrações para turistas. Eles foram para a rua Fortuna Utca, que descobriram, depois de uma semana, o lugar mais lindo de Budapeste.

 

-Fotos! – Star pediu para Draco, que estava sendo o fotógrafo da vez – Eu e Foguinho.

 

-Sem graça – Gina olhou emburrada para Star.

 

-Vamos lá – Draco segurou a câmera e apertou. Na foto, Gina e Star estavam lindas. Ambas usando óculos de sol e sorrindo, enquanto o vento misturava-se aos raios de sol e as iluminava.

 

-Vem FDB! – Gina correu até ele, rindo. Pegou a mão de Draco e correu pela Fortuna Utca, sua rua preferida na cidade.

 

 Eles passaram por prédios históricos, ruelas, muitos museus, restaurantes, casas antigas e lojas. Lojas de todos os tipos, para delírio de Star. Em uma das lojas de artigos típicos, Gina e Star compraram Matryoshkas, aquelas bonecas iguais de tamanhos diferentes que iam encaixando-se.

 

 ***

 

 Draco segurou Gina no colo e ela abriu os braços, rindo. Blaise bateu a foto. Depois foi a vez dele segurar Star. Gina bateu a foto. Como paisagem de fundo tiverem o Halászbástya. Que era, basicamente, um conjunto de sete torres enormes, todas em estilo gótico. Ao redor deles, por causa das famosas torres, dezenas de turistas batiam fotos.

 De lá foram para a Igreja de São Mateus, muito famosa também. A igreja tinha fortes referências medievais, e fez com que os quatro lembrassem de Hogwarts e do tempo passado lá. Como o bonde era o melhor transporte na cidade, eles se acostumaram rápido. Iam e voltavam para todos os cantos, sem gastar muito.

 

-Vamos voltar para o Castelo de Buda – Gina avisou e começou a andar – Quero almoçar na rua principal de comércio.

 

-Comida? – Blaise olhou curioso – Então eu aceito.

 

-E lá vamos nós de novo – Star suspirou e segurou a mão de Blaise – Eu já estou tão acostumada aqui que poderia morar. Meio o que aconteceu em Varsóvia, sabe?

 

-Território polonês? – Draco deu uma risada safada para Gina e ela corou. Como se esquecer daquela conversa dos dois?

 

-Tão engraçado FDB – Gina cruzou os braços – Agora vou sem você também.

 

-Gina! – Draco chamou, rindo – Me espera!

 

 Ele correu para alcançá-la. Blaise e Star andaram distraídos, perdido em seu próprio mundo de namoradinhos perfeitos. Não era só um rótulo, era tudo o que eles eram.

 

 ***

 

 Rony quase foi atropelado ao atravessar uma movimentada avenida a pé. Ele poderia ter sido inteligente e aparatar, ou pegar um táxi, mas estava tão nervoso no momento em que saiu do Ministério da Magia que  nada disso passou por sua cabeça. Ele entrou no prédio do Pasquim e foi para o elevador.

 Precisa conversar com seu ex-sogro.

 

 ***

 

 Longe de Rony, Luna atravessou uma rua na cidade Hollabrunn, a primeira cidade austríaca depois da fronteira com a República Tcheca. Colin e Luna não sabiam, é claro, mas Gina e os outros tinham ficado lá por um tempinho.

 

-E aí? – Colin perguntou ao vê-la. Ele estava encostado no carro, usando óculos de sol e paquerando umas garotas do outro lado da rua – Viu alguma coisa?

 

-Não sei porque você me fez entrar naquela passagem – ela revirou os olhos – O lugar era feio e lotado, nada parecido com o Beco Diagonal.

 

-Vai me falar que o Beco não é lotado? – Colin balançou a cabeça – Claro que é.

 

-Mas não é feio – Luna suspirou e entregou o jornal para ele, quase atirando-o no peito de Colin – Primeira página.

 

-Qual foto? – Colin olhou o jornal, ansioso – AH! Foto muito boa. Estação de Paris, não é? Isso mesmo.

 

-Não foi arriscado mandar uma foto nossa? – Luna cruzou os braços – Sério, e se começarem a nos caçar?

 

-Já começaram – Colin leu rapidamente alguns parágrafos – O Rony deu o alerta geral – Colin e Luna reviraram os olhos ao mesmo tempo – E seu pai conversou com Arthur Weasley, pai da Gininha, para descobrir como proceder nesse caso.

 

-A Rita Skeeter realmente não tem nada para fazer – Luna puxou o jornal – Olha só, não acharam seus pais no mundo trouxa. Melhor assim, ou a Skeeter estaria atrás.

 

-Ainda bem que ninguém falou com eles, ou minha mãe vai achar que estou foragido – Colin tirou os óculos de sol e encarou Luna – Estou morrendo de fome, e você?

 

-Também – ela sorriu – Pelo menos agora fico aliviada, sabendo que a Gina vai saber que estamos atrás dela.

 

-Ela vai nos deixar pistas, tenho certeza – Colin pegou o jornal e guardou no carro – Vi um restaurante do outro lado daquela praça, uns cinco quarteirões.

 

-Então vamos.

 

 ***

 

-Não achei nenhum Profeta Diário – Blaise avisou enquanto entrava no quarto que estavam dividindo – Nenhum mesmo. Parece que os bruxos daqui não ligam muito para notícias do Reino Unido.

 

-Mas que droga – Gina deitou na cama de solteiro.

 

 Star estava fazendo as unhas da mão e Draco estava dormindo em sua cama. O quarto, de um tamanho razoável, tinha quatro camas de solteiro e um banheiro pequeno. Draco estava dormindo com seus óculos de sol. Essa era uma das coisas que Gina tinha aprendido sobre ele. Draco não dormia com luz, de jeito nenhum.

 Claro que, por causa dela, ele deixava a luz do banheiro sempre acesa. Não ficava claro como Gina gostava, mas não ficava escuro. Um meio termo para agradar os dois. E já tinha se tornado uma rotina tão grande que Draco não se incomodava com a fraca luz, e Gina não sentia mais medo da semi escuridão.

 

-Não deve ter notícias importantes então – Star falou enquanto fechava o vidrinho do esmalte – Sério, não se preocupem.

 

-Eu não estou meu amor – Blaise sorriu, surpreendentemente carinhoso – Terminou?

 

-Sim – ela o encarou. Os dois se beijaram suavemente.

 

 Gina desviou os olhos deles e mirou Draco. Ela levantou e deitou do lado dele, acomodando-se. Draco abriu os olhos por um momento, abraçou Gina e voltou a dormir. Blaise e Star não perceberam nada, ainda perdidos em seu mundo.

 

 ***

 

 Dormimos a tarde toda e parte da noite. O mundo todo parecia flutuar ao nosso redor enquanto os dias iam passando rapidamente. Rápido demais, para ser sincera. Acordei sozinha no quarto, sentindo um pouco de frio. Uma hora depois estávamos todos dentro de um bonde, indo para o centro.

 

 ***

 

 Eles desceram do bonde já na avenida Andrassy Ut, que estava movimentadíssima naquela hora da noite. Gina estava usando uma calça jeans escura apertada e botas pretas por cima da calça. O cachecol cinza de Draco pendia frouxo em seu pescoço. Ela e Star corriam animadas, rindo o tempo todo. Um pouco afastados, Blaise e Draco foram conversando.

 

-Você realmente não achou nenhum Profeta? – Draco ergueu uma sobrancelha, descrente.

 

-Digamos que eu nem me dei ao trabalho de procurar – Blaise murmurou, os olhos fixos nas duas garotas – Eu não quero arriscar e pegar uma edição com uma entrevista exclusiva da Pansy.

 

-É, não seria nada difícil – Draco ponderou – Depois de amanhã saímos daqui. Já vi as passagens.

 

-Budapeste é linda, mas já deu o que tinha que dar – Blaise concordou – Já estamos em março, dá para acreditar?

 

-Ainda é difícil acreditar...Em tudo – Draco suspirou, irritado.

 

 ***

 

 Hermione apagou a luz da cozinha e foi para a sala. Harry e Rony estavam jogando videogame, de novo, para seu total desespero. A manhã tinha sido totalmente explosiva, com a descoberta de que Luna e Colin tinham partido para encontrar Gina, Star e os dois odiados sonserinos.

 O que todos se perguntavam agora, era se Luna sabia do paredeiro de Gina o tempo todo ou se estava se arriscando. Rony surtou, Harry surtou, o senhor Weasley e o senhor Lovegood entraram em colapso. Ela foi a única voz da razão no meio dos gritos de Molly Weasley e a discussão de todos os Weasley e o pai de Luna.

 Agora tudo estava mais calmo e duas novas equipes de aurores estavam revirando a França. Se Luna estivesse lá, seria encontrada até o fim da semana.

 

-Vocês brigam o dia todo e agora jogam isso? – ela colocou a mão na cintura e parou na frente da televisão – Sério?

 

-Amorzinho – Harry a encarou, suplicante – Espera só um minuto.

 

-Vai Hermione, não surte – Rony pediu.

 

-Idiotas! – ela revirou os olhos e saiu de lá.

 

 Hermione entrou em seu quarto e trancou a porta. Há semanas ela vinha investigando e rastreando uso de magia na Europa, e ao constatar que nenhum dos quatro estavam no radar, chegou a conclusão mais óbvia do mundo: Eles estavam viajando do modo trouxa.

 Ela certamente não era idiota. Perguntava-se agora como ninguém tinha chegado a essa conclusão ainda. Trem, carro ou até avião.

 Pegou um enorme mapa e o estendeu na cama. O mapa estava todo riscando com caneta permanente, marcando um possível trajeto. Gina era esperta, mas encaremos a realidade, ninguém é mais esperto que Hermione Granger.

 

-Mônaco, com certeza – ela murmurou para si mesma – Porque eu não comprei aquela conversinha furada do primo do Zabini.

 

 ***

 

 No dia seguinte fomos, logo cedo, para a Praça dos Heróis, o Hosok Tere. Um dos pontos turísticos de Budapeste, sem dúvida. Uma colunata de trinta e seis metros de altura se estende no meio da praça. Nela está representadas famosos da guerra, reis, e por fim, no topo, o anjo Gabriel.

 Em frente a praça ficam a Galeria de Artes e o Museu de Belas Artes, lugares que visitamos. Ficamos quase a manhã toda ali, na praça e na galeria. Tirei dezenas de fotos e comecei a descobrir um Draco Malfoy diferente. Eu ainda não tinha achado nada de diferente nele, e também não sentia mais que algo estava errado. Mas isso não significava que eu tinha me esquecido. Não, eu dificilmente esqueço as coisas.

 

 ***

 

-Nós precisamos lavar roupa – Star avisou enquanto saiam do restaurante – Sério, eu vi uma pilha de coisas no banheiro.

 

-Nem me fala – Gina resmungou, andando meio abraçado com Draco. Ela estava de tênis, então ele estava muito mais alto que de costume. Era meio bonitinho – Eu estou tentando ignorar isso sabe? Evitar.

 

-Nós precisamos lavar roupa – Star falou, rindo – É sério Gin, não me olhe assim. Eu sei que o hotel tem lavanderia...Então não vai ser tão difícil assim.

 

-E quem vai lavar a roupa? – Blaise fez a pergunta prática – Nós vamos fazer alguma aposta?

 

-Nada de apostas – Draco cortou – Por alguma razão – ele lançou um olhar para Gina – Eu sempre acabo lavando roupa.

 

-Você que é estabanado – Gina revirou os olhos – E rude!

 

-Não sou rude – Draco riu e parou de andar. Virou Gina de frente para ele e olhou nos olhos dela, sorrindo agora.

 

 Star e Blaise reviraram os olhos quando os dois se beijaram. É, uma pequena inversão de papéis. Eles pegaram um bonde para Buda. Já estavam tão acostumados que sabiam os horários de cor. Pararam em frente ao imenso Castelo de Buda. Andaram até a parte de trás do castelo, distraídos.

 

-Hei! – Star gritou – E se nós apostarmos uma corrida aqui? Até o topo da colina.

 

-E o ganhador... – Draco perguntou.

 

-Não lava a roupa – Blaise completou. Era impressionante como ele completava as idéias de Star. Automático – Agora!

 

-HEI! – Gina gritou quando os dois deram as mãos e dispararam – Não é justo!

 

-Vem! – Draco segurou a mão dela – Ou eles ganham.

 

-Perdedores! – Blaise zombou, pelo menos cinco metros na frente deles.

 

 Dois minutos depois a colina começou a ficar realmente íngreme, e eles começaram a ficar cansados. Blaise e Star tentavam correr, mas estavam andando. Draco tentou apressar Gina e apertou o passo, o que, obviamente, não foi uma boa idéia.

 Um segundo depois ele estava caindo. E levando Gina junto com ele. Os dois pararam alguns metros abaixo, sujos de terra e rindo. Gina, que estavam em cima de Draco, tentou se mover, mas desistiu. Ela apoiou a cabeça no peito dele e fechou os olhos, sentindo a respiração de Draco.

 No alto da colina, Blaise e Star estavam deitados no chão, rindo sem parar.

 

-Bem... – Gina falou sem fôlego, erguendo a cabeça e o encarando – Pelo menos não fui eu que cai. E você não pode me acusar.

 

-Sem comentários Weasley – Draco resmungou, nem pensando em se mover. Já sabia que ia doer muito.

 

  ***

 

 Voltaram de táxi para o hotel, porque pegar o bonde não era uma boa opção. Star e Blaise preferiram ficar na sala de televisão do hotel. Estavam ficando viciados em TV. Gina e Draco subiram de mãos dadas, rindo.

 

-Draco, fecha a janela? – Gina pediu, indo mexer em sua mochila – Estou com frio.

 

-Claro – ele deu um sorriso e andou até a janela.

 

-Bobão! – ela riu e bateu a porta do banheiro – Eu primeiro! – gritou lá de dentro, a voz abafada.

 

-Você tá de brincadeira comigo Weasley! – Draco esbravejou, tentando abrir a porta – Sério, você está de brincadeira comigo.

 

-Só porque você foi grosso – ela disse, ligando o chuveiro – Vou demorar ainda mais.

 

-Não vai mesmo... – Draco murmurou, andando irritado pelo quarto – Até parece que essa fechadura é mais difícil de abrir que a porta do dormitório feminino. Há! Não é mesmo!

 

 ***

 

 Gina fechou os olhos e deixou a água cair em seu corpo. Estava tão distraída que não ouviu a porta sendo aberta, só sentiu quando Draco pegou sua mão. Ele estava sorrindo de um jeito maldoso que ela não via há tempos.

 

-Pode cair fora daqui – ela o empurrou e fechou a cortina com força – Eu entrei primeiro Draco. E você não está convidado.

 

-Não, é? – ele perguntou e ela soube, mesmo sem ver, que estava sorrindo – Não ligo.

 

 Draco tirou sua roupa rapidamente, entrando no apertando banheiro logo em seguida. Gina deu um gritinho de pavor quando sentiu as mãos de Draco em seus ombros.

 

-Hei! – ela protestou, virando-se para ele – Você está cada dia mais folgado FDB.

 

-E você cada dia mais esquentadinha, Foguinho – ele sorriu. Ver Draco sorrir causava uma estranha sensação em Gina. Ela geralmente ficava petrificada, o estômago revirava e seu coração disparava.

 

-Esse lugar é pequeno – ela ergueu uma sobrancelha.

 

 A verdade é que os dois não ficavam juntos pra valer há um tempinho. Mesmo no trem, acabavam sempre dormindo juntos, mas sem dormirem juntos. Draco a beijou com força, entrando com Gina embaixo do chuveiro. Ela deixou que ele a erguesse, apoiando-a na parede gelada.

 Gina tirou o cabelo do rosto de Draco, observando-o em completo silêncio por alguns segundos. Os olhos dele estavam brilhando daquele jeito, de novo. Os olhos cristalinos sorriam junto com seus lábios. Ele estava perfeito. Gargalharam enquanto se beijavam, encharcados.

 Então os dois estavam tirando suas máscaras e estavam se entregando de verdade, sem negação. Era uma evolução, sem dúvida.

 Eles se beijaram de novo, e de novo. Com intensidade e força. Draco segurou a cintura de Gina, tentando se lembrar de alguma outra pessoa que o deixasse tão feliz quanto ela. Era impossível. Ninguém fazia aquilo além de Gina Weasley.

 Ele se segurou para não murmurar um “Eu te amo”, imaginando que era cedo demais para qualquer declaração barata. Ele podia estar certo...Ou não.

 

 ***

 

-Meu Deus! – Star arregalou os olhos para o namorado – Você viu o chute que aquele homem levou? Como uma coisa assim pode ser considerada...Esporte?

 

-Vai entender os trouxas...Luta livre, sei – Blaise sorriu e passou o braço sobre o ombro da namorada – Eles são uns estranhos.

 

-Eu vou precisar de uma TV quando chegar em casa. É tão divertido – Star sorriu – Hei, o quarto está muito silencioso – ela olhou apreensiva para a porta – Nós demoramos tanto assim?

 

-Umas três horas – Blaise consultou o relógio – Se eles saíram eu vou...

 

-Não saíram não – Star sussurrou, encostando o ouvido na porta – Acho que escutei uma respiração. Não um gemido – ela tranqüilizou o namorado – Mas definitivamente uma respiração.

 

-Deixa que eu vou na frente Chambinha – ele abriu a porta.

 

 Star estava dentro do quarto um segundo depois. Draco estava sentado na cama, as costas apoiadas na cabeceira. Gina estava acomodada no meio de suas pernas, lendo seu caderninho de anotações. Ela parecia relaxada enquanto Draco penteava seu cabelo, um ruivo brilhante e, aos olhos de Draco, a cor mais linda do mundo.

 

-FDB penteando o cabelo de Foguinho? – Blaise os encarou, desconfiados – O que foi que vocês fizeram hein?

 

-Idiota! – Draco revirou os olhos – O que vocês acham de irmos embora depois de amanhã, no trem das sete da manhã?

 

-Sérvia? – Star perguntou, sentando em sua cama.

 

-É – foi Gina quem respondeu – Nós podemos pegar um trem para a Sérvia e de lá Romênia. Estou vendo ainda, mas acho que compensa passar na Sérvia primeiro.

 

-Não fica fora de mão? – Blaise perguntou, sentando ao lado da namorada.

 

-Estamos de trem – Gina sorriu – Nada fica fora de mão – ela desviou os olhos de Blaise para a janela – Que horas são?

 

-Seis e meia – Draco respondeu, dando um beijnho no ombro dela – Seu cabelo está bom? Eu não sabia que pentear um cabelo dava tanto trabalho.

 

-Mulher sofre – ela se virou para ele, sorrindo – Vamos lavar roupa agora?

 

-Claro – Draco concordou. E ele podia recusar?

 

 ***

 

 Luna e Colin riram enquanto entravam no restaurante. Estavam quase na divisa da Áustria com a Hungria, o que deixava uma terrível dúvida: Para onde seguir? A noite estava agradável e ninguém passava muito frio. Eles pegaram uma mesa mais distante, querendo privacidade.

 

-Você viu a matéria de hoje, que ridícula? – Luna balançou a cabeça – Ainda estão nos procurando na França.

 

-Grandes aurores – Colin sorriu. Ele gostava do olhos azuis de Luna, principalmente agora que ela estava com delineador lilás.

 

 Ficava delicado e...Absolutamente lindo nela.

 

 ***

 

-Vou sair! – Hermione avisou Harry e Rony.

 

 Como sempre, estavam jogando videogame. Hermione revirou os olhos para eles. Assim que resolvesse o probleminha de Gina ia acabar com aquele negócio. Como ela odiava as musiquinhas e os barulhos de luta, sem falar dos resmungos dos dois.

 

-Trás comida – Harry pediu, sorrindo ao ver o bonequinho ser esmagado no videogame – Estou com fome.

 

-Faça comida então! – Hermione olhou brava para eles – Vocês estão me dando nos nervos. Não sei que horas volto.

 

-O que você vai fazer? – Harry perguntou, ainda olhando a TV.

 

-Visitar meus pais – Hermione mentiu. Como Harry continuou jogando, ela decidiu ir embora e não se irritar mais. Estava fechando a porta quando Rony se pronunciou.

 

-Trás comida! – ele pediu. Hermione bateu a porta com força.

 

 Na sala, Harry e Rony se encararam rapidamente, deram de ombros e voltaram a jogar.

 

-Droga – Rony resmungou – Caí no poço.

 

 ***

 

 Nós já tínhamos passeado pelo rio Danúbio pelos menos três vezes. Dezenas de embarcações turísticas saiam do cais na ponte Lánchid e flutuavam pelas águas geladas, mostrando a cidade de um ângulo único. Esses passeios duravam em média uma hora e eu gostava de andar pelo barco, olhando a cidade...Ou as cidades. Buda e Peste são a mesma coisa, eu sei, mas me davam a impressão de serem duas. Não sei se por causa do rio Danúbio, que as separava, ou pela forma como o sol brilhava em casa uma das partes de Budapeste.

 Naquela noite, depois de ter lavado roupas e mais roupas, saímos do hotel para a ponte Lánchid. Dava para atravessar a pé aquela ponte e nós também já tínhamos feito isso. Na ocasião, fomos para Buda e andamos por passagens subterrâneas no Castelo de Buda. Quase dez quilômetros de caminhada e um frio de rachar, mas foi divertido.

 

 ***

 

-Nossa, quanto turista – Star reclamou, as duas mãos apoiadas em um dos ombros de Blaise. Ela parecia uma boneca de mau jeito – Eu não sabia que a ponte era tão cheia assim de noite.

 

-Eu quero ver a cidade de noite – Gina explicou, andando apressada – E a última embarcação sai oito horas.

 

-Que horas são? – Blaise perguntou para Draco.

 

-Cinco para as oito – Gina gritou – Corre gente!

 

 O barco estava quase zarpando quando os quatro chegaram. Com mau humor, o condutor deixou que eles subissem. Poucos turistas, e todos eram casais. Não seria um passeio barulhento, com certeza. Star e Blaise sentaram em uma ponta, dividindo um banco vermelho macio.

 Gina andou até a grade, observando Buda. Ela sentia uma ligação inexplicável com o Danúbio, como se ele estivesse acompanhando sua viagem.

 

-Tudo bem aí? – Draco sorriu, parando do lado dela –Não está com frio?

 

-Não – Gina balançou a cabeça, olhando-o por um segundo.

 

 Draco colocou uma das mãos na cintura dela. Os dois ficaram ali, apoiados na grade e apoiados um no outro. Viram Buda, depois Peste. Star e Blaise tiraram dezenas de fotos, rindo alto e incomodando todo mundo.

 Draco olhou Gina e murmurou um inaudível “Eu te amo”. Ela não ouviu. Sorrindo, ele a beijou.

 

 ***

 

-Você demorou uma vida Hermione Granger – Fred e Jorge Weasley falaram juntos, assim que Hermione aparatou na porta da loja deles, no Beco Diagonal.

 

-Vocês e esses textos decorados – Hermione sorriu para eles – Prontos?

 

-Mais que prontos – Fred sorriu animado.

 

-Gininha vai nos dever para sempre – Jorge falou para os dois. Ele, assim como o irmão gêmeo, estava inegavelmente animado.

 

-Se ela ouvir você chamando ela de Gininha – Hermione riu – Vai matar vocês.

 

-Chave de portal – Fred pediu e Hermione entregou uma pena roxa para ele – Sai em dois minutos.

 

 Os três tocaram a pena, e foram sugados.

 

 ***

 

-Nossas meninas nesse mundo perigoso – Xenofilius Lovegood estava falando para Arthur e Molly Weasley – Fazemos tudo por elas, e elas fazem isso.

 

-Não vejo meu bebê há meses – Molly soluçou – E ela mandou uma única carta.

 

-Essa loucura precisa acabar – Arthur disse decidido – Dezenas de aurores estão em todos os cantos do mundo. Qualquer pontinho de magia está sendo vigiado.

 

-Eles não poderiam estar se passando por trouxas? – Xenofilius perguntou, curioso.

 

-Não! – os três responderam juntos, balançando as cabeças. De jeito nenhum as duas garotas conseguiriam ficar no mundo trouxa.

 

 Molly levantou, enxugando as lágrimas, e foi ver se o jantar já estava pronto. Nenhum de seus filhos tinha aparecido nos últimos dois dias, aqueles ingratos. Ela fungou. Sentia saudades de sua Gininha. A única filha que ainda morava naquela casa, agora que todos tinham suas casas e empregos. Bem...Morava tecnicamente.

 

 ***

 

 Pietro Zabini estava tendo uma ressaca imensa, depois de curtir por dois dias seguidos uma festa em Ibiza. A casa estava na maior escuridão, sem modelos desfilando, música alta e risadas. Os vizinhos estavam imensamente agradecidos pelo primeiro dia de paz no ano. Deitado no sofá, ele tentou lembrar-se da última vez em que passara a noite realmente em casa, sem nenhuma mulher e amigos.

 A porta da sala foi aberta com violência e três pontos de luz focaram-se nele. Pietro cerrou os olhos, tentando enxergar alguma coisa. A luz da casa foi acesa com um aceno de varinha, da garota.

 

-Isso é invasão – Pietro avisou, sentando-se no sofá e cruzando os braços.

 

-Oi Pietro – Hermione sorriu – Como vai?

 

-Oi – ele resmungou, ignorando completamente os dois ruivos imensos ao lado dela – Querendo matar as saudades?

 

-Não enche Pietro – Hermione revirou os olhos – Eu tinha treze anos.

 

-E gostou – Pietro sorriu malicioso, já recuperado do susto – Querem beber alguma coisa? Água, suco...?

 

 Ele estava sendo irônico, mas não esperava que os gêmeos aceitassem. Resignado, levantou e andou até a cozinha. Na sala, os três sorriram cúmplices.

 

 ***

 

-Credo! – Gina cobriu os olhos com as mãos – Que coisa violenta.

 

-Isso não pode ser um esporte – Star balançou a cabeça – Não mesmo.

 

-Isso aí! – Draco e Blaise comemoraram quando um dos lutadores foi ao chão – Luta livre é demais – Blaise balançou a cabeça, os olhos pregados na TV.

 

-Vamos embora? – Star sussurrou para Gina.

 

-Agora mesmo – Gina sorriu.

 

-Vai embora? – Draco perguntou, prendendo Gina em seu colo – Não vai não – ele sorriu e deu um beijo no pescoço dela, sentindo-se confortável tendo Gina sentada em seu colo.

 

-Só vamos pegar blusas de frio – Gina mentiu para ele.

 

-Então ta – Draco deu um beijo rápido nos lábios dela e soltou Gina. As duas amigas se olharam, rindo, e subiram as escadas correndo.

 

 ***

 

 Pietro deu uma golada em seu copo de água e encarou Hermione. Os gêmeos estavam sorrindo de um jeito assustador e Hermione limitava-se a olhá-lo. Ele colocou o copo na mesa e sentou do lado de Hermione, do outro lado da sala.

 

-Pietro, cai fora! – ela avisou, séria – Viemos falar sobre a Gina.

 

-Não sei nada de nada – ele levantou e voltou para seu lugar, bebendo a água de uma vez só – Não adianta me pressionarem.

 

-Não vamos precisar pressioná-lo – um dos gêmeos disse, ainda sorrindo – Acabei de colocar uma poção da verdade na sua água – Pietro arregalou os olhos, já começando a levantar para fugir.

 

-E estamos aqui – o outro gêmeo começou a dizer, apontado sua varinha para ele – Para garantir que você não vai fugir. Não somos idiotas Zabini.

 

-Por isso Pietro – Hermione sorriu, descontraída – Pode ir falando tudo. Como...Por exemplo, quando foi que os viu? E qual foi a última notícia que recebeu? - sem saída, Pietro começou a contar tudo o que sabia.

 

 ***

 

-Vou escovar os dentes – Star avisou e entrou no banheiro.

 

-Acho que a minha camiseta está na mochila do Draco – Gina reclamou, suas coisas viviam se misturando com as dele. Ela tirou as roupas e começou a conferir – Hei Star você viu minha... – as mãos dela se detiveram em uma coisa.

 

-Quê? – Star perguntou – Não te ouvi.

 

-Nada não – Gina respondeu, a voz falhando.


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N/A - Esse foi o maior cap de Eurotrip até hoje. É que era tanta coisa pra por, e eu nao queria jogar no outro cap. Nao consegui acabar o 36, não me matem. As aulas voltaram com tudo...To cheia de coisa pra fazer. Cap 36 sai até domingo, garanto. Vou escrever o máximo que puder todos os dias.

Cena do banho para a Dyah_Malfoy e a Rhannah_Brasil, que pediram. Viu meninas, quem tiver mais idéia pode ir mandando.

Próximo cap eles vão estar chegando na Sérvia. Vai chamar "Até Hermione Granger pode mentir". Muitas perguntas, todas serão respondidas no 36.

É isso, queria agradecer as meninas da Campanha Posta Lali. Muitooo mara isso. E todas as meninas que comentam, dão ideias ou só dão uma passadinha mesmo. Vcs me animam muito pra ficar acordada de madrugada escrevendo.

Comentem bastante...Cap 36 chegando.

Muito obrigada todas vcs e beijinhusssssssssssssssssssssssssss

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