O frio de Varsóvia
26º capítulo – O frio de Varsóvia
-Que porcaria é essa Ginevra? – Draco perguntou enquanto eles paravam em frente a uma das dezenas de barraquinhas da rua em que estavam.
Eles tinham descoberto que quase todas as ruas centrais tinham barraquinhas, e que as comidas típicas que se compravam nelas eram boas e baratas.
-Semente de girassol – ela respondeu distraída, consultando o caderninho e vendo qual seria a próxima parada. Ela ergueu a cabeça e o observou, falando num polonês capenga com a senhora que cuidava da barraquinha.
O frio era tão intenso que eles pareciam três vezes maiores por causa das roupas todas. Depois do natal Gina e Draco tinham melhorado a amizade em muito, mesmo sem beijos e encontros noturnos. Eles saiam o dia todo, e quando voltavam estavam cansados demais para qualquer coisa.
O plano era ficar dois dias, mas tinham passado o ano novo no hotel. Muitas queimas de fogos e champanhe. Para a decepção de Draco, Gina não subiu para o quarto com ele, só continuou papeando com os franceses que ficavam no quarto ao lado.
-Dois de janeiro – Gina murmurou, sorrindo sozinha. Varsóvia era melhor que o esperado, e a neve estava perigosa demais para que eles saíssem de lá.
-Será que a neve vai diminuir nas estradas? – Draco perguntou enquanto os dois voltavam a andar – Vamos ter que colocar correntes nas rodas.
-É seguro ficarmos mais um ou dois dias – Gina respondeu – Não pensei que o inverno fosse ser tão ruim aqui. Mas onde eu estava com a cabeça? Estamos na Polônia.
-Então o frio congelou completamente tudo? – Draco perguntou sugestivo, oferecendo o que estava comendo para ela.
-Não obrigada – Gina recusou – Não diga besteiras FDB. Aquela noite no natal foi...
-É, você tem razão – ele deu de ombros – Nós só transamos.
-Será que você não poderia gritar mais? – ela perguntou mortificada – Você é um grosso, sabia disso?
-Eu que sou? – ele a encarou incrédulo. Os dois pararam de andar – Desde a noite em que dormimos juntos, depois no natal, você nunca mais ficou perto de mim. E então nós ficamos presos aqui por causa da neve, e você foi ficando cada vez mais longe. Será que você poderia explicar Foguinho?
-Você não entenderia – ela deu de ombros e suspirou – Eu não vou começar uma aventura qualquer de verão e me arrepender depois. Nós não somos almas gêmeas, nem feitos um para o outro.
-Eu sei disso – a voz dele saiu baixa, séria – Nós somos Draco e Ginevra, certo? E assim que pisarmos em Londres você vai voltar para o Daniel.
-Daniel? – ela perguntou magoada – Acha que eu ficaria com ele depois de tudo?
-Acho – ele respondeu irritado, voltando a andar rapidamente.
Gina cruzou os braços enquanto o via partir na rua apinhada de turistas. Star e Blaise tinham ficado no hotel, dormindo. Não devia ser mais de dez da manhã afinal, e ela só tinha saído porque Draco insistira.
Não sabia se agüentaria mais dois dias em Varsóvia, suportando Draco. Ela não queria se envolver mais do que tinha se envolvido, não daria certo de qualquer forma. E quando se deu conta já estava passeando na Rynek Starego Miasta, a praça central da Cidade Velha. Varsóvia era dividida entre Cidade Velha e Cidade Nova. Os quatro já tinham ido lá umas quatro vezes. A praça era cheia de pombos e tinha uma feirinha. Sem falar na estátua da Sereia de Varsóvia, bem famosa.
Varsóvia agora já era tão conhecida que Gina poderia andar de olhos fechados. Enquanto olhava a praça lembrou-se dela e de Draco ali, dois dias atrás, os dois conversando sobre os prédios altos e parecidos que ficavam ao redor da praça. E Star com a câmera na mão, fazendo horrores.
***
A Cidade Nova era divertida e cara, mas comemos comidas típicas como carne de frango e peixe. Eu e Star nos enchemos de vinho enquanto Draco e Blaise bebiam a cerveja local. Eles juraram que é melhor que a cerveja alemã, mas eu acho que não dá para comparar tudo realmente. Mesmo com a neve nos sentamos em um restaurante ao ar livre para almoçar.
Na Cidade Velha exploramos os bares e os restaurantes, as lojas de artesanato e as galerias de arte. Tudo lindo e até conseguimos comprar algumas coisas. Então mesmo estando brigada com Draco, eu não podia deixar de me maravilhar com tudo aquilo. Com as cores do céu, e o brilho puro da neve. As avenidas também eram lindas. Espaçosas, longas e arborizadas. Não dava para não se apaixonar por aquela cidade. Sem falar no ano novo, que foi comemorado no hotel. Festa para mais de trezentas pessoas. Acho que fui dormir seis da manhã, mais feliz do que estive minha vida toda. Mas não teve beijo na meia noite. Nem encontros. Nem nada.
***
Draco continuou olhando nervosamente para a entrada do hotel. Ele estava no saguão há mais de duas horas, sentado em uma poltrona e esperando Gina aparecer. Agora, pensando bem, se sentia um idiota por ter discutido com ela daquela forma. Os dois não tinham nada, nem mesmo precisavam discutir a relação. Blaise e Star estavam trancados no quarto, e quando Draco bateu na porta para dizer que Gina não tinha voltado, eles nem mesmo se deram ao trabalho de abrir a porta.
-Vai mentir para outro Malfoy! – Blaise gritou para ele.
Então agora ele estava ali, enlouquecendo porque aquela maldita não aparecia. Depois do que pareceu uma eternidade ela apareceu. Estava com um cara enorme, inglês pelo sotaque, e algo estava errado.
-O que foi? – ele perguntou aflito, vendo a cara dela de dor.
-Caí no gelo e torci o pulso – Gina choramingou.
-Droga – Draco murmurou baixinho, sentindo-se culpado – Vem, eu vou fazer um curativo lá no quarto.
-Não precisa – o inglês puxou Gina calmamente para seu lado – Eu ajudei a senhorita Weasley lá fora, sou hóspede daqui. E médico.
-Que bom – Draco cruzou os braços, sem conseguir esconder a irritação.
Ele estava quase rangendo os dentes quando o homem subiu com a chorosa Gina pelo elevador.
***
Gina se despediu de Gregory e pegou o elevador de novo. Sua mão já estava devidamente enfaixada, e quase não doía agora. Um pouco hesitante, ela parou na porta de seu quarto. Sabia que Star provavelmente estaria trancada com Blaise no outro quarto, mas não tinha jeito.
-É uma e meia da tarde – Draco comentou, mal humorado – Enfaixou o corpo inteiro?
-Estúpido – Gina suspirou, tirando o cachecol e caindo em sua cama – Você me deixou sozinha lá Malfoy. Nem olhou para trás.
-Você me tira do sério – ele reclamou, ainda deitado na cama de Star – Age como se fosse uma estranha. Você ainda não percebeu que deixamos de ser estranhos há algum tempo?
-Não estou negando isso – ela suspirou de novo – Mas você precisa parar de ter tantas defesas. Você só ataca, o tempo todo.
-Eu sei – ele assumiu, sem graça – Eu vou melhorar meu temperamento.
-Tudo bem – ela bocejou.
-Está doendo? – ele se levantou e ficou em pé do lado dela.
-Só um pouco – Gina fechou os olhos – Fecha as cortinas? Vou dormir.
Draco fechou as cortinas e colocou mais cobertores em cima dela. Depois saiu do quarto sem fazer barulho, com a consciência pesada. Ele estava se culpando pelo machucado. E não ia se perdoar tão cedo.
***
Gina acordou meia hora mais tarde, com um estranho barulho no quarto. As luzes estavam acesas, porque a cortinha escondia a pouca luz daquele dia nublado. Ela se sentou na cama e arregalou os olhos.
-Almoço – Draco sorriu – Suas coisas preferidas.
-Meu Deus! – ela saiu da cama animada e olhou a mesa que Draco tinha colocado no quarto – Miojo com shoyo e sorvete de limão e morango.
-Para você não dizer que nunca fiz nada por você – ele sorriu e se sentou de frente para ela – Deu trabalho, mas eu enchi tanto a paciência dos cozinheiros do hotel que eles acabaram cedendo.
***
Naquela noite, quando os quatro saíram do hotel, estavam com muito bom humor. Star estava armada com a câmera fotográfica e não parava de importunar todo mundo. Eles pegaram um táxi e foram para a Cidade Velha.
-Vocês demoraram tanto para sair do quarto – Gina riu – Eu estava me preocupando.
-Garanto que não fizemos nada ruim – Blaise falou, segurando a mão de Star – Não é mesmo Little?
-Claro que não – ela bateu uma foto de Draco, que lançou um olhar mortal para ela.
-Eu vou quebrar isso – ele avisou.
-O FDB tá com TPM de novo – Gina zombou. Depois do almoço eles acabaram relaxando, não que tenha evoluído para alguma coisa.
Só ficaram conversando e rindo, aproveitando o frio para não fazerem absolutamente nada. Tinha sido uma tarde interessante. Ela se dava conta de que os dois se conheciam cada vez mais, num caminho inevitável. A convivência muda tudo.
-E a Foguinho está toda engraçadinha – Draco riu.
-Gina o que é FDB? – Star perguntou enquanto eles esperavam o jantar chegar – Filho de Bombom? Fui Dar Bem?
-Fudidos Dão Bem? – Blaise entrou na brincadeira.
Gina riu tanto que quase se engasgou com o refrigerante. O restaurante, razoavelmente chique, estava com os olhos na mesa mais animadinha. Draco cruzou os braços e ficou emburrado.
-Ele tem cinco anos – Gina balançou a cabeça, com uma fingida tristeza – Olha como faz bico e fecha a cara?
-Fazedor De Briga? – Blaise continuou – Fui Desesperado Bater? Filhinho da Benção? – as duas meninas estavam chorando de rir, e Draco estava cada vez mais irritado – Vamos Gininha, eu estou morrendo de preocupação.
-Eu...Não...Consigo...Falar – Gina gargalhou.
Draco levantou da cadeira abruptamente. Os três estavam rindo tanto que nem perceberam quando ele foi enfezado para o banheiro.
-O FDB estressou – Blaise gargalhou mais ainda – Gina vai atrás dele.
Gina o encontrou no corredor para os banheiros. Ele estava encostado na parede, encarando o nada. Ela sorriu divertida e parou de frente para ele. Quando Draco a encarou, naquele segundo, um choque elétrico percorreu todo o seu corpo. Gina estava deliciosa, os lábios levemente vermelhos, os olhos verdes soltando faíscas em sua direção.
Draco estava com uma camisa azul marinho de manga comprida, e um jeans escuro. Gina usava um blusa toda bordada com pequenos cristais, verde, e a saia preta com a meia calça da mesma cor. Os sobretudos deles tinham ficado na entrada, todos pretos.
Ele deu um passo na direção dela, tão ávido por um beijo quanto um sedento no deserto. E o beijo foi explosivo, magnífico. Draco a apertou com força, beijando com intensidade e sendo correspondido da mesma forma.
-Vocês se perderam no caminho? – Star perguntou com uma falsa inocência, encarando os dois.
-O jantar chegou? – Gina perguntou com um sorrisinho, sentando-se – Eu estou morrendo de fome.
-Nós fazemos idéia – Blaise e Star falaram juntos.
***
Quando entraram no hotel, cansados e felizes, Star e Blaise foram correndo para o elevador. Pretendiam dormir juntos e deixar os dois se acertarem. Era impossível negar a química que acontecia entre eles. Os sorrisos que trocavam.
-Nós fizemos bem em não contar nada – Star falou para o namorado.
-É, você tem razão – Blaise sorriu, abrindo a porta de seu quarto – A convivência fez maravilhas que sete anos em Hogwarts não fizeram.
-Seis, para os dois pelo menos – Star o corrigiu.
-É – Blaise tirou gentilmente o sobretudo dela – Agora vamos nos esquecer deles – ele beijou o pescoço dela de leve – E vamos nos concentrar em nós dois.
***
-Acho que eles vão querer um quarto – Gina comentou, os olhos baixos. Ela ainda tinha toda a pele arrepiada, sensações do longo beijo que trocaram no restaurante.
-É – a voz de Draco estava mais baixa que o normal. Ele já tinha chegado a conclusão de que brigara com ela, naquela manhã, simplesmente porque não podia resistir a Ginevra Weasley.
Talvez aquilo estivesse ali há anos, a pequena sensação de química infalível com beijos tão gelados e tão quentes. Draco riu sozinho, frustrado. E então ele e Gina se olharam de novo, e tudo aconteceu novamente.
Em um segundo ela estava prensada contra a parede que ficava ao lado do elevador, e os lábios dele estavam passeando por sua mandíbula, por seu pescoço. Ela fechou os olhos, sentindo tudo rodar. Quando os abriu de novo, eles já estavam saindo do elevador, ela nem se lembrava de ter entrado nele, e os dedos de Draco eram tão macios contra sua pele que ela queria gritar.
Foi um caminho longo, mas que eles não conseguiram sentir. Eles caíram juntos na cama macia e recém arrumada pela camareira do hotel. Dedos ávidos, lábios cheios de pedidos.
-Meu Deus – ele arfou, sem fôlego, enquanto arrancava a blusa dela – Você é tão perfeita.
Não era uma mentira, era a verdade mais simples que ele dissera a vida inteira. E enquanto eles ficavam juntos mais uma vez, só a segunda, mas uma vez tão cheia de significados que Gina ficou sem palavras. Ela não sabia o que sentir, ou pensar. Era tudo junto, tudo aquilo.
E os dois se perderam.
***
Quando ela abriu os olhos, na manhã seguinte, a primeira coisa que sentiu foi a mão de Draco pousada em sua cintura. Com um leve sorriso, Gina se levantou e correu para o banheiro. Star estava cheia de planos para o dia, e apareceria a qualquer momento. Ela ligou o chuveiro e deixou a água correr leve e quente por seu corpo.
***
Draco ficou em silêncio observando Gina enquanto os quatro dividiam uma carruagem, daquelas bem antiquadas mesmo, na Cidade Nova. Outras carruagens passavam por eles, apinhadas de turistas com suas câmeras na mão. Draco riu ao ver Gina tirando mil fotos da rua de Nowe Miasto, onde estavam passando naquele instante.
Tinha sido meio frustrante acordar e vê-la trocada e tão gelada quanto a neve, mas ele também não ia insistir, acordá-la com beijinhos e abraços. Então só tomou um banho, se arrumou, e a tratou como sempre. Foguinho e FDB. Pelo visto iam ser isso para sempre.
-Meu, a gente tá em uma carruagem no meio de Varsóvia – Blaise balançou a cabeça, sorrindo – Inacreditável, não é?
-Você leu a última matéria da Skeeter? – Draco perguntou.
-Li sim. Ela disse que você e Gina pretendem se casar no Canadá – Blaise riu divertido – De onde ela tira essas coisas?
-Não sei – Draco suspirou irritado. O sol estava fraco, mas era melhor do que nada – Hei Foguinho – ele chamou, Gina parou de tirar fotos e se virou para olhá-lo – Nós vamos passar na praça Rynek Starego Miasta?
-Claro que sim – ela revirou os olhos – Como não vamos no único lugar em que fomos mil vezes desde que chegamos assim?
-Uma despedida da cidade? – Draco ergueu uma sobrancelha.
-Quase isso – ela suspirou, os lábios vermelhos virados em um sorriso radiante – Vou avisar o moço que está levando a carruagem que vamos para a Cidade Velha. A praça fica lá.
***
Passamos o resto da manhã na praça, visitando de novo as galerias e lojas. E tiramos fotos, dezenas de fotos. Acabamos almoçando por lá mesmo. Então saímos andando a pé, por avenidas e avenidas. Até chegarmos na estação de metro, na praça Bankowy.
***
-Ginevra, olha isso – Draco puxou o braço dela levemente – Acho que aquilo é uma passagem subterrânea.
-Como é? – Gina perguntou confusa, andando pela estação de metro.
-Ali – Draco apontou animado – É uma passagem, vamos ver o que tem lá embaixo.
Cautelosos, os quatro desceram a passagem. Ela ficava bem rente à estação de metro e parecia exclusiva. Lá embaixo encontraram uma doceria. Gina quase abraçou Draco pela descoberta.
-Ai meu Deus! – Star olhou deliciosa a doceria – Olha quanta coisa!
-Eu vou me acabar – Gina sorriu, entrando na loja com Star.
-Como foi que você achou isso? – Blaise perguntou para Draco, os dois parados na porta, sem entrar na doceria – Eu passei por lá e não vi nada.
-Bem... – Draco abaixou a voz – Não vá falar nada, mas eu andei perguntando para o recepcionista do hotel se ele sabia de algum lugar legal.
-E você fez isso por quê? – Blaise o olhou desconfiado por um segundo, depois um sorriso zombeteiro cobriu seu rosto – Não me diga que você quis agradar a Gina.
-É claro que não – Draco disse revoltado – Eu só estava curioso.
Blaise balançou a cabeça, sem acreditar nele, e entrou na loja. Draco entrou logo em seguida, ainda irritado. Mas é claro que a intenção era mostrar para Gina, mas Blaise tinha que descobrir tudo tão rápido assim?
-Muito bom – Gina e Star falaram juntas para os dois, mordendo, cada uma, um pãozinho recheado.
-Parece mesmo – Blaise falou rindo.
Draco sorriu sozinho, percebendo que nunca tinha sido tão feliz com coisas tão pequenas. Tudo bem, ele não estava viajando em primeira classe...Mas estava descobrindo coisas incríveis, estava se divertindo.
Ele e Blaise também começaram a comer, enquanto a moça da loja tentava conversar com eles em um inglês confuso. Gina não parava de sorrir, e Star estava com a câmera. Então eles fizeram poses. Gina e Draco rindo, Blaise e Draco conversando, Star apontando a vitrine, Gina e Star se abraçando e sorrindo, Gina e Draco se observando...Blaise beijando Star. A menina de loja tirou algumas fotos dos quatro juntos também.
O plano agora era simples. Chegar no hotel, curtir uma última noite e então partir. O próximo país seria a Ucrânia. Eles pegaram um táxi, duas horas depois, se enfiaram em um quarto e ligaram o aquecedor no último. Jogaram pôquer e apostaram alto. Como sempre apostavam.
Claro que alguém perdia...Mas todos também ganhavam. Como a viagem. Uma aposta alta e arriscada, mas que tinha trazido lucro. Que tinha formado um grupo de amigos. Porque eu sei, como todos sabem, que Foguinho, FDB, Little e Blaise são um grupo imbatível. E garanto que, logo logo, saberemos o que FDB quer dizer.
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