Hogsmeade (reescrito)

 

 

Capítulo 4 - Hogsmeade

 

                  Algumas semanas depois do início do ano letivo, as coisas em Hogwarts entraram em uma espécie de rotina: James se esforçava para não ser convencido demais, e Lily se esforçava para não mostrar que estava ficando impressionada com a nova atitude dele. Jessy tentava se arrumar para chamar a atenção de Sirius, que continuava ignorando a existência dela e se exibindo para Nicole. Emilly tentava não se estressar com os chiliques diários de Jessy e se tornava cada vez mais próxima de Anton. Alice ficava o tempo todo grudada em Frank, e eles pareciam ter o objetivo de transformar o maior número de pessoas em velas no menor espaço de tempo possível. Além disso, todos os professores pareciam competir entre si para ver quem conseguia passar mais deveres de casa, e a pilha de trabalhos por fazer dos alunos do sétimo ano só aumentava.

                   Mas todos sabem que Hogwarts não é um lugar onde a rotina permanece, e logo um aglomerado de estudantes em frente ao painel de avisos do Salão Comunal anunciava algo que poderia quebrar a rotina da escola. Emilly e as amigas abriram espaço entre os pirralhos para ver o que os deixava tão agitados.

                - Marcaram o primeiro passeio para Hogsmeade! - gritou Alice assim que leu o cartaz. - Vai ser esse final de semana.

           - Melhor ainda: os búlgaros bonitinhos e as francesas chatas também vão. - disse Emilly, e as amigas se afastaram do cartaz para dar espaço aos outros alunos.

                - Por que dona Emilly? Você está com planos de levar algum búlgaro bonitinho? - perguntou Lily.

                - Não sei... Mas se algum búlgaro bonitinho quiser me levar...

 

**

 

                    Emilly normalmente adorava aulas de feitiço em dupla, mas estava detestando aquela. Estavam tendo aula junto com a turma de Beuxbattons e nada estava correndo bem. Alice havia se juntado com Frank e Lily se sentara com Pierre, provavelmente só para provocar Potter (embora Lily nunca fosse admitir isso). Resultado: Jessy sobrara para Emilly.

                  Mas o pior não era isso, o pior era que Sirius Black resolvera se sentar com Nicole, aquela francesa metida a besta. É claro que não era da conta dela com quem Black se sentava ou deixava de se sentar, mas aparentemente era da conta de Jessy, porque a garota passou a aula toda de cara fechada, resmungando e encarando a mesa de Sirius. Emilly estava começando a pensar que, se todo ser humano tem uma missão divina, então com certeza a missão de Jessy era irritá-la.

                  No inicio, a morena costumava tolerar as crises de Jessy, quando tudo era apenas uma paixonite idiota que deveria passar em pouco tempo, mas quando os sentimentos de Jessy evoluíram para essa obsessão irritante e doentia, a paciência de Emilly (e de todos que conviviam com Jessy) ficava cada vez menor.

                 - Ok, Jessy, já entendi. A francesa é uma vadia porque ela não deveria chegar perto do seu precioso Sirius e blá blá blá. Pode calar a boca agora e se concentrar na aula? - Ela sussurrou, irritada.

                  - Não seja chata, Emilly, até você devia ficar incomodada com isso! Olha como essa francesinha idiota está agindo, se oferecendo pra ele e...

                  Tarde demais, Emilly nem ouviu o final da frase. Sem saber o porquê (talvez uma reação instintiva, ou curiosidade), ela viu pelo canto dos olhos os dois sentados a algumas mesas de distância. Por mais que fosse difícil admitir, Jessy tinha razão. Nicole se comportava como uma vadia, oferecida e insinuante, e olhava para Sirius como se ele fosse um pedaço de carne. Mas o pior de tudo é que ele parecia corresponder às insinuações dela.

                Uma raiva inexplicável começou a se apoderar dela, e Emilly tratou de arrumar uma explicação. Estava com raiva porque Nicole agia tão perfeitamente igual a Jessy ou qualquer uma das idiotas que perseguiam Sirius e era tão obvio que ela estava exatamente no mesmo nível delas, que não fazia o menor sentido o fato de Sirius parecer tão... amigável com ela. Só porque ela tinha os cílios longos e fazia um biquinho ridículo para falar, ele devia achá-la linda. E, francamente, ela nem era realmente bonita. Emilly não podia acreditar que Sirius descera tanto o nível.

                   É claro que ela já vira Sirius Black paquerando várias garotas (quem de Hogwarts nunca vira?), e algumas delas eram bem vadias, na opinião de Emilly, mas nenhuma delas era tão superficial quanto essa Nicole, normalmente ele tinha um gosto um pouco melhor... Não que Emilly estivesse preocupada com quem ele paquerava, é claro que não! Mas, por um motivo que ela não sabia explicar, a cena dele sentado com aquela francesa simplesmente não parecia certa. De qualquer jeito, Emilly se recusaria a dar razão para Jessy.

                   - Eu não estou interessada na vida amorosa dele, Jessy. Por mim, Black pode ficar com quantas vadias francesas ele quiser. E acho que você não devia estar também, afinal, você não é nada dele, não é? - ela disse, cortante, fingindo não ter tirado os olhos da lição.

                 - Como assim, não sou nada dele? Eu sou o amor da vida dele, Emilly! - resmungou Jessy, indignada, e continuou tagarelando sobre como Nicole iria se arrepender por ter chegado perto de Sirius e coisas idiotas do gênero. Emilly suspirou, desistindo de fazer Jessy calar a boca e se resignando em revirar os olhos.

               Depois da aula de Feitiços, os grifinórios foram para as estufas ter a costumeira aula de Herbologia com a Lufa-Lufa, e a rotina talvez não estivesse tão quebrada assim. Ou não...

             Quando estavam saindo da aula de Herbologia, as garotas se depararam com um grupo de alunos de Durmstrang que estavam indo na direção oposta, para as estufas.

                - Emilly! - cumprimentou Anton assim que a viu.

              - Oi – ela respondeu, tentando esconder os resquícios de irritação pela aula de Feitiços. Resolveu puxar assunto. - Então, você já está sabendo sobre o passeio em Hogsmeade?

               - É exatamente sobre isso que eu queria falar. - ele disse, parecendo nervoso – Eu estava pensando se você não se importaria... se você gostaria de ir comigo. Você sabe, como em um encontro...

                - Claro! Vai ser divertido. - ela falou, com aquele seu sorriso que deixava os garotos babando.

               - Então te vejo lá – disse Anton, e saiu tropeçando como um bobo.

             - O que você faz, Emilly, - perguntou Alice, enquanto elas entravam novamente no castelo – que deixa todos os caras agindo feito idiotas?!

               - É meu charme natural, Lice, fazer o que?

 

                                                                                        **

 

              Durante o jantar, os Marotos estavam conversando animados sobre o passeio de Hogsmeade. Eles estava, sentados entre um grupo de Beuxbattons e um grupo de meninos do quinto ano de Hogwarts, que também pareciam falar sobre o passeio do fim de semana.

              - Vai ser demais, a gente vai passar na Zonko's e comprar um monte de foguetes e bombinhas, e aí vamos mostrar pra esses estrangeiros como os Marotos fazem as coisas por aqui – disse James, bagunçando seu cabelo.

             - Não contem comigo, eu vou ficar o dia todo na Dedosdemel, é a melhor loja de Hogsmeade – Peter falou de boca cheia, e os garotos riram.

            - Você sempre fica na Dedosdemel, Rabicho... - comentou Remus – Quanto a mim, eu vou aproveitar para comprar uma pena de repetição rápida, pra poder fazer o dever em menos tempo.

              - Aluado, você sabe que isso é contra as regras, certo?

            - E qual o problema? Eu nunca ia terminar meu dever do jeito normal. - os outros Marotos olhavam para Remus como se ele fosse um alien. Aluado quebrando as regras? Aquilo com certeza era memorável. - Relaxem, eu empresto a pena pra vocês.

              Sirius deu uma risada que lembrava um latido, típico dele, e apertou a mão de Remus em brincadeira.

             - Parabéns, Aluado, bem vindo à Associação de Desocupados e Negligentes!

             - Mas cuidado! - James fingiu afetação – uma vez que você começa a andar pelos caminhos sombrios e tortuosos da preguiça, não tem mais volta.

             Eles riram e deixaram o assunto morrer por alguns minutos. Foi o suficiente para que a conversa dos garotos do quinto ano ao lado deles ficasse audível.

             - Cara, quem se deu bem mesmo foi aquele Anton da Durmstrang. Eu ouvi dizer que ele vai pra Hogsmeade com a Emilly Carey.

              - Tipo, um encontro? Cara, ele é muito sortudo! A Emilly Carey é a maior gata da escola...

              Sirius não prestou atenção ao resto da conversa, porque ele quase derramara seu suco de abóbora quando ouviu aquilo. Que diabos? Quem aquele búlgaro pensava que era para chamá-la assim para sair? Jack Andrews, no ano anterior, tivera que passar quase um mês rastejando aos pés dela para conseguir marcar um encontro com Emilly, e olha que ele era um nerd da Corvinal! Aquilo não estava certo...

 

                  No dia seguinte, o boato que corria por Hogwarts não era mais sobre Emilly e seu encontro com o Búlgaro. O novo boato saíra de um grupo de garotas de Beuxbattons, ou melhor, saíra da boca de uma francesa loira chamada Nicole, que durante o café da manhã contava para quem quisesse ouvir:

                 - Sabem quem aquele bonitão de Hogwarts, o Sirius Black, chamou para ir à Hogsmeade com ele? Isso mesmo: moi!

                 É claro que aquilo se espalhou igual praga em plantação de abóbora, e não demorou a chegar nos ouvidos das meninas. E, como não podia deixar de ser, a fofoca fez Jessy sair do seu nível normal de chatice e passar para um estado de histeria e depressão incontroláveis. Ao final do dia, ninguém a aguentava mais. Lily estava usando um livro para ignorar o mundo, como ela sempre fazia quando Jessy ficava assim, e Alice fingia que estava fazendo uma tarefa atrasada enquanto cantarolava para tentar abafar a voz de Jessy. Emilly não teve tanta sorte: todas as suas tarefas estavam em dia e ela não tinha o dom de ignorar o mundo enquanto lia como Lily. Ela teve que se resignar a tentar dormir, com Jessy resmungando na cama ao lado, e acabou tendo um pesadelo horrível com Sirius beijando a vadiazinha da Nicole. Foi terrível!

 

                                                                                       **

 

              O final de semana chegou surpreendentemente rápido, e logo vários alunos estavam no portão da escola, esperando as carruagens sem cavalos que os levariam para Hogsmeade. Depois que Alice, Frank, Lily e Jessy entraram numa carruagem, Emilly ficou sozinha com Anton esperando oura carruagem. A conversa entre eles fluía leve a agradável, como sempre, mas eles pareciam não ter muitos assuntos em comum.

               - Olha, tem uma carruagem chegando bem ali! - Emilly falou, apontando para uma carruagem que estacionava do lado oposto ao que eles estavam. Os dois andaram até lá, enquanto eles viam ao longe duas pessoas entrando na carruagem. Anton se aproximou primeiro da porta, e perguntou aos ocupantes se os dois lugares restantes estavam vagos.

               - Claro, pode entrar. - respondeu uma voz que Emilly reconheceria em qualquer lugar. Sirius Black. Que droga!, ela pensou, agora teria que aturar a francesa nojenta até Hogsmeade.

               Anton e Emilly entraram na carruagem, sentaram-se de frente para o outro casal, e a carruagem partiu. Os quatro logo começaram a conversar sobre música.

              - Eu acho que o Slaxy não devia ter saído das Bruxas de Salém, ele era o melhor... - falava Nicole.

              - Discordo, o Axon é muito mais talentoso, ele é totalmente a alma da banda. - discordou Emilly.

             - Mas eles nunca vão achar alguém que toque guitarra igual o Slaxy, ele é muito foda – falou Sirius, com cara de quem só queria contrariar.

              - É, mas eles acham alguém que toque parecido, agora você acha que tem alguém que escreve letras melhor que o Axon? Duvido, Sirius.

              - Mas eu não estou dizendo que o Axon devia sair, estou falando que o Slaxy devia ficar! - retrucou Sirius.

              - Só que ele nunca ia ficar depois da briga que eles tiveram, né!

              - E a briga foi culpa do Axon, é o que todos dizem.

           - E todo mundo sabe que isso é mentira – falou Emilly, cruzando os braços. Vendo que aquilo não ia levar em nada, Anton tentou mudar de assunto.

              - Vocês estão acompanhando a Liga dos Campeões de Quadribol da Europa?

            - Claro! - falou Emilly, voltando a sorrir. - Estou torcendo pras Harphias, mas eu acho que o time da Bulgária, os Abutres de Vratsa, tem alta chance de ganhar.

            - Que isso, Emilly, os Tornados de Tutshill estão vários pontos na frente dos Abutres, eu duvido que a Bulgária vença essa ano. Sem ofensas, Anton. - Sirius falou, e Anton murmurou um “tudo bem”, abafado pelos protestos de Emilly.

           - Os Tornados não ganham a Liga por tanto tempo que nem o Dumbledore se lembra da última vitória deles, e os Abutres tem o Ivan Krum no time deles, ele é um dos melhores apanhadores por aí.

              - E daí? As Vespas de Wimbourne têm o Ludo Bagman e estão beirando a segunda divisão.

             - Eu acho que a Bulgária vai ganhar. - disse Emilly, levantando uma sobrancelha.

            - Eu acho que a Bulgária vai perder. - ele falou, e os dois ficaram se encarando, absorvendo o duplo sentido daquela última parte do diálogo. Sirius realmente esperava que a Bulgária, ou melhor, que o búlgaro perdesse. Emilly se perguntava por que ele se importava com Anton, se ele tinha uma francesa metida ao lado dele.

            Os quatro deram graças a Merlin quando a carruagem finalmente chegou a Hogsmeade. Sirius levou Nicole em uma direção, e Emilly resolveu mostrar o vilarejo para Anton tomando a direção oposta.

            Sirius e Nicole se divertiram muito. Ele se ofereceu para comprar um doce para ela na Dedosdemel (ela recusou porque disse que não queria ficar gorda), ele foi ao Três Vassouras com ela, o lugar mais badalado do vilarejo (ela achou o lugar sujo e fedorento), ele mostrou a casa dos gritos para ela (ela ficou morrendo de medo e não quis chegar perto), ela tentou arrastá-lo para a casa de chá fofinha e rosa, e ele não aguentou ficar lá por nem dez minutos. Resumindo, foi um passeio dos sonhos.

                 Eles acabaram decidindo almoçar no restaurante novo ao lado da Zonko's, mas assim que entraram no lugar, Sirius descobriu que fora uma péssima ideia: Emilly e o búlgaro sem sal estavam sentados ao lado da única mesa vazia do lugar. Fazer o que? Ele e Nicole se sentaram na mesa ao lado do casalzinho e logo foram atendidos por um garçom.

              Enquanto Nicole pedia suas saladas e comidas de passarinho, Sirius espiou a mesa ao lado pelo canto do olho. Emilly estava conversando e rindo com o búlgaro, como se ele fosse o cara mais interessante do mundo, e comia um sanduiche com batatas fritas que parecia muito mais gostoso que as saladas de Nicole. "Deixa de ser idiota, Sirius, para de pensar nessa menina!", ele se repreendeu em pensamento. Quando o garçom foi embora, ele começou a conversar com Nicole, e por alguns momentos pareceu que as coisas afinal ficariam bem.

               Na mesa ao lado, entretanto, Emilly achava que Nicole estava sendo atirada de mais para um lugar como aquele. A loira tinha a audácia de se inclinar na direção de Sirius e jogar aquele cabelo de um lado para o outro por cima do ombro como se estivesse arrasando! Ela decidiu que era melhor parar de se preocupar com aqueles dois e se concentrar no que Anton estava falando com ela.

               - Eu me diverti muito hoje – ele dizia, e ela sabia que quando os caras começavam a falar assim, é porque eles estavam prestes a fazer alguma coisa romântica.

                - Também me diverti muito – ela respondeu, meio sem graça.

               Ele fez menção de falar mais alguma coisa, mas pareceu não encontrar palavras, então ele simplesmente se inclinou para frente e a beijou. Foi algo rápido, só um toque de lábios, mas deu pra sacar que ele beijava bem. Contudo, Emilly não teve a reação que ela esperava. O mundo não girou, borboletas não voaram em seu estômago. Droga, a quem ela estava enganando? Ela sabia que não sentia nada de mais pelo garoto, e agora só ia magoá-lo. Xingando a si mesma em pensamento, ela resolveu fazer agora o que já devia ter feito desde o início, antes que as coisas piorassem.

         - Sabe, Anton, eu acho que isso não vai dar certo... - ela começou, hesitante. Merlin, ela odiava acabar relacionamentos, ainda mais quando eles mal haviam começado.

                Enquanto isso, Sirius estava se segurando para não ir embora dali. O barulho do restaurante o impedia de escutar a conversa da mesa ao lado, mas era óbvio para ele que os dois estavam falando sobre coisas românticas e lindas, depois que o búlgaro dera aquele beijo nela.

              Ele nem sabia porque estava com raiva, na verdade ele nem devia se importar com isso, mas o fato é que ele não conseguia parar de pensar que Emilly estava tendo um encontro legal, enquanto o dele estava completamente arruinado. Nicole tinha encontrado uma amiga de Beuxbattons e chamara a garota para se sentar com eles, estragando completamente o clima, e agora a loira mal se lembrava de que ele existia, ficava só conversando com a amiga.

             Um tempo depois, ele viu os dois se levantando e saindo. Não demorou para que a amiga de Nicole dissesse que tinha uma fofoca quentíssima para contar a ela, mas hesitou ao se lembrar que Sirius estava ali, e a loira o expulsou delicadamente, perguntando se ele não queria tomar um ar fresco lá fora. Ele se levantou, morrendo de raiva da francesa por descartá-lo assim, e saiu do restaurante com a intenção de não voltar mais. Na porta do restaurante, porém, estava Emilly com uma expressão triste no rosto, vendo Anton ir embora.

               - Emilly, o que aconteceu?

           - Parece que a Bulgária não ganhou, afinal de contas – ela disse com amargura, e alguma coisa afundou no estômago dele. Se era alívio ou preocupação, ele não sabia dizer.

            - Aquele cara te magoou? Você quer que eu bata nele por você?

         - Não, Sirius, ele não fez nada! É só que não ia dar certo mesmo, e eu achei melhor terminar com ele. - ela falou, olhando para baixo. - Eu odeio fazer isso, sabe... o coitado ficou tão triste!

           - Não fica assim, não, Emilly. - ele disse, se aproximando dela e levantando delicadamente seu queixo para que ela olhasse para ele. Quando seus olhos se encontraram, ela foi invadida por todo o conforto e familiaridade que a presença dele trazia. - Vem, vamos dar o fora daqui.

             - Dar o fora pra onde? - ela perguntou, um sorriso começando a aparecer em seus lábios.

             - O que você acha do Três Vassouras?

             Ela sorriu.

                                                                                      **

 

                O garçom colocou duas cervejas amanteigadas na mesa onde os dois estavam sentados, conversando como velhos amigos. Era tão certo estar com Sirius, ela pensava, era como se estar junto dele sempre tivesse feito parte de sua vida, como já foi um dia. Ela havia se esquecido do quanto gostava da companhia dele, e Emilly se perguntava agora porque eles haviam se afastado tanto da amizade que tinham quando crianças.

                     - Então, o que aconteceu com a sua francesa? - ela perguntou, bebericando a cerveja amanteigada.

                - Ela preferiu ficar fofocando com uma amiga. Tanto faz, eu não gostava dela tanto assim. - ele falou, dando de ombros.

                  - Os homens são todos insensíveis assim ou só você que veio com o coração faltando? - ela brincou, arqueando as sobrancelhas.

                   - Nossa, Emy, assim você me deixa triste! - ele zombou, e os dois riram.

                - Mas falando sério, que garota idiota, essa Nicole! Quem troca um encontro por fofocas? Eu sabia que ela devia ser burra...

                   - Principalmente um encontro comigo, né?! - ele falou, fazendo cara de convencido e tirando o cabelo dos olhos.

                   - Claro, Sirius, se isso te faz dormir melhor... - ela disse, irônica.

              Eles continuaram conversando, e quando estavam na segunda rodada de cerveja amanteigada, a porta do Três Vassouras se abriu e os Marotos passaram por ela. Reconheceram Sirius na mesma hora, e foram até a mesa dos dois.

              - O que vocês dois estão fazendo aqui?! - disse James se sentando ao lado de Sirius, sem se importar se estava sendo conveniente ou não. - Vocês dois não tinham encontros?

                - É, eles meio que furaram com a gente.

              - Espera aí, Sirius Black levou um toco? Isso é mais estranho que o Remus quebrando regras! - brincou James, e os outros riram.

                Os cinco conversaram por mais um tempo, até chegarem Lily e Jessy e se aproximarem para cumprimentar o grupo.

               - Cadê a Alice? - perguntou Emilly enquanto os marotos abriam espaço para as duas na mesa.

           - Tá se agarrando com o Frank em algum lugar – respondeu Lily antes de chamar o garçom para pedir cervejas amanteigadas para ela e Jessy.

              - E você, Lily querida, sentiu minha falta? - perguntou James bagunçando o cabelo.

             - Claro, Potter, não sei como consegui ficar tanto tempo longe de você – ela respondeu sarcástica, revirando os olhos.

              - Merlin, acho que essa é a coisa mais linda que você já disse pra mim.

 

                                                                                               **

 

                  Voltando para Hogwarts, na carruagem sem cavalos, as meninas conversavam sobre o passeio em Hogsmeade, ou melhor, faziam um interrogatório com Emilly sobre o passeio dela.

                   - O que aconteceu quando você mostrava Hogsmeade pra ele? - perguntou Alice.

               - Não aconteceu nada de mais, mas foi divertido. A gente foi na Dedosdemel, ele pagou um doce para mim, eu mostrei pra ele o Três Vassouras, a Zonko's, nós entramos na Casa dos Gritos...

                  - Entraram na Casa dos Gritos?! Você é louca, Emilly?

                - Relaxa, Lily, nós só passamos pela porta e voltamos, ele ouviu uma coisa se mexendo no andar de cima e ficou com medo de entrar mais. - Emilly disse como se fosse a coisa mais normal do mundo. - Depois nós fomos almoçar naquele restaurante novo ao lado da Zonko's. Foi aí que a coisa desandou.

                 - O que aconteceu? - perguntou Jessy.

                 - Ah, ele começou a falar que tinha se divertido e não sei mais o que, então ele me beijou.

                - Como assim, o que tem de errado nisso? Ele beijava mal, é isso? - Alice falou, curiosa.

                - Não, ele beijava até bem, só que foi só isso, sabe? Eu não senti nada de mais. Aí eu percebi que não ia dar certo. Acho que eu nem estava tão a fim dele assim...

              - Emilly, você é muito esnobe, como é que você dispensa um cara bonitão igual ao Anton? Se eu tivesse tanta sorte... - resmungou Jessy, indignada.

               - Pensei que você só quisesse o Siiirius – provocou Emilly, fazendo uma voz engraçada ao falar 'Sirius', imitando a voz de idiota da Jessy, o que fez as amigas rirem.

              - E quero! - falou a magrela, arregalando os olhos – Falando nisso, o que você estava fazendo sentada ao lado do meu Sirius lá no Três Vassouras, hein?

                - Bom, eu não devo satisfação a você, mas pela cara da Alice ela já ia perguntar isso, então eu vou falar. É porque o Sirius estava lá no restaurante quando eu terminei com o Anton, e ele foi chutado pela francesa dele, aí a gente resolveu compensar nossos encontros furados e ir juntos pro Três Vassouras.

               - Emy, sua safada, se aproveitando da situação pra sair com o Sirius! - brincou Alice, e ganhou uma cotovelada da amiga.

               - Deixa de ser besta, Lice, a gente só estava conversando.

               - É, e consolando um ao outro na solidão, sei bem como isso funciona, eu e o Frank começamos assim também.

              - Para de falar essas coisas horríveis, Alice! Isso nunca vai acontecer, o Sirius me ama! - surtou Jessy, e começou a tagarelar sobre como, agora que seu Siriuquinho estava livre, ela teria um vida linda e feliz ao lado dele. As outras três trocaram olhares desesperados e se prepararam para ignorar a amiga durante viagem de volta ao castelo, que parecia que ia se estender por uma eternidade.

 

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