Capitulo 7



CAPITULO SETE


Mione estava decidida a voltar ao trabalho aquele dia mesmo, tão logo houvesse se livrado de Harry e descansado algumas horas. Will havia mencionado um tal Dexter. Caso o irmão pretendesse iniciar a investigação no banco, deveria lembrar-se de Dexter. Valendo-se da recomendação, ela começou consultando o catálogo de clientes do FIB, mas não encontrou ninguém com aquele nome. Havia um D. Simonton. Depois de uma rápida pesquisa, porém, o misterioso D revelou-se um comum e corrente David. Tampouco havia um funcionário chamado Dexter. Talvez ela devesse contar a Harry a recomendação do noivo, mas como ter certeza de que ele estava realmente disposto a ajudá-los? O fato de ter conseguido induzir Will a confiar-lhe uma suspeita, não era propriamente uma garantia. Além do mais, estava convencida de que tinha a obrigação de resolver tudo sozinha.
No final da tarde, porém, Mione se achava desanimada e aborrecida. Não tanto pelo malogro das primeiras diligências, mas principalmente por haver constatado que os colegas do banco tinham engolido com muita facilidade a desculpa de que a lua-de-mel havia sido cancelada porque Will apanhara uma forte gripe.
"Eles me consideram uma puritana sem sentimentos", ressentiu-se. Mas será que era de fato puritana? E insensível? Simplesmente porque preferia a previsibilidade de Will à aparência sedutora de Harry?
Ora, ela fazia bem em preferir Will... Ou não?
Passados três dias do famigerado sequestro, Mione ainda não havia conseguido retomar a rotina, muito menos concentrar-se no trabalho. Ela recostou-se na cadeira e ficou olhando distraída para o monitor do computador. Nunca havia se sentido tão estranha. A impressão de que toda a estabilidade conquistada a duras penas estava desabando a deixava irritada. Antes de conhecer Harry, nunca questionara sua disposição em se casar com Will. Agora, no entanto, precisava lembrar-se a cada instante de que era uma mulher comprometida. E o pior: não conseguia tirar aquele homem da cabeça.
Um reflexo na tela do computador chamou-a de volta à realidade. Bernie Morton! Ele acabara de passar no corredor. Mione foi até a porta e espiou. Bernie ia para o hall dos elevadores levando o paletó e a pasta. Ela não pensou duas vezes. Voltou à mesa, apanhou a bolsa e o blazer e correu atrás dele. As portas do elevador já estavam fechando quando ela irrompeu pela fresta.
—Mione, você já voltou? Mas eu pensei que... — surpreendeu-se Bernie, os olhos exageradamente arregalados.
“Será que Harry tinha razão?” Imaginar que talvez fosse ele o sujeito que tivera a ousadia de invadir seu apartamento quase a fez vomitar. Ela respirou fundo e manteve-se firme.
—Mione não! Sra. Potter, esqueceu? — lembrou-o com um sorriso.
—Mas, e a lua-de-mel? Will me disse que vocês viajariam no mesmo dia. Para onde mesmo vocês iam?
“Como se o bandido não soubesse!”
—Ilhas Caimãs.
—Oh, é verdade — disse ele, batendo a mão na testa. — É um lugar lindo. Estive lá nas férias.
— Will me contou — sorriu ela, fixando-lhe os olhos. Bernie desviou o rosto. Afrouxou o nó da gravata, trocou a pasta de mão e voltou a encará-la.
—E por onde anda meu grande amigo? — perguntou, mal disfarçando o nervosismo.
—Você não soube? Will pegou uma gripe terrível na noite de núpcias! Está de cama. Como resolvemos adiar a viagem para a semana que vem, achei que não fazia sentido ficarmos os dois em casa. Então voltei ao trabalho.
Bernie fez que sim.
—Eu também sou assim. Detesto ficar em casa sem fazer nada.
“Prefere ficar dando desfalques no banco!”
—Will ficou tão chateado. Por que não telefona para ele, Bernie. Ele vai gostar de conversar com você.
Mione sabia que o máximo que Bernie conseguiria seria deixar um recado na secretária eletrônica. Ela mesma estivera no apartamento do noivo e gravara a nova mensagem comunicando que os dois estavam em lua-de-mel e que não queriam ser interrompidos.
—Claro! Telefonarei sim — concordou ele, vasculhando o bolso do paletó. — Conforme for, vou até visitá-lo. Amanhã à noite talvez. Isso mesmo, amanhã à noite.
Mione sorriu. Alguma coisa na maneira como Bernie dissera "amanhã à noite" dava-lhe a certeza absoluta de que ele não telefonaria.
—Ótimo. Will vai ficar contente.
Bernie fez que sim.
—Vai sair mais cedo hoje? São só dez para as cinco — perguntou ele.
—Não. Vou tomar um lanche. Não tive tempo de almoçar. E você? Já está indo para casa?
—Não. Tenho de fazer umas compras mas volto logo.
Ao chegarem ao térreo, Mione retardou-se propositadamente. Deixou que todos saíssem do elevador antes dela. De longe, acenou para Bernie. Esperou que ele se afastasse e então começou a segui-lo. Mal conseguia acreditar, estava brincando de Sherlock Holmes! Depois de dez minutos de caminhada, viu Bernie entrar em uma galeria. Segundos depois, um homem corpulento e barbudo se acercou dele. Os dois entraram em um bar, o O'Leary.
Compras! Aquela incursão ao bar podia parecer suspeita, mas na verdade Bernie sempre cultivara seus vícios. Vícios dos quais Will felizmente estava livre. Além da bebida, Bernie gostava de corridas de cavalos e outros jogos de azar. Vez por outra, chegava a contar piadas inconvenientes na frente de Mione. Nesse ponto, a conduta do noivo era irrepreensível. Ao contrário da maioria dos homens, ele jamais se permitia um comentário indelicado ou obsceno. Nem mesmo uma observação mais picante, como fizera Harry.
Mione franziu a testa. Mas por que não? Por que seu noivo nunca se mostrara atraído... como Harry, por exemplo? Mesmo quando sozinhos em casa, Will sempre se mostrava mais interessado nos documentários da televisão que em sexo. E por que os programas de culinária eram invariavelmente mais apetitosos que ela?
Mione esperou algum tempo e se aproximou da fachada envidraçada do bar. Colou o rosto no vidro e correu os olhos pelo interior escuro e abarrotado de mesas. Bernie e o peso pesado conversavam junto ao balcão. Mas então era um encontro marcado? Só podia ser!
Bernie se mostrava animado, gesticulava muito, ao passo que o outro apenas ouvia. Se ao menos ela soubesse o que ele levava na pasta ou sobre o que estavam falando! Em menos de quinze minutos, Bernie entornou duas doses de uísque, embora o outro não mostrasse a mesma disposição. Por fim, o gorducho enfiou a mão no bolso e sacou a carteira. Vendo-o pagar a conta, Mione foi se esconder na loja vizinha. Minutos mais tarde, Bernie saiu do bar seguido quase que imediatamente pelo misterioso amigo.
Ela pôs-se a imaginar que motivo Bernie teria para manter em segredo o encontro com o gorducho. Talvez fossem velhos amigos; o fato de terem saído separadamente não passava de uma coincidência. Ou, quem sabe, tinham acabado de se conhecer; Bernie entrara no bar para um trago e trocara umas palavras com o sujeito. A hipótese não deixava de ser plausível.
Mas que era estranho, isso era! Primeiro por que Bernie havia dito que precisava fazer compras e voltaria logo. Mas e daí? A mentira não o tornava necessariamente um bandido. A menos que...
A menos que o gorducho fosse o tal Dexter? Então era dele que Will estava falando?
Desapontada por não haver descoberto nada que pudesse solucionar o mistério, ela voltou para o banco, muito embora tivesse ficado convencida de que o noivo tinha razão de suspeitar de Bernie. Sem dúvida, aquele sujeito vinha agindo de modo estranho. Fosse como fosse, ela não podia desistir das investigações. Do contrário, não libertariam Will. E se não o libertassem não haveria casamento. E se não houvesse casamento, e Harry continuasse a aparecer em sua casa...
Mione corou só de imaginar. E ao entrar pela porta giratória do FIB, concluiu que já era hora de esquecer Harry e seus devastadores olhos verdes. De uma vez por todas.
A caminho do elevador, ela acenou para o recepcionista e suspirou desanimada ao constatar que o rapaz tinha os olhos da mesma cor dos de Harry. Will também tinha olhos verdes.
Por que ao olhar para o recepcionista ela não se lembrara do noivo? O que estava acontecendo afinal?
Mione voltou a olhar para o funcionário. O rapaz estava uniformizado, calça azul-marinho, camisa branca e quepe. Engraçado, os funcionários do FIB usavam uniforme verde. No crachá que ele trazia no peito estava escrito Pepe, embora o sujeito parecesse tão hispânico quanto Brad Pitt. Mione cruzou os braços e foi até ele.
—‘Tyson!’ — Sorriu Harry. — Eu estava aqui imaginando quando tempo você levaria para me reconhecer com esse disfarce.
—Há quanto tempo está me vigiando?
—O suficiente para saber que você estava seguindo Bernie Morton.
—Pois saiba que essa mania me irrita... — Mione interrompeu-se. — Mas como você sabe que aquele era Bernie?
—Swithin me deu uma descrição muito acurada do amiguinho de Will. Não ficou combinado que você deixaria as investigações por conta dos detetives profissionais?
Ela sorriu com malícia.
—Profissionais? Com esse disfarce?
—Não gostou? As cores combinam tão bem.
—Então você se vestiu de recepcionista só para me vigiar?
Ele piscou.
—Exatamente. E cheguei à conclusão de que você é muito boa em perseguições.
—Sério?
Harry fez que sim.
—Eles não desconfiaram de nada.
Mione suspirou orgulhosa.
—E então? Não vai me contar o que descobriu? — perguntou Harry.
Ela franziu as sobrancelhas.
—Vamos lá, ‘Tyson’. Não faz sentido sonegar informações. Por acaso você acha que não tenho interesse em desvendar o mistério?
—Eu só acho uma coisa. Que você está gostando muito dessa história de terem prendido Will. É bastante conveniente. Pelo menos para você.
—É isso que você pensa? Que não fiz nada para ajudar Will porque estou interessado em você e quero que ele fique fora de circulação?
Mione sentiu o rosto arder.
—Bem... Sim.
—Pois saiba que está muito enganada. Enquanto Will estiver enclausurado feito uma princesinha de contos de fada, você vai continuar bancando o cavaleiro errante. Tenho certeza disso.
Primeiro Joan, agora Harry. Será possível que estavam todos convencidos de que quando Will saísse do cativeiro eles romperiam o noivado?
—Will e eu vamos nos casar!
Harry aproximou o rosto do dela.
—Duvido — disse, fitando-a nos olhos. —Mas tudo bem. Mesmo assim, você está se esquecendo de um detalhe muito importante. Foi o dinheiro da minha família que roubaram. Por pior que seja meu relacionamento com meu pai, devo esse favor a ele.
Então o pai era mais importante que ela? Mione ficou decepcionada. Não que esperasse ouvir uma declaração de amor mas... Bem, não vinha ao caso. Ela precisava pensar com clareza. Harry era da polícia. Conhecia os mais variados métodos de investigação. Ninguém melhor para ajudá-la-a livrar Will da acusação de desfalque.
—Tudo bem. Eu lhe conto o que descobri, se você me ajudar a inocentar Will. Por onde começamos?
Ele apontou para a porta giratória.
—Pela esquina da Rua 58 com a Primeira Avenida — disse, puxando-a pelo braço.
Mione cerrou os dentes sentido um arrepio na espinha.
—E o que é que tem lá?
—Pizza!


—Mas eu juro — repetiu Mione, pousando o garfo sobre o prato. — Só descobri isso.
Harry franziu a testa pensativo enquanto terminava de mastigar.
—Bernie Morton parecia nervoso e tomou uns drinques com um grandalhão? Ora, isso não esclarece nada.
—Pois é, mas eu estive pensando... Será que o gordão não é o tal Dexter de quem Will me falou?
Harry arregalou os olhos.
—Dexter? Que Dexter? Ele não disse o sobrenome?
—Não. Disse apenas que, caso você fosse investigar os computadores do banco, devia se lembrar de Dexter. Depois precisou desligar.
—Dexter não é uma pessoa — disse Harry aliviado. Recostou-se na cadeira. — É um cachorro — contou ele.
—Quê? Então eu estava procurando um cachorro? No banco? Mas isso... — interrompeu-se. Mas como era possível que ela tivesse esquecido? Will havia lhe contado. Ele adorava cachorros. Durante os anos de faculdade teve um labrador. Chamado Dexter! — Mas o que o cachorro tem a ver com o banco?
—Você não percebe? Dexter deve ser a senha.
—Lamento desapontá-lo, Sherlock. Mas eu verifiquei os arquivos de Will hoje, e a senha continua sendo a mesma da semana passada. ‘Patê de fígado’ — disse ela e tomou um gole de soda limonada diet. — E os arquivos dos correntistas não são protegidos por senha. Eu já chequei. Não há cliente algum chamado Dexter.
—Está se esquecendo de uma coisa. Com quem Will dividia o quarto na faculdade?
Mione prendeu a respiração.
—Com Bernie! — “Então o cachorro era dos dois!” — Talvez Dexter seja a senha de Bernie! — gritou ela ao mesmo tempo em que consultava o relógio. Faltavam quinze minutos para as seis. — Se conseguirmos chegar ao banco antes das seis, não vão registrar nossa entrada na portaria. E a maioria dos funcionários estará indo embora.
— Sim. Mas o recepcionista vai registrar a nossa saída.
—Não faz mal. É comum eu ficar trabalhando depois do expediente. Ninguém vai estranhar. E você... bem... Você pode dar um nome falso.
Harry sorriu.
—Puxa, ‘Tyson’, você está pegando mesmo o jeito da coisa!


Harry sentou-se ao lado de Mione na escrivaninha de Bernie Morton. Ela estava usando o mesmo perfume do dia do casamento. Ele respirou fundo e sentiu uma fisgada no peito ao ver na tela azulada do computador o reflexo de seu rosto concentrado.
Era preciso dar um basta àquela situação. Ver em Mione não a mulher sensual que o tirava dos eixos, mas a noiva de Will, sua futura cunhada. Mas era difícil refrear os sentimentos, principalmente sabendo da falta de intimidade do casal e das dúvidas do irmão. Harry nunca tinha se deixado envolver por uma mulher daquele modo. Tentava se manter ocupado, claro, os amigos do distrito sempre lhe arranjavam companhia. Mas nunca conhecera alguém que tivesse despertado tanto interesse nele. Até sequestrar Mione.
—Vamos ver — disse ela, percorrendo os arquivos de Bernie. – Digitou Dexter. — É um subdiretório, Harry. Nós o pegamos! —animou-se. Selecionou a pasta e deu dois cliques no mouse.
A tela do computador ficou branca.
—Qual o problema?
Mione recostou-se na cadeira com desânimo.
—Está vazio. Ele deve ter apagado tudo.
Harry coçou o queixo.
—Talvez tenha ficado com medo. Mas pelo menos de uma coisa já temos certeza. Will estava na pista certa. Se encontrássemos alguma coisa...
Os dois puseram-se a remexer os papéis de Bernie. Mione levantou o teclado e achou um calendário de mesa escondido.
—Harry, veja — disse, apontando para a folhinha. No pequeno quadrado reservado para aquele dia havia uma anotação. 5:00: M. H. — O horário em que ele estava no bar com o gordo.
—Então o homem é M. H. Só pode ser — concluiu Harry, abrindo a agenda de Bernie.
Mione continuou procurando anotações na folhinha. No espaço reservado para sábado, o dia seguinte, Bernie havia escrito: aniversário de Max, 8:30, Torre da Fortuna.
—Há um Maxwell Herbert aqui — disse Harry, apontando para a agenda. — Deve ser inglês, o endereço é de Londres. – Ficou olhando fixamente a página e franziu as sobrancelhas. – Espere aí... Há alguns anos, estou me lembrando... Maxwell Herbert... isso mesmo. Um caso de suborno. Tinha gente do governo envolvida. A polícia nunca conseguiu rastrear...
—Então esse Max é nosso homem — disse Mione, mostrando o calendário. — E ele faz aniversário amanhã. Aliás, no mesmo horário em que Bernie ficou de visitar Will. Eu tinha certeza de que ele não ia aparecer. Torre da Fortuna... Que será isso? Um prédio de apartamentos?
Harry sacudiu a cabeça e tirou o fone do gancho.
—Se a minha intuição estiver certa, não. Você disse que Bernie gosta de jogar?
Ela fez que sim.
—Torre da Fortuna é um nome bastante sugestivo, não acha? Pode ser um cassino em Atlantic City. — Harry recebeu a confirmação de sua suspeita e desligou com um sorriso. — Alguma vez você já entrou de penetra em uma festa?
Mione arregalou os olhos.
—Não. E nem pretendo — disse. — Eu não posso aparecer lá! E se Bernie me vir?
Harry meneou a cabeça.
—Você é boa em disfarces?
Ela olhou com descaso para o uniforme de recepcionista que ele estava usando e sorriu.
—Não tanto quanto você, garanto.
Harry sentiu uma necessidade incontrolável de beijar aqueles lábios deliciosos mas se conteve.
—É sério! Ninguém sabe quem eu sou. Mas você vai precisar ter mais cuidado.
A luz de emergência piscou no interior da cabeça de Mione. Ela abriu um sorriso satisfeito.
—E conheço o lugar ideal para isso.
—Tudo menos seu apartamento — apressou-se em dizer Harry. — Eu não quero que você passe a noite sozinha lá. Aliás, que tal vir para o Brooklyn comigo?
Mione entreabriu os lábios e fitou-o nos olhos. Sabia muito bem como aquilo podia acabar.
—O lugar que tenho em mente é seguro — disse sem es clarecer se contra bandidos ou tentações...
Os dois continuaram se entreolhando durante alguns segundos. Avaliando o quanto seria impróprio um beijo naquelas circunstâncias. Harry não tinha condições nem sequer de mexer um músculo, a impressão era de que o coração podia saltar-lhe pela boca.
—Precisamos acabar com isso — disse Mione, afastando-se.
—Quer que eu pare de me sentir atraído por você? É isso?
—Exatamente! — Ela sacudiu a cabeça confusa. — Quer dizer... não faz sentido. Eu não sou seu tipo!
—É mesmo? Engraçado, não parece ser a opinião do meu corpo neste momento.
—Não? — Mione baixou os olhos e voltou a fixá-los de imediato nos de Harry. Suas bochechas coraram escandalosamente. — Bem, se você está sentindo alguma atração é porque... Ora, é porque me considera uma opção segura.
Harry quase caiu da cadeira.
—Segura! — gritou. — Mione, você pode ser muita coisa na vida, mas segura não parece ser uma delas. Uma mulher que não pensa duas vezes antes de se atirar na frente dos carros, anda pelos telhados... Ora, faça-me o favor!
Ela se empertigou.
—Não seja ridículo. Nós dois sabemos que você é absolutamente contra o casamento. E nós dois sabemos também que eu e Will vamos nos casar. Então é isso! Eu sou um passatempo!
Passatempo. Claro! Isso explicava a taquicardia que ele estava enfrentando naquele momento.
Harry não disse uma palavra. Ficou imóvel.
—Viu só? — indagou ela, jogando os cabelos para trás. — É muito simples... Escute, minha irmã é psicanalista. Ela pode explicar exatamente o que está acontecendo. A questão é que você não me leva a sério.
—Levo sim — confessou ele, surpreendendo-se a si mesmo. —Mais do que você imagina. — Mas o que estava fazendo? Só faltava cair de joelhos!
Mione engoliu em seco.
—Eu... quer dizer, nós... É melhor ligar para Will. Talvez ele conheça esse Max Herbert.
Harry puxou o telefone para junto de si. Will! O porto seguro de Mione. Talvez ele devesse avisá-la que o irmão não estava tão certo assim do casamento. Puxa, a pobrezinha precisava... Não, a obrigação era de Will! Não dele.
—Alô? — gritou uma voz familiar.
—Pai? — gemeu Harry desapontado. Preferia que Swithin tivesse atendido. Não seria difícil convencê-lo a pôr Will na linha.
—Harry! Era com você mesmo que eu estava querendo falar —berrou James do outro lado.
—Pai, eu preciso falar com Will.
—Eu também!
Harry franziu as sobrancelhas.
—Onde ele está?
—Sei lá! Ele fugiu!
—Fugiu?
James Potter bufou com impaciência.
—Você me ouviu, Harry. Que espera? Que eu fique me repetindo feito um papagaio?
—Calma, pai. Conte o que aconteceu. Quando ele sumiu?
Mione arregalou os olhos e prendeu a respiração.
—Eu não sei! A casa está em polvorosa. Will sumiu. Swithin sumiu...
—Swithin? — repetiu Harry confuso. Seria um absurdo até mesmo imaginar que o mordomo tivesse coragem de sair daquela casa sem a autorização do pai. — Mas eles saíram juntos?
—Como é que vou saber? Os seguranças estão vasculhando a casa. Os carros estão todos na garagem.
—E quando eles foram vistos pela última vez?
—E como é que vou saber! No café da manhã talvez.
—Que aconteceu? — perguntou Mione apreensiva.
—Quem está aí? — gritou James no ouvido de Harry.
—Mione.
—Quem?
—A noiva de Will.
—De novo! — trovejou James. — Pois você fique de olho nessa mulher. Eu não ficaria surpreso se me dissessem que ela está metida nisso!
—Acho que não, pai.
—Como não? Antes de conhecer essa mulher, seu irmão nunca teve a ousadia de tirar meu mordomo de casa.
Harry precisou reprimir o riso.
—Pai, uma coisa pode não ter nada a ver com a outra. Continue investigando. Quando souber, de alguma coisa, avise-me. — Desligou. Voltou-se para Mione com expressão preocupada. — Will sumiu.
Ela levou algum tempo para assimilar a notícia. Depois sorriu.
—Ele fugiu?
—Pode ser — resmungou Harry, lembrando-se da conversa com o irmão. Will não havia mostrado a menor disposição de deixar a casa do pai. E Swithin? Que teria acontecido ao mordomo?
—Harry, que houve?
—Não sei. E acho que a única maneira de descobrir é ir ao aniversário de Max Herbert amanhã.
Mione voltou a prender a respiração. Oh, como estava insegura!
—Harry... Você acredita que seu irmão esteja metido com essa gente?
—Não — resmungou ele. — Mas estou começando a pensar que meu pai talvez tenha confiado demais nas pessoas erradas...




Obs:Oiiii pessoal!!!!Como uma forma de agradecer a paciência de vocês, estou postando hoje dois capitulos de cada fic!!!!Espero que tenham curtido e ate quinta eu atualizo todas elas novamente!!!Também estou postando no meu site a capa de "Receita de amor", por favor passem por lá e me digam se gostaram!!!Bjux!!!Adoro vocês!!!!Ah, pra quem não sabe o meu site é http://jugrangerpotter.spaces.live.com/default.aspx

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