Eu realmente gostava de você



Doumajyd saiu do seu estado de surpresa com a entrada da noiva, e a sua declaração sobre passar a noite com ele, e se levantou indo até onde ela esperava sorridente por uma aprovação. Então começou, pensando seriamente no que iria dizer:
- Summer, eu preciso falar com vo-
- Semana que vem! – ela o interrompeu novamente, não dando espaço para que continuasse – Semana que vem nossos pais vão se reunir para finalmente juntarmos as nossas famílias e escolhermos o dia do casamento, que deve ser o mais breve possível. Meu pai disse que eu posso passar a morar aqui ao invés de ficar no hotel, sabe? Para já ir me acostumando. E eu também vou entrar para a Academia Bruxa da Inglaterra assim que me formar na minha escola na América!
- Não vá na onda dos seus pais, droga! – reclamou Doumajyd em um tom agressivo, vendo que não conseguiria falar com ela se não a fizesse se calar.
- Não estou fazendo isso. – ela se defendeu.
- Está sim! Nós devemos escolher o que queremos para nós mesmo!
- ...Foi assim que você me escolheu, não?
Isso o deixou sem saber o que responder. Ela estava totalmente certa. Ele próprio havia escolhido ficar com ela, e dissera isso com todas as palavras há algum tempo atrás.
- Você disse que se esforçaria para gostar de mim. – acrescentou ela, deixando de lado o seu sorriso habitual e ficando séria.
- Summer, eu... eu estou-
- NÃO ESTÁ NADA! – ela berrou e o seu cabelo automaticamente ficou vermelho intenso.
Isso chocou Doumajyd. Summer Vanderbilt era sempre alegre e, ao contrário dele, não perdia facilmente a paciência e estourava daquela maneira.
Vendo que o assustara, a metamorfomaga tentou se acalmar, mas não conseguiu mudar a cor do seu cabelo, e disse:
- Você ainda não fez esforço algum para gostar de mim, Chris... Eu estou sempre alegre e brincando, mas... Eu não consigo mais suportar isso!
Era exatamente o que o dragão pensava: aquela situação já não era mais suportável para nenhum dos dois. E, com essa reação dela, estava bem claro a quem cabia dar um fim naquilo.
- Summer, eu realmente-
- NÃO VOU OUVIR! – ela passou correndo por ele e atravessou toda a extensão do quarto, para ficar o mais longe possível dele, tapando as orelhas.
- VOCÊ TEM QUE ME OUVIR! – foi a vez de Doumajyd ficar irritado – Foi um grande erro dizer que me esforçaria! Eu realmente sinto-
- NÃO PEÇA DESCULPAS! – ela disse ameaçadoramente, voltando com passos furiosos até perto dele, e respirou fundo para conseguir falar – O que está dizendo agora?! Pensa que pode fazer simplesmente o que quiser?! Acha que pedir desculpas é o suficiente?! NÃO BRINQUE COMIGO! – ela pegou a sua varinha nas vestes e apontou para uma cadeira, a fazendo flutuar, com a intenção clara de atirá-la nele.
Doumajyd não se moveu diante da ameaça de ataque. Permaneceu no mesmo lugar e manteve seu olhar firme, decidindo que, se ela chegara a esse extremo, ele também falaria abertamente.
- Eu gosto da Weed. Sempre gostei.
Diante dessas palavras dele, Summer pareceu perder a direção e a sua concentração na cadeira, que voltou ao seu lugar.
- Eu tentei de várias maneiras esquecê-la, mas foi impossível. – ele continuou – Ela permanece forte dentro de mim, mesmo estando longe ou quando brigamos. Não vejo mais um futuro sem a Mary, e não vou desistir dela. Por isso, eu sinto muito, mas não vou levar adiante esse casame-
- NÃÃÃÃÃÃOOO!
Apenas com o seu grito, Summer estourou tudo o que havia de vidro no quarto, e jogou Doumajyd contra a parede.


***


Mary andava passo por passo pelos corredores da mansão em direção ao quarto de Doumajyd, pela segunda vez naquela noite. Mesmo tendo decidido ir até lá, não fazia idéia do que diria ou que desculpa daria para a intromissão.
Porém, a meio caminho, as luzes dos corredores começaram a piscar e ela ouviu um estrondo vindo da direção do quarto. Sem perder tempo, correu pelo pedaço que ainda faltava para chegar lá. Mas, ao parar na porta, as luzes já haviam voltado ao normal, e tudo estava em silêncio.
- Do-doumajyd? – ela tentou chamar – Algum problema?
Não houve resposta. Preocupada, ela abriu a porta dizendo:
- Com licença.
Mas congelou no momento em que olhou para dentro do quarto, e saiu correndo logo em seguida. Correu sem se importar com o que ia derrubando pelo caminho, até chegar ao seu quarto e fechar a porta com força.
Fora tudo muito rápido, mas aquela fração de segundos ficara gravada nitidamente e com todos os detalhes em sua mente. Mesmo não tendo luz no quarto, ela pôde ver Doumajyd na cama e Summer em cima dele. Assim que a metamorfomaga percebeu que a porta estava se abrindo, lançou um olhar carregado para Mary, visivelmente furiosa com a intromissão.
Sem saber que reação tomar diante daquilo, tudo o que Mary conseguiu fazer foi correr.


***


Doumajyd voltou a si com uma dor aguda na cabeça e sentindo algo quente escorrendo pela sua testa que, pelo cheiro forte, identificou como sangue. Tentou se mover, mas suas pernas e braços estavam imobilizados e não respondiam. Ao abrir os olhos com dificuldade, demorou um pouco para distinguir o que via com a pouca luz que entrava pelas janelas. Então viu Summer por cima dele, o segurando firmemente pelos pulsos para manter o encantamento de paralisação que lançara.
Ela estava tremendo e respirava de forma descompassada, deixando bem claro que estava chorando sem parar desde que explodira.
- A Mary disse que estava feliz por mim. – ela contou soluçando, demonstrando que havia percebido que o dragão já tinha recobrado a consciência, e então olhou para ele de forma acusadora com os olhos molhados – Ela disse que estava feliz por mim!
Doumajyd respirou fundo, suportando a dor na sua cabeça e disse:
- Ela... estava sofrendo também. E foi tudo minha culpa. Eu a fiz gostar de mim, e depois a abandonei sem explicações. É minha culpa não ter sido claro desde o início.
- Então, – ela continuava soluçando, mas parecia ter recobrado a calma para poder falar com ele – Se você ainda gostava dela, por que me deu esperanças?
- ... Faça o que quiser. Se está com raiva, me bata até você se sentir aliviada. É tudo o que eu posso fazer por você.
- Você é cruel. – ela disse largando os pulsos e batendo no peito dele – Eu gostava de você! – ela bateu novamente e dessa vez forte.
- Desculpe. – foi tudo o que Doumajyd disse, pretendendo não dizer mais nada dali por diante, e não se movendo, mesmo sentindo que estava livre do encantamento.
- Eu realmente gostava de você, droga! – ela bateu mais uma vez, mas sem forças – Você é cruel, Christopher Doumajyd! – ela repetiu, voltando a chorar, e não conseguindo mais bater nele – Cruel, egoísta e estúpido!

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