Para a felicidade dele
- Ryan, você falou com o Chris depois do que aconteceu aqui outro dia? – perguntou MacGilleain quando os três dragões estavam reunidos no refeitório da Academia.
- Não. – respondeu o referido dragão com a sua costumeira calma e indiferença.
- Você realmente está levando a Cogumelo a sério, Ryan? – ajudou Nissenson no questionamento – Vocês não eram só amigos?
- Quem sabe.
- Quem sabe. – MacGilleain o imitou – Isso não é uma resposta. Queremos saber o que você vai fazer?
- Sobre o que? – quis saber Hainault, mais interessado em seu almoço.
- Ora sobre o que? – Nissenson já estava perdendo a paciência com o amigo – O Chris está realmente tentando consertar as coisas entre ele e a Mary. E nós sabemos que esse noivado não é algo que ele deseja ansiosamente.
- Se continuar assim – MacGilleain tentou explicar a preocupação deles de uma forma mais clara – como vai ficar a amizade entre vocês?
- Não me importo com isso.
- Ryan! – os outros dois se espantaram ele usou a sua indiferença para falar sobre algo que era levado muito a sério entre o D4.
- Por que essas caras? – perguntou ele diante da reação deles – Não me importo, porque quem vai decidir isso não sou eu muito menos o Chris, mas sim a Mary.
- Mas e a Sharon, Ryan? – ainda tentou Nissenson – Já se esqueceu dela?
- Apesar de nós nunca termos começado nada, posso dizer que terminamos. – informou ele – Deixamos isso bem claro na última vez em que nos vimos.
MacGilleain e Nissenson se entreolharam derrotados. Aquela nova bronca entre o Líder do D4 e o Dragão Hainault estava muito além da vontade de ajudar da parte deles.
***
Depois de ter despachado todas as coisas do seu apartamento e seu irmão para onde seus pais estavam no litoral, Mary dava uma última olhada no lugar que fora seu lar nos últimos dias.
Com praticamente metade do chão do último andar desmoronado, o prédio foi finalmente considerado de alto risco e seria demolido naquela tarde. Assim, todos os moradores tiveram que procurar outro lugar para ficar, inclusive o seu proprietário. Mas Doumajyd tinha uma casa para retornar, já que sua mãe não estava mais no país, ao contrário de uma sangue-ruim, que novamente teria que depender de ajudar de conhecidos.
Depois de ter conversado com Vicky, Mary decidiu que voltaria para Hogwarts e pedira abrigo nas estufas, como ajudante da professora Karoline até as aulas terminarem. E como ela não precisava mais freqüentar as aulas até a formatura, ela poderia usar o seu tempo para procurar algum emprego em Hogsmeade. Se ela trabalhasse e recebesse em galeões, poderia economizar dinheiro não só para ajudar seus pais, mas para não precisar passar por aquele aperto novamente quando entrasse na Academia.
- Mary? – chamou a professora de Vicky, que veio como representante da imobiliária de seu pai, se aproximando – Posso falar com você?
A garota tomou um susto por estar perdida em pensamentos sobre o que faria, mas acentiu educadamente.
- Você já... conhecia o novo proprietário? – perguntou ela, escolhendo as palavras.
- Ah... sim. – respondeu ela não tendo como negar.
- Há muito tempo?
- Mais ou menos.
- É mesmo... Então, você conhece também os amigos dele, não?
- O D4? – perguntou Mary, não lembrando de mais ninguém que poderia ser considerado amigo de Doumajyd – É, posso dizer que conheço eles.
A professora ficou um pouco preocupada com isso, e parecia estar se decidindo se continuaria fazendo perguntas quando alguém apareceu atrás de Mary dizendo:
- Bom dia, Marya-
- Mary Ann! – ela apressou-se em lembrar Christy do seu nome certo, mesmo estando surpresa em ver a bruxa ali.
- Mary Ann! Há quanto tempo!... – ela riu e então acrescentou olhando para o prédio – Mas não importa quanto tempo, sempre está em apuros, não?
Mary riu sem graça.
- Eu tenho uma proposta para você, Mary. – informou ela – Você, por acaso, tem algum trauma com lugares fechados?
***
Doumajyd, de volta a sua mansão, tentava pensar em algo que poderia fazer para ajudar Mary sem prejudicá-la e sem que sua mãe ficasse sabendo. Mas nada tão brilhante como a idéia de comprar o prédio em que ela estava morando surgia em sua cabeça.
- Podem deixar aqui. – disse Christinne entrando sem cerimônias no salão onde o irmão estava, sendo seguida por dois bruxos.
Estes usavam vestes com crachás de uma empresa de transporte de Hogsmeade, e traziam um baú com um aviso de frágil e com um laço em cima. Eles o colocaram com cuidado no chão e, depois de receberem o pagamento da bruxa, saíram.
- O que é isso? – perguntou Doumajyd – Um presente?
- Na verdade uma lembrançinha! – disse ela com um grande sorriso.
- Obrigado, Christy! Mas, sobre o que eu falei-
Antes que ele pudesse continuar ao que queria falar, a bruxa abriu o baú com um aceno de varinha dizendo:
- Já resolvi!
- Mas – começou Doumajyd lançando um olhar rápido para o baú aberto e então se assustou com o que viu – WEED!
Mary se ergueu com muita dificuldade, um tanto tonta por ter viajado lá dentro, e então olhou confusa para onde estava.
- Por quê?! – perguntou Doumajyd com uma voz esganiçada pela surpresa.
- Por que essa voz desafinada? – perguntou Christy – Você não disse que a Mary não tinha um lugar para morar? Essa foi a única maneira de trazê-la para cá sem a Nana saber.
- Mas eu-
- Já não falei que está resolvido? – a irmã o cortou e anunciou feliz – Eu tenho um plano que pode resolver o problema dos dois!
- Mas, Christy, – começou Mary saindo apressada e atrapalhadamente do baú – seria ruim se-
- Não vai ser ruim. Você prometeu que me deixaria ajudar, não? E o Chris também disse a mesma coisa. Esse meu irmão bobo me pediu para ajudar a recomeçar com você e a terminar o noivado com a Vanderbilt.
- CHISTY! – protestou Doumajyd – Não diga assim na frente dela!
- Mas é importante ela saber da suas intenções, Chris! Falta comunicação entre vocês. Comunicação!... Ou você não quer isso?
Doumajyd preferiu olhar para o chão a admitir com palavras que sim.
- Então, está decidido! – com mais um aceno de varinha, Christinne fez aparecer um manto com capuz na sua frente e o colocou em Mary – Vem comigo. – e a empurrou para a porta que levava as escadas – Chris, coloca qualquer coisa dentro desse baú para pensarem que eu trouxe mesmo uma lembrancinha para você.
***
- Pode entrar. – disse Christinne empurrando Mary para dentro de um quarto escuro e acendendo a luz com a varinha assim que fechou a porta.
A princípio, Mary pensou que aquilo fosse um armário muito grande, mas logo ela avistou uma cama, meio que escondida em um canto. O restante do lugar estava repleto de objetos, móveis antigos, brinquedos e coleções variadas.
- Aqui é o lugar onde guardamos as coisas que não usamos mais, mas que são muito importantes para nos desfazermos. – explicou a bruxa – Está meio bagunçado porque os elfos receberam ordens de não entrar aqui sem permissão, e por isso é um lugar perfeito para se esconder! Se você tomar cuidado para entrar e sair, não será descoberta.
- Mas... – Mary tentou argumentar.
- Você não quer ficar perto do Chris?
- E-eu...
- Mesmo se você disser que não, eu não me importarei em ajudar. Decidir de vão ficar juntos ou não é um problema de vocês.
- Mas-
- Eu só não quero que mais pessoas sejam machucadas por conta das vontades da minha mãe, que pensa que pode mandar no mundo inteiro. – desabafou a bruxa jogando para o lado várias coisas em cima da cama para poder se sentar.
Desde o totalmente Bruxa Mary sabia como Christinne lutava em desfazer as injustiças da sua mãe, principalmente se o seu irmão estava envolvido nelas. Mas dessa vez, ela sentiu que havia algo mais no que a bruxa dissera. Então arriscou perguntar:
- Pessoas machucadas?
Christinne olhou em volta e achou algo que chamou a sua atenção. Ela levantou em um pulo e pegou um ursinho de pelúcia cor de caramelo com um grande laço vermelho, mas já um tanto empoeirado e desbotado pelo tempo.
- Quando eu estava em Hogwarts, – ela começou a contar, voltando a se sentar na cama – eu namorava um garoto sangue-ruim como você, Mary. Ele me deu isso. – ela mostrou o ursinho feliz.
Mary a encarou não sabendo como reagir aquilo. Ela já tinha ouvido a história de Hainault, sobre como a senhora Doumajyd conseguiu afastar da filha um bruxo de baixo escalão. Mas ouvir a própria protagonista falar sobre o que acontecera tornava tudo mais real.
- Eu estava feliz, muito feliz com ele. – ela contou brincando com os braços do ursinho – Mas, de repente, surgiu uma conversa sobre me casar com o filho do chefe do Departamento de Relações Internacional do Ministério, um grande partido na época. Logo eu descobri que minha mãe queria ter mais influência sobre o Ministério.
- Assim como ela quer expandir seus negócios na América hoje? – perguntou Mary.
- Isso... Claro que eu fui totalmente contra. Eu já era contra o casamento arranjado entre o Chris e a Karina Crowley, mas... No fim, ela usou suas armadilhas para ameaçar a família dele e, por fim, ofereceu dinheiro para que ele se afastasse. – Christinne de um sorriso amarelo – Ele não tinha a sua força e determinação, Mary, e acabou cedendo. Tudo acabou, como minha mãe queria... Eu fiquei muito furiosa e cheguei a odiá-la.
- É por isso que torce por mim e sempre me ajuda? – Mary arriscou perguntar o que já queria ter perguntado há muito tempo.
- Sim... Hoje, como meu marido realmente se importa comigo e é uma boa pessoa eu penso que foi bom ter me casado com ele. Mas... – ela segurou o ursinho bem na frente do rosto, como se falasse com ele – e se eu tivesse ficado com aquele garoto que eu tanto amava? Como eu estaria agora? Seria feliz?... – ela voltou a falar diretamente com Mary – Nós poderíamos ter fugido se quiséssemos... Assim como a Sharon fez, eu poderia ter renunciado o nome e o poder da minha família... Mas não tive coragem. Eu não tive coragem de largar esse tipo de vida, e ainda hoje não me imagino vivendo de uma forma diferente... Mas, mesmo eu não me arrependendo, bem no fundo, o meu ‘eu’ daquela época ainda me critica e me atormenta com vários ‘E se...’... Por isso, eu não quero que o meu irmão passe pelo mesmo tormento. O que eu mais desejo é que ele seja feliz. E se a felicidade dele for você, Mary, eu vou lutar por isso!
- Christy...
- Pense em morar aqui, Mary. É uma boa oportunidade para você se acertar com o Chris, ok?
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