Summer Vanderbilt
- Ora, ora, ora… a sangue ruim estudando até mesmo no almoço. Você está tão desesperada assim para passar?
Mary revirou os olhos ao ter a sua concentração nos livros quebrada pela voz irritante da líder loira do trio da Sonserina, e retrucou:
- E desde quando isso é ruim?
- Não estamos falando que é ruim. – riu a de cabelo encaracolado.
- Só estamos comentando que você terá que se esforçar muuuito para passar. – ajudou a terceira.
- Desculpe, mas quem são vocês para me falar isso? Minhas notas sempre foram melhores do que as das três juntas.
- E quem precisa de notas altas no nosso nível? – desafiou a líder com um sorriso triunfante – O dinheiro dá um jeito!
- Como podem se orgulhar disso? – ela lamentou-se voltando para o seu livro e não dando mais atenção para as garotas.
- Ei, onde fica a Ala do D4?
Mary congelou ao ouvir aquela voz.
- E quem é você?
Ao ouvir a pergunta da loira, Mary se virou na mesa para poder confirmar com seus próprios olhos. Lá estava Summer Vanderbilt, com seu cabelo roxo e usando roupas trouxas, coisa perfeitamente normal para bruxos americanos.
- Eu estou procurando alguém. – disse a metamorfomaga.
- Você não é aluna de Hogwarts! – acusou a ruiva – Por que está aqui em pleno período de aulas?
- Huuum... que tal um jogo? – propôs Summer.
- Jogo? – perguntaram as três.
- É muito fácil! Uma mão só cada uma, se a soma dos dedos colocados for ímpar eu ganho, se for par você ganha. Quem ganhar aponta para uma direção e a outra tem que olhar. E se eu ganhar, você responde a minha pergunta, que tal?
A líder ainda estava processando a proposta quando Summer não lhe deu chance de recusar:
- Se não jogar, perde! Um, dois, três, JÁ!
A líder colocou três e Summer dois. A vencedora apontou rapidamente para um ponto pouco acima do ombro da perdedora que foi obrigada a olhar, mas ao mesmo tempo recebeu uma bofetada na bochecha e caiu tonta no chão.
- Ah, desculpa! – pediu Summer com um imenso sorriso – Vocês ingleses costumam ser mais delicados com essas brincadeiras, não? Foi mal!
- Uau. – foi tudo o que Mary conseguiu pronunciar diante da cena.
Enquanto as outras duas socorriam a amiga no chão, vermelha de vergonha por ter caído naquele truque, Summer aproveitou para dar uma olhada geral em volta, procurando pela Ala, e então acabou enxergando Mary.
- AAAhhh! – ela apontou sem discrição alguma para ela – A pianista fracassada!
A pianista fracassa se encolheu no seu lugar a mesa, torcendo para que a garota apenas lhe acenasse de longe e fosse embora.
***
- Noooossa! – exclamou Summer maravilhada – Então essa é a tão falada Ala dos Dragões de Hogwarts? É um tipo de ponto turístico ou coisa assim?
- Mais ou menos. – disse Mary com um sorriso amarelo, abraçando firmemente a sua mochila e se perguntando mentalmente porque concordara em mostrar o caminho para ela.
- Eu quero aquela mesa ali da janela! – anunciou a metamorfomaga correndo para lá.
- Ma-mas essa é a mesa do D4! Só eles-
- Olha! – ela cutucou os porta-retratos na parede – São eles quando estudavam aqui! Que legal!... – as imagens dos dragões tentavam fugir do dedo dela correndo para as molduras – Eles se acham, não?
- É, realmente. Mas nós não-
- Você foi muito corajosa ontem! Eu só percebi depois que na verdade você não sabia tocar piano. Mas mesmo assim você subiu no palco! Se fosse comigo, teria saído correndo!
- Ah, não foi exatamente algo corajoso da minha parte. – respondeu Mary ao mesmo tempo em que tentava lembrar porque não tivera essa incrível idéia na noite passada.
- Mas, mesmo assim, acho que nós somos parecidas! – anunciou a garota ao mesmo tempo em que uma refeição surgia a sua frente – Nooossa! Tinha que ser Hogwarts! E eu achava que exageravam lá na minha escola!
- Você também freqüenta uma escola de magia na América? – Mary perguntou por curiosidade.
- Sim! Eu estou para me formar esse ano e eu deveria estar fazendo meus testes finais!
Mary a encarou chocada. Como assim? Como alguém pode dizer com toda aquela tranqüilidade que estava perdendo seus teste finais?
- Mas como meu pai pediu para eu fazer essa viagem e ficar um tempo aqui, – continuou ela explicando – vou poder fazê-los quando voltar!
- É mesmo? – Mary não conseguiu evitar o suspiro.
Apesar da personalidade da garota, ela era realmente uma herdeira rica e cheia de privilégios.
- Obê? – perguntou para Mary com a boca cheia.
- Nada, não. – respondeu ela com mais um sorriso amarelo – Hum, seu pai mandou você vir para cá? Para ver o Doumajyd?
- Barece de dim. – foi a vez dela suspirar, ainda com a boca cheia. Então engoliu tudo de uma vez para poder continuar falando direito – Para ver aquele doido varrido!
- Doido? – perguntou Mary não entendendo o tom que ela usara para falar dele, como se estivesse com raiva.
- Não concorda comigo?
- Bom, concordo, mas...
- Ele é um idiota cruel! Depois de ter me arrastado por uma cidade desconhecida, me larga sem mais e nem menos no meio da rua, e já era bem tarde da noite!
- Ele largou você? – perguntou Mary surpresa.
- Eu estava descalça, com meus pés doendo por ter corrido, sem dinheiro e sem varinha! – choramingou ela – Levei três horas até conseguir chegar novamente no hotel! Já era de madrugada e estava muito frio!
- Ma-mas você é a noiva dele! Ele deveria ter mais consideração! Você-
- Ah, onde fica o banheiro?! – ela perguntou se levantando de repente da mesa.
- O quê? – Mary a encarou espantada, vendo ela apertar a barriga e o seu cabelo mudando instantaneamente para uma cor verde doentia.
- Dor de barriga! – explicou ela praticamente pulando no mesmo lugar.
- Tem um banheiro aqui mesmo. – Mary apontou para o lado oposto ao que estavam na Ala.
- Valeu! Já volto! – e ela saiu correndo, reclamando consigo mesma pelo caminho – Que droga! É só falar naquele idiota que me dá dor de barriga!
- ...Ela realmente é a jovem bruxa mais rica da América? – Mary se perguntou incrédula.
Mas enquanto ela ainda estava olhando abobada na direção em que Summer havia corrido, uma agitação no Salão Comunal a arrancou de seus pensamentos.
- D4!!!
Mary estranhou o grito estridente das meninas. Os Dragões tinham aulas na Academia naquele momento e não poderiam estar ali. Se bem que aulas nunca haviam sido um pretexto para eles deixarem de ir onde queriam.
Ela rumou para a sacada da Ala, para poder conferir o que estava acontecendo, quando congelou ao ouvir a líder loira da Sonserina cumprimentar meigamente:
- Há quanto tempo Doumajyd!
- Sai da minha frente, sua feiosa irritante! – rosnou o dragão a jogando para fora do seu caminho.
- Mentira... – Mary sussurrou e procurou em volta algum lugar para se esconder.
- Onde fica a mesa especial do D4? – perguntou ele do seu modo educado para alguns alunos do segundo ano, que apontaram para cima tremendo.
Era tarde demais, Mary só havia conseguido chegar até o começo da escada e não pôde fugir do campo de visão de Doumajyd. Quando ele olhou para onde os garotos apontaram e a viu, desviou o olhar no mesmo instante irritado e Mary apertou ainda mais a mochila, se segurando para não jogá-la nele. Então ele foi até onde começavam os degraus e disse para ela:
- Não entenda as coisas erradas! Não vim aqui para ver você! Combinei com o resto do D4 de nos encontrarmos aqui!
- Me desculpe por estar onde não deveria. – sibilou Mary para ele se apressando em descer ao mesmo tempo em que ele subia – Já estou saindo.
Os dois se cruzaram no meio da escada, mas nenhum se atreveu a olhar o outro. Isso só contribuiu para que a raiva da noite anterior voltasse e Mary não conseguisse evitar dizer quando chegou ao nível do salão, virando-se para olhar para cima:
- Parabéns pelo noivado!
Doumajyd parou ao ouvir aquilo.
- Se era isso, você poderia ter me falado em Nova York ou mesmo antes! Não precisava ficar me ignorando! Eu sei o meu lugar e ia me resignar a ele! Mas você precisou trazê-la aqui para mostrá-la como um troféu, não? Sua mãe deve estar orgulhosa!
- Não é isso! – ele se virou gritando em tom de defesa, mas se arrependeu do que fizera e tentou consertar meio sem jeito – Foi... um engano.
- Onde está o engano? – perguntou Mary furiosa, imaginando que ele estava pensando em um meio de dizer que a culpa era dela.
- Por que eu queria falar com você! – admitiu ele, como se isso explicasse tudo.
Mary continuou o encarando com uma expressão de total descrença, e então perguntou:
- E então porque não falou? Não teve chance?
- Na verdade eu-
Mas ele não pôde terminar, porque uma voz se sobrepôs a dele:
- Aaah, resolveu aparecer!
- O-o-o que está fa-fazendo aqui, macaca?! – ele perguntou assustado ao ver Summer Vanderbilt atrás dele na Ala, com o cabelo de volta ao roxo, que parecia ser a sua cor normal.
- Consegui saber por fontes seguras que você viria para cá hoje! Então vim reclamar!
- Re-reclamar? – perguntou ele não entendendo.
- Por sua causa eu me machuquei ontem! – ela ergueu a manga da blusa e mostrou o cotovelo esfolado.
- E daí? – perguntou ele com desprezo – Eu só estava me defendendo!
- Então não vai se desculpar? – perguntou ela com uma expressão de quem ainda tentava lhe dar mais uma chance – Eu sou uma garota, sabia? Você simplesmente me jogou no chão. Assuma a responsabilidade!
- Aquela coisa de noivado é uma farsa, ok? – disse ele – Não é por que nossos pais decidiram que nós-
- Mas quando eu mordi a sua orelha você ficou todo vermelho! – disse ela com uma voz que soava como um ronronar.
Doumajyd automaticamente tapou a referida orelha com a mãe e nos degraus lá embaixo ouvisse um sonoro engasgar que soava como um ‘O quê?’ vindo de Mary.
- Do-do que você está falando, macaca?! – ele tentou disfarçar, fingindo que não sabia nada a respeito.
- Ah, não lembra? – perguntou ela com um sorriso de quem tinha um trunfo – Então acho que vou ter que te ajudar a lembrar... – e ela parou, como se pensasse na melhor maneira de fazer isso acontecer, e então chegou a uma conclusão – Acho que, como sua noiva, devo te ajudar sempre, não? – ela se aproximou dele com um enorme sorriso.
- O quê?
Sem mudar a expressão, ela lhe deu um soco com toda a sua força no rosto e o fez cair alguns degraus, até recuperar o equilíbrio.
Mary conferiu toda a discussão chocada e não conseguia acreditar no que tinha acabado de ver. Doumajyd se recompôs o mais rápido que pôde, olhando abobado para a sua agressora.
- Se o nosso casamento é uma coisa certa entre nossos pais, – falou ela esfregando os dedos doloridos pelo soco – acho que posso me apaixonar por você, Christopher Doumajyd!
Aquelas palavras soaram como um terremoto dentro de Mary.
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