Capítulo IV



Capítulo IV




Estava atenta. Seus olhos percorriam por toda extensão da Estação, a plataforma 9 ¾ estava imerge pela fumaça deixada pelo trem que havia partido há instantes. Seguia o homem a sua frente, discretamente, misturando-se com outros bruxos do local. Precisava vê-lo de perto, ver se era ele mesmo. Seu Draco Malfoy.


Seguiu o loiro que já estava caminhando há bastante tempo junto a sua mulher, os dois rumaram para o Beco Diagonal. Distraiu-se ao vê-los entrar em um pub no local e suspirou pesadamente, encostando-se em uma parede de pedra, ao lado de um beco.


Ele estava casado, tinha um filho, uma vida! Ela estava casada, tinha um marido possessivo, extremamente ciumento, entre outras coisas e três filhos. As chances de ficarem juntos eram mínimas ou talvez inexistentes. Tinha vontade de olhá-lo nos olhos e dizer a ele o quanto sentia saudades, o quanto pensou nele durante esse tempo, o quanto beijou Harry pensando nele e até mesmo fez amor com seu marido pensando nele. Mas não podia. Agora eles tinham suas vidas guiadas por si próprias e o passado dos dois se perdera. .


Sentiu alguém puxar seu braço para dentro do beco ao seu lado, longe da movimentação das vielas do Beco Diagonal. Quando encarou a pessoa que havia a puxado, seu coração tentou sair de sua boca. Era ele. Seus olhos cinza a encaravam com divertimento e tinha seu sorriso irônico posto em sua boca, como sempre.


“Me seguindo, Weasley?”


“Malfoy, prazer revê-lo também.” Encarou-o firmemente, tentando não demonstrar o medo.


“Não me respondeu. Seguindo-me?”


“Eu? Oh não! Estava procurando uma pessoa.”


“Potter?” Cuspiu o sobrenome.


“Não, ele está em casa com a pequena Lily.” Olhou para os lados, vendo a movimentação por fora do beco. Fingindo aleatoriamente procurar por alguém. “Viste Malfoy? Fizer-me perder minha amiga de vista.”


“Já que é assim... Está livre essa tarde?” Sorriu torto. Por Merlin! Como Gina adorava aquele sorriso. “Podemos tomar um café Weasley. Aceita?”


“Não posso, tenho que ir pra casa.” Deu as costas ao loiro, seguindo em rumo à saída do beco.


“Prometo que eu não vou te agarrar.” Ele disse.


Permaneceu parada, de costas para Draco, em silêncio. O que estava fazendo? Ande Gina, continue andando e o ignore.


“Aceito.” Virou-se para ele, sorrindo. Estúpida!


“Londres Trouxa?”


“Melhor.”


Caminharam pelas vielas do Beco, seguindo para a Londres Trouxa. Não podiam aparatar, já que o ministério estava com certos problemas nessa área. Mas não se importaram e conversaram durante o caminho.


“E como foi sua estadia em Viena?” Perguntou Gina, fitando o chão.


“Ahn, digamos que curta.” Respondeu, caminhando junto a ela. Mantinha as mãos no bolso, tranqüilamente.


“Curta?” Olhou-o, confusa.


“Sim, eu voltei.”


“Voltou?” Fitou-o, incrédula.


“Não me olhe com essa cara, Virginia. Uma pessoa uma vez me chamou de covarde e acredite, eu odiei isso.” Pausou, vendo a ruiva abaixar a cabeça, abafando uma risada. “Voltei e lutei junto a Potty.” Revirou os olhos. “Trabalhando como espião.”


“Nossa! Ninguém nunca me contou sobre isso.”


“Talvez porque eu era espião, Virginia.” Bufou. “Você ainda quer um cérebro?”


“Desculpe?” Olhou-o, confusa.


“Um cérebro, há alguns anos atrás ofereci parte da minha herança pra você poder comprar um.”


“Ah!” Riu, perdida em lembranças. “Obrigada Malfoy, estou satisfeita com o meu Q. I abaixo de zero.”


“Essas pessoas que se contentam tanto com pouco.” Comentou mais para si, do que para Gina.


“O que quer dizer com isso?”


“Potter. Casou-se com ele.” Rolou os olhos. “Falta de opção, Virginia?”


“Não, Draco. Eu o amo.”


“E estás correndo atrás desse loiro gostoso.”


“Não estou correndo atrás de loiro gostoso nenhum.”


“Certo, loiro tesão?” Tentou.


“Nem loiro tesão.” Riu. “Eu apenas aceitei tomar café com você.”


“Admita Weasley, sou um loiro gostoso e tesão.”


“Merlin!” Bufou inconformada. “E humilde também.”


“É claro, quase me esqueci dessa parte.” Riu, acompanhando a risada contagiante de Gina.


Entraram no pub e logo se sentaram em uma das mesas, pedindo um café para cada. Malfoy pôs-se a admirar a beleza da ruiva a sua frente, realmente estava mudada, estava bem mais bonita. Seus cabelos não estavam excepcionalmente ruivos e exagerados em um tom vermelho-fogo, como antes. Estavam ruivos de uma cor cobre, desbotada, que ele julgava combinar mais com ela. Em sua face não havia mais sardas, mas ainda estava alva e sem nenhum erro ou cicatriz. Estava mais magra, mas seu olhar estava mais abatido que o normal.


“E então, depois de derrotar Voldemort, como seguiu sua vida?” Perguntou Gina.


“Mudei com meus pais para França, moramos um tempo lá, até me casar.” Pausou ao ver a ruiva abaixar a cabeça. “Tive Scorpius depois de um tempo e minha esposa morreu de câncer alguns anos depois.”


“Morreu?”


“Sim, morreu.”


“Mas... Quem era a mulher na Estação?”


“Andou prestando bastante atenção em mim, não foi, Virginia?” Sorriu torto. “Kendra, minha noiva. Acho que Scorpius precisa de uma mãe.”


“E ele gosta dela?”


“Digamos que do jeito dele.” Franziu o cenho, ao ver a ruiva soltar uma exclamação de entendimento. Scorpius não gostava de ninguém.


“E você? A ama?”


“Perdão?”


“Você entendeu Draco.” Rolou os olhos. “A ama?” Repetiu, temerosa.


“Claro que não. Sou Draco Malfoy, sem contar que é impossível amar uma mulher daquelas.” Bufou. “Não consigo ficar perto dela mais de cinco minutos.” Admitiu.


“Como os casamentos de ultimamente evoluíram.” Riu.


“Sem conversa fiada, Virginia. Admita, você ama o Potter?”


“Amo.” Disse apenas.


“Virginia...”


“Não sei, Draco. No começo, quando me casei com ele, eu o amei e muito. Mas quando tive James, as coisas foram esfriando... E...” Pausou, calculando cada letra que estaria na frase que iria dizer.


“E...?”


“E aquele dia não me deixa em paz.”


Draco engoliu seco ao escutar a ruiva dizer aquilo. “Aquele dia não me deixa em paz...”, aquela frase martelou em sua mente por minutos e minutos. Ela não havia esquecido de nada, assim como ele. De todas as mulheres que teve só nela ele pensava. E durante todo esse tempo só ela importava para ele. Tentou acompanhar Gina no Profeta Diário, já que ela era casada com Potter e sempre havia reportagens sobre a família perfeita.


“No fundo eu sei que ele não vai se repetir...” Sorriu fracamente. “É passado.”


Draco permaneceu em silêncio, escutando as palavras da ruiva. Malditas palavras que o atormentavam. Abaixou a cabeça e logo em seguida o café dos dois chegaram, Draco acendeu um cigarro e encarou Gina.


“Você...” Começou. “Você foi?”


“Aonde?” O encarou confusa.


“Seis meses depois, às 18 horas, na estação...”


“Ah...” Soltou um muxoxo. “Não, não pude.” Blefou.


“Que bom. Pensei que por um instante tivesse a deixado esperar.” Tragou, soltando a fumaça logo em seguida, fitando a ruiva.


“Porque você não pode ir?” Entrelaçou seus dedos, que tremiam involuntariamente. Virginia estúpida! Pare de ficar nervosa!


“Estava na guerra, não me deixaram afastar.” Continuou encarando-a, percebendo o nervosismo da mesma. “E você? Por que não foi?” Perguntou, em resposta recebendo o silêncio. “Você foi, não é?” Apagou o cigarro, bufando.


A ruiva apenas balançou a cabeça positivamente, abaixando a cabeça logo em seguida, segurando as lágrimas.


“Eu esperei você dias e dias, Draco...” Ergueu o olhar para encará-lo. Seus olhos mantinham-se molhados, por lágrimas não derramadas. “Mas você não veio.”


“Eu tentei, Gina!” Mexeu-se incomodado no acento. Estava constrangido com a situação. “Eu tentei...”


“Eu realmente fui estúpida, ao pensar que você, Draco Malfoy, se incomodaria de ir me procurar seis meses depois. Eu não passei de mais uma entre tantas para você, Draco. E eu não sou mais uma adolescente para supor isso, eu sou adulta e consigo ver isso. Você não se importou, simplesmente se eu ia ficar por horas, dias, ou meses te esperando. Você nunca se importou com nada.” Não deveria ter o seguido, não deveria ter aceitado sair para tomar um café com ele. Não deveria ter reencontrado ele.


“Gina, acredite; Nada do que você disse é verdade.”


Gina se levantou, e Draco a acompanhou deixando um dinheiro em cima da mesa. Seguiu-a para fora do estabelecimento. A noite havia imergido. Gina agradeceu. Assim ele não poderia ver as lágrimas que teimavam em cair por sua face. Ela acenou para um táxi, que parou.


“Adeus...” Entrou.


Draco que antes estava calado, permaneceu encarando o táxi se perder nas ruas de Londres e sussurrou para si mesmo.


“Até logo.”


Gina seguiu em direção a sua casa, não conseguindo impedir as lágrimas que deslizavam por sua face. Por que pensar nele? Estava com Harry agora, não precisa de Malfoy. Tinha sua família, ele tinha a dele. Deveria ter enterrado esse maldito passado a muito tempo.


Agradeceu o taxista, pagando a taxa e saindo do táxi, entrando em casa cansada. Assim que entrou em casa, jogou sua bolsa no sofá, e abriu a geladeira, pegando um copo de água. Precisava pensar, precisava dormir e principalmente, precisava relaxar.


“Fazendo novos amigos, Virgínia?” Sentiu um puxão com força em seu braço. “Divertiu-se?”


“Harry?” Olhou-o, escandalizada. “O que aconteceu?” Perguntou assustada, ao ver o estado do marido.


“Estava passeando e sem querer encontrei minha mulher com outro homem.”


“Não fale asneira!” Sussurrou. “Me solta, está me machucando! Vai acordar Lily!


“Ela está com Rony.” Segurou-a firmemente. “O que estava fazendo com ele?!” Gritou.


“Com quem?”


“Não se faça de desentendida. O que estava fazendo com ele?” Rangeu os dentes.


“Conversando.”


“Desde quando o conhece?”


“Passado.” Harry balançou a cabeça positivamente, seus olhos demonstravam uma fúria nunca vista. Estava vermelho de tanta raiva, o que depositara certo medo na mulher. “Vou buscar a Lily.” Dizendo isso, saiu de sua casa.


- D/G -


A primeira coisa que fez ao pisar o pé na Mansão Malfoy foi gritar. Sentia raiva, ódio, fúria, mas não dela e sim de si mesmo. Deveria ter ido como o combinado, reencontrado ela depois de seis meses. Mas não. Ele fora um inútil, um covarde e por orgulho não fora.


“Benzinho, o que há?” Aproximou-se a morena de seu amado.


“Kendra...” A encarou fulminantemente. “Vá pro quinto dos infernos!”


“Como?” Perguntou confusa.


“Quero que você se exploda! Fora daqui!” Gritou, entrando na biblioteca, seguido pela mulher.


“Mas, mon xuxú! O que aconteceu?”


“Você tem cinco segundos! Ou eu mesmo explodo você!” Kendra saiu do local batendo os pés.


“ZABINI!” Gritou, olhando em direção à lareira. “AQUI! JÁ!”


Depois de um tempo de espera, um rosto entre as chamas se transfigurou.


“Olha Malfoy, eu estou meio ocupado nesse momento, se é que me entende...”


“Agora!”


“Certo, Draco.” Desapareceu logo em seguida.


O loiro pegou uma garrafa de Whisky no bar que estava no lado direito da biblioteca e bebeu um gole na boca da garrafa, sentindo a bebida queimar sua garganta.


Como aqueles cabelos ruivos o irritava. Como aquele olhar o deixava raivoso. Lançou a garrafa na lareira, quebrando-a e aumentando as chamas.


Wow amigão, pega leve.” Zabini disse entrando na biblioteca.


“Cala a boca!” Gritou, virando-se para o amigo.


“Mas você mesmo que chamou aqui! Quer apenas me admirar?” Sorriu, sentando-se em uma poltrona.


“Eu a vi, Blaise!”


“Quem?”


“A Weasley!”


“Que Weasley, Malfoy? Andou bebendo?” Perguntou ironicamente, vendo o loiro agravar sua raiva.


“A Virginia, Blaise!”


“Ah!” Exclamou. “A Potter...” Frizou o sobrenome.


“Dane-se, Blaise. Pro inferno você e suas gracinhas.”


“E como ela está?” Perguntou folheando aleatoriamente um livro.


“Bonita” Sussurrou. “Mas ela é casada e têm três filhos.”


“Oh beleza, já que dá pro gasto, vai lá e dá umas beijocas nela.”


“Qual parte do “Ela é casada e têm três filhos...” que você não entendeu, Zabini?


“Ah é.” Suspirou. “E o que pretende fazer?”


“Me matar.” Bufou, rolando os olhos.


“Por que não mata o Potter e fica com ela para si?”


“Boa ideia.” Rolou os olhos. “Eu vou matar é você, por ser um amigo tão incompetente.”


“Eu? O que eu fiz?” Perguntou incrédulo.


“Deveria ter desaparecido da minha frente, indo pegar uma garrafa de Whisky pra mim.” Disse dirigindo-se a janela, encarando o horizonte.


“Ah! Claro, senhor. Deseja mais alguma coisa?” Balise bufou.


- D/G -


Os dias passaram-se rapidamente, desde que vira Draco Malfoy na Estação e desde a briga dos dois. Todos esses dias, a lembrança do acontecimento a atormentava, junto a Harry e seu ciúme doentio e incontrolável. Sempre implicava com a mulher, citando o nome de Draco Malfoy, o que a deixava totalmente desconfortável. Os dois estavam frios, não se beijavam, nem se tocavam e muito menos conversavam.


Gina estava na cozinha, preparando o almoço quando uma coruja pousou em sua janela. Retirou o pergaminho de sua pata e a coruja voou logo em seguida. Colocou a carta na mesa e chamou Harry e Lily para o almoço. A ruivinha desceu rapidamente, junto ao pai que a carregava no colo, feliz. Fechando a cara ao encarar Virginia. Sentaram-se a mesa e logo Gina abriu a carta, lendo-a.


Sr e Srª Potter,


Estão convidados para o jantar de Natal, organizado pelo Ministério da Magia, na véspera de Natal.


Ocorrerá no Ministério às 20h.


Conto com a presença dos senhores.


Rufus Nikolaievna


Ministro da Magia.”


Gina passou a carta para Harry, sem dizer uma só palavra, o mesmo leu em silêncio e logo jogou a carta na mesa dando ombros.


“Nós vamos?”


“Não poderia fazer essa desfeita com Ministro.” Bufou, sem encará-la.


“Vai aonde, mamãe?”


“Na festa do ministério, pequena.”


“Posso ir?”


“Não minha filha, és jovem demais para freqüentar esse tipo de festa.”


“Mas eu não sou uma criança.” Riu ao ver a filha cruzar os braços. “Já sou mocinha e sei comportar-me.”


“Sem essa, ruiva, não tem como ir. Crianças não entram.” Harry disse.


“Eu pego um salto da mamãe e ninguém descobre que eu sou criança. Todos vão pensar que sou ela!” Sorriu para os pais, que riam divertidos com a situação.


- D/G –


“Você vai não é, Draco?” Perguntou Zabini com um pergaminho em mãos.


“Claro que vou! O Ministro fez questão de me convidar cara a cara e prometi ir.” Sentou-se em cima de sua mesa. “Apesar de odiar essas festas chatas do Ministério.”


“Qual é, Draquinho, é véspera de Natal!” Apertou as bochechas do loiro.


“Vá se ferrar, Blaise!” Rolou os olhos, batendo nas mãos do moreno, afugentando-as de suas bochechas.


“Estou vendo que nosso loirinho continua pensando na ruiva do Potter.”


“Como você consegue ser insuportável às vezes hein, Zabini!?” Sentou-se em sua poltrona atrás de sua mesa, enquanto analisava alguns papeis.


“Admita, Draco... Sou sua consciência.”


“Se fosse, estaria perdido.” Revirou os olhos.


“Qual é Draco, o que houve?” Sentou-se na cadeira de frente pra mesa, encarando Draco.


“Sua presença me incomoda.” Murmurou.


“Ta certo. Não está mais aqui quem falou. Mas afinal, que diabos está fazendo?”


“Trabalhando.”


“Ainda bem que não trabalho.” Gabou-se.


“Teria falido sua empresa, com a sublime inteligência que tem.”


“Obrigado.” Agradeceu inocente.


- D/G –


Virginia olhou-se no espelho por mais uma vez, ajeitava sua calça jeans que teimava em cair, graças à perda de peso que sofreu, virou-se pra sua cama e pegou seu casaco branco colocando-o logo em seguida, por cima de sua blusa pólo com listras horizontais em tons preto e branco. Prendeu os cabelos e sorriu para seu reflexo no espelho, virando-se logo em seguida dando de cara com seu marido.


“Aonde vai, Virginia?” Perguntou o moreno.


“Na casa de Luna, quero conversar um pouco com ela. Vou deixar Lily com a senhora Figg.”


“Ao invés de passar o domingo com a família, vai sair pra se divertir é?”


“Vou sim.” Encarou-o friamente. “Deveria fazer o mesmo.” Passou pelo moreno, saindo do local. “Vá esfriar a cabeça, Harry.” Disse, enquanto descia os degraus.


Saiu da casa, deixou Lily na vizinha e aparatou logo em seguida, graças a Merlin o Ministério havia permitido aparatação novamente, assim não precisaria se preocupar em pedir a Harry para deixá-la na casa de Luna. Desaparatou em frente à Mansão Scamander, moradia de Luna desde que havia se casado com Rolf Scamander. Adentrou-se nos portões, que dava o possível acesso aos jardins, aproximando-se de uma grandiosa porta de mogno, batendo nela logo seguida.


“Senhora Potter. Eu avisar senhora Scamander que senhora está presente.” Falou o elfo, que havia aberto a porta em instantes. “Entre.”


“Obrigado Dooca.” Agradeceu Gina, entrando.


Luna vivia com luxo, a mansão era moderna com móveis nos tons preto e branco, os quais Gina amava, sentou-se em um sofá e esperou por sua amiga.


“Gina!” Escutou uma voz feminina, vinda da escada do hall. “Gina!”


“Luna!” Levantou-se para abraçar a amiga. “Que saudade!” Sorriu, virando-se para a mulher ao lado de Luna. Era belíssima. Possuía a pele pálida, com olhos azuis como oceano, os cabelos pretos e lisos abaixo do ombro, em um corte desfiado. “Romena!”


“Gina! Achei que não me reconheceria! Não nos vemos há tanto tempo!” Riu. “Por que sumiu, ruiva?”


“É por isso que estou aqui. Precisamos conversar.” Fitou as mulheres.


“Claro, Gina! Vamos lá para cima.” Disse Luna, que subiu as escadas do hall, acompanhada por Romena e Gina.


Entraram em um cômodo, que estava no fim do corredor, o qual haviam passado. E Gina logo se acomodou deitando-se cansada na cama, Romena fez o mesmo e Luna sentou-se em uma poltrona de frente para elas.


“É algo grave?”


“Não sei, Luna.” Suspirou, sentou-se para encarar a amiga. “Harry esta diferente.” Pausou, esperando as amigas dizerem algo, mas as mesmas a olharam, confusas. “Ciúme.” Disse recebendo olhares compreensivos. ‘Ele já teve ciúmes de mim, várias vezes! Mas não me importei, pois nunca chegara a extrapolar. Mês passado, logo depois de deixar Alvo e James na estação, eu saí para tomar um café com Malfoy.”


“Malfoy?” Perguntou Romena, incrédula.


“Sim. Draco Malfoy, o próprio.”


“Gina!” Repreendeu Luna. “Harry viu?”


“Não só viu, Luna... Como provavelmente escutou alguma coisa. Fez um escândalo em casa. Provavelmente incomodou os vizinhos.” Suspirou. “Implica comigo até hoje.”


“Nossa Gina! Mas você deu motivos para ele fazer isso?”


“Sair com Draco é motivo suficiente!”


“Vocês não estavam conversando sobre aquele dia, estavam?!” Luna perguntou.


“Estávamos.”


“Gina, você é louca.” Romena piscou, incrédula. “Ele deve está uma fera.”


“Acredite, está pior.” Luna balançou a cabeça negativamente.


“Gina. Já pensou no que Harry pode fazer?”


“Já sim, Luna.”


“A guerra o afetou muito, Gina. Muito mesmo. Desculpe-me dizer, mas ele não tem sanidade mental perfeita. Ele perdeu muitos amigos, sofreu muito e ainda destruiu Voldemort.” Suspirou, continuando em seguida. “Ele e o Malfoy se odeiam. E agora ele deve saber que vocês tiveram um passado juntos” Disse Romena, pegando três taças no bar que havia no quarto, abrindo um vinho e servindo.


“Eu sei! Malfoy com certeza incomoda Harry.” Levantou a ruiva, pegando uma taça, indo na direção da janela. “Eu tenho medo do que ele pode fazer com Draco...” Falou sem pensar.


“Como assim Gina?” Perguntou Luna. “Ele não seria capaz.”


Gina permaneceu em silêncio. Não sabia mais do que Harry era capaz de fazer ou não. Romena estava certa. A guerra havia o afetado de maneira irreversível. Ele não era o mesmo Harry de antes.


“Você ainda...” Começou Luna.


“Não!” Adiantou, virando-se para as amigas.


“Gina, pode mentir para qualquer pessoa, não pra gente.” Falou a loira, que enchia novamente sua taça.


Gina permaneceu calada por instantes e pensou.


“Não sei, Luna, antes eu o guardava em minha mente, um tipo de amor platônico entende? Eu sabia que era algo impossível. Não tinha esperanças de revê-lo novamente.” Recebeu em resposta um balançar positivo de cabeça. “E agora, quando eu o vi. Tudo veio à tona, tudo de uma só vez. Eu ainda sinto que tenho esperanças.”


“Mas e Harry, Gina?”


“Esse é o problema! Sou casada e tenho três filhos, Romena.” Sem agüentar mais, começou a chorar, sendo abraçada pelas amigas.


“Não fica assim.”


“Eu tenho que esquecer isso...” Finalizou.


“Deixe isso de lado! Esqueça Draco e Harry. Esqueça tudo!” Falou Luna sorrindo. “Vamos à festa do Ministério na véspera de Natal e aproveitaremos.” Sorriu maliciosa.


“Luna! Você é casada!” Gina a repreendeu, rindo divertida.


“Olha quem fala!” Romena riu. “Sou a única solteira aqui!”


“Solteirona!” As amigas riram.


- D/G -


Draco estava com a cabeça quente nos últimos dias. Não conversava com ninguém, muito menos com Blaise, seu melhor amigo. Apenas mandava cartas a Scorpius perguntando se o garoto estava bem. Não conseguia tirar Gina da cabeça. Estava linda, diferente, parecia bem mais madura do que antes, assim como ele.


“Mestre! Mestre!” Adentrou um elfo no local. “Um homem o espera.”


“Um homem?” Olhou confuso o elfo.


“Senhor Potter.” Foi tudo o que o elfo disse, antes de ver o loiro sair rapidamente de seu escritório.


Como Potter, ousava depositar a imundice de sua raça em sua casa?


“Potter.” Bufou. “Está sujando minha casa.” Falou descendo os degraus da longa escada, aproximando-se do moreno.


“Malfoy.” O encarou, cara a cara. “Não perdeu o senso de humor não é?”


“Não perdeu a cicatriz, não é?” Sorriu torto. “O que você quer?”


“Distância.” Rangeu entre os dentes.


“Sou vacinado, não precisa se preocupar. Mas já que você insiste... Com todo prazer.” Falou, afastando-se.


“Não de mim, seu idiota.” Bufou. “De Virginia.”


“Ah sim. Da Weasley.” Cruzou os braços, encarando o moreno, divertido.


“Potter, Malfoy. Virginia Potter.”


“O que há, Cicatriz?” Esboçou um sorriso debochado. “Desconfiando de haver galhos na cabeça?” Riu.


“Cuidado com o que fala, Malfoy!” Segurou Draco pelo colarinho de sua blusa.


“Voldermort além de passar parte de seus poderes inuteis, também passou para você sua loucura e falta de sanidade mental?” Cuspiu. Quem ele achava que era, ao entrar em sua casa e lhe desafiar? “Mas me diga. Com medo de sua mulher te trocar por mim?”


Recebeu um soco de Harry, antes de cair no chão tonto.


“Só fique longe dela.” Harry disse, saindo da mansão.


- D/G –


Virginia estava deitada em sua cama, havia chegado há algumas horas depois de ter saído da casa de Luna e buscado Lily. Não ligou para a ausência do marido no local, afinal achava ótimo, precisava de um tempo sozinha depois do desentendimento dos dois.


Estava concentrada no livro, perdida em seus próprios devaneios. Uma ave impertinente começou a bicar a jenela de seu quarto desesperadamente. Gina levantou-se e retirou a carta de seu bico, sendo bicada pela coruja antes de ela ir embora.


Querida Weasley,


Desculpe lhe incomodar nessa bela tarde de domingo, mas seria ótimo se você acoleirasse seu marido em casa, por questões de segurança do Mundo Bruxo. Se caso você acatasse no cumprimento dessas regras, talvez ele não andasse por aí quebrando o nariz de qualquer um...


...Sem motivos.


Com amor


Draco Malfoy


P.S.: Ele tem Raiva? Por que não o vacinou?”


Ao terminar a carta, escutou a porta do andar de baixo estalar-se em um barulho ensurdecedor. Saiu de seu quarto batendo os pés, ainda com a carta em sua mão.


Harry! Harry” Gritou pelo marido, descendo as escadas.


“O que foi, Gina?” Bufou, revirando os olhos, sentando-se no sofá.


“O que foi?!” Repetiu. “O QUE FOI?!” Gritou, assustando o homem. “Você quebrou o nariz dele!” Entregou o pergaminho ao marido.


“Irônico, não?” Disse, lendo a carta e a rasgando em seguida. “Anda comunicando-se com ele freqüentemente, Virginia?” Levantou-se, encarando-a.


“Não ouse...” Avisou.


“Quantas cartas ele te manda por dia?”


“Seu doente!”


“NÃO SOU DOENTE, VIRGINIA!” Exasperou-se, segurando a mulher pelos braços. “Não é qualquer mulher casada que sai por aí, empinando a bunda para qualquer um.”


Gina levantou a mão, que fora de encontro ao rosto de Harry que virara bruscamente com o impacto. Maldito! Ele não tinha direito nenhum de falar assim com ela. Sua respiração mantinha-se ofegante, enquanto se encaravam fulminantemente.


“Agora diga, querida...” Ironizou. “Diga olhando nos meus olhos que ele não te fodeu no passado. Que ele não foi seu primeiro. Diga! Tenha a cara de pau de mentir pra mim.” A encarou friamente. “Eu sei de tudo, Virginia.”


“O que importa é o presente! Eu estou com você!”


DIGA, VIRGINIA!” Gritou. “Diga que você não o ama ainda. Tenha a indecência de mentir pra mim.”


“Ele é o meu passado.” Admitir isso doeu. Doeu tanto que Virginia deu as costas para Harry e trancou-se em seu quarto pelo resto do dia.

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