Capítulo III



Capítulo III




01 de Setembro de 2017


O sol não havia raiado na casa dos Potter, a claridade não chegava a iluminar o local. Ainda eram quase seis da manhã quando a ruiva despertou. Abriu os olhos lentamente, fitando o teto, esfregou-os de leve, e espreguiçou-se. Sentou-se na beirada da cama e olhou para seu marido que dormia na cama vulnerável. Deu um sorriso fraco e se levantou, indo ao banheiro.


Olhou-se no espelho, sua cara estava mais amassada do que nunca, havia sonhado com ele novamente. Com aquele dia que não a deixava em paz. Sonhou com seus toques, seus beijos. Levou a mão na boca e fechou os olhos tentando se lembrar do frio beijo do loiro. Suspirou pesadamente e sorriu para seu reflexo no espelho.


- D/G –


“Scorpius, estou lhe dizendo, vai se atrasar!” Gritou a mulher, batendo na porta do banheiro, onde se encontrava o garoto trancado. “Seu pai não permite atrasos e sabe disso!”


“Cale-se Kendra, estou quase pronto. Não sei por que teimam em me acordar seis e meia!” Abriu a porta do banheiro, trajava uma capa presa e abotoada até seu pescoço. “O trem sai às onze!” A encarou friamente.


“Mas seu pai quer fazer desjejum com todos presentes...”


“Isso inclui você?”


“Sim, inclui.” Sorriu.


“Que felicidade.” Bufou, antes de sair do quarto e bater a porta.


Detestava Kendra, pois sabia muito bem o que ela queria com seu pai. O dinheiro dele. Não era óbvio? Eles iriam se casar, ela o mataria, ficaria com toda a herança e o mandaria para um internato trouxa. Sua vida estava perfeita com ela no caminho, é claro que essa frase era irônica.


Desceu as escadas do local, sem desviar o olhar de seu trajeto, pouco incomodado com os elfos que se curvavam para ele, como odiava isso. Seres hipócritas. Era muito melhor seu pai contratar gente decente para trabalhar com eles. Ficaria tudo melhor, decente e mais limpo. Mas não, como ele havia dito antes, sua vida estava perfeita. Imagine! Com onze anos e possuía estresses.


Sentou-se a mesa, sem ao menos olhar para seu pai que comia silenciosamente, olhando as manchetes do Profeta Diário.


“Lixo.” Bufou jogando o jornal na mesa, voltando à atenção a sua comida.


“Amor, acordei Scorpius como pediste e já mandei preparem o carro para irmos para a estação.” Sentou-se a mesa, sorrindo falsamente. “Ainda acho um absurdo o ministério proibir a aparatação esses dias. Não é, querido?”


“Uhn...” Ignorou Kendra, entediado, levantando o olhar para o filho. “Preparado para ir para Hogwarts, Scorpius?”


“Oh! claro papai, que alegria.” Bufou.


“Poderia ao menos fingir, non xuxu?” Disse a morena com um sotaque francês enjoativo e falso, apertando as bochechas pálidas do garoto.


“Ah! Tira sua mão de mim!”


“Scorpius!” Repreendeu Draco.


“Scorpius nada! Ela é sua mulher, mas não é minha mãe.” Olhou para Kendra com desgosto. “Por isso, não tente encenar como uma.” Levantou-se da mesa bruscamente. “Quando formos, estarei na biblioteca, chamar-me.” Falou, deixando o local.


- D/G –


“Mãe! Onde está meu uniforme?” Gritou no andar de cima.


“Não sei, querido, deixei passado em cima de sua cama, pergunte ao seu irmão!” Respondeu da cozinha, retirando as sobras do café da manhã da mesa.


“Alvo!” Gritou o mesmo.


“Quer ajuda querida?” Perguntou Harry, sorrindo gentilmente.


“Oh não amor, já acabei.” Acenou a varinha e a louça se pôs a lavar sozinha. “Preciso de ajuda com os garotos, podia fazer isso pra mim?” Perguntou antes de Harry subir as escadas em busca de seus filhos. “Lily! Cadê você?”


“Aqui, mamãe!” Gritou a garota do lado de fora da casa.


“Lily? O que está fazendo?” Perguntou Gina, saindo da casa, indo à direção da ruivinha.


“Procurando minhas calcinhas.” Riu.


“Já coloquei em sua cama! Vá logo se aprontar, já são quase dez!”


“Certo!” Beijou a face da mãe e saiu em direção a seu quarto.


O dia estava bem agitado. Todas as crianças estavam em casa. Sempre que estavam em casa, as manhãs eram assim. Alvo acordando Lily, que pulava na cama de James, que gritava acordando Harry e que Gina tinha que separar. Era uma família feliz, Gina gostava disso, apesar de dedicar-se mais aos filhos do que a Harry, como esposa.


“Mãe! Mãe! Estamos prontos!” Gritou Alvo, que corria em direção a mãe.


“Sim! Só falta a lenta da Lily, será que ela não percebeu que não vai esse ano?” Bufou James.


“James! Não fale assim com sua irmã!”


“Eu escutei! Ouviu, James!?” Falou a ruivinha, que descia as escadas correndo, dando um soco frágil no estômago do irmão, que a segurava pela cabeça, divertido.


“Vocês dois! PAREM!” Gritou Harry e os garotos obedeceram.


“Graças a Merlin, a voz de um homem.” Sorriu Gina, ao aproximar-se do marido e dar-lhe um beijo na face. Recebendo em resposta expressões desgostosas das crianças.


“Estão prontos?” Perguntou Harry, saindo da casa, seguido pelos Potter’s.


“Por que temos que ir nisso?” Perguntou James, olhando o carro a sua frente.


“Porque isso é um meio de transporte, bundão!” Respondeu Lily, de maneira obvia.


“Porque simplesmente não aparatamos?” Rolou os olhos.


“Com vocês? Oh não seja cínico, James.” Disse Gina, recebendo em resposta um olhar confuso do filho. “Vamos, todos para dentro.”


- D/G -


Os três se aproximaram da barreira, Scorpius bufou ao ver Kendra entrelaçar sua mão a mão de seu pai. Empurrou o carrinho à direção da parede. A família emergiu na plataforma 9 ¾, que estava coberta em fumaça branca que, o Expresso de Hogwarts exalava. Na estação estavam rostos conhecidos, que Draco não podia deixar de acenar com a cabeça para alguns, sorrindo levemente, junto a sua mulher.


“Dez e meia, apresse-se Scorpius, ou perderá o trem.” Falou para o filho.


“Certo pai, já vou.”


“Te vejo no Natal!” Abraçou-o. “Me escreva.”


- D/G-


Draco Malfoy estava parado com sua esposa, o que Gina julgava ser, e o seu filho, com casaco abotoado até seu pescoço, o que acentuava seu queixo fino. Seu filho parecia-se com ele, assim como Alvo parecia-se com Harry. O encarou por bastante tempo, até que seus olhares se colidiram. O olhar dos se prenderam por curtos instantes, no qual Gina jurou ser eterno.


Ignorou completamente a conversa que se passava entre seus amigos e familiares.


“Então esse é o pequeno Scorpius” Disse Rony. “Bata ele em todos os testes, Rose. Graças a Deus que você herdou o cérebro da sua mãe.”


“Rony, pelo amor de Deus!” disse Hermione, um pouco brava e um pouco sorrindo. “Não tente colocá-los uns contra os outros antes mesmo do ano começar!”


“Você está certa, sinto muito.” Mas incapaz de se segurar ele acrescentou. “Não seja amigável com ele também, Rose. Vovô Weasley nunca a perdoaria se casasse com um sangue-puro.”


Gina sentiu vontade de rir do irmão, pelo ultimo comentário, o único o qual escutou. O ruivo realmente não mudara depois de tanto tempo. Draco Malfoy também não. Permanecia o mesmo, com seus cabelos loiros platinados teimando em cair na face, e seus olhos cinza e frios, que Gina jurava estarem mais distantes do que o normal. Suspirou pesadamente, segurando o choro ao ver que o loiro abaixara a cabeça e saíra andando, ignorando-a.


- D/G –


Depois de dezenove anos ele a vira, depois de tanto tempo eles se reencontraram. Apesar de planejarem se reencontrar de outra maneira...


26 de Maio de 1997


Draco abriu os olhos com a claridade vindo em sua direção. Apesar de cedo, o sol já estava nascendo e sentia sua cabeça doer, que maldito vinho o garçom lhe dera no restaurante? Tentou deixar os olhos abertos, mas a claridade impedia. Levou as mãos à face tentando impedir a luz.


Mas sua atenção foi chamada para a mulher que estava em seus braços, como assim? Ele havia dormido com alguém? O susto foi maior ao ver os cabelos ruivos espalhados por seu peito nu. Havia dormido com Gina Weasley?


“Weasley?!” Perguntou assustado, levantando-se bruscamente. Arrependendo-se logo em seguida. Maldita dor de cabeça!


“Draco? O que foi? Perguntou ela. Já estava acordada a um tempo, apenas estava deitada ao lado de Draco, já vestida.


“Como assim ‘Draco’? Não era ‘Malfoy’? ‘Malafoy’?!” Gritou, preocupado.


Gina já deveria adivinhar, ele não se lembrava de nada, julgou que ele estava com desejo de transar com alguém, juntou o fato de que ele estava alcoolizado, e libertando o seu espírito aventureiro; usou Ginny. Ponto pra ela!


Ela abaixou a cabeça, segurando o choro. Sendo praticamente impossível, pelo comentário que Malfoy fez.


“Eca!” Fingiu se limpar. “Me infectei!”


“Idiota!” Bufou levantando-se. Pegou o seu casaco no chão e deu as costas pro loiro, indo embora. Ela iria para Paris hoje, estaria longe dele e tudo se resolveria.


Draco permaneceu parado, vendo a ruiva afastar-se rudemente. Estava confuso. Ela deveria saber que ele era Draco Malfoy! E ele não precisava explicar isso.


Por que ela agiria daquela forma? Ele, definitivamente, não havia feito juras de amor eterno.


Sua cabeça latejou, forçando-o a massagear as têmporas. A cena da noite passada veio a sua cabeça como flash.


Vamos fazer uma loucura Virginia...”


Como assim “Vamos fazer uma loucura Virginia...”?. E que loucura ele havia feito. Que espécie de aventureiro sem cérebro ele havia se tornado? Amaldiçoou-se mil vezes por isso, com certeza havia feito papel de palhaço para a ruiva. Mas não a justificava ter saído irritada como saiu.


Draco...” Gina sussurrou, encarando-o nos olhos. “Eu sou...” Soltou um suspiro, trêmula.


Isso explica. Deflorou a inocente Virginia Weasley e partira o coração da mesma. Que cena tocante. Bufou antes de caminhar em direção ao hotel. Falaria com ela, para ao menos amenizar a dor do pobre coração da garota. Pensou assim, rindo logo em seguida por ter pensando de maneira tão idiota.


Entrou no hotel, subindo as escadas rapidamente, caminhando até o quarto de Gina, parou na porta ao lado e bateu, mas não obteve resposta. Tentou novamente e nada. Abriu a porta, que incrivelmente estava destrancada e encontrou a ruiva fazendo sua mala.


“Aonde vai?” Perguntou, em frente à porta.


“Embora, não se lembre...” Alfinetou. “Tem um trem esperando por mim às nove e meia. E no meu relógio são... Seis horas.” Finalizou, encarando-o.


“Ah é, me esqueci.” Respondeu a alfinetada, fechando a cara em seguida.


Como sempre. Agora me dá licença, preciso passar Malfoy.” Bufou.


“Não vai passar.”


“Vou sim.”


“Não vai.” Cruzou os braços, encostando-se na parede. “Eu não deixo.”


“Malfoy, eu vou me atrasar.”


“Ah claro, você tem que chegar quase quatro horas antes.”


“Tenho que me certificar de que não vou perder o trem e ter que conviver com você mais um pouco.”


“Você me dá nojo, Weasley.” Falou desgostoso.


“A recíproca é verdadeira.” Respondeu com puro veneno. “Agora saia da minha frente.”


“Weasley, acho que você é quem deveria comprar um cérebro.”


“Como?” Perguntou confusa.


“Eu me lembro de ontem.” Draco viu um lampejo de desgosto passar pelos olhos amendoados de Gina. “Você me disse pra usar minha herança pra comprar um cérebro, se quiser eu te empresto dinheiro e você compra um.”


“Aonde quer chegar?”


“Você descobriria, se fosse inteligente, saberia que eu não deixaria você passar por que eu preciso fazer isso.” Draco idiota! O que você pensa que vai fazer? Não está pensando em beijar ela de novo, não né?


Aproximou-se sorrateiramente de Gina, levando sua mão direita às costas dela e a esquerda em sua nuca, puxando-a pra si e beijando-a. O beijo não era o mesmo da noite que passaram juntos, não era doce, não era delicado, não era lento. Era violento e carnal. Ele a pressionou na parede e a encarou em seguida, sorrindo torto.


“Você achou mesmo que eu sóbrio iria falar todas aquelas baboseiras sobre loucura?” Perguntou, sorrindo debochado. “Claro que não. Eu não iria tentar de convencer, eu iria fazer.” Dizendo isso, voltou a beijá-la.


Gina ignorou a mala e o trem que deveria pegar. Levou suas mãos aos cabelos loiros do garoto, o beijo dos dois mantinha-se de mordidas fortes e apertos violentos. E podia garantir que esse beijo era muito melhor do que o da noite passada.


“Quer que eu pare?” Perguntou Draco, parando de beijá-la, ainda prensando-a na parede.


“Por favor, Draco, pára, preciso ir embora.” Desviou seu olhar dele, tentando desvencilhar dos braços do loiro. Sua respiração mantinha-se irregular.


“Eu não vou parar.” Beijou-a no pescoço e logo em seguida o lóbulo da orelha, escutando a ruiva arfar. “Você não quer que eu pare.”


“Não...” Falou entre gemidos.


“Como é, Weasley?” Pressionou sua perna entre as pernas dela e rasgou sua blusa. “Continue a dizer...” Pôs a beijar o colo da ruiva, prendendo suas mãos na parede.


“Malfoy...” Gemeu.


“Gostei de ouvir você gemer, dizendo meu sobrenome.” Sorriu, voltando a beijar o colo da ruiva.


“Pára, por favor...” Ela implorou.


Ele a encarou por um instante e a olhou friamente.


“Vá embora! Saia daqui Weasley. Está poluindo meu ar.” A ruiva franziu o cenho, confusa, dando as costas e abaixando-se para pegar sua mala.


Não sei até aonde agüentaria...” - Pensou.


“Eu escutei isso.” Sorriu ironicamente.


“Como?” Virou-se para ele confusa. “Eu não disse nada.”


“Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim Weasel fêmea. Agora desapareça da minha frente, antes que eu vomite.”


“Você é repugnante!” Olhou-o, enojada, tentava segurar o choro, que teimara em cair.


“Weasley, pare de chorar vai nos afogar!” Bufou.


“Inútil!” Bradou, batendo no peito do garoto histericamente. “Nojento! Eu te odeio!”


“Eu também.” Foi tudo o que disse, antes da ruiva beijá-lo, jogando-se em cima dele, o empurrando para cama.


Gina sua estúpida! O que pensa que está fazendo? Sua sanidade havia se esvaído de si. Pois tudo que queria era sentir o loiro de novo, mesmo que o repugnasse, mesmo que o odiasse. Sabia que ele era um veneno, mas ele era um veneno bastante tentador.


Beijou-o com volúpia, retirando a camisa do loiro e logo depois voltando a beijá-lo, sendo correspondida. O mesmo passava as mãos pelas coxas da ruiva, a despindo.


“Eu não vou ser bonzinho.” A encarou, sorrindo. Sabia que ela queria.


“Não quero que seja.” Beijaram-se novamente.


- D/G –


“Sabia que me atrasaria!” Falou, correndo pela estação.


“Por Deus Weasley! Pare de reclamar, sua estúpida!” Bufou, seguindo-a impaciente.


“Malfoy, vá engolir trasgos! Não é você que vai perder o trem.”


“Pelo menos a gente aproveita mais um pouco!” A puxou, prendendo-a pela cintura, sorrindo malicioso.


“Vá para a Cornualha, Malfoy!” Empurrou-o. “Meu Merlin! Graças a Você estou aqui!” Falou olhando para o céu, agradecendo a Merlin, deixando Draco encabulado com o ato dela.


“Pare com isso, Weasel, está me envergonhando.”


“Era a intenção.” Riu. “Pois é. Acaba aqui, não é?” Abaixou a cabeça. A estação estava barulhenta. Estava de frente pro trem o qual iria sair em instantes e possuía pessoas desesperadas ao seu redor, despedindo-se.


“Queria te ver de novo.” Falou Gina, sem pensar.


“Eu também.” Ele respondeu. “Vamos nos ver.” Sorriu maliciosamente.


“Vamos?”


“Sim.”


“Quando?”


“Não sei.”


“Cinco anos?” Perguntou confusa.


“Não!” Apressou-se em negar.


“Dois?”


“Muito tempo.”


“Daqui seis meses, aqui! Nessa estação no mesmo dia, às 18 horas.” Tentou novamente.


“Perfeito.” A encarou novamente, olhou-a nos olhos. “Não se atrase.” A beijou pela última vez.


“Adeus...” Disse, antes de pular na sacada do trem, que tomava velocidade aos poucos.


“Até logo.” Murmurou.


Gina acenou para ele, pela última vez, durante um bom tempo. Sentia um aperto forte no coração; uma sensação dolorosa de perda. Ignorou e entrou no vagão. Deixando um loiro para trás, o qual de acordo com a velocidade do trem, mantinha-se mais distante do que nunca.


01 de Setembro de 2017


"Lily querida, importa-se de ir pra casa com o papai?" Ajoelhou-se, ficando na altura da filha.


"Não, mamãe." Sorriu.


"Harry, eu encontrei uma velha amiga, e queria cumprimentá-la e talvez sair para tomar algo, se importa?"


"Não, Gina, pode ir!" Sorriu, pegando a filha no colo. Beijou Gina e a viu se afastar.


Gina sentiu o coração apertar. Não sentia isso há 19 anos. Iria ver Draco Malfoy novamente...

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