Único
Visgo, a magia do (L)
-Natal. Eu.odeio.o.natal – Gina disse olhando para todos aqueles casaizinhos grudentos trocando presentes pelos corredores.
-Nossa Gina, não seja tão invejosa! – Pansy riu, olhando a amiga ficar avermelhada.
-Pansy, só porque você simplesmente conseguiu conquistar nada mais nada menos que Harry Potter isso não significa que você pode ficar fazendo chacota de mim, sua amiga da onça – Gina disse emburrada, enquanto a amiga agarrava no braço do namorado e imitava as garras e o barulho de uma onça, rindo.
-Ah, Gina, não fica assim, você sabe que tem zilhões de garotos que fariam qualquer coisa pra estar com você agora – Hermione disse de braços dados com Rony, que concordava.
-Na verdade com a quantidade de presentes que você recebeu, bem, não dá pra imaginar quem nesse colégio que não queira estar com você – Luna disse abafando uma risadinha, sendo enlaçada por Blaise.
-Ah, ótimo. Todos têm um namorado, menos eu – Gina cruzou os braços e jogou-se embaixo de uma árvore logo depois de onde os amigos ficaram sentados, namorando. Não iria ficar de vela para aquele bando.
A ruiva bufou e olhou para o outro lado da árvore, onde um loiro fazia o mesmo que ela.
-Era só o que me faltava. Malfoy SOME DAQUI! – Ela gritou e o loiro olhou para ela espantado, um tanto assustado.
-O que foi Weasley? – Ele perguntou sem conseguir insulta-la tamanho era seu susto.
-Não quero mais ninguém me chacotando por hoje. Sai daqui, vai dar o seu presente nada-descente pra vadiazinha qualquer com a qual você deve estar saindo por aí. – Gina suspirou e apoiou a cabeça nas mãos e os cotovelos nos joelhos – Só me deixa sozinha, Malfoy – Gina disse mais baixo e sem aquele tom raivoso de antes, o que deixou o garoto mais atordoado ainda.
-Weasley, definitivamente você pirou – Ele disse levantando-se.
-Aff, você ainda está aqui? Poupe-me de seus comentários e vá para sua vadia de uma vez e ME DEIXA SOZINHA! – Ela disse, sentindo uma vontade louca de chegar mais para perto dele ao sentir o calor que emanava da figura loira.
-Weasley, primeiramente quero esclarecer que não há nenhuma vadia. – Ele riu e ela fuzilou-o com o olhar, arrependendo-se logo depois de ter feito aquilo, pois fê-la notar o quanto ele estava e era lindo – E segundo: sim, você pirou, e definitivamente precisa de um namorado – Ele disse e deu um sorriso cínico, observando a cara emburrada dela.
Gina olhou-o ainda com aquela cara emburrada, mostrando-lhe a língua e fazendo-o arquear uma sobrancelha, fazendo-a pensar no como ele ficava irritantemente sexy naquela expressão. E em todas as outras.
-Malfoy, já disse que não quero mais ser chacotada hoje. Por favor, some daqui – Ela disse já cansada de lutar contra aquela tristezinha que começava a crescer e ficar de um tamanho significativo dentro do seu peito.
-Mas eu não estou te chacotando. Estou te propondo um acordo – Ele disse sentando-se novamente ao lado dela, só que bem mais perto.
-Acordo? Malfoy acho que foi você que pirou – Ela disse virando a cara e tentando ignorar a vontade de chorar misturada com aquela ansiedade e seu estomago, que fazia uns saltinhos engraçados dentro de sua barriga.
-Sim, um acordo. Digamos que você está sem namorado, pelo que entendi, e eu também estou sem ninguém. E mesmo que quisesse todas as garotas agora tem um namorado por causa do natal, e por causa dessa joça de “espírito natalino” elas não os abandonariam nem mesmo para ficar comigo – Ele disse tudo isso um tanto rapidamente, como se estivesse sem jeito de falar tudo aquilo para ela, que passou a observá-lo com um pouco de interesse no que ele falava.
-E o que você propõe? – Ela perguntou descruzando os braços.
-Bom... – Ele coçou a nuca nervosamente.
Gina repentinamente olhou para cima, vendo algo verde e vermelho que antes não estava ali, pendurado sobre sua cabeça em um dos galhos da árvore, e ficou pálida repentinamente.
-Weasley? O que houve? – Ele perguntou assustado novamente, vendo-a empalidecer-se rapidamente.
Gina apontou ainda embasbacada para cima da cabeça deles, e ele olhou.
Ali, em cima deles, estava uma guirlanda. Uma simples guirlanda de natal, feita de um raminho de alguma planta e uma fita vermelha.
-Ah meu Merlim – Ela disse colocando uma mão no rosto, tampando os olhos.
-O que foi Weasley? O que tem aquela guirlanda? – Draco perguntou visivelmente preocupado com a garota, que agora estava vermelha como um pimentão.
-Malfoy seu tapado. Sabe que erva é aquela? – Ela perguntou apontando pra guirlanda, e ele fez que não com a cabeça.
-É visgo – Ela disse vermelha, prestes a explodir de vergonha. Logicamente ele sabia da tradição que envolvia o visgo, e logicamente não iria querer cumpri-la, rejeitando assim Gina. Mas e se...
-Bom, acho que você também conhece a tradição – Ele disse sorrindo, se aproximando dela.
-O que você pensa que está fazendo, Malfoy? – Ela perguntou meio assustada, se esquivando enquanto ele chegava perto.
-Oras, cumprindo essa nobre tradição que transcendeu eras – Ele disse com naturalidade, encurralando-a contra a árvore.
-Mas... O que era sua proposta? – Ela tentou mudar de assunto enquanto ele enlaçava-a pela cintura e fazia-a levantar-se, colando seu corpo ao dela, ainda encurralado contra a árvore.
-Era isso – Ele disse finalmente quebrando a distância entre os dois e beijando-a de um jeito envolvente, intenso. O beijo não era violento, mas não era doce. Era uma carícia perfeita, pensou Gina, enquanto enlaçava-o pelo pescoço, sem conseguir resistir mais.
-Merlim, Malfoy, sabe que isso é completamente errado, não sabe? – Ela disse confusa, mas sem querer desgrudar do corpo dele.
-E quem se importa? É bom, acho que é isso que importa – Ele disse olhando-a com aquele sorriso derretedor de geleiras, os cabelos loiros caindo meio bagunçados sobre o rosto, colando as testas de ambos.
-Você queria me beijar mesmo antes dessa maldita guirlanda de visgo? – Ela perguntou, finalmente processando a informação que ele dera antes do beijo.
“E que beijo” Gina pensou e acabou por sorrir, mas tentou conter-se.
-Sim. Na verdade, venho querendo isso faz seis horas, ou seja, desde as nove da manhã de hoje, desde aquela aposta que vocês meninas fizeram, por isso eu estava sem ninguém no dia de natal – Aquele “estava” fez Gina querer beijá-lo. Quer dizer que ele agora estava com ela?
Gina começou a lembrar-se do acontecido...
**
“ –Weasley? O que faz aqui? – Gina fechou os olhos já esperando os gritos. Amaldiçoou Pansy, Luna, Hermione e a ela mesma, por ter aceitado participar daquela aposta maluca, que faria com que elas tivessem que ir entregar um presente para o garoto sorteado, sendo que cada garota colocou o nome de um menino em um papelzinho para o sorteio.
E Gina, claro, tinha que ter sido a sortuda a entregar o presente para nada mais nada menos que Draco Malfoy. Não seria tão ruim se ele não tivesse sido inimigo mortal de sua família, mas visto que não era mais, seria realmente mais fácil se ele não se achasse o melhor, se ele não a achasse feia e sem graça, se ele simplesmente não fosse ele.
-Er... Bem, Malfoy, eu estava... – Ela começou a gaguejar, observando o garoto sentar-se na cama, sem camisa, coberto da cintura pra baixo por um lençol branco, que pelo ver dela não adiantava de nada, pois ela conseguia distinguir cada linha do corpo dele por baixo do pano.
-Você estava fazendo o que afinal, garota? – Draco observou a ruiva melhor. Sardas, cabelos adoravelmente vermelhos, olhos verdes. Ela parecia incerta, arrependida, hesitante. Mordia o lábio inferior enquanto tentava achar uma resposta coerente para aquela invasão no dormitório masculino da sonserina.
-Bom, eu estava... – Ela tentou começar novamente, mas não sua voz não saiu.
-Merlim, Weasley, termine a frase! – Ele levantou-se da cama, irritado.
Gina parou embasbacada e deslizou o olhar pelo corpo de Draco, que sentiu um calor familiar ao ver o jeito que ela olhava-o. Os olhos dela brilhavam com desejo, cobiça, e ele sabia que os seus também deviam estar assim.
-Perdeu algo por aqui? – Ele perguntou olhando para sua barriga cinicamente, passando as mãos por ali como se estivesse procurando algo errado.
Gina ameaçou ficar vermelha, mas em milésimos de segundo se recompôs e ergueu a cabeça, desafiante.
-Não, Malfoy. Mas tenha certeza que se tivesse perdido, não iria querer de volta – Ela disse e virou as costas, se dirigindo até a porta, aliviada.
“Meu livrei” Ela pensou sorrindo aliviada enquanto alcançava a maçaneta da porta.
-Ainda não, Weasley – Ele disse por trás dela, fazendo sua nuca se arrepiar inteira. Ele colocou a mão sobre a dela e fechou a maçaneta, trancando a porta à chave. Gina fechou os olhos, podia sentir o calor que emanava do corpo seminu do garoto.
-O que quer Malfoy? – Ela perguntou tentando parecer decidida, mas sua voz tremeu um pouco.
Ele tocou sua cintura levemente, fazendo-a virar-se para ele e ficar entre a porta e o loiro.
-O que veio fazer aqui? – Ele perguntou firmemente, não dando brecha para escapatórias. Gina fitou-o acuada.
“Linda” Ele pensou, seguindo o impulso incontrolável de tomar uma madeixa ruiva entre os dedos e acaricia-la levemente, fazendo-a ficar mais amedrontada ainda.
-Eu vim aqui... Te dar um presente – Ela deixou escapar rapidamente, vendo que era sua única escapatória. Não sabia o que o sonserino poderia estar tramando, ainda mais agora que notara que o dormitório estava vazio, não havia ninguém ali além deles dois.
Ele arqueou uma sobrancelha daquele modo que a fazia arrepiar-se diante da visão.
“Extremamente sexy, em qualquer posição” Ela pensou vendo-o afastar-se de si e segura-la pelo pulso, indo até sua cama.
-Qual deles? – Ele perguntou, apontando para a pequena montanha de presentes, todos embrulhados caprichosamente e provavelmente caros.
Gina fitou-o constrangida e envergonhada, apontando para um embrulho verde com linhas avermelhadas. Ele fê-la sentar-se sobre a sua cama de braços cruzados e cara emburrada, então tomou o embrulho nas mãos, soltando a fita vermelha.
Observou com interesse o presente. Era um colar com um pingente quadrado rachado no meio, metade era com linhas mais suaves, metade com linhas mais duras e masculinas, mas ainda assim ambos se encaixavam perfeitamente. A corrente era fina e o pingente pequeno, ele notou, sendo assim fáceis de esconder sob as roupas.
Ele olhou para o pingente e para a garota sentada sobre sua cama, um tanto encabulada.
Pegou uma carta que caíra no chão, provavelmente de dentro do embrulho, e leu-a:
“Caro Malfoy,
Acho que preferirá não saber quem deu-lhe esse presente. Pode fazer qualquer tipo de teste para verificação de magia negra ou poção/feitiço de amor, pois garanto-lhe que não encontrará nada.
Quero que saiba que não era minha idéia inicial dar-lhe um presente nesse dia de natal. Sei que você deve ganhar muitos presentes, todos belos e caros. E foi assim que tentei escolher algo que... Bem... Talvez você apreciasse de algum modo, mesmo que só o suficiente para não jogar direto no lixo. Mas, bem, isso foi uma tarefa realmente difícil, já que não tenho tanto poder aquisitivo quanto as pessoas que costumam dar-lhe presentes. Quanto a isso, só posso me desculpar, apesar de achar que não tenho tanta culpa assim, já que não escolhi.
Como já disse anteriormente, esforcei-me para achar algo que você apreciasse de algum modo (afinal, não iria querer ver meu pouco dinheiro sendo jogado no lixo) e quando fui a uma loja em Hogsmeade achei esse colar. Pequeno, simples e prático, pode ser escondido facilmente sob o uniforme, não tendo, então, porque você não usá-lo (mesmo que não teria porque você usá-lo, mas tudo bem). O pingente é rachado no meio, ele é metade feminino e metade masculino. Dê a metade feminina para quem achar melhor, de preferência para alguém que a mereça.
Espero que tenha gostado.
Atenciosamente,
Srita. Invisível”
Draco olhou para a garota, que agora se arriscara a deitar-se em sua cama, ainda de braços cruzados, emburrada, mas respirando bem fundo. Draco sorriu, sabia que era por causa do seu perfume, espalhado por toda a cama.
-Sabe Weasley – Ele começou e ela levantou-se rapidamente da cama dele, esforçando-se para não corar – Você tem razão, não sei por que deveria usar um colar dado por alguém que não conheço. E, além do mais, ele poderia muito bem estar enfeitiçado, sabe-se lá o que essas meninas não fazem por mim – Ele riu e ela fitou-o com expressão fria diante de tanta arrogância.
-Mas... Você acertou na decisão. Eu, apesar do preço que ele deve ter custado, acho que vou usá-lo sim – Ele disse e ela olhou-o embasbacada.
-V-você v-v-vai...? – Ela deixou a questão no ar ao vê-lo abrir o colar, tirar a parte feminina do pingente e deixar a masculina, colocando-o em si.
-Agora que já me disse, pode ir Weasley – Ele disse, observando seu reflexo no espelho. Viu-a observando-o também, logo antes de levantar-se e sair dali, fechando a porta delicadamente.
Draco correu e se jogou na cama, ainda sonolento. Adormeceu novamente e rapidamente, sentindo o cheiro doce dela em seus lençóis.”
**
-Então você... Sabe... Está usando o colar? – Ela perguntou e ele sorriu, colocando o colar para fora da camisa.
-Queria que a metade fosse sua – Ele disse, entregando à Gina a metade do pingente, só que em uma corrente linda, toda trançada e com pequenos brilhantes cravejados eventualmente.
Gina olhou para aquilo com inegável surpresa. Ele olhou-a como num pedido e ela assentiu, segurando os cabelos para que ele colocasse o colar nela.
-Sabe Weasley... Ficou bom. Ficou muito bom em você – Ele disse e ela corou um pouco.
Ele beijou-a novamente, um beijo apaixonado, doce, mas ainda assim intenso. Assim como ele.
Gina sorriu. “É loucura” pensou consigo mesma, ainda beijando-o. “Mas é uma deliciosa loucura” e, pensando isso, entregou-se completamente ao beijo. O primeiro de muitos outros que ainda viriam.
Fim
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