O fim de tudo
Os dias se passaram desconfortáveis. O clima entre os amigos não havia melhorado muito, mas as conversas se tornaram um pouco mais freqüentes, mesmo que se tratando de assuntos mais formais.
_Rebecca, você não disse que ia me ensinar oclumencia? - perguntou Hermione desinteressada.
_Eu não sei se sei o suficiente para ensinar para alguém... - disse indiferente.
_Mas você poderia tentar. Está treinando, não está?
_Treinando como? Não há nenhum legilimente aqui para tentar ler minha mente, como posso bloquear alguma coisa?
_Mas você pode tentar invadir mentes alheias... - Hermione disse sem pensar.
_EU NÃO INVADIRIA A MENTE DE VOCÊS!!! Eu sei o que você está tentando fazer Hermione! Quer que eu te ensine porque sabe que há grande chance de você invadir minha mente sem querer e acabar descobrindo algo, né? Sei que não estou agindo normalmente esses dias, mas muito me admira que vocês estejam pensando isso de mim! Se eu pudesse contaria o que está acontecendo, mas não posso ouviram?!!! - Rebecca levantou da mesa bruscamente e saiu correndo em direção ao buraco do retrato. Não sabia mais o que fazer, mas o dia da tarefa final estava chegando e logo tudo acabaria...
Finalmente o grande dia chegou. Toda escola estava agitada esperando para saber quem seria o grande campeão do Torneio Tribruxo. A maioria dos alunos ja havia tomado seu lugar na arquibancada montada ao redor do grande labirinto cujas paredes tinham agora mais de três metros de altura. Rebecca tinha tentado reatar a amizade com Harry, Rony e Hermione, principalmente depois que o mau pressentimento que sentia cada vez que se falava da terceira tarefa aumentava quanto mais próxima ela ficava, embora preferisse pensar que estava ansiosa por causa do fim do seu praso e não por que algo pudesse dar errado durante a tarefa.
Ela estava com Christian na base da arquibancada quando viu o trio se aproximar. Foi em direção a eles acompanhada do namorado.
_Oi. - disse retraída.
_Oi. - reponderam desanimados.
_Viemos te desejar boa sorte, Harry! - Christian interferiu para diminuir o clima pesado. - Aposto como você ganha essa também! - e estendeu a mão ao garoto.
_Valeu Christian. Acho que vou precisar de muita sorte mesmo.
_Boa sorte, Harry. - Rebecca apertou a mão do amigo, mas nessa hora sentiu seu coração apertado como se algo de ruim fosse acontecer, então, sem pensar deu um abraço forte em Harry e disse baixinho: - Desculpe...
_Desculpar o quê? - perguntou assustado. Não gostou do tom que a menina usou. Era o mesmo tom que ela usava com ele ano passado quando estava sob a maldição imperius.
_Não sei... - ela se afastou confusa. - Não sei...
_TODOS OS CAMPEOÕES, ENCAMINHEM-SE PARA O INÍCIO DO LABIRINTO! - a voz aumentada do professor Dumbledore foi ouvida.
Harry foi surpreendido por outro abraço forte, dessa vez de Hermione. - Cuidado Harry, e boa sorte. - disse preocupada.
_Vocês duas estão conseguindo me deixar mais nervoso ainda... - disse Harry inseguro.
_Liga não cara! - disse Rony apertando sonoramente a mão do amigo. - Sabe como garotas dramatizam tudo... - disse descontraido. - Vai la e arrasa! Estamos torcendo por você!
_É isso ai! Arrebenta! - completou Christian usando o mesmo movimento que Rony.
_Valeu gente.
Harry se dirigiu para o inicio do labirinto e os amigos foram para a arquibancada. Logo as regras da última tarefa foram explicadas e o sinal para que os campeões entrassem no labirinto foi dado. Os ânimos dos alunos se exaltaram ainda mais com o inicio da última tarefa. Rebecca e Hermione estavam visivelmente nervosas, mas Hermione tinha a impressão de que o nervosismo da amiga não era só por causa de Harry.
Rebecca esperou um tempo antes de sair, não era possivel ver exatamente o que os campeões faziam dentro do labirinto de modo que em pouco tempo todos estavam conversando e prestando pouca atenção ao centro da arquibancada.
_Acho que vou ao banheiro... – disse se levantando e chamando a atenção de Rony e Hermione que conversavam distraidamente. Deu um selhinho em Christian e desceu.
Ela realmente passou no banheiro para despistar caso estivesse sendo seguida, mas não estava, foi fácil verificar. Caminhou rapidamente cruzando por alguns alunos que preferiram esperar o fim da tarefa dentro do castelo desenvolvendo alguma outra atividade. No caminho teve que despistar algumas alunas do primeiro ano e, mais para frente Madame Norrra e Bichento também. Apesar de alguma demora conseguiu chegar onde queria: a sala de DCAT, que estava vazia, ou aparentemente vazia já que tudo la parecia ter vida própria. O que ela queria naquela sala não estaria la naquela hora, precisaria esperar o professor voltar da tarefa, o que poderia demorar muito. Isso também chamaria a atenção dos amigos, mas ela tomou o cuidado de enfeitiçar o mapa do maroto fazendo com que ele a mostrasse o tempo todo dentro do salão comunal. Agora só restava sentar e esperar. Poderia ser uma longa demora.
Rebecca estava quase pegando no sono quando ouviu passos apressados no corredor, então se escondeu atrás de um móvel qualquer de onde poderia ver tudo o que acontecia no quarto. Ela viu quando o professor entrou no quarto acompanhado de Harry que parecia estar machucado. Ela ficou em silêncio para ouvir a conversa e não ser descoberta. Conforme a conversa se desenrolava ela se arrependia de ter se escondido ali. Com o tempo começou a entender também o que era a sensação ruim que sentia nos últimos dias: Voldemort estava envolvido com a escolha de Harry para o torneio.
Harry parecia encurralado. Como o auror mais famoso do ministério poderia ser um partidário de Voldemort? A resposta veio logo: Dumbledore entrou subtamente na sala acompanhado da Professora McGonagall e do Professor Snape que voou para cima de Alastor. Agora ainda por cima Rebecca teria que se concentrar em fechar a mente para que Snape e Dumbledore não percebessem sua presença ali, mas eles não perceberiam. Havia algo muito mais sério em que pensar como o fato de o professor Moody estar aparentemente passando mal. Logo ela viu que o homem estava, na verdade, se transformando e a cena foi horrível. Rebecca se assustou quando viu o olho mágico do falso professor pular de sua órbita e rolar em sua direção.
Rebecca não acreditava em tudo que tinha ouvido. Teve que se controlar muito para não abrir sua mente ou denunciar seu esconderijo. Mais uma vez seu avô ameaçou a vida de Harry, e o pior era que ela sempre se sentia culpada quando isso acontecia, mesmo sabendo que não tinha culpa. Tudo estava esclarecido, ou pelo menos a parte relativa a inscrição de Harry no torneio. Os professores deixaram a sala levando Harry, Bartô Crouch Jr e o verdadeiro Moody que esteve trancado num baú mágico o ano todo. Ela esperou um pouco e depois saiu de seu esconderijo chocada. Rebecca andava pelos corredores vazios de Hogwarts estupefata com tudo que tinha ouvido. Assustou-se quando ouviu o próprio nome.
_Rebecca! – Christian vinha correndo em sua direção e a abraçou fortemente. – Onde você estava? Fiquei tão preocupado com você.
_Eu estou bem, não se preocupe... – dizia ainda muito abalada, mas agradecida por estar nos braços de Christian. Era exatamente do que ela precisava naquele momento e, provavelmente Harry também. – Preciso ir a ala hospitalar! Quero ver o Harry! – disse suplicante olhando para Christian.
_Certo, vamos até la...
Quando chegou na ala hospitalar Hermione, Rony e os Weasley já estavam lá. Harry estava recebendo um abraço reconfortante da Sra Weasley, que era como uma mãe para ele. Quando se separou da matriarca da família notou a presença de Rebecca fazendo com que os demais a notassem também.
_Rebecca? – disse abalado.
Rebecca se aproximou da maca e segurou a mão do amigo. – Harry, eu...
_Você não tem que dizer nada... Ele voltou... Está recuperado novamente...
_Não pense nisso agora querido. – disse docemente a Sra Weasley. – Você precisa descansar.
_Molly está certa, querido. – completou Madame Pomfrey ao ver que Harry protestaria. – Tome esta poção que vai te fazer dormir sem sonhar.
Harry tomou a poção a contragosto. Quando adormeceu ainda tinha as mãos de Rebecca entre as suas. Todos foram obrigados a se retirar para que Harry pudesse descansar. Do lado de fora da ala mais esclarecimentos seriam dados.
_O que mais aconteceu? – perguntou Rebecca tristemente.
_Onde você estava?! – Hermione perguntou rudemente. – Você sabia não é?!
_Sabia de quê?! – perguntou sem entender.
_Sabia que esse torneio foi fraudado por Voldemort! Você sabia que Moody não era Moody de verdade! – Hermione disse se aproximando perigosamente de Rebecca.
_Não Mione! Eu não sabia! Eu juro!
_Hermione! Rebecca não faria nada que pudesse prejudicar Harry ou um de nós, você sabe disso! – Rony exclamou tentando acalmar a amiga.
_Uma pessoa morreu, sabia? Onde você estava quando isso aconteceu?! – Hermione completou sem dar ouvidos a Rony.
_Eu posso explicar tudo, Mione, mas não agora! – dizia chorosa.
_Hermione! Nada disso é culpa dela! Não ligue Rebecca, ela só está nervosa. – mais uma vez Christian abraçou a namorada que chorava compulsivamente agora.
_Quem... mo... morreu? – Rebecca perguntou desesperada.
_Cedrico... – Christian repondeu tristemente estreitando-a mais quando ela começou a chorar mais ainda.
Hermione chorava também. Percebeu a tristesa da amiga e no fundo sabia que ela não seria capaz de fazer nada desse tipo.
_Acalme-se, já passou e a culpa não foi sua... Fiquei com tanto medo que ele tivesse te pegado também... – dizia beijando carinhosamente a testa da namorada.
O grupo resolveu ir para um lugar mais tranqüilo. Estiveram discutindo no meio do corredor e agora precisavam conversar tranqüilamente. Quando Rebecca e Hermione se acalmaram um pouco a primeira se deu conta da última frase do namorado.
_Christian?
_Sim...
_Você disse que teve medo? Por mim? Por quê? – perguntou confusa.
_Fiquei com medo de Você-Sabe-Quem vir atrás de você também.
Hermione e Rony perceberam onde Rebecca queria chegar.
_Por que ele viria atrás de mim?
_Ele não deve estar gostando nada de você ser amiga justamente de Harry Potter, não? – disse sem entender a reação da namorada.
_Quer dizer que você sabia...
_Sabia o quê?
_Do meu parentesco com Voldemort?!
_Sabia...
_Como?! – ela se afastou estupefata.
_Meu pai me falou!
_SEU PAI SABE?!!! – ela estava desesperada agora.
_Eu não te contei antes, mas ele é do alto escalão do comando dos aurores. Quando descobriram quem você era e Dumbledore fez o pedido da sua matrícula o Ministério foi avisado e eles colocaram os aurores de sobreaviso também. Meu pai contou a minha mãe e ela o aconselhou a me contar, já que freqüentaríamos a mesma escola. – disse sem olhá-la direito.
_Então você já sabia de tudo...
_Desde o ano passado. Ele queria que eu ficasse longe de você, mas você era amiga do Harry! Não podia ser má pessoa. Então resolvi te conhecer melhor, mas acabei me apaixonando... – disse o fim da frase um pouco sem jeito. Era mais fácil se declarar sem Hermione e Rony por perto.
Estes dois estavam tão espantados quanto Rebecca. Havia muita coisa ainda para ser explicada, mas aquele não era o momento. A direção da escola mandou que todos os alunos voltassem para suas casas. Uma cerimônia em homenagem a Cedrico seria organizada e aconteceria no dia seguinte. Até lá todos deveriam ficar em suas casas, principalmente porque havia alguns dementadores no castelo e um grupo de bruxos do ministério para investigar o caso mais a fundo. As explicações foram deixadas para o dia seguinte, depois da cerimônia.
_Vai explicar o que aconteceu com você esse tempo todo então?! – pediu Hermione.
_Claro! – os cinco se dirigiram a um lugar mais afastado do jardim, perto do Salgueiro Lutador.
_Por que logo aqui? Este lugar não me traz boas lembranças. – resmungou Rony.
_Vocês vão entender no final. O fato é que eu estava sendo chantageada.
_O quê?! – perguntou Christian incrédulo.
_É Christian... Alguém que sabia sobre o meu parentesco com Vold... Você-Sabe-Quem... – disse quando viu as caras de Christian e Rony. – e usou essa informação para me chantagear. Eu achei que você não soubesse sobre mim, e essa pessoa me chantageou dizendo que se eu não lhe conseguisse algo ela contaria tudo para você. Eu fiquei com medo. Algumas poucas pessoas que sabiam já me hostilizavam, fiquei com medo da sua reação.
_E por que não nos contou? Nós vimos os primeiros bilhetes! – Harry disse sem entender.
_A pessoa me ameaçou! Veja as cartas que ela me mandou. – ela tirou um maço pequeno de cartas de dentro das vestes e os demais se juntaram para poder lê-las.
_Você devia ter arriscado! No fim não aconteceria nada, não é? – Christian dizia como se sua reação fosse óbvia.
_É mais fácil falar que fazer...
_E o que a pessoa pediu afinal?! – perguntou Rony.
_Isso... – ela tirou um saquinho plástico das vestes e nele havia um bolinha muito estranha.
_Argh! Mas é o olho do professor Moody! – exclamou Hermione, enojada.
_E como você conseguiu? – Harry perguntou pegando o pacote da mão da amiga.
_Eu peguei ontem enquanto os professores interrogavam o falso Moody.
_Como assim?! Você estava lá?! – questionou Harry duvidoso enquanto passava o pacote a Rony.
_Fiquei escondida na sala o tempo todo. Foi para lá que eu fui depois que os campeões entraram no labirinto.
_Mas o mapa dizia que você estava na Grifinória!!! – Rony exclamou cada vez mais confuso.
_Rony! Aquele mapa é fácil de enfeitiçar! – disse Hermione se recusando a segurar o pacote que Rony lhe passava.
_Que mapa?! – Christian pergutou curioso.
_Longa história Christian, depois te contamos. O importante agora é entender como você conseguiu se esconder lá? – disse se dirigindo de Christian para Rebecca.
_É o que eu vou explicar daqui a pouco. Agora preciso que vocês se escodam. A pessoa virá me encontrar aqui daqui a pouco. Quero que vocês sejam minhas testemunhas.
_Mas... – alguém ia reclamar.
_É sério! Já conto, agora se escondam por favor...
Os quatro obedeceram, afinal estavam curiosos para saber quem era o meliante. Algum tempo passou e eles achavam que a pessoa não viria mais, mas como Rebecca estava muito tranqüila resolveram ser mais pacientes. Tudo que viram foi um besourinho chegar voando. Hermione quase gritou de susto, mas Rony tapou sua boca antes que ela o fizesse, e bem a tempo de ver o inseto se transformar em Rita Skeeter.
_E então? Trouxe? – perguntou petulante.
_Trouxe! – Rebecca se levantou e estendeu o pacote para Rita.
A mulher fez uma cara extremamente satisfeita, mas tudo que pode pegar foi o ar, já que Rebecca tirou o pacote de seu alcance antes que ela o pegasse. – Que pensa que está fazendo pirralha?!
_O que você pensa que está fazendo?! – Christian saiu do esconderijo acompanhado dos demais.
_Então era você o tempo todo?! Você nunca nos deixaria em paz, não é?! Não bastou ter enfernizado minha vida e do Harry o ano todo?! – esbravejou Hermione que já odiava aquela mulher por tudo que havia passado aquele ano por causa dela.
_O que é isso? Ficou louca, garota? – Rita se dirigia a Rebecca assustada com toda aquela gente.
_Christian já sabia de tudo, portanto não tenho mais que te entregar o olho! Todo meu sacrifício este ano foi a toa! – disse com raiva.
_Christian sabia, mas e quanto a todo resto da comunidade mágica?! Sua vida não vai ser menos pior quando todos souberem que Você-Sabe- Quem tem uma herdeira sendo muito bem preparada em Hogwarts. Com direito até a aulas de oclumencia! Que tal? – disse triunfante.
_O Ministério não vai gostar de saber que você é um animago clandestino! – disse Harry dessa vez.
_E ainda podemos contar que você invadiu o castelo e a privacidade dos alunos para escrever seus artigos baratos, distorcendo os fatos como bem entendeu! – completou Hermione.
_Tá sem saída Skeeter! – terminou Rony.
_Você me paga garotinha... – disse nervosa.
_Não... Digamos que você não conta nada e nós também não...Será um segredinho nosso! – disse Rebecca se aproximando da mulher.
_E o que você vai fazer com o olho?
_Vou devolver ao dono. Ainda não sei como, mas vou... Não posso deixar algo desse tipo com uma pessoa como você!
Rita pensou em reagir, talvez enfeitiça-los, mas além de serem 5 jovens estudantes contra uma só mulher, ela havia passado muito tempo sem manejar uma variha, a não ser para enfeitiçar penas e pergaminhos. Ficou acertado que ninguém contaria nada a ninguém e que aquela história morreria ali.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!