Encontros e desencontros



_Olha a Rebecca ali!- exclamou Rony.
A menina vinha se aproximando do grupo.
_Rebecca, estamos combinando o que vamos fazer no próximo final de semana em Hogsmead. Tem alguma sugestão além de tomar cerveja amanteigada e se entupir de doces da Dedosdemel? – dizia Rony todo animado.
_Ah! Desculpem... Eu não vou ficar com vocês dessa vez... – ela respondeu sem graça.
_Não vai?! – Harry disse indignado. – Por quê?
_Bom, eu vou com vocês, mas vou ficar só um pouco. È que o Christian me convidou para passar a tarde com ele e eu aceitei. – ela ficou vermelha enquanto explicava a situação e foi baixando a cabeça aos poucos como se quisesse procurar algo no chão.
Rony abriu a boca como que indignado, Harry fechou imediatamente a cara e Hermione tinha um sorrisinho maroto no rosto.
_Eu sabia!- dizia a menina com um sorriso de orelha a orelha. – Ele ta caidinho por você, Rebecca.
_Ah, Mione! Não fala isso. Foi só um convite! Nada de mais! – ela estava ficando cada vez mais sem graça agora.
_Nada de mais, mas você vai trocar seus amigos por ele!!! – Rony disse quase gritando.
_Não seja dramático, Ronald! – brigou Hermione. – Vais sim, amiga. Dou a maior força. – disse se virando para Rebecca.
_Eu vou sim! –disse Rebecca.- Mas já disse, não é nada de mais!
O dia do passeio finalmente chegou. Rebecca estava nervosa, não sabia que roupa vestir, como se comportar. Sabia que Hermione estava certa no que dizia e estava preocupada porque não queria dar falsas esperanças ao garoto. Depois, do jeito que ela viu Harry olhando para a apanhadora da Corvinal ela teve certeza: estava morrendo de ciúmes. Agora não tinha mais jeito, ela estava gostando mesmo de Harry, mas ele nem ligava para ela. Uma coisa era certa: Rebecca percebeu que Harry não gostou muito da idéia dela ir a Hogsmead com Christian. Ela não pode controlar a alegria que essa descoberta provocou nela, mas também se sentia culpada por estar usando Christian, mesmo que sem querer. Bom, não havia mais jeito. Estava feito.
Depois de muita espera ela finalmente se decidiu. Não havia muita opção. Já era inverno e a cidade estaria coberta de neve. Ela colocou uma calça jeans, uma bota bem quente e uma blusa de frio. Tudo bem quentinho. Não poderia se esquecer das luvas e de algo para por na cabeça também. Passou um batom leve e desceu.
_Então? Cadê o Christian? Será que ele vai te dar um bolo?- perguntou Rony mau humorado.
_Não Rony. Eu vou a Dedosdemel com vocês. Marquei com ele um pouco mais tarde no Três Vassouras. – ela dizia não entendendo direito a reação de Rony.
_Deixa ela em paz, Rony! E vamos logo que eu quero comprar muitos doces, depois vai ficar impossível entrar na Dedosdemel sem esbarrar em ninguém!
Era a primeira vez que Harry se manifestava, e com certeza também estava de mau humor. O garoto se enfiou em baixo da capa e se dirigiu para fora do castelo, ou pelo menos era o que eles achavam.
Chegando a Hogsmead o primeiro lugar para onde eles se dirigiram foi a Dedosdemel. O local estava mesmo lotado, assim como Harry disse que estaria. Ele teve que esperar do lado de fora. Se entrasse acabaria esbarrando em alguém. Havia muitas novidades na Dedosdemel aquele dia, entre elas uma bebida em caixinha que deixava a quem tomasse temporariamente da cor da bebida. Rebecca gostou da novidade e sabia que Harry também ia gostar. Resolveu comprar um para o amigo, também como uma desculpa de puxar assunto com ele.
_Harry? – ela saiu da loja chamando por ele baixinho e olhando para os lados. – Harry? Cadê você?
_Tô aqui! – ele falou mau humorado. – Atrás da árvore...
Era uma árvore realmente grande. Harry pode tirar a capa para conversar com a amiga.
_Trouxe uma coisa para você.
_Cadê a Mione e o Rony?
_Estão lá dentro ainda. Experimenta, é ótimo. – Ela estendeu disfarçadamente a caixinha para Harry esperando que ele a pegasse.
_Não quero, pode tomar.
_Mas eu comprei para você. Toma Harry! É uma delícia! – ela tentava sorridente.
_Não quero!
_Só um golinho!
_Ok, ok! Me dá aqui... – Harry experimentou a bebida. Era realmente boa, mas Harry não gostou muito de ter ficado cor de rosa, já que foi dessa cor que ela comprara a bebida, de propósito.
Rony e Hermione saíram da loja com vários tipos diferentes de doces. Rony caiu na gargalhada quando viu Harry daquela cor. Hermione e Rebecca também não contiveram o riso. Até Harry riu no fim das contas.
_Não se preocupe, cara. É só temporário, a não ser que você esteja se sentindo bem desta cor!!- Rony chorava de tanto rir.
Algum tempo e muitos doces depois Rebecca se despediu dos amigos.
_Vou indo, então. Já está quase na hora. – ela estava sem graça e nervosa, Hermione pode perceber isso.
_Vai lá Rebecca, e boa sorte. – Hermione deu uma piscadinha para a amiga e um grande sorriso.
Não tinha como saber a reação de Harry, pois ele já havia posto a capa de novo, mas Rony fingiu que não havia percebido que a amiga estava saindo. Ela não pode conter uma risadinha, que foi retribuída por Hermione. Coitada, agora ela teria que aturar sozinha o mau humor dos dois.
Apesar da visita dos alunos, Hogsmead estava quase vazia. Todos estavam na Dedosdemel, ou no Três Vassouras ou em qualquer outra loja. O tempo estava muito frio e pouco convidativo para ficar andando por aí. Rebecca andava tranqüilamente quando sentiu algo agarrando sua cintura. Ela tentou gritar, mas não pode. Alguém havia usado o feitiço silenciador nela. Logo ela também não podia enxergar nada, mais um feitiço. Ela sentiu algo estranho pelo corpo, como se estivesse sendo sugada por um cano. Não demorou muito e ela sentiu o chão de novo sob seus pés. O feitiço de cegueira havia sido retirado e agora ela tentava enxergar com clareza de novo. Sua voz também havia sido devolvida.
Ela pôde reparar que estava na sala de uma casa. Havia uma poltrona e uma lareira. O lugar era escuro e parecia muito velho, como uma casa abandonada. Havia dois homens encapuzados um de cada lado da poltrona e ela podia ver que havia alguém sentado na mesma. Ela sentiu algo se esfregando em suas pernas, olhou para baixo e viu uma cobra. A mesma cobra do sonho. Ela começou a ficar assustada. Aquele da poltrona só podia ser...
_Como vai querida netinha? – uma voz assustadora como o sibilo de uma cobra soou pela sala. Era a mesma voz do sonho.
_O que você quer comigo? – a garota se levantou do chão e disse desafiadoramente para a poltrona. Ela não podia ver com quem estava falando e não tinha certeza se queria vê-lo.
_Estava com saudades, e curioso, oras... Queria saber como é a minha querida herdeira. A única Slytherin viva além de mim...
Um dos homens ao lado virou a poltrona e ela pode ver o que estava sentado nela. Parecia um bebê deformado, tinha a pele branca e meio enrugada como se tivesse pele demais para o tamanho do corpo. Era uma visão terrível e nojenta. A garota colocou as mãos na boca e fez cara de nojo.
_Viu no que me tornei por causa do seu amiguinho Potter?! – a cara dele era séria agora.
_Você não estaria assim se não tivesse tentado matá-lo. È bem feito!!!
_Você é ousada! Como se atreve a falar assim com o seu avô?! – o homem sorria agora. – Puxou mesmo a mim.
_Não me faça lembrar que infelizmente sou sua parente. Me diga logo o que você quer e me deixe em paz! – ela estava realmente com medo. Sabia exatamente o que o homem queria, mas não podia demonstrar que estava assustada.
_Você sabe o que eu quero...- ele disse ficando sério novamente.
_E você sabe que eu não vou fazer isso. Harry é meu amigo, me ajudou quando você e seus capangas me deixaram sem memória.Além disso, você matou meus pais! O que te faz pensar que eu te ajudaria em alguma coisa?! – ela estava com mais raiva ainda. Estava de punhos fechados e lembrar de seus pais fazia seus olhos se encherem de lágrimas. Agora ela sabia o que Harry sentia.
_Eu apenas te livrei daqueles dois. Eu fiz tanto esforço para que seu pai fosse como eu. Tivesse orgulho de seu sangue e ao invés disso ele nos envergonhou e ainda sujou o seu sangue com o sangue daquela trouxa!!!
_CALA A BOCA!!! VOCÊ MATOU SEU PRÓPRIO FILHO!!! ME DEIXOU ÓRFÃ!!! VOCÊ É LOUCO E EU NÃO VOU FAZER MAL ALGUM AO HARRY OU A QUALQUER OUTRA PESSOA.
Um dos comensais se aproximou da garota e a segurou pela parte de trás da blusa colocando-a mais perto da asquerosa figura.
_Você vai fazer o que eu mandar! – a figura se aproximou mais dela – Por bem ou por mal!
Ela estava com nojo e com raiva, mas não podia fraquejar. – Então será por mal! – ela não tirava os olhos do avô enquanto falava. Queria mostrar que não estava apavorada.
_Minha varinha!
Um dos homens colocou na mão dele a varinha. Ele a apontou para a garota e exclamou:
_Imperius!
*********************
Rebecca caminhava cabisbaixa em direção ao Salão Principal. Ela não se lembrava direito como tinha chegado ali, mas sabia exatamente o que havia acontecido naquele dia. Ela não podia contar a ninguém e também não podia se encontrar com Harry. Teria que ficar longe dele até encontrar uma solução para o seu problema. Mas como? Ela era da mesma casa que ele, jogava no mesmo time que ele, era a melhor amiga dele!
_Rebecca?
Ela ouviu uma voz atrás de si.
_Aconteceu alguma coisa. Por que você não foi?
Era Christian que se aproximava dela com um rosto triste. Ela havia se esquecido completamente do encontro.
_Desculpe Christian. Eu não pude ir porque... porque eu briguei com uma alunas da Sonserina e peguei detenção. Os monitores me mandaram voltar ao castelo. Desculpe mesmo...
O garoto percebeu que a menina estava realmente triste e achou que era por causa do encontro que não aconteceu. Isso fez com que ele acreditasse na desculpa que ela inventou.
_Fica para a próxima então, né? – disse sorrindo.
Rebecca forçou um sorriso e respondeu: - Claro! Quem sabe no próximo mês?
_Tudo bem. Tchau!
_Tchau...
Era hora de voltar para Grifinória e torcer para que Harry e os outros ainda não tivessem voltado. Ela entrou pelo buraco do retrato e pode ver ao longe Hermione e Rony conversando. Ela tentou voltar para trás, mas era tarde. Hermione a viu e deu um grande sorriso acenando para que ela fosse falar com eles. Pelo menos Harry não estava lá.
_E então? Como foi o encontro? – perguntou Hermione sorridente.
_Encontro? Ah! Foi ótimo! – deu um sorrisinho amarelo. – Ãh, cadê o Harry? – resolveu arriscar.
Rony baixou a cabeça e Hermione ficou séria de repente.
_Ele está no dormitório. Aconteceu uma coisa muito chata hoje. – Rony dizia ainda de cabeça baixa.
_Ele descobriu que Sirius Black, o cara que escapou, é padrinho dele. – disse Hermione ainda séria.
_E que mal há nisso? – Rebecca perguntou curiosa.
_Foi ele quem entregou os pais do Harry para Você-Sabe-Quem. – disse Rony olhando para a garota agora. – Ele era o fiel do segredo deles, assim como o seu padrinho.
Rebecca ficou mais chateada ainda. Além de tudo mais isso!
_Por que você não vai conversar com ele, Rebecca? – disse Hermione com uma pontinha de esperança. – Ele ta muito nervoso! Falou até em matar Sírius se o encontrasse! Vocês dois têm uma história parecida. Quem sabe ele ouve você?
_Nem pensar!!!
Hermione e Rony se assustaram.
_Quer dizer, se ele está nervoso é melhor deixá-lo se acalmar. Nada que falemos agora vai resolver, não é?
Rony e Hermione pareceram considerar o que ela falou.
_Eu vou subir. Estou cansada. Até...

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