Confrontos



Capitulo 16 - Confrontos

-Capitulo 16 - Confrontos

- Preparem-se! Mantenham a linha! Aurores, AVANCEM!
Harry deu a ordem e o batalhão de aurores começou a avançar pela floresta escura. O sol já se havia posto e a única claridade vinha do luar que penetrava os espaços entre os galhos secos das árvores mais altas. Harry gesticulava uma e outra vez para que todos se mantivessem quietos.
Um grito fez todos pararem. Harry ergueu o pulso. Estava em completo alerta. Um vulto saltou da escuridão, mas ele o agarrou. Era uma garota do último ano. Estava muito ferida e visivelmente transtornada. Manteve-a firme em seus braços e tentava fazê-la se calar.
- Socorro! Socorro! Pelo amor de Deus, Socorro! – a garota gritava.
- ESTUPEFAÇA! – Fez a garota desmaiar e depois a entregou nos braços de uma auror ali perto. – Leve-a para o Pe. Carter. Diga para um dos padres voltar e retirar a garota daqui.
Quando a auror sumiu de vista, penetrando entre o exército de homens que o circundavam, Harry recomeçou a andar. Minutos depois, pararame o pessoal, tem tido contato? novamente.
- Sr. Potter, sr. Potter! – gritou a auror com a garota ainda desmaiada em seus braços.
- O que é? – gritou Harry, irritado com o alvoroço. – Por que não a entregou aos padres?
- Eles sumiram, Senhor! – disse ela, apavorada. – Achei que haviam ficado para trás, mas não há sinal deles!
Harry ficou tenso. Por que diabos os padres sumiriam agora? - Harry pensou. Aquilo era muito estranho.
- Ok, Myrna! – disse ele à auror – Volte para o castelo, deixe a garota lá e retorne o quanto antes... e Myrna, tente achar os malditos padres depois!
Harry e o exército continuaram penetrando na floresta. Não havia mais sinal de aluno nenhum, nem de Snape, nem de padres, nem mesmo de Growpe e Hagrid e sabia que aquilo era muito estranho, pois haviam acabado de passar pela clareira onde o irmão de Hagrid costumava ficar.
- Em alerta! – sussurrava Harry, andando o mais rápido e silenciosamente possível.
De repente, escutou um barulho e parou. O exército, com ele.
- O que diabos é isso? – perguntou Harry a si mesmo quando o barulho continuou a aumentar, a terra parecia tremer sob seus pés. Sacou então a varinha e ergueu o braço:
- Em formação de ataque! – ordenoue todos o imitaram.
O barulho aumentava. Harry já imaginava o que poderia ser aquilo: centauros, cavalgando como desesperados em sua direção. Harry se preparou para fazer o que era necessário. Não queria; não podia acreditar. No primeiro ano de Hogwarts, cuja memória já começava a perder, lembrava-se que havia sido salvo por um deles. Devia-lhes tanto, mas parecia que nada mais importava. Se eles atacassem... então Harry atacaria... era o que ele pensava, mas quando aquele enorme centauro surgiu em sua frente, erguendo-se nas patas traseiras, apontando o arco e flecha em sua direção, hesitou.
Os aurores, bem treinados, ficaram todos parados, esperando que seu líder disparasse o primeiro raio, ou que o centauro o atacasse.
- É tarde demais! – disse o centauro, que Harry bem conhecia. Na ausência de Firenze era Mithos Centaur quem comandava o grupo.
Harry e Mithos se confrontavam através dos olhares, e por mais que Harry dissesse a si mesmo: “ataque!”, nada conseguia fazer.
Um outro centauro surgiu atrás de Mithos, e outro, e mais outro até que não havia mais nada para onde olhasse a não ser centauros.
- Harry... não sei qual é o seu plano, mas eu sugiro que ataque! – disse uma voz atrás de si. Seus homens estavam com medo e Arthur Weasley tinha razão. Se deixasse os centauros se posicionarem, seria tarde demais para eles, mas tinha uma coisa que o impedia de atacar. Era uma voz no fundo de sua mente. Parecia a de Hermione lhe dizendo para não fazer isso. Harry se sentiu um pouco tonto. Era como se tivesse voltado 10 anos no tempo, por ocasião da batalha profética. Lembrava-se daquele dia fatídico: ele aprontava o exército e seu plano, que o levaria ate a vitória. Mas Hermione corria atrás dele:
- Harry, por favor, Harry... por favor… não o mate! Se matar Colin Creevey você será como Voldemort! Não faça isso!
Hermione o acompanhava. Naquele dia, ela chorava, mas continuava a tentá-lo. Juntava as mãos quando estava perto dele, como se rezasse.
- Por favor... pelo amor de Deus! – ela dizia... as lágrimas banhando seu rosto.
- Deus nos abandonou há muito tempo, Mione! – Harry se lembrava de ter-lhe dito na ocasião. E quando Hermione quis agarrá-lo, segurando seu braço, ele se virou e a empurrou, fazendo com que
caísse no chão chorando copiosamente. Os dois se olharam uma última vez.
Harry não queria ter feito aquilo. Não queria ter que matar Colin e não queria ter que empurrar Hermione, ignorar seus conselhos, magoá-la, mas que opção ele tinha?
- HARRY! HARRY! – Hermione gritou quando Harry continuou pelo corredor, esquecendo-a ali no chão, abandonada às suas preces inúteis.

- Saia da frente, Potter! – Gritou Mithos, tirando Harry de seu devaneio - Saia da frente ou passaremos por cima de vocês! – O centauro parecia agitado. Ele bufava e olhava para trás como se esperasse por alguma coisa.
A postura de Mithos não era a de quem queria atacar. Se estivesse ali para aquilo, já teria feito a esta altura. Centauros costumavam ser truculentos e orgulhosos. Contudo, era medo que Harry via nos olhos de Mithos.
- De quem foge, Mithos? – perguntou abaixando a varinha. – Será que sua aliança com Drácula foi quebrada?
- Não é exatamente o que pensa, Potter! – gritou numa voz gutural. - Centauros não servem nem fazem alianças com ninguém. O que precisou ser feito foi feito. Ninguém sabe disso melhor do que você!
- VOCÊS ME TRAÍRAM! – gritou Harry, exasperado, levantando a varinha e a apontando para Mithos – Você e Firenze!
- Firenze tem sido mais leal a você do que imagina! E você, como o tem tratado, Potter?
- Eu o tenho tratado como a um cachorro que morde seu próprio dono! – falou Harry entre os dentes, sentindo o sangue ferver dentro de si.
Achou que agora Mithos faria alguma coisa. Era demasiadamente orgulhoso para não fazer nada.
- Maldito Potter! – gritou Mithos e se atirou sobre Harry, que
pulou para o lado bem no momento em que as patas dianteiras cairiam sobre seu peito. Mas alguma coisa incrível aconteceu depois disso: Harry imaginou que a guerra entre os centauros e os aurores começaria, mas Mithos não recuou para atacá-lo novamente, pelo contrário; cavalgando velozmente, Mithos passou pelos aurores, que abriram caminho, e sumiu do outro lado da floresta. Antes que Harry pudesse impedir, os outros aurores fizeram o mesmo.
- Isso não está me cheirando muito bem! – gritou Rony, saindo de seu esquadrão para se aproximar de Harry. – Harry, centauros não costumam fugir de seus adversários.
Harry se virou para onde Mithos olhava minutos antes. O centauro estava apavorado como nunca vira nenhum até então. Lembrou-se do que Mithos lhe dissera: É tarde demais!
Achou que o centauro se referia ao confronto entre eles, mas agora percebia que se referia a outra coisa.
- Não, meu Deus... não pode ser! – murmurou, tentando pensar rapidamente.
Um grito se fez ouvir mais à frente.
- Preparem-se! – gritou e começou a correr antes de qualquer pessoa. Seus homens vieram atrás, mas foi ele quem chegou primeiro ao topo de uma colina ali perto.
- Deus! Meu Deus! – disse Harry, sem fôlego quando a floresta se abriu numa clareira num vale ali perto, onde conseguia ver tudo o que acontecia.
Os alunos dos sexto e sétimo ano de Hogwarts lutavam desesperadamente sob a liderança de Snape que parecia muito ferido, lutando com um dos braços encolhidos. Os vampiros, vestidos de negro, atacavam com ferocidade, formando um muro entre a equipe de Snape e Drácula que se aproximava de uma caverna.
Ali, naquela caverna, que era constantemente vigiada por aurores de confiança, ficava o baú que continha o orbe secreto: sesmonas, o feitiço com o qual Harry aprisionara Voldemort há 10 anos, quando todos pensavam que era o fim.
- ATAQUEM!!!!!! - Gritou Harry, correndo em direção da caverna. Não podia deixar Drácula despertar Voldemort, ou tudo estaria perdido para sempre.
Snape sorriu ao ver o batalhão de Harry se aproximando. Achou que agora ficaria tudo bem, quando viu o rosto pálido de Potter.
- Potter? – Snape perguntou quando Harry passou correndo por ele, entrando em choque com a parede de vampiros.
- NOSFERATU! – gritou Harry, matando muitos vampiros perto dele, mas os outros o agarravam, o seguravam.
- Não, malditos! Malditos! – gritava, tentando passar pela multidão de vampiros, quando um o mordeu no braço.
Harry caiu e milhares de Vampiros caíram sobre ele. Mesmo assim, começou a se arrastar. A mão tentava, a todo custo, se aproximar um milímetro que fosse da caverna. De repente, uma coisa chamou a sua atenção. A luz do luar que cobria sua mão foi suavemente escurecendo. Olhou para o céu: agora nem mesmo o luar se via. Uma nuvem de morcegos se movimentava tão velozmente que parecia uma praga de gafanhotos.
- É tarde demais! – sussurrou Harry. – Tarde demais!

Hermione acordou assustada, sobressaltada. Não conseguia enxergar onde estava, pois o quarto estava na mais completa escuridão.
- Lumus!
A luz azul bruxuleante de sua varinha iluminou o lugar. Ela estava sentada sobre uma cama acolchoada e logo percebeu que estava na ala hospitalar.
- Madame Pomfrey? – chamou, sem levantar muito a voz, mas não obteve a resposta. Iluminando para o outro lado, levou um susto ao ver o corpo de um homem jogado ao chão: era Shacklebolt, auror fiel de Harry. “Meu Deus, pensou, o que está acontecendo?”
- Knox!
A escuridão tomou-a por inteiro novamente, mas fez o máximo para se acostumar a ela. Se o assassino de Shacklebolt ainda estivesse ali, com certeza estaria escondido na escuridão.
Tentava ver alguma coisa, mas não conseguia. Por um segundo pensou ter visto um movimento numa sombra, quando outra coisa chamou sua atenção. Era como se estivesse relampeando. As luzes vinham de fora em espaços não definidos. Hermione correu para a janela, tentando compreender o que acontecia. Lá fora, sobre o mar negro de árvores que perfaziam a floresta proibida, era possível ver raios saindo, iluminando a escuridão.
Contudo, mais estranho do que aquela imagem era o que acontecia nos jardins: uma multidão de centauros corria em direção ao castelo.
- Não vai demorar muito agora!
Hermione levou um susto quando escutou uma voz perto dela. Virou-se instantaneamente para o lado, mas só o que viu foi Pe. Carter, com um corte feio na testa.
- Padre! Meu Deus! O que aconteceu?
- Aquele homem me atacou! – respondeu o padre, apontando para Shacklebolt.
- O senhor o matou? – perguntou Hermione, perplexa.
- Não, não podemos matar ninguém, minha filha. É contra nossos princípios! Só atirei um vaso na cabeça dele. Vai ficar bem, eu imagino.
Hermione olhou para o padre, desconfiada.
- E por que Shacklebolt o atacou?
- Porque eu quis entrar no quarto. Ele estava guardando a porta. E, quando eu entrei, ele não ficou nada contente. – explicou o padre, tranqüilamente.
- E por que o senhor está aqui? – perguntou Hermione, cada vez mais desconfiada. – Onde está Harry? O que aconteceu? Por que o senhor não esta lá? – Hermione apontou para o lugar na floresta onde se via o show de raios iluminando a escuridão.
Mesmo sem ver direito o rosto do padre naquele breu que inundava a ala hospitalar, Hermione percebeu que ele não estava lhe contando tudo e segurou firmemente sua varinha, preparando-se para o pior.
- Não viemos aqui lutar uma guerra que não é nossa! – respondeu o padre, ceticamente. – Eu gosto de você, Hermione. Acho até que é uma boa moça, uma pena que seja uma bruxa! Bruxos são os adoradores do demônio, minha filha. Desde o início dos tempos os bruxos estão em guerra, sempre há um bruxo mais poderoso querendo subjugar a todos. Antes a Igreja se metia nessas guerras entre essas raças demoníacas, agora, nós percebemos que só há uma coisa a fazer: observar em silêncio, interferir o menos possível e limpar a sujeira!
Hermione olhou para o padre com horror. Não podia acreditar. O Pe. Carter sempre fora seu amigo. Ele a acolheu na Igreja quando todos a haviam abandonado. Como poderia ele falar daquela maneira, como se bruxos fossem lixo!
- O senhor está me dizendo que abandonou Harry e os aurores aos vampiros e comensais?
- Minha filha, compreenda. Para que uma raça continue, outra deverá perecer! Os bruxos têm se fortalecido muito ultimamente, com Potter e você. Com a destruição de Potter, as coisas voltarão a ter equilíbrio. Os bruxos não serão mais uma ameaça. Tem sido assim, desde o início, minha filha, por favor, não me julgue como um monstro. Só estou fazendo o melhor para o meu povo, aquele que vocês chamam de Trouxas.
Hermione não conseguiu escutar o padre por muito tempo. Não conseguia compreendê-lo, nem queria. Sabia que Harry precisava muito dos padres, eles não eram fortes, mas poderiam afastar os vampiros, se quisessem
- Sinto muito, Hermione. Deve estar muito decepcionada comigo! – dizia o padre.
- O senhor disse que não é do seu princípio matar alguém, mas muitos inocentes morrerão esta noite, por causa da sua atitude, não sabe?
O padre não respondeu.
- Naquele dia, - continuou Hermione - quando o senhor me impediu de matar os vampiros...
- Eu queria que as forças estivessem equilibradas. Se você matasse aqueles vampiros, o exército de Drácula se enfraqueceria e Harry ganharia com facilidade. Dessa forma, eu equilibrei as coisas. Mesmo que Harry ganhe, o exército de aurores que ele possui será eliminado. E se os vampiros ganharem, o que eu espero, Hermione, sinto lhe dizer, então eu e os outros padres nos asseguraremos de destruí-los. Drácula também. Esperamos que ninguém volte com vida daquela floresta.
Hermione sentiu uma tristeza dentro de si tão grande que nem podia chorar. Já vira tanta coisa ruim na sua vida, e se deu conta de que, para qualquer lado que olhasse, veria sempre táticas para sobrepujar o outro. Exércitos que se atacavam, e um exército que batalhava no silêncio, na escuridão. Ainda não sabia o que seria pior. Mas o padre havia se revelado em alguém mais importante do que supunha.
Era a força sobre a qual Drácula falara. Uma força que sabia tudo o que ocorria, mas que não tomava partido, a não ser o seu próprio.
- E eu, padre? O senhor vai me matar? – perguntou Hermione.
- Ah, não, querida, nunca! – respondeu o padre. – Tenho um grande carinho por você! É como se fosse minha filha. Não fique tão triste, Hermione, afinal, isso não é o melhor para você? Com Harry morto, você ficará livre! Eu sei muito bem que Harry tem tentado te aprisionar!
- Se o senhor fosse mesmo meu pai, jamais teria abandonado essa batalha. O que tem acontecido entre Harry e mim é problema meu. Mas, apesar de Harry ser meu inimigo, há uma parte dele que está em mim. E matá-lo é como me matar! – respondeu e se virou para sair do quarto, quando o padre a deteve.
- Os bruxos.... Harry.... eu... os comensais... Drácula... ! Nada disso é um problema. Mas eu vou lhe dizer o que é um problema: VOLDEMORT. Se o senhor deixar Voldemort ressurgir... os trouxas serão os primeiros a morrer... e então... não adiantará pedir a ajuda dos bruxos... por que EU, como RAINHA DOS BRUXOS, não irei fazer nada, a não ser ver vocês se destruindo... para depois... limpar a sujeira!
Hermione tentou sair, mas o padre novamente a segurou.
- Está bem.... Hermione... nós vamos lutar... – respondeu o padre, parecendo bastante contrariado – Vou desobedecer todas as ordens, mas vou lutar... com uma condição...

Ela ouviu o que o padre tinha a dizer e assentiu, em concordância.


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