O berrador
Era fim de manhã no Rio de Janeiro, estavam em Julho e fazia um pouco de frio. Uma menina de cabelos castanhos cacheados e olhos verdes estava sentada na porta da escola lendo um livro muito concentrada, nem percebeu uma outra menina (essa de cabelos pretos e olhos castanhos) que se aproximava de onde ela estava.
- Oi Hilary! – a segunda menina disse sentando ao lado da primeira.
- Ai, Bruna, que susto você me deu! – ela falou dando um pequeno pulo do banco em que estava.
- Também você está ai distraída – a de cabelos pretos disse – o que você está lendo?
- Um livro sobre corujas que a minha mãe me deu no meu aniversário – Hilary respondeu.
- Ah! – Bruna exclamou – o que nós vamos fazer durante as férias?
- O que você acha de irmos andar de patins no calçadão no sábado? – a amiga concordou balançando a cabeça afirmativamente – ótimo, vou falar com a minha mãe e você fala com a sua.
As duas amigas continuaram a conversar por mais alguns minutos, até que um carro parou em frente aonde elas estavam e começou a buzinar.
- Minha mãe chegou – Hilary falou se levantando e apanhando a mochila – Tchau, Bru!
- Tchau, Hil! – Bruna respondeu.
A garota entrou no carro e a sua mãe saiu andando.
- E então, minha filha, como foi na escola hoje? – Hermione perguntou.
- Foi legal – respondeu.
- Você se meteu em encrenca? – a menina balançou a cabeça negativamente – ótimo! Sabe, Hilary, as vezes você se parece tanto com o seu pai.
- Mãe, será que eu e a Bruna podemos andar de patins no sábado? – ela tentou mudar de assunto antes que a mãe ficasse triste.
- Pode sim! – a mulher respondeu.
- Obrigada! – a garota respondeu – eu prometo que vou ficar o resto do ano sem me meter em encrencas.
- Não faça promessas que você não pode cumprir minha filha – Hermione falou rindo.
Hilary mora sozinha com sua mãe em um apartamento em Ipanema. Seus avós (pais de sua mãe) iam visitá-las todas as férias, eles moram na Inglaterra e a o sonho dela é conhecer esse país, mas Hermione não a deixa ir.
A única coisa que a mulher não gosta de conversar com a filha é sobre o pai da garota, ela nem pergunta nada sobre ele, pois tudo que irá ouvir é que ele tinha o dom de se meter em encrencas igual a filha. Às vezes, Hilary chega a acreditar que ele morreu antes que ela nascesse.
- Tome um banho que eu vou preparar o almoço – Hermione falou para a filha assim que as duas chegaram em casa.
- Está bem – Hilary respondeu antes de se dirigir ao banheiro.
Após o almoço, a mulher foi terminar de fazer seus desenhos (ela era estilista) enquanto a filha foi para o seu quarto fazer seus deveres e depois continuou lendo o seu livro.
Quando olhou para a janela viu várias corujas.
- Que estranho, não sabia que corujas voavam de dia – a menina comentou sozinha.
Uma das coisas que Hilary mais gostava era coruja, não sabia por que mais sempre se interessou em ler sobre as aves e seu sonho era ter uma um dia.
As coisas ficaram mais estranhas ainda quando uma das corujas foi em direção a janela do seu quarto e ficou em pé no para-peito.
Ela abriu a janela e a ave entregou para a menina o envelope que trazia no bico.
Ao olhar o envelope, Hilary quase desmaiou. Lá estava escrito o seu nome, seu endereço e até o cômodo da casa em que ela se encontrava, e havia um emblema que nunca tinha visto na vida. Antes de abri-lo, preferiu mostrar a sua mãe primeiro.
- Mãe, chegou esta carta aqui para mim – a menina falou abrindo a porta do quarto de Hermione – ela veio em uma coruja.
- Deixa-me ver – a mulher falou pegando o envelope, da mão da filha, aparentemente, ela não ouviu muito bem como a filha disse que a carta chegou.
Hilary reparou que a mãe não pareia muito feliz ao ler aquilo, pois sua expressão era de choque.
- Isso é bobagem – Hermione disse – deve ser brincadeira de mau gosto de alguém.
Ela abriu a gaveta e colocou a carta lá, a garota reparou que havia outras cartas iguais a aquela, mas achou melhor não perguntar mais nada.
De repente outra coruja aparece e entra no quarto (a janela, desta vez estava aberta) e coloca um envelope vermelho em cima da cama.
Hilary ficou observando a mãe abrir o envelope que voou da sua mão.
- ESTOU MUITO DECEPICIONADO COM VOCÊ, HERMIONE GRANGER. UMA BRUXA DA SUA CATEGORIA E COM A SUA INTELIGÊNCIA, ESCONDENDO A VERDADE DA SUA PRÓPRIA FILHA –o envelope começou a gritar por uma pequena abertura que lembrava uma boca, a voz parecia de uma senhora já de idade só que ampliada milhões de vezes. Era capaz de todos os vizinhos estarem ouvindo – ALÉM DISSO, SABE QUE NÃO PODE EVITAR QUE OS DOIS SE CONHEÇAM, PELO AMOR DE MERLIM, É A FILHA DELE, TEM TODO O DIREITO DE CONHÊ-LA – terminou e se picou em milhões de pedaços.
A garota ficou em estado de choque. Sem levar em conta que o papel estava falando e que havia chamado sua mãe de bruxa, se ela entendeu bem estava falando de seu pai, o que significa que ele está vivo. Ela não pode deixar de sorrir.
- Hilary vai para o seu quarto – Hermione falou ela parecia muito abalada com aquela “carta”.
Ela não fez a menor objeção, pois não queria levar uma brinca da mãe. mas agora ela tinha um objetivo, descobrir toda a verdade, o mais rápido possível.
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