Você me faz querer explodir!

– Capítulo dois –
You make me wanna explode!
...but somehow we fit.

 　Lílian bufava irritada, andando pelos corredores a procura de uma cabine. As amigas reviravam os olhos, cansadas da teimosice da ruiva.
– Lily o melhor que fazemos é... – Lauren começou.
– Nem diga isso! – chiou.
– Mas...
– Vamos encontrar uma cabine, ok? Eu não vou passar esse tempo todo com o Potter. Não mesmo!
– Lily, posso ser bem realista com você? – Liane arqueou uma sobrancelha. – O Tiago não vai tentar nada tão cedo. Você deixou ele triste com a palhaçada de ontem.
– O que eu fiz para a culpa recair em mim?
– Você continua condenando-o e afastando-o por causa do incidente com o...
– Incidente? – riu-se sem humor. – O único incidente foi o Potter ter nascido, Liane!
Lily quase caiu ao sentir um esbarrão forte no ombro. Liane a condenou com o olhar, sendo seguida pelas outras ao entenderem o que ocorrera.
– Tiago... – Luiza chamou, mas, como estava coberto pela capa da invisibilidade, ela não sabia se ele ouviria. – Satisfeita, Evans?
– Eu não... – ela sentia seu orgulho partir-se; não pretendera dizer aquilo. – Por que vocês o defendem tanto, de qualquer forma?
– Porque é isso que se faz pelos amigos. E você estava indo muito bem em ser amiga dele até algum tempo atrás. – replicou Lauren friamente, dando as costas para Lily e sendo seguida pelas meninas pelo corredor.
Lily, sem muitas opções, e sentindo-se péssima, as seguiu também.
– Meninos, com licença... – Luiza entrou primeiro. – Não achamos uma cabine... podemos?
– Vai ficar apertado com todas vocês. – Tiago respondeu, olhando pela janela do vagão.
– Está nos chamando de gordas? – Liane sorriu torto, indo sentar-se entre ele e Fellipe. – Viu? Estou confortável.
– Porque está quase no colo do Fellipe. – Tiago não resistiu à piada, virando-se para os dois com um meio sorriso.
Logo as meninas haviam entrado. Luiza ficou no colo do namorado, Remo; Lauren e Sirius sentaram-se ao lado deles e Lily se sentou do outro lado de Fellipe.
– Onde está o Pedro? – Lily estranhou e Tiago bufou.
– Até dele ela sente falta... – resmungou baixinho.
– Deve estar procurando comida, você o conhece... – Sirius deu de ombros. – Que tal uma partida de Snap Explosivo?
– Concerte o que fez. – Lily leu nos lábios de Liane, mesmo que a amiga não tivesse produzido som.
Os amigos se espremeram no chão da cabine, pegando o baralho para começar o jogo. Tiago não se mexeu, continuou observando a paisagem pela janela. Lily, na outra ponta do banco, o olhou duvidosa. Desistiu. Não iria concertar nada, porque não foi ela quem destruiu aquilo. Tiago destruiu a amizade que nascia entre eles, ao mexer com Severo; Severo destruiu a amizade deles, ao não aceitar que Lily fosse amiga de Tiago. Garotos!
– Evans? – ela não poderia negar que sentiu seu coração pular um batimento ao ouvi-lo chamá-la. – Pode pegar minha capa? Está bem aí...
– De onde você tirou isso, afinal? – pegando o objeto, sentindo a textura. – Quero dizer, já tinha ouvido você falar disso com seus amigos e tudo mais, mas... É estranho.
– É de família. – deu de ombros.
– E uma maravilha para quando quer se agarrar com alguém! – Sirius declarou rindo e logo recebendo uma careta de Lauren. 
– Isso também, mas é tipo um bônus. – Tiago cedeu, rindo. Ele não estava tão mal a ponto de deixar passar uma brecha dessas. – Quero dizer, você pode observá-las enquanto se trocam, com essa belezinha...
– AHÁ! Eis que volta o mestre d... – Fellipe levantou-se para ir abraçá-lo, rindo.
– Outch! – exclamou Luiza quando o amigo esbarrou nela, fazendo derrubar a pilha e o baralho explodir.
– Ai, seus abomináveis! – riu Lily, colocando a mão no peito, em sinal de susto, e aproveitando para deslizar para o lado de Tiago. – Se incomoda?
– Apenas se você se incomodar. – sorriu de canto, enquanto os amigos recomeçavam o jogo, para deixá-los conversar. – Digo, você acabou de chamá-los de abomináveis, e acredito que na sua definição dessa palavra a descrição seja algo como “Tiago Potter”.
– Também não é assim...
– Ah não? Então como é, Evans? Eu realmente gostaria de saber.
– Abomináveis, são, por exemplo, pessoas que fazem brincadeiras de mau-gosto com quem está quieto. – abaixou o olhar.
– Abomináveis, são, por exemplo, pessoas que acham que podem classificar as pessoas como “sague-sujo”. – replicou com amargura. – Você é muito mais bruxa do que ele, droga!
– Eu não te pedi para me defender. Ele era meu amigo, eu podia resolver depois...
– E resolveu? – desafiou.
– Não, porque você se meteu. Ele achou que eu fosse igual a você, ele...
– Ele não era seu amigo de verdade, então. Primeiro, porque se ele fosse, saberia que você é melhor do que algum dia eu poderia querer ser. Segundo, porque mesmo que você fosse idiota como eu, se ele fosse seu amigo, te aceitaria. Amigos não dizem aqueles tipos de coisa, Lily...
– Tiago... – ligeiramente perdida na intensidade das palavras do outro.
– Não diga nada. – havia magnitude no olhar que eles trocavam, Tiago desviou os olhos para a boca dela e, ao voltar a olhá-la nos olhos, viu que ela fizera o mesmo. – Apenas saiba, que mesmo sem me considerar seu amigo, eu estou aqui. Para o que precisar...
Ele colocou a mão no rosto dela, aproximando-se mais, os lábios a poucos centímetros de distância...

 POW!

 　– Mas será possível que vocês já explodiram isso de novo? – fechou os olhos, irritando-se.
– Er, é... Eu queria colocar uma cartinha, mas esse cachorro – indicando Sirius com a cabeça. – Não queria deixar, então...
– Então ela colocou do mesmo jeito e explodiu tudo. – resmungou, mas logo abriu um sorriso maroto: – Essa mulher é incontrolável!
– Dou trabalho, querido. – entrou na brincadeira, mas logo se virou para Tiago, com um olhar travesso. – Afinal, Ti, o que interrompemos de tão importante para lhe causar tamanha irritação?
– Acho que interrompemos a pegada! – Lupin riu-se.
– Remo! – Luiza repreendeu, mas também ria.
– Mas é bem verdade, Lu. – Fellipe também sorria marotamente. – Vamos recomeçar o jogo e dar alguma privacidade ao casal, sim?
– Agora já quebraram o clima. – Tiago resmungou rindo, e recebeu um tapinha de uma Lily corada.
– Vamos reconstruir o castelo, vocês reconstroem o clima. Simples, oras. – Liane logo voltou seu olhar pro jogo, porque Lily lhe lançou um olhar ameaçador.
Apesar de nas palavras de Liane, reconstruir o clima fosse simples, na prática não foi bem assim. Lily ficou a observar a nova partida que os amigos jogavam, embora seus pensamentos estivessem em várias outras coisas, assim como os de Tiago que, dessa vez, decidiu permanecer calado.
– Potter... – ele se surpreendeu com o tom calmo da ruiva ao lhe chamar.
– Quando você diz “Potter”, eu acho que uma bronca está por vir. – comentou, abrindo um sorrisinho.
– Dessa vez não. – sorriu de volta.
– Então me chame de “Tiago”, sim?
– Qual a diferença?
– Chamar pelo sobrenome é muito formal e, embora você não me considere seu amigo...
– Será que dá pra parar com isso? – cortou-o, fazendo careta.
– Isso o quê? – confuso.
– Dizer que eu não te considero meu amigo.
– Só estou aceitando os fatos como são.
– Você não sabe do que está falando. Se eu não me importasse com você, se não te considerasse meu amigo, não teria me magoado com o que você fez ao Sev.
Tiago parou ligeiramente surpreso ao ouvir isso. Lily cruzou os braços, tentando impedir que o sangue se concentrasse em suas bochechas.
– É por isso que você ficou brava comigo? – perguntou finalmente.
– Por que mais seria? Você estragou a amizade que estávamos começando a ter. Se você fosse meu amigo, aceitaria meus amigos, não?
– Lily, não tinha nada a ver com você, naquele instante. Eu simplesmente não gosto do seboso.
– Severo Snape, Potter.
– Que seja. – revirou os olhos. – Ele não é companhia para você, Lily. Claro, você pode argumentar que eu também não sou das melhores, mas eu nunca me meteria com o tipo de pessoas que ele se mete. Nunca me acharia melhor que alguém por ser sangue-puro.
– Ele costumava ser legal comigo.
– Lily... Eu descobri que sou seu amigo há uns três minutos e meio, então suavizarei isso o máximo possível... Avery, Mulciber, o próprio Snape... Eles são futuros comensais. Assim que tiverem a chance, se juntarão ao lado das trevas, eles já têm toda a tendência para isso... Eu não gostaria de te ver nessas companhias, porque, embora você não acredite, eu gosto de você, Lily.
– Obrigada. – sorriu, corada, após um instante procurando pelas palavras. – Quando você é assim, eu também gosto de você. – ela abaixou os olhos ao ver o sorriso que se formava nos lábios do outro.
– É muito bom ouvir isso.- acariciou o rosto da ruiva.
– Hei, casal, melhor pegarem as bagagens, estamos chegando! – Fellipe tentava segurar o riso ao ver Lily levantar de um pulo, ainda corada.
Todos pegaram suas coisas e desceram suas bagagens, abrindo a porta da cabine, se juntando a aglomeração de estudantes que começava a invadir os corredores.
– Hm, Tiago...? – Lily chamou quando restavam apenas os dois na cabine. – Me escreva nas férias, sim? Amigos fazem isso. – riu, tímida, e deu um beijo no rosto dele antes de sair.
Tiago ficou parado, com um sorriso bobo no rosto, até que Sirius voltou até a cabine para chamá-lo.
– E aí, sonhador, vai ficar aí até o próximo semestre, sonhando acordado?
– Sonhando? Você que pensa...
– Por que? O que rolou? – perguntou curioso.
– Agora fica na curiosidade, meu caro pulguento...
– Você está ficando louco, isso sim!
– Estou. Estou mesmo. – riu da careta de confusão que o amigo fez.

 　Na plataforma, Tiago se despediu dos amigos, prometendo não deixá-los em paz um dia sequer, e já começando a planejar para que todos passassem uns dias em sua casa. Virou-se a tempo de ver Lily tentando abraçar a irmã que recuou; achou-a uma completa idiota. Os olhos da ruiva encontraram os de Tiago à distância e os dois sorriram brevemente. Ela acenou, virando-se com a família para irem para casa.
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N/A: Mais um capítulo revisado, re-escrito e repostado! Se alguém estiver lendo, comentários me animariam, rs.
Besitos!

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